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Este episódio está para sair há bastante tempo, e foi para nós um dos mais complicados de escrever.
Foram acontecendo coisas atrás de coisas que nos levaram a querer publicar isto e pelo menos tomar uma declaração
mas fomos sempre chegando à conclusão de que não somos um programa de tópicos.
Nós não estamos aqui para capitalizar sobre notícias, ou saltar para a batalha, se revolta é tudo que temos.
Se não temos algo produtivo para dizer
ou pelo menos uma nova luz a lançar sobre uma questão, é melhor esperar até que tenhamos
Muitas outras pessoas irão expressar a indignação
muitas outras pessoas vão passar a palavra.
Indignação sem direção, apenas raiva, não importa quão justificada, não leva a uma solução.
Aqui vamos nós. Mas apenas um aviso: este episódio vai ser muito gráfico.
Vamos lidar com o lado baixo, grosseiro e cruel da nossa cultura
e não estaremos a distribuir murros ou a censurar o que quer que seja.
Então, vocês sabem. Hoje vamos olhar para o ***édio.
Isto representa o pior na nossa comunidade.
É a antítese sobre o que os jogos significam.
Os jogos cresceram como um meio sobre alegria
e estas pessoas fizeram deles uma saída para o ódio mal direcionado.
Já ouvi pessoas dizer que é inofensivo. Não é.
Voltem atrás, e se tiverem estômago para isso, vejam o vídeo do Cross Assault novamente
Vê o gosto daquela rapariga pelo jogo ser esmagado.
Vê algo que era bom na vida dela ser transformado em algo doloroso.
Tenho ouvido dizer que isto é apenas ‘rapazes a serem rapazes’. Isso não é desculpa.
Eduque melhor os seus filhos se é isso que o seu filho de treze anos escreve para uma mulher que nunca conheceu.
Isto não são apenas jovens a lutarem contra a sua sexualidade ou a afirmarem-se no mundo.
O pessoal da ”Fat, Ugly or Slutty” forneceu-nos horas de gravações áudio que nos mostraram que são homens adultos
que deveriam ser outro tipo de pessoas.
Já ouvi pessoas dizer que é uma parte da nossa cultura e jogos não seriam jogos sem isso.
Esse é o argumento dos covardes e dos trolls. Este comportamento NÃO é o nosso.
Esta não é a atitude da média dos jogadores.
Este é o trabalho de uma pequena mas sonora minoria, a gritarem como crianças até que consigam alguma atenção.
Mas, muitas vezes, esta discussão se transforma simplesmente, "em quão desagradável é este comportamento".
Todos sabemos que existe e que é o pior lado da nossa comunidade
mas não podemos deixar a discussão por aí. Temos de resolver isto.
Recebemos emails de muitos de vocês, especialmente depois do desastre do “Cross Assault”, a perguntar o que se pode fazer
ou a falar de como após terem feito frente a algum agressor online, sentiram que não foi suficiente.
Em primeiro ligar, obrigado por o terem enfrentado. É uma coisa difícil e desconfortável de se fazer, mas é o primeiro passo para mudar a situação.
Em segundo lugar, vocês têm razão, há mais que pode ser feito.
Mas vai tocar a todos nós fazê-lo, consumidores e programadores.
Temos de pensar neste problema como um grande negócio. É algo que paira sobre nós muito antes do “Cross Assault”.
Este é um episódio que o James tem tentado escrever desde que começamos o programa.
Desde o início que era claro que a solução para isto teria de ser algo simples e prático
que pudesse ser implementado hoje.
Teria de ser flexível para se adaptar às diferentes necessidades das diversas culturas e comunidades.
E a sua eficácia garantida.
As soluções que tenho não são soluções às quais conseguiríamos chegar sozinhos.
Grace de “Fat, Ugly or Slutty”.
Morgan Romaine da Red 5
Elisa Melendez da Universidade da Florida
e Chris Peters, professor na Digipen
ex-Engenheiro da Microsoft Engineer, foram os responsáveis pelo formato destas ideias.
Depois de discutirmos muito bem o assunto com eles, aqui ficam as conclusões a que chegamos:
A primeira ideia é a mais simplista, e provavelmente a mais eficaz.
O que é que muitos de nós fazem quando vemos ou ouvimos atitudes racistas ou xenófobas quando jogamos?
Pressionamos o botão de “Mute”.
A maior parte dos serviços que possui chat de voz integrado, seja ele um serviço como a Xbox Live ou um jogo em específico
Já tem métricas sobre quantas vezes um jogador é silenciado.
Podemos usar essas métricas para ajudar a prevenir o ***édio.
Se um jogador é silenciado 10% vezes acima da norma, é automaticamente iniciado como auto-silenciado.
Isto não irá evitar que ele fale
nem que alguém que o queira ouvir de o ativar
mas vai retirar-lhe o megafone e evitar que degrade facilmente aqueles que o rodeiam.
