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♪♪(som de trombeta)♪♪
O Presidente: Gosto muito.
♪♪(som de trombeta)♪♪
O Presidente: Obrigado.
(aplauso)
Obrigado.
Acho que o Congresso precisa de uma trombeta.
(riso)
Muito bom som.
Faz lembrar o Louis Armstrong.
(riso)
Boa tarde a todos.
É para mim uma enorme honra encontrar-me em Acra
e dirigir-me aos representantes do povo do Gana.
(aplauso)
Estou profundamente grato pelas boas-vindas que recebi,
assim como a Michelle, a Malia e a Sasha Obama.
A história do Gana é rica, as ligações entre os nossos países
são fortes e estou orgulhoso do facto de esta ser a minha primeira visita a
África subsaariana como Presidente dos Estados Unidos da América.
(aplauso)
Desejo agradecer à Exma. Presidente do Parlamento e a todos os membros
da Assembleia de Representantes o facto de nos receberem hoje.
Desejo agradecer ao Presidente Mills pela sua excepcional liderança.
Aos Presidentes anteriores -- Jerry Rawlings,
ex-Presidente Kufuor -- Vice-Presidente, Presidente do Supremo Tribunal de Justiça --
obrigado a todos pela vossa extraordinária hospitalidade e
pelas admiráveis instituições que criaram no Gana.
Dirijo-me a vós no fim de uma longa viagem.
Comecei na Rússia, numa Cimeira entre duas grandes potências mundiais.
Viajei para Itália, para um encontro entre as economias mais fortes do mundo.
E vim aqui ao Gana por uma simples razão:
o século XXI será influenciado não só pelo acontecimentos em Roma,
Moscovo ou em Washington, mas também pelo que acontece em Acra.
(aplauso)
Esta é a pura verdade numa era em que as fronteiras entre
os povos não resistem à força do que nos liga.
A vossa prosperidade pode aumentar a prosperidade da América.
A vossa saúde e a vossa segurança podem contribuir para a saúde
e segurança mundiais.
E a força da vossa democracia pode contribuir para o avanço
dos direitos humanos em todo o mundo.
Portanto, não vejo os países e os povos de África como um mundo
à parte. Vejo África como uma parte fundamental do nosso
mundo interligado -- como parceira da América em prol
do futuro que queremos para todos os nossos filhos.
Essa parceria deve ter como base
a responsabilidade e o respeito mútuos,
E é sobre isso que quero falar-vos hoje.
Devemos partir do simples princípio de que o futuro de África
depende dos africanos.
Digo isto com plena consciência do trágico passado que por vezes
tem ensombrado esta região do mundo.
O facto é que corre sangue africano dentro de mim --
(aplauso)
-- e a história da minha família reflecte, quer as tragédias,
quer os triunfos, da história mais ampla de África.
Alguns de vós sabem que o meu avô era cozinheiro de ingleses no
Quénia e, embora fosse um ancião respeitado na sua aldeia,
os patrões chamaram-lhe rapaz durante quase toda a sua vida.
Ele estava na periferia das lutas pela libertação do Quénia mas,
mesmo assim, naquela época repressiva, esteve preso durante um curto período de tempo.
No seu tempo, o colonialismo não se resumia à criação de
fronteiras anti-naturais ou de regras de comércio injustas --
era algo vivido pessoalmente, dia após dia,
ano após ano.
O meu pai cresceu a pastorear cabras numa pequena aldeia,
a uma distância impraticável das universidades americanas
que viria a frequentar.
Tornou-se adulto num momento de extraordinária promessa para África.
quando as lutas da geração do seu próprio pai davam
origem a novas nações, um processo que começou aqui mesmo, no Gana.
(aplauso)
Os africanos estavam a educar-se e a afirmar-se de novas maneiras
e a História avançava.
Mas, apesar do progresso realizado --
e tem havido um progresso considerável em muitas regiões de África
-- também sabemos que grande parte dessa promessa ainda não se tornou realidade.
Países como o Quénia que, quando eu nasci,
tinham uma economia per capita mais importante do que a da Coreia do Sul,
foram já largamente ultrapassados.
A doença e os conflitos dizimaram regiões do continente africano.
Em muitos locais, a esperança sentida pela geração do meu pai deu lugar
ao cinismo e, mesmo, ao desespero.
É fácil apontar o dedo e atribuir a culpa
por estes problemas aos outros.
Sim, um mapa colonial que fazia pouco sentido contribuiu para gerar
conflitos. O Ocidente tem muitas vezes tratado África com paternalismo,
ou como fonte de recursos, e não como parceiro.
Mas o Ocidente não é responsável pela destruição da economia
do Zimbabué na última década,
nem pelas guerras em que crianças são utilizadas como combatentes.
Durante a vida do meu pai, foram em parte o tribalismo, o favoritismo
e o nepotismo num Quénia independente que durante muito tempo
destruíram a sua carreira, e sabemos que este tipo de corrupção
é ainda hoje um facto corrente da vida diária de demasiadas pessoas.
Claro, também sabemos que há outros factores.
Aqui, no Gana, vemos uma face de África demasiadas vezes ignorada
por um mundo que apenas vê a tragédia ou a necessidade de caridade
O povo do Gana tem trabalhado arduamente para estabelecer a democracia
em bases sólidas e procedeu a várias transferências pacíficas de poder
mesmo depois de eleições muito disputadas.
(aplauso)
E deixem-me dizer que a minoria merece
tanto crédito por esse facto como a maioria.
(aplauso)
E, com uma governação melhorada e uma sociedade civil emergente,
a economia do Gana demonstrou índices de crescimento notáveis.
(aplauso)
Este progresso pode não ter a espectacularidade das lutas de libertação do séc. XX,
mas uma coisa é certa: em última análise, terá resultados mais significativos,
pois se é importante deixar de ser controlado por outras
nações, é mais importante ainda construirmos a nossa nação.
Assim, acredito que este momento é tão promissor para o Gana --
e para África -- como foi aquele momento em que o meu pai atingiu a maioridade e
em que nasciam novas nações.
Este é um novo momento de grande promessa.
Só que, entretanto, aprendemos que não serão grandes vultos como
Nkrumah e Kenyatta que determinarão o futuro de África.
Na verdade, esse futuro será determinado por vós -- homens e mulheres no
Parlamento do Gana e as pessoas que representais.
Serão os jovens -- a transbordar de talento, energia
e esperança -- que poderão reclamar o futuro que tantos outros, em gerações anteriores,
nunca chegaram a realizar.
Mas para que essa promessa se cumpra precisamos, em primeiro lugar,
de reconhecera verdade fundamental que no Gana se tornou uma realidade visível:
o desenvolvimento depende da boa governação.
(aplauso)
É esse o ingrediente que falta, há demasiado tempo,
em tantos locais.
É essa a mudança que pode despoletar o potencial de África.
E essa é uma responsabilidade que apenas os africanos poderão assumir.
No que respeita à América e aos países ocidentais, o nosso envolvimento deve ser medido por
mais do que apenas os dólares que gastamos.
Comprometi aumentos substanciais em ajuda a países estrangeiros,
o que vai de encontro aos interesses de África e aos interesses da América.
Mas o verdadeiro sinal de sucesso não é se somos uma eterna fonte
de ajuda que permite a mera sobrevivência das pessoas --
é se somos realmente parceiros no desenvolvimento de capacidades que
possibilitem a implementação de uma mudança transformadora.
(aplauso)
Esta responsabilidade mútua deve constituir a fundação da nossa parceria.
Hoje centrar-me-ei em quatro temas que são cruciais para
o futuro de África e de todas as regiões do mundo em vias de desenvolvimento: democracia,
oportunidade, saúde e a resolução pacífica de conflitos.
Em primeiro lugar, devemos apoiar governos democráticos fortes e sustentáveis.
(aplauso)
Como afirmei no Cairo, cada nação dá vida à democracia de uma forma
específica e de acordo com as suas tradições.
Mas a história oferece-nos um veredicto claro:
os governos que respeitam a vontade do seu povo
que governam pelo consentimento e não pela coerção, são mais prósperos,
mais estáveis e mais bem-sucedidos do que os governos que não o fazem.
Trata-se de algo que vai para além da simples realização de eleições --
tem a ver com o que se passa no período entre eleições.
(aplauso)
A repressão pode manifestar-se de diversas formas,
e em demasiadas nações -- mesmo aquelas que realizam eleições --
são afligidas por problemas que condenam os seus povos à pobreza.
Nenhum país cria riqueza se os seus líderes
exploram a economia para se enriquecerem a si próprios --
(aplauso)
-- ou se a polícia – se a sua polícia é passível de ser comprada pelos narcotraficantes.
Não há empresa que queira investir num local onde o governo, à partida
retém 20 por cento dos lucros --
(aplauso)
-- ou onde o director das Autoridades Portuárias é corrupto.
Ninguém deseja viver numa sociedade em que o Estado de direito
é preterido a favor da brutalidade e do suborno.
(aplauso)
Isso não é democracia; isso é tirania,
mesmo se de vez em quando se realiza uma ou outra eleição.
E chegou o momento de pôr cobro a este tipo de governação.
No séc. XXI a chave do sucesso são as instituições
competentes, fiáveis e transparentes --
parlamentos fortes e forças policiais honestas; juízes e jornalistas independentes; --
(aplauso)
-- imprensa independente;um enérgico sector privado; uma sociedade civil.
São estes os factores que dão vida à democracia
porque são eles que têm importância na vida diária das pessoas.
Uma e outra vez, o povo do Gana escolheu a lei constitucional
em vez da autocracia e evidenciou um espírito democrático que permite
que a energia do vosso povo se faça sentir.
(aplauso)
Vemos esse espírito em líderes que aceitam a derrota com dignidade --
o facto de os opositores ao Presidente Mills estarem a seu lado
ontem à noite para me dar as boas-vindas quando saí do avião
foi um gesto muito representantivo do espírito que se vive no Gana.
(aplauso)
vencedores que resistem aos apelos para fazer valer o seu poder contra
a oposição de formas desonestas.
Vemos esse espírito em jornalistas corajosos como
Anas Aremeyaw Anas, que arriscou a sua vida para contar a verdade.
Vemo-lo em agentes da polícia como Patience Quaye,
que ajudou a processar judicialmente o primeiro traficante de pessoas do Gana.
Vemo-lo nos jovens que levantam a voz contra
o favoritismo e participam no processo político.
Por toda a África, temos visto muitos exemplos de pessoas que
tomam as rédeas do seu destino e iniciam o processo de mudança
a partir da base.
Vimo-lo no Quénia, onde a sociedade civil e o sector empresarial
se juntaram para ajudar a pôr fim à violência pós-eleitoral.
Vimo-lo na África do Sul, onde mais de três quartos do país
votou nas eleições recentes --
as quartas desde o final do Apartheid.
Vimo-lo no Zimbabué, onde a Rede de Apoio às Eleições enfrentou corajosamente
uma repressão brutal na defesa do princípio de que
o voto é o sagrado direito de cada um.
Não tenhamos dúvidas: a História está do lado destes corajosos
africanos e não daqueles que fazem golpes de Estado, ou alteram as Constituições, para
se manterem no poder.
(aplauso)
África não precisa de indivíduos poderosos mas, sim, de instituições fortes.
(aplauso)
A América não procurará impor qualquer sistema de governo
a qualquer outra nação.
A verdade essencial da democracia é que cada nação determina
o seu próprio destino.
Mas o que a América fará é aumentar a ajuda a
indivíduos responsáveis e instituições responsáveis e
o nosso foco é o apoio à boa governação --
aos parlamentos, que fazem frente aos abusos de poder e asseguram que
as vozes da oposição sejam ouvidas; ao Estado de direito,
que assegura uma administração de justiça igualitária;
à participação cívica, de forma a que os jovens participem;
e a soluções concretas que contrariam a corrupção, como
a contabilidade forense e a informatização dos serviços,
o reforço de linhas directas (hotlines) e a protecção de delatores, de modo a
promover a transparência e a responsabilização.
E oferecemos este apoio. Incumbi a minha Administração
de dar mais ênfase à corrupção nos nossos relatórios sobre os Direitos Humanos.
Todas as pessoas, em qualquer parte do mundo, devem ter o direito de abrir um negócio ou
de obter uma educação sem ter que subornar ninguém.
(aplauso)
Temos a responsabilidade de apoiar aqueles que agem
de forma responsável e de isolar os que não actuam dessa forma,
e é exactamente isso que a América fará.
Esta questão conduz-nos directamente à nossa segunda área de parceria --
apoiar o desenvolvimento que abre oportunidades a mais pessoas.
Não tenho dúvidas de que, com uma melhor governação, África oferece
a promessa de uma base mais alargada de prosperidade.
Veja-se o extraordinário sucesso dos africanos no meu
país, a América.
Estão a sair-se muito bem.
Têm o talento, têm o espírito empreendedor;
A questão que se coloca é: como podemos assegurar que também tenham
sucesso nos seus países de origem?
O continente é rico em recursos naturais e,
desde empresários de telefonia móvel aos pequenos agricultores,
os africanos têm demonstrado a sua capacidade e o seu empenho em criar
as suas próprias oportunidades.
Mas há também que quebrar os velhos hábitos.
A dependência de produtos básicos -- ou de um único artigo de exportação --
tende a concentrar a riqueza nas mãos de uns poucos
e deixa os países demasiado vulneráveis aos períodos de declínio económico.
No Gana, por exemplo, o petróleo traz grandes oportunidades
e o povo do Gana tem sido muito responsável na sua preparação para as novas receitas.
Mas como muitos ganenses bem sabem, o petróleo não pode simplesmente transformar-se no novo cacau.
Da Coreia do Sul a Singapura, a história mostra que os países
se desenvolvem quando investem no seu povo e na sua
infra-estrutura; quando --
(aplauso)
-- quando promovem múltiplas indústrias de exportação
e desenvolvem uma mão-de-obra especializada e quando criam espaço para pequenas e
médias empresas criadoras de emprego.
À medida que os africanos tentam realizar este potencial,
a América estenderá a mão de uma forma mais responsável.
Reduzindo os custos que acabam nas mãos de consultores e
administradores, queremos colocar mais recursos nas mãos
daqueles que precisam deles, formando-os simultaneamente para serem mais auto-suficientes
(aplauso)
É por essa razão que a nossa iniciativa de mil milhões de dólares para a segurança alimentar, se centra
em novos métodos e novas tecnologias para agriculturores --
e não apenas no envio de produtores americanos ou de mercadorias para África.
A ajuda não é um fim em si mesmo.
O objectivo da ajuda estrangeira deverá ser a criação de
condições que levem a que esta deixe de ser necessária.
Quero ver os ganenses tornar-se não só auto-suficientes em termos de alimentação;
quero ver-vos a exportar produtos alimentares para outros países e a ganhar dinheiro.
Vocês são capazes.
(aplauso)
Por outro lado, a América também pode ser mais activa na promoção do comércio e do investimento.
As nações ricas devem, de uma forma mais significativa, abrir as portas aos
produtos e serviços provenientes de África.
Esta administração empenhar-se-á nisso.
E, onde existe boa governação,
podemos aumentar a prosperidade através de parcerias públicas e privadas
que invistam em melhores estradas e em electricidade;
no desenvolvimento de capacidades que ensinem as pessoas a iniciar os seus próprios negócios;
e em serviços financeiros que cheguem não só às cidades,
mas também às zonas pobres e rurais.
Isto vem também ao encontro dos nossos interesses --
pois se as pessoas conseguirem sair da situação de pobreza e criar riqueza em
África, sabem o que acontece?
Abrem-se novos mercados para os nossos produtos.
Portanto é bom para ambos.
Um sector que implica um perigo inegável ao mesmo tempo que oferece
uma extraordinária promessa é o da energia.
A África produz menos gases de estufa do que qualquer outra região
do mundo mas é o continente mais ameaçado pelas mudanças climáticas.
O aquecimento do planeta levará ao alastrar de doenças, à diminuição de recursos hídricos
e à fragilização das colheitas, criando condições que produzem mais
fome e mais conflito.
Todos nós-- em particular o mundo desenvolvido --
temos a responsabilidade de reduzir o ritmo destas tendências --
quer através de uma diminuição, quer de uma mudança, no que respeita à utilização de energia.
Mas também podemos cooperar com os africanos com vista a transformar esta crise
numa oportunidade.
Juntos podemos colaborar em prol do nosso planeta e da
prosperidade, bem como ajudar países a aumentar o acesso à energia
evitando -- saltando sobre -- a fase mais suja do desenvolvimento.
Pensem nisto: em toda a África há uma abundância de energia eólica,
solar e geotérmica, bem como de biocombustíveis.
Do Vale Rift aos desertos do Norte de África;
da costa ocidental às colheitas da África do Sul --
os recursos naturais ilimitados de África podem gerar energia para o próprio continente e,
ao mesmo tempo, este poderá exportar energia verde lucrativa para o estrangeiro.
Estes passos implicam mais do que simples números de crescimento num balanço financeiro.
Determinam se um jovem com formação consegue
um emprego que lhe permita sustentar a família; se um agricultor pode transportar os seus produtos
para o mercado; ou se um empresário que tem uma boa ideia pode formar uma empresa.
Têm a ver com a dignidade do trabalho.
Têm a ver com a oportunidade que deve existir para os africanos
do séc. XXI.
Tal como a governação é um elemento vital para a oportunidade,
também é crucial para o terceiro tema de que quero agora falar --
o reforço da saúde pública.
Nestes últimos anos houve um enorme progresso em certas regiões
de África.
Tem vindo a crescer o número de pessoas que têm uma vida produtiva apesar de sofrerem de VIH-SIDA
e que obtêm os medicamentos de que necessitam.
Acabei de visitar uma clínica e um hospital maravilhosos dedicados
sobretudo à saúde materna.
Mas ainda há demasiadas pessoas que morrem de doenças que já não deviam matá-las.
Quando há crianças que morrem devido a uma picada de mosquito,
e mães que morrem durante o parto,
sabemos que há ainda mais progresso a realizar.
No entanto, devido aos incentivos frequentemente oriundos de nações doadoras,
demasiados médicos e enfermeiras de África vão para o estrangeiro
o que é compreensível, ou trabalham para programas centrados numa única doença.
Este facto cria falhas nos cuidados primários e na prevenção básica.
Por outro lado, as pessoas de África também devem fazer opções responsáveis
que evitem a propagação das doenças
e promovam a saúde pública nas suas comunidades e nos seus países.
Assim, por toda a África vemos exemplos de pessoas que enfrentam
estes problemas.
Na Nigéria, uma iniciativa inter-religiosa de cristãos e muçulmanos
deu um exemplo de cooperação para o combate à malária.
Aqui no Gana, e por toda a África, vemos surgir ideias inovadoras com
vista a preencher lacunas nos cuidados médicos -- por exemplo,
através de iniciativas E-Saúde que permitem aos médicos das grandes cidades
dar apoio aos médicos que vivem em cidades pequenas.
A América apoiará estes esforços através de
uma estratégia de saúde abrangente e global,
porque no séc. XXI somos chamados a actuar de acordo com a nossa
consciência e também com os interesses que temos em comum.
Pois quando uma criança morre em Acra de uma doença que se pode evitar,
esse facto diminui-nos em todo o mundo.
E quando a doença não é controlada em qualquer local do planeta,
sabemos que pode propagar-se através de oceanos e continentes.
É este o motivo pelo qual a minha Administração consignou 63 mil de milhões de dólares para
responder a estes desafios.
$63 mil milhões.
(aplauso)
Tendo como base os esforços significativos do Presidente Bush,
continuaremos a luta contra o VIH/SIDA.
A nossa meta é por fim à morte devido à malária e
à tuberculose, assim como nos esforçaremos para erradicar a poliomielite.
(aplausO)
Lutaremos contra as doenças tropicais negligenciadas.
E não combateremos doenças isoladamente --
investiremos em sistemas de saúde pública que promovam o bem-estar
e focaremos a nossa atenção na saúde de mães e crianças.
(aplauso)
Ao trabalharmos em parceria em prol de um futuro mais saudável
devemos também pôr fim à destruição que resulta não
da doença, mas da acção dos seres humanos --
e, deste modo, o último tema de que passo a falar é o conflito.
Deixem-me ser claro: África não se resume à simples caricatura de
um continente perpetuamente em guerra.
Mas, se formos honestos reconhecemos que para demasiados africanos
o conflito faz parte da vida, tão constante como o sol.
Há guerras em torno de terras e guerras por recursos.
E ainda é muito fácil para aqueles que não têm consciência
manipular comunidades inteiras e levá-las a combater entre tribos e crenças religiosas diferentes.
Estes conflitos são uma pedra à volta do pescoço de África.
Todos nós temos várias identidades --
tribais, étnicas, religiosas e de nacionalidade.
Mas definirmo-nos por oposição a outra pessoa que
pertence a uma tribo diferente, ou que presta culto a
um profeta diferente, é algo que não tem lugar no séc. XXI.
(aplauso)
A diversidade de África deveria ser uma fonte de riqueza
e não um motivo para divisões.
Somos todos filhos de Deus.
Todos nós partilhamos aspirações comuns --
viver em paz e em segurança; ter acesso à educação e
à oportunidade; amar as nossas famílias, as nossas comunidades
e a nossa fé.
É isto que constitui a nossa humanidade comum.
Por isso mesmo devemos levantar-nos contra a desumanidade praticada entre nós.
Nunca é justificado -- nunca é justificável alvejar inocentes
em nome de uma ideologia.
Obrigar crianças a matar em guerras é a sentença de morte
de qualquer sociedade.
É um sinal irrevogável da criminalidade e da cobardia
condenar as mulheres à violentação sistémica e implacável.
É nosso dever prestar testemunho ao valor de todas as crianças em Darfur
e à dignidade de todas as mulheres no Congo.
Nenhuma fé, nenhuma cultura deve perdoar as brutalidades exercidas contra elas.
Todos nós devemos lutar pela paz e pela segurança necessárias
ao progresso.
Os africanos estão a lutar por este futuro.
Também aqui, no Gana, vemos como ajudam a a pontar para a direcção do caminho em frente.
Os ganenses devem estar orgulhosos das suas contribuições para
a manutenção da paz, do Congo à Libéria e ao Líbano --
(aplausO)
-- e pelos esforços feitos no sentido de combater o flagelo do narcotráfico.
(aplauso)
Congratulamo-nos com os passos que estão a ser dados por organizações
como a União Africana e a CEDEAO que visam uma melhor resolução
dos conflitos, a manutenção da paz e o apoio aos necessitados.
E encorajamos a visão de uma arquitectura de segurança
regional forte, apoiada por
forças transnacionais eficazes.
A América tem a responsabilidade de colaborar convosco como parceira
no sentido de fazer progredir esta visão, não só com palavras,
mas com um apoio que reforce as capacidades de África.
Quando se pratica o genocídio em Darfur, ou existem terroristas na Somália,
these are not simply African problems --
são desafios à segurança global
e exigem uma resposta a nível global.
E é por esse motivo que estamos prontos a colaborar por meio da diplomacia
e de assistência técnica, e de apoio logístico,
e apoiaremos os esforços para punir os criminosos de guerra.
E serei claro: o nosso Comando para África tem como foco não
o estabelecimento de uma base de operações no continente,
mas sim o combate a estes desafios comuns com vista a aumentar
a segurança da América, da África e do mundo.
(aplauso)
Em Moscovo falei sobre a necessidade de um sistema internacional
que respeite os direitos universais dos seres humanos,
e se oponha às violações desses direitos.
Tal sistema deverá ter como base o compromisso em apoiar os que
resolvem pacificamente os conflitos, sancionar e impedir aqueles que
não o fazem, e ajudar aqueles que sofreram.
Mas, em última análise, serão as democracias sólidas, como
o Botswana e o Gana, que reduzirão as causas de conflitos
e farão avançar as fronteiras da paz e da prosperidade.
Como afirmei há pouco, o futuro d e África depende dos africanos.
Os povos de África estão prontos a reivindicar esse futuro.
E no meu país, os afro-americanos --
entre estes muitos imigrantes recentes --
têm tido sucesso em todos os sectores da sociedade.
Fizemo-lo apesar de um difícil passado
e fomos buscar forças à nossa herança africana.
Sei que com instituições sólidas e uma grande determinação,
os africanos podem viver os seus sonhos em Nairóbi
e Lagos, Kigali, Kinshasa, Harare e aqui mesmo em Acra.
(aplausO)
Sabem, há cinquenta e dois anos os olhos do mundo concentravam-se no Gana.
e um jovem pregador chamado Martin Luther King viajou
até aqui, a Acra, para ver a Union Jack descer e
a bandeira do Gana ser hasteada.
Isto ocorreu antes da marcha até Washington e antes do sucesso do
movimento de direitos civis no meu país.
Perguntaram ao Dr. King como se sentira ao ver nascer
uma nova nação.
E ele disse: Renova a minha convicção no irrevogável
triunfo da justiça.
Agora esse triunfo tem que ser alcançado mais uma vez,
e tem que ser ganho por vós.
(aplauso)
Dirijo-me em particular aos jovens em toda
a África e aqui no Gana.
Em países como o Gana os jovens reprensentam mais de metade da população.
E eis o que devem ter em mente: o mundo será aquilo que dele fizerem.
Têm o poder de responsabilizar os vossos líderes
e de formar instituições que sirvam o povo.
Podem servir as vossas comunidades,
e canalizar a vossa energia e educação para criar nova riqueza
e construir novas ligações ao mundo.
Podem ganhar a luta contra a doença, e pôr fim aos conflitos,
e accionar a mudança a partir das bases.
Podem fazer tudo isso.
Sim, podem.
(aplauso)
porque, neste momento, a história está a avançar.
Mas tudo isso só poderá ser feito se todos assumirem
a responsabilidade pelo vosso futuro.
Não será uma tarefa fácil.
Exigirá tempo e esforço.
Haverá sofrimento e contrariedades.
Mas posso prometer-vos o seguinte: a América estará do vosso lado
em cada etapa.
Como um parceiro.
Como um amigo.
(aplauso)
No entanto, a oportunidade não virá de nenhum outro lugar --
terá que originar das decisões que todos vós tomarem,
daquilo que realizarem e da esperança que existe nos vossos corações.
Gana, a liberdade é a vossa herança.
Agora, cabe-vos a responsabilidade de construir algo alicerçado nessa liberdade.
E se o fizerem, no futuro olharemos para locais como
este e diremos que este foi o momento em que a promessa foi cumprida --
este foi o momento em que a prosperidade foi forjada;
que o sofrimento foi superado e em que foi iniciada uma nova era de progresso.
Este pode ser o tempo em que somos, uma vez mais, testemunhas do triunfo da justiça.
Sim podemos.
Muito obrigado.
Deus vos abençoe.
Obrigado.
(aplauso)