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Numa sociedade decadente, a Arte, se for verdadeira,
deve também reflectir decadência.
E a menos que queira atraiçoar a sua função social,
a Arte deve mostrar o mundo como mutável
e ajudar a mudá-lo.
-Ernst Fischer
Motins violentos devido ao plano do governo
para evitar o incumprimento dos empréstimos...
é que o desemprego continua a aumentar
e tem de continuar a aumentar
pelo simples facto de haver um excesso de oferta de bens...
tudo isto é dinheiro emprestado...
e esta dívida é detida por bancos estrangeiros...
D-I-N-H-E-I-R-O na forma de um conveniente empréstimo pessoal...
...cigarros com filtro e sabor...
licor de malte... És Boa!?...
...é o plano dos EUA para bombardear o Irão...
...a América apoia ataques terroristas no Irão...
A minha avó era uma pessoa maravilhosa.
Ensinou-me a jogar Monopólio.
Ela percebia que o objectivo do jogo era adquirir.
Acumulava tudo o que conseguia
até se tornar dona do tabuleiro.
E então dizia-me sempre a mesma coisa.
Olhava para mim e dizia:
"Um dia vais aprender a jogar."
Certo Verão, joguei Monopólio quase todos os dias, o dia inteiro
e foi nesse Verão que aprendi a jogar.
Percebi que só podemos ganhar
se nos dedicarmos totalmente à aquisição.
Percebi que o dinheiro e a propriedade...
são a única forma de marcar pontos.
E no fim daquele Verão, já era mais impiedoso que a minha avó.
.
Estava pronto para quebrar as regras se fosse preciso para ganhar o jogo.
e nesse Outono, sentei-me com ela para jogar.
Fiquei com tudo o que ela tinha.
Vi-a dar-me o seu último dólar e a desistir totalmente derrotada.
E então, ela tinha mais uma coisa para me ensinar.
Então, ela disse:
"Agora vai tudo de volta para a caixa."
"Todas essas casas e hotéis."
"Todas as ferrovias e empresas de serviços públicos."
"Todas essas propriedades e todo esse maravilhoso dinheiro..."
"vai tudo de volta para a caixa."
"Nada disto foi realmente teu."
"Ficaste todo exaltado por causa disto."
"Mas o jogo já cá estava muito antes de decidires jogar"
"e aqui vai estar depois de teres partido. Os jogadores vão e vêm."
Casas e carros...
títulos e roupas...
até mesmo o teu corpo.
Porque o facto é que tudo o que agarro, consumo e acumulo
vai voltar para a caixa e vou perder tudo.
Por isso, tem se se perguntar a si próprio
quando finalmente conseguir a maior das promoções,
quando comprar o maior dos bens,
quando comprar a maior das casas,
quando tiver acumulado segurança financeira
e subido a escada do sucesso
até ao mais alto degrau onde é possível chegar...
e a emoção se acabar,
e acredite que vai acabar...
e depois como é?
Até onde precisa de ir
para perceber onde esse caminho leva?
Compreende, com certeza
que nunca terá o suficiente.
Por isso, há que perguntar a si próprio:
"O que é que realmente importa?"
Elas são boas!
São ricas!
E são mimadas!
O espectáculo n.º1 da América está de volta!
Gentle Machine Productions Apresenta
Um filme de Peter Joseph
Quando eu era jovem
e vivia em Nova Iorque,
recusei-me a jurar lealdade à bandeira.
Claro que fui enviado ao gabinete do director,
que me perguntou: "Porque não queres fazer o juramento à bandeira?"
"Toda a gente o faz!"
Eu respondi: "Antigamente, toda a gente acreditava que a Terra era plana"
"mas isso não fazia com que ela o fosse."
Expliquei que a América deve tudo o que tem
a outras culturas e outras nações,
.
e que eu preferia jurar lealdade
à Terra e a todos os que nela vivem.
.
Escusado será dizer que não demorou muito, até eu abandonar por completo a escola
.
e montar um laboratório no meu quarto.
Foi aí que comecei a aprender sobre a ciência e a natureza.
.
Percebi então que o Universo é governado por leis
.
e que o ser humano, assim como a própria sociedade,
.
não está isento de tais leis.
Então aconteceu o crash de 1929,
que deu início ao que hoje chamamos de
"A Grande Depressão."