Vai também associar um estigma ao mau comportamento
ao entrares num jogo e veres alguém que foi silenciado automaticamente, já saberás à partida com o que contar.
Este sistema pode ser aplicado também a mensagens nos serviços dos jogos.
Cada jogo e cada serviço funcionam de diferentes formas, o que leva à necessidade de se fazerem ajustes para cada sistema
mas fundamentalmente, se 80% das mensagens que alguém envia não obterem resposta
pode-se limitar o envio de mensagens desse utilizador apenas à sua lista de amigos.
Pode continuar a enviar pedidos de amizade a quem quiserem, mas evita que se envie facilmente este tipo de lixo
a qualquer pessoa, a qualquer momento.
Existe ainda outra possibilidade: e se algumas destas ferramentas de comunicação tivessem de ser ganhas
em vez de serem imediatamente disponibilizadas a qualquer pessoa que crie uma conta?
Iria evitar que as pessoas criassem contas simplesmente para continuar com o seu comportamento deplorável
sempre que se vêm silenciados ou impedidos de enviar mensagens.
Se fosse necessário atingir uma determinada pontuação ou ranking num jogo antes de o chat de voz ser disponibilizado
tornaria mais difícil alguém se esconder atrás destas identidades “desperdício” para enviarem os seus discursos de ódio.
Claro que isto teria um impacto negativo na vasta maioria das pessoas que estão a criar
uma comunidade incrível e positiva, para simplesmente limitar o poder de todos aqueles que não são assim, e será algo a evitar a todo o custo.
No entanto, isto É uma opção se se provar necessária.
Por último, algumas vezes os colegas são a maior força de todas.
Para qualquer jogo que se baseie no jogo social, devemos incorporar o valor do respeito diretamente na comunidade.
Se as guildas e os clãs tiverem um rating de reputação partilhado
em que o mau comportamento por parte de um membro iria prejudicar a eficácia do clã como um todo
seria possível ver a pressão social alterar um comportamento.
Porque este tipo de bullying desprezável destrói a experiência de todos, não só daqueles a quem atacam diretamente
e por vezes temos de o tornar claro.
Este ***édio, discriminação e misoginia tem que parar.
Não é o que somos, e não é pelo que eu quero que o nosso meio seja conhecido.
Agora, estamos negando nossa comunidade as ferramentas mais eficazes para lidar com valentões, a capacidade de, como um grupo,
optar por ignorá-los.
As pessoas que fazem isto, que vomitam torrentes de ódio extremo, não querem o diálogo
e também não o fazem por ignorância: querem atenção.
Alguma coisa correu muito mal nas suas vidas e precisam desesperadamente que as pessoas lhes prestem atenção
precisam de se sentir importantes e poderosos, já que sentem a falta disso na sua vida real.
Descobriram que podem conseguir isso ao magoar pessoas num ambiente onde não existem literalmente consequências para eles.
Neste momento, é como se tivéssemos dado ao intimador acesso ao sistema de intercomunicação da escola e lhe disséssemos
que toda a gente iria ouvir o que quer que seja que ele tem a dizer. É o momento de lhe retirarmos o megafone.
Estas são ideias simples, coisas que podemos facilmente fazer neste momento com a tecnologia que temos.
Alterações minúsculas como auto-silenciar jogadores com um historial de perseguição
altera radicalmente a dinâmica dos jogos online.
Devolve o poder a quem o deveria ter: à comunidade como um todo.
Podemos resolver isto. Iremos naturalmente criar ambientes seguros para aqueles que jogam, se nos forem disponibilizadas as ferramentas.
Queremos pedir a todos que escrevam para as vossas empresas de software e vejam se estão dispostos a nos fornecerem essas ferramentas
para implementar um sistema de silenciamento (ou algo do género).
Vamos começar pela Microsoft. São a mais visível e o serviço mais referido
quando a perseguição aparece na nossa comunidade. Acredito que irão colaborar. São uma grande empresa, movem-se lentamente
mas não são maléficos e também têm de querer esta mudança.
Mês após mês, sempre que o James ia a algum lado para fazer uma palestra
ouvia mulheres dizerem que pararam de pagar por uma conta Gold graças ao ambiente ser demasiado hostil.
Não podemos deixar isso continuar. Não é bom para nós como comunidade, e a Microsoft tem de reconhecer
que também não é bom para o negocio deles.
Então, peçam-lhes as ferramentas que precisamos para tornar a comunidade online
um lugar tão aberto respeitador como uma larga cultura de jogos. Porque isto não somos nós.
Desde há alguns anos que temos sido a cultura que aceita as pessoas que mais ninguém acolhe. Quando alguém não se encaixava
quando não conseguia alcançar o standard da sociedade para “cool”, a comunidade de jogos acolhia-o.
É assim que o mundo nos devia conhecer, e é o que devemos pensar de nós próprios.
Não somos isto. E não deverias ter de esconder a tua voz online na nossa comunidade.
Vemo-nos na próxima semana.