Foi-me difícil entender o motivo por que milhões
estavam sem trabalho, sem tecto e a morrer de fome,
quando todas as fábricas estavam ali.
Os recursos não tinham mudado.
Foi então que percebi
que as regras do jogo económico
eram inerentemente inválidas.
Pouco depois, veio a Segunda Guerra Mundial,
onde várias nações se revezaram
na destruição mútua e sistemática.
Mais tarde, calculei que toda a destruição
e todos os recursos desperdiçados na guerra
.
poderiam facilmente ter provido todas as
necessidades humanas no planeta.
Desde então que tenho visto a Humanidade
a preparar o terreno para a sua própria extinção.
Tenho visto a forma como recursos finitos e preciosos
são perpetuamente desperdiçados e destruídos
em nome do lucro e dos mercados-livres.
Tenho visto os valores sociais da sociedade
serem reduzidos a uma artificialidade baseada no materialismo
e no consumo irracional.
E tenho visto a forma como os poderes monetários
controlam a estrutura política
de sociedades supostamente livres.
Tenho agora 94 anos de idade
e a minha postura é a mesma de
.
há 75 anos atrás.
Esta merda tem de acabar.
ZEITGEIST
ZEITGEIST: MOVING FORWARD
Nunca duvide que um pequeno grupo de cidadãos
conscientes e empenhados pode mudar o mundo.
Na verdade, é a única coisa que alguma vez o fez. - Margaret Mead
.
Parte 1: Natureza Humana
Imaginemos que você é um cientista, e...
algures na vida, fazem-lhe a cabeça
com o inevitável conflito "Natureza versus Criação",
que está no mesmo nível do "Coca-Cola versus Pepsi"
ou do "Gregos versus Troianos".
Portanto, Natureza versus Criação é um
ponto de vista super simplificado
do que realmente nos influência.
Influências sobre a forma como uma célula lida com
uma crise energética
ou sobre o que faz de nós o que somos ao nível mais individual
da nossa personalidade.
E o que obtemos é esta falsa dicotomia
que considera que a Natureza é determinística
e está na base de todas as causalidades.
A vida é ADN, e o código dos códigos,
é o Santo Graal, e tudo depende dele...
Do outro lado, temos uma perspectiva muito mais científico-social que defende que
.
somos "organismos sociais"
e que a Biologia serve para estudar fungos.
Os seres humanos estão livres da biologia
e, obviamente, ambas as perspectivas são um disparate.
A verdade é que
é praticamente impossível perceber como é que a biologia funciona
.
fora do contexto do ambiente.
É Genético
Uma das noções mais absurdas, apesar de bastante generalizada e
.
potencialmente perigosa é:
"Ah, aquele comportamento é genético."
O que significa isto? Significa todo o tipo de coisas subtis
.
para quem conhece a biologia moderna, mas para a maioria das pessoas,
o que acaba por significar é:
uma visão determinística da vida
alicerçada na biologia e na genética;
que os genes são coisas que não podem ser alteradas;
que os genes são coisas
inevitáveis e que o melhor será não
gastar recursos a tentar alterá-las;
será igualmente melhor não aplicar energias da sociedade para tentar melhorar,
porque é inevitável e imutável...
e isso é puro disparate.
Doença
É amplamente aceite que
distúrbios como o TDAH são geneticamente programados,
que distúrbios como a esquizofrenia são geneticamente programados.
Mas a verdade é exactamente o oposto. Nada é geneticamente programado.
.
Existem doenças muito raras, apenas uma mão cheia,
.
que têm uma prevalência diminuta na população,
que são realmente determinadas geneticamente.
Muitas das perturbações complexas
podem ter uma certa predisposição genética,
mas uma predisposição não é o mesmo que uma predeterminação.
Toda a busca pela origem de doenças no genoma
estava destinada ao fracasso mesmo antes de se pensar nela,
porque a maioria das doenças não é geneticamente predeterminada.
Doenças cardíacas, cancros, AVC,
problemas reumáticos, doenças auto-imunes em geral,
distúrbios mentais, vícios...
nenhuma delas é determinada geneticamente.
O cancro da mama, por exemplo, em cada 100 mulheres com cancro da mama
apenas 7 possuem os genes do cancro da mama,
93 não o têm
e em 100 mulheres que têm esses genes,
nem todas terão cancro.
Comportamento
Os genes não são apenas coisas que moldam o nosso comportamento,
independentemente do nosso ambiente.
Os genes dão-nos diferentes formas de responder ao nosso ambiente.
E, de facto, parece que algumas das primeiras
influências da infância e o tipo de educação que recebemos
afectam a expressão genética,
ligando ou desligando diferentes genes
para nos colocar num caminho de desenvolvimento distinto,
que poderá adequar-se ao tipo de mundo em que estamos inseridos.
Por exemplo:
um estudo realizado em Montreal com vítimas de suicídio
analisou as autópsias aos cérebros dessas pessoas,
e descobriu-se que, se uma vítima de suicídio
(que geralmente são jovens adultos)
tiver sido abusada enquanto criança, na verdade esse abuso
causou uma alteração genética no cérebro
que não existia nos cérebros de pessoas que não tinham sido abusadas.
Isto é um efeito epigenético.
"Epi" significa "em cima", ou seja,
a influência epigenética é o que acontece
a nível ambiental para activar ou desactivar determinados genes.
Na Nova Zelândia, foi feito um estudo
numa cidade chamada Dunedin
no qual alguns milhares de indivíduos
foram estudados desde que nasceram até terem atingido a casa dos 20.
O que descobriram foi que conseguiam identificar
uma mutação genética, um gene anormal
que tinha uma certa relação com
a predisposição para agir violentamente,
mas apenas quando o indivíduo tivesse também sido
submetido a graves abusos enquanto criança.
Por outras palavras, uma criança com este gene anormal
não seria necessariamente mais violenta do que qualquer outra
e, na verdade, apresentava uma menor taxa de violência
do que as pessoas com genes normais,
contanto que não tenham sido abusadas enquanto crianças.
Um outro bom exemplo de como
os genes não são o factor determinante,
é a técnica sofisticada que permite
remover um gene específico de um rato
e fazer com que esse rato e os seus descendentes não tenham esse gene.
O gene é "apagado".
Portanto, existe um gene que codifica uma proteína
relacionada com a aprendizagem e a memória.
E com esta demonstração fabulosa, apagamos esse gene
.
e ficamos com um rato que não aprende tão bem.
"Oh! Uma base genética para a inteligência!"
O que foi muito menos valorizado nesse estudo de referência,
aproveitado pela imprensa a torto e a direito,
foi que se pegarmos nesses ratos geneticamente debilitados
e os criarmos num meio muito mais enriquecido
e estimulante do que os ratos normais enjaulados,
eles ultrapassam completamente essa debilitação.
Portanto, quando alguém diz num sentido contemporâneo
"Oh, este comportamento é genético,"
mesmo que a frase seja válida,
o que se está a dizer é: existe uma
contribuição genética para a forma como este organismo responde ao meio ambiente;
.
os genes podem influenciar a prontidão com que
um organismo lida com determinado desafio ambiental.
.
Mas sabe, não é essa a versão que a maioria das pessoas tem na cabeça,
e não querendo estar com grandes discursos
mas ir com a velha versão do "é genético"
.
não está muito longe da história da eugenia e coisas desse tipo.
.
É um equívoco muito comum
e potencialmente bastante perigoso.
Uma das razões pela qual a
explicação biológica para a violência...
pela qual essa hipótese é potencialmente perigosa
e não apenas enganadora, pois pode mesmo causar danos...
.
é porque se acreditarmos mesmo nisso, poderíamos muito bem dizer:
.
"Bem, não há nada que possamos fazer"
"para alterar a predisposição que as pessoas têm para a violência,"
"a única coisa que podemos fazer é"
"puni-las, prendê-las, ou executá-las,"
.
"mas não temos de nos preocupar em mudar"
"a envolvente social ou as pré-condições sociais"
"que podem levar a comportamentos violentos,"
"porque isso é irrelevante."
O argumento genético permite darmo-nos ao luxo de ignorar
factores históricos e sociais, passados e presentes,
e, nas palavras de Louis Menand,
que escreveu na revista "New Yorker", muito sagazmente, disse:
.
"Está tudo nos genes, uma explicação para a maneira de ser das coisas"
"que não põe em causa a maneira como as coisas são."
"Porque é que alguém havia de ficar infeliz"
"ou adoptar comportamentos anti-sociais quando vive na"
.
"nação mais livre e próspera da Terra?"
"O mal não pode estar no sistema."
"Deve haver algures uma falha na pessoa."
Não é uma má forma de ver as coisas.
Portanto, o argumento genético é simplesmente um pretexto
que nos permite ignorar
os factores sociais, económicos e políticos
que estão, de facto, subjacentes a muitos comportamentos problemáticos.
.
Estudo de Caso: Vícios
Os vícios são normalmente associados a problemas de droga,
.
mas de uma perspectiva mais alargada, eu defino o vício como qualquer comportamento
.
associado ao desejo, com alívio temporário
.
e consequências negativas a longo prazo,
juntamente com uma falta de controlo sobre o vício que faz com que a pessoa
queira desistir ou prometa desistir
mas não consiga,
e quando entendemos isso, constatamos que
há muitos mais vícios do que aqueles que estão relacionados com drogas.
.
Há o vício do trabalho, o vício das compras,
da Internet, dos jogos de computador...
Há o vício do poder. Pessoas que têm poder, mas
que querem mais e mais e nunca estão satisfeitas.
O vício da aquisição, empresas que têm de possuir mais e mais.
O vício do petróleo, ou pelo menos da riqueza
e dos produtos que nos são disponibilizados pelo petróleo.
.
Vejam as consequências negativas para o ambiente.
Estamos a destruir a própria Terra onde habitamos
por causa desse vício. Estes vícios
são muito mais devastadores nas suas consequências sociais
.
que os consumos de cocaína ou heroína dos meus pacientes dos bairros sociais.
No entanto, são recompensados e considerados respeitáveis.
O executivo da empresa de tabaco que reportar maiores lucros
terá uma recompensa muito maior.
Ele não sofre quaisquer consequências negativas, legais ou outras.
Na verdade, é um membro respeitado
do conselho de administração de várias outras empresas.
No entanto, as doenças relacionadas com o tabaco
matam 5,5 milhões de pessoas anualmente em todo o mundo.
Nos Estados Unidos, matam 400 mil pessoas por ano.
E estas pessoas são viciadas em quê? No lucro.
Estão viciadas de tal maneira
que entraram em negação
sobre o impacto das suas actividades,
um comportamento típico dos viciados.
E é respeitável. É respeitável ser
viciado no lucro, independentemente das consequências.
Então, o que é aceitável e o que é respeitável,
é um fenómeno muito arbitrário na nossa sociedade,
e parece que, quanto maior o dano,
mais respeitável é o vício.
O Mito
Existe um mito convencional de que as drogas, por si só, são viciantes.
Na verdade, a guerra contra as drogas é baseada na ideia
de que se se interditar a fonte das drogas,
consegue-se acabar com o vício.
Agora, se se compreender os vícios num sentido mais amplo
vemos que nada isoladamente é viciante.
Nenhuma substância, nenhuma droga, é, por si só, viciante,
e nenhum comportamento é, por si só, viciante.
Muitas pessoas podem ir às compras sem se tornarem viciadas em compras.
Nem todos se tornam viciados em comida.
Nem todas as pessoas que bebem um copo de vinho se tornam alcoólicas.
Portanto, a verdadeira questão, é: "o que torna as pessoas susceptíveis?"
Porque é a combinação de um indivíduo susceptível
e a substância ou comportamento potencialmente viciantes
que permite o pleno desenvolvimento da dependência.
Em suma, não é a droga que é viciante,
é a questão da susceptibilidade do indivíduo
em se tornar viciado numa determinada substância ou comportamento.
Meio Ambiente
Se quisermos entender o que, então,
torna algumas pessoas susceptíveis,
temos de considerar a experiência de vida.
A velha ideia, que apesar de antiga, ainda é
largamente apoiada, de que os vícios são derivados de uma causa genética
é simplesmente cientificamente insustentável.
Na verdade,
é a própria vida que elas levam, que torna as pessoas vulneráveis.
As experiências de vida não apenas moldam a
personalidade da pessoa e as necessidades psicológicas,
mas também os seus próprios cérebros, de determinadas maneiras.
E esse processo começa no útero.
Pré-Natal
Foi demonstrado, por exemplo,
que stressar as mães durante a gravidez,
faz com que os seus filhos sejam mais propensos a ter características
que os predispõem a vícios.
Isso acontece porque o desenvolvimento é moldado
pelo ambiente psicológico e social.
Assim, a biologia dos seres humanos é muito afectada
e programada por experiências de vida que se iniciam no útero.
O ambiente não começa no nascimento.
O ambiente começa logo que é formado um ambiente,
logo que nos tornamos um feto, estando sujeitos a
qualquer informação vinda através da circulação da mãe;
hormonas, níveis de nutrientes...
Um grande exemplo deste facto
é o denominado "Inverno da Fome" na Holanda.
Em 1944, os nazis ocuparam a Holanda
e devido a várias razões decidiram desviar toda a comida
para a Alemanha;
durante três meses todos os holandeses passaram fome,
tendo morrido dezenas de milhares de pessoas.
O efeito "Inverno da Fome Holandês" é o seguinte:
Se fossemos um feto no 2º ou 3º trimestre durante o período de fome
o nosso corpo "aprenderia" algo bastante único durante esse tempo.
Pois, é durante o segundo e o terceiro trimestre que
o nosso corpo vai tentar aprender como é o ambiente:
Quão ameaçador é o lugar lá fora?
Quão abundante? Quantos nutrientes estamos a obter
através da circulação da mãe?
Ser um feto que tenha passado fome durante esse tempo
faz com que o corpo se programe para ser sempre
incrivelmente poupado com os níveis de açúcar e gordura,
armazenando sempre tudo o que consiga obter.
Um holandês do Inverno da Fome, meio século depois,
sendo tudo o resto igual será mais propenso a sofrer de
.
tensão arterial alta, obesidade ou síndrome metabólica.
Isso é o ambiente a infiltra-se num lugar totalmente inesperado.
Podemos stressar os animais em laboratório durante a gravidez
e os seus descendentes ficarão mais propensos a usar
cocaína e álcool quando se tornarem adultos.
É possível stressar mães humanas, por exemplo, um estudo britânico revela que
mulheres que foram abusadas durante a gravidez
terão maiores níveis de
cortisol, a hormona do stress, na sua placenta no nascimento
e os seus filhos serão mais propensos a ter condições
que os predispõem ao vício pelos 7 ou 8 anos.
Assim, no útero, o stress já prepara a arma
para todos os tipos de problemas de saúde mental.
Um estudo Israelita feito com crianças
nascidas de mães que estavam grávidas
antes do início da guerra de 1967...
Estas mulheres, claro, estavam muito stressadas
e os seus descendentes têm uma maior incidência de esquizofrenia
que a média.
Desta forma, existem agora bastantes provas de que os efeitos pré-natal
têm um enorme impacto sobre o desenvolvimento humano.
Infância
O aspecto relacionado com o desenvolvimento humano e especificamente
o desenvolvimento do cérebro humano é que ele ocorre principalmente
sob o impacto do ambiente e principalmente após o nascimento.
.
No entanto, se nos compararmos a um cavalo,
que pode correr no primeiro dia de vida,
constatamos que somos muito pouco desenvolvidos.
Não conseguimos reunir tal grau de coordenação neurológica,
de equilíbrio, de força muscular e acuidade visual
até um ano e meio, dois anos de idade.
Isto porque o desenvolvimento do cérebro no cavalo
acontece na segurança do ventre,
e no ser humano tem de acontecer após o nascimento.
Isso tem a ver com simples lógica evolutiva,
à medida que a cabeça fica maior, que é o que nos torna seres humanos,
o crescimento do prosencéfalo é,
o que cria a espécie humana, de facto.
Ao mesmo tempo, caminhamos sobre duas pernas, por isso a nossa bacia estreita
para acomodar isso. Temos então uma bacia mais estreita, uma cabeça maior...
.
bingo: temos de nascer prematuramente.
E isso significa que o desenvolvimento do cérebro, que em outros animais
ocorre no útero, em nós, ocorre após o nascimento
.
e muito dele sob o impacto do meio ambiente.
O conceito de Darwinismo Neural significa
que os circuitos que recebem a entrada adequada do ambiente
desenvolver-se-ão de uma forma optimizada, os outros
ou não se desenvolvem de forma ideal, ou nunca chegam a desenvolver-se.
Se pegar num recém-nascido com uma visão perfeita
e se o colocar num quarto escuro durante cinco anos,
ele ficará cego para o resto da vida
porque os circuitos da visão necessitam de ondas de luz para se desenvolverem
e sem isso, até mesmo o circuito rudimentar
presente e activo à nascença
atrofiará, morrerá e nenhum novo circuito se desenvolverá.
Memória
É de uma forma significativa que
as primeiras experiências moldam o comportamento do adulto,
especialmente as experiências
iniciais para as quais não há recordação.
Acontece que existem dois tipos de memória:
existe a memória explícita, que é recordar,
e usámo-la quando relembramos factos,
detalhes, episódios, circunstâncias.
Mas a estrutura do cérebro designada de hipocampo
que codifica a memória explícita
só começa a desenvolver-se completamente depois de um ano e meio
e só muito mais tarde é que conclui totalmente o seu desenvolvimento.
É por isso que quase ninguém tem qualquer recordação
antes dos 18 meses.
Mas existe outro tipo de memória, a chamada memória implícita,
.
que é, na verdade, uma memória emocional,
onde o impacto emocional e a interpretação que a criança faz
dessas experiências emocionais está enraizada no cérebro
sob a forma de circuitos nervosos prontos a disparar sem recordações específicas.
.
Então, para dar um exemplo, as pessoas que são adoptadas
.
têm muitas vezes um sentimento de rejeição ao longo da vida.
Elas não se lembram da adopção.
Não se lembram da separação com a mãe biológica
porque não há memória para recordar.
Mas a memória emocional de separação e rejeição
está profundamente enraizada nos seus cérebros.
Por isso, possuem muito mais probabilidades de viverem um sentimento de rejeição
.
e uma grande perturbação emocional
quando se apercebem que são rejeitados,
.
Este sentimento não é exclusivo das pessoas que são adoptadas
mas é particularmente forte nelas
por causa dessa função de memória implícita.
As pessoas que são viciadas, de acordo com
todas as pesquisas científicas e com a minha própria experiência,
foram praticamente todas
vítimas de abusos significativos na infância
ou sofreram perdas emocionais graves.
As suas memórias emocionais ou implícitas
são as de um mundo que não é seguro
nem solidário; educadores que não foram confiáveis
e relacionamentos insuficientemente
seguros para permitirem a vulnerabilidade,
portanto, as suas reacções tendem
a mantê-las desligadas de relacionamentos verdadeiramente íntimos;
.
a não confiar nos educadores, nos médicos
ou em outras pessoas que estejam a tentar ajudá-las
e em geral a ver o mundo como um lugar inseguro...
e isto é estritamente devido à memória implícita
que às vezes tem a ver com acontecimentos de que nem elas próprias se lembram.
Toque
Bebés prematuros ou que estão muitas vezes dentro de incubadoras
e outros tipos de dispositivos pediátricos
durante semanas ou mesmo meses...
Sabe-se agora que, se estas crianças
forem tocadas e pegadas ao colo durante apenas 10 minutos por dia,
isso estimula o seu desenvolvimento cerebral.
Assim, o toque humano é essencial para o desenvolvimento
e, de facto, os recém-nascidos que nunca são pegados ao colo acabam por morrer.
Isso é o quão fundamental
o toque é para os seres humanos.
Na nossa sociedade, há uma tendência infeliz
de dizer aos pais que não peguem nos filhos ao colo, que não os abracem,
que não peguem neles ao colo quando choram, com medo de os estragar com mimos,
ou que para os incentivar a dormir toda a noite não devemos pegar neles...
.
que é exactamente o oposto daquilo que a criança necessita,
estas crianças provavelmente adormecem porque desistem
e os seus cérebros apenas desligam-se como uma
forma de defesa contra a vulnerabilidade
de serem abandonadas pelos seus pais
mas as suas memórias implícitas serão
as de um mundo que não quer saber.
Infância
Muitas destas diferenças são estruturadas muito cedo na vida.
De certa forma, a experiência dos pais perante a adversidade,
de quão dura é a vida ou de quão fácil ela é, é passada para os filhos,
.
quer seja por meio de depressão materna
ou pelos pais que se chateiam com os seus filhos porque tiveram
.
um dia difícil ou simplesmente porque estão demasiado cansados no final do dia...
e estes problemas têm efeitos muito poderosos
na programação do desenvolvimento da criança, sobre o qual sabemos muito agora.
Mas essa sensibilidade precoce não é apenas um erro evolutivo.
Ela existe também em muitas outras espécies.
Mesmo em plantas muito jovens há um processo inicial de adaptação
ao tipo de ambiente em que estão a crescer,
mas para os seres humanos, a adaptação é à qualidade das relações sociais.
E assim, o início da vida:
quanto carinho, quanto conflito, quanta atenção recebemos
é uma amostra do tipo de mundo em que podemos estar a crescer.
Estamos a crescer num mundo onde temos de:
lutar por aquilo que podemos obter; ser desconfiados;
cuidar de nós próprios; aprender a não confiar nos outros?
ou estamos a crescer numa sociedade onde dependemos da
reciprocidade, da mutualidade, da cooperação, onde a empatia é importante,
onde a nossa segurança depende das boas relações com outras pessoas...
o que necessita de um desenvolvimento emocional e cognitivo muito diferente,
.
e é isso que trata a sensibilidade precoce,
e a paternidade é quase, muito inconscientemente,
um sistema para transmitir essa experiência às crianças...
sobre o tipo de mundo em que elas vivem.
O experiente pedopsiquiatra britânico, D. W. Winnicott, disse
que, na infância duas coisas podem correr mal.
Uma é quando acontecem coisas que não deveriam acontecer,
a outra é quando coisas que deveriam acontecer, não acontecem.
Na primeira categoria, encontram-se as experiências dramáticas, de abuso
e de abandono dos meus
pacientes, bem como, de muitos viciados.
Isso é o que não deveria ter acontecido, mas aconteceu.
Mas depois temos a atenção sem stress,
livre de distracções de um pai, que todas as crianças precisam
.
e que muitas vezes não recebem.
Estas crianças não são vítimas de abuso. Não são negligenciadas
e também não são traumatizadas.
De facto, o que acontece é que
a presença do pai emocionalmente presente,
simplesmente não existe, devido ao
stress na nossa sociedade e no ambiente familiar.
O psicólogo Allan Schore designa isto de "Abandono Proximal",
quando o pai está presente fisicamente mas ausente emocionalmente.
.
Eu passei...
sensivelmente, os últimos 40 anos da minha vida
a trabalhar com as pessoas mais violentas que a nossa sociedade produz:
assassinos, violadores e assim por diante.
Na tentativa de compreender a causa dessa violência,
descobri que os criminosos mais violentos nas nossas prisões
tinham sido vítimas
de um grau de abuso infantil que ultrapassou a escala
do que alguma vez imaginei ser possível aplicar ao termo, abuso de crianças.
Eu não fazia ideia da profundidade
da depravação com que as crianças na nossa sociedade
são tratadas com demasiada frequência.
As pessoas mais violentas que vi eram, elas próprias, as sobreviventes
das tentativas do seu assassinato, muitas vezes executados pelas mãos dos seus pais
ou por outras pessoas do seu meio social,
ou então, eram membros sobreviventes de uma família que tinha sido morta
pelos seus familiares mais próximos.
Buda argumentou que tudo depende de tudo o resto.
Afirma que "o Um contém o Todo e o Todo contém o Um".
Que não se consegue compreender nada que esteja isolado do seu ambiente.
A folha contém o sol, o céu e a terra, obviamente.
Isto agora já foi demonstrado como sendo verdade em geral
e especialmente quando se trata do desenvolvimento humano.
O termo científico moderno para isto
é natureza "bio-psico-social" do desenvolvimento humano
que defende que a biologia dos seres humanos
depende muito da sua interacção com
o ambiente social e psicológico.
Especificamente, o psiquiatra e investigador
Daniel Siegel, da Universidade da Califórnia, Los Angeles, UCLA,
inventou a frase "Neurobiologia Interpessoal"
o que equivale a dizer que a forma como o nosso sistema nervoso funciona
depende bastante das nossas relações pessoais:
Primeiro, do nosso relacionamento com os educadores parentais,
em segundo lugar, com outras figuras
de vinculação importantes nas nossas vidas
e em terceiro lugar, com toda a nossa cultura.
Assim, não podemos separar o
funcionamento neurológico de um ser humano
do ambiente em que ele ou ela cresceu,
e onde continua a existir.
E isto é verdade durante todo o ciclo de vida.
É particularmente verdade quando estamos
dependentes e vulneráveis durante o desenvolvimento do nosso cérebro
mas é uma realidade em adultos e até mesmo no fim da vida.
Cultura
Seres humanos já viveram em quase todo o tipo de sociedades.
Desde as mais igualitárias...
sociedades de caçadores-recolectores parecem ter sido muito igualitárias,
por exemplo, eram baseadas na partilha de alimentos, na troca de presentes...
Foram pequenos grupos de pessoas que viveram
predominantemente das forragens, e também de um pouco de caça,
principalmente entre pessoas que
pelo menos, conheceram a vida inteira
praticamente cercados por primos em terceiro grau ou mais próximo;
num mundo onde havia uma grande
fluidez entre os diferentes grupos;
num mundo onde não existia
muita coisa em termos de cultura material...
Esta foi a forma como os humanos passaram a maior parte da sua história hominídea.
E não é surpresa nenhuma que isso contribua para um mundo muito diferente.
Uma das coisas que se obtém, como resultado, é muito menos violência.
Grupos de violência organizada não é
algo que aconteceu naquela época
da história da humanidade e isso parece bastante elucidativo.
Então, onde errámos?
A violência não é universal. Nem é simetricamente distribuída
por toda a raça humana. Existe uma enorme variação
no nível de violência de sociedade para sociedade.
Há algumas sociedades onde não existe praticamente nenhuma violência.
Há outras que se destroem a si próprias!
Alguns dos grupos religiosos Anabaptistas,
são no sentido estrito completamente pacifistas
como os Amish, os Menonitas, os Huteritas...
Entre alguns destes grupos, os huteritas
não têm qualquer registo de casos de homicídio.
Durante as grandes guerras, como na Segunda Guerra Mundial
quando as pessoas eram recrutadas para o serviço militar,
eles recusavam-se a servir nas forças armadas.
Mais depressa iriam para a prisão do que serviriam no exército.
Nos Kibutzim de Israel
os níveis de violência são tão baixos que os tribunais criminais
enviam frequentemente infractores violentos
e pessoas que cometeram crimes,
para viver nos kibutzim, a fim de
aprender a viver uma vida sem violência...
porque essa é a forma como as pessoas vivem aí.
Portanto, somos amplamente moldados pela sociedade.
A nossa sociedade, no sentido mais amplo, inclui as nossas influências teológicas,
metafísicas, linguísticas, etc...
A sociedade ajuda-nos a definir se achamos
que a vida é basicamente sobre o pecado, ou sobre a beleza;
se na vida após a morte teremos de pagar um preço
pela forma como vivemos, ou se isso é irrelevante.
De certa forma, as diferentes grandes sociedades
poderiam ser denominadas de individualistas ou colectivistas
e encontraríamos pessoas muito diferentes e mentalidades diferentes
.
e suspeito que com tudo isso virão cérebros diferentes.
Nos E.U.A., estamos perante uma das sociedades mais individualistas
onde o capitalismo é tido como sendo um sistema que nos permite subir
cada vez mais alto na pirâmide do poder,
a questão é que se fica com cada vez menos redes de segurança.
Por definição, quanto mais estratificada a sociedade é,
menos pessoas temos como iguais, menor é o número de pessoas com quem
temos relações simétricas e de reciprocidade.
Em vez, tudo o que temos são diferentes pontos de vista e hierarquias sem fim...
e um mundo em que temos poucos parceiros recíprocos
é um mundo com muito menos altruísmo.
Natureza Humana
Então, isto leva-nos à situação impossível de
tentar fazer sentido na perspectiva da ciência...
sobre qual é a natureza da natureza humana.
Sabe-se que a um certo nível
a natureza da nossa natureza não é ser
particularmente limitada pela nossa natureza.
Temos mais variedade social
do que qualquer outra espécie existente.
Mais sistemas de crença, de estilos, de estruturas familiares,
de formas de educar os filhos. A capacidade
que temos para a variedade é extraordinária.
Numa sociedade que assenta na concorrência
e na realidade, muito frequentemente, na exploração impiedosa
de um ser humano por outro,
do lucro obtido através dos problemas de outras pessoas
e, muitas vezes, através da criação de
problemas com a finalidade de obter lucro,
a ideologia dominante, muitas vezes justifica esse comportamento
através de apelos a uma natureza humana fundamental e inalterável.
Assim, o mito na nossa sociedade
é que as pessoas são competitivas por natureza,
que são individualistas e egoístas.
A verdadeira realidade é completamente o oposto.
É verdade que temos determinadas necessidades.
A única forma que podemos falar sobre a natureza humana concretamente
é através do reconhecimento de que existem determinadas necessidades humanas.
Temos uma necessidade de companhia e de contacto próximo,
de sermos amados, de sermos incluídos em algo, de sermos aceites,
de sermos vistos, de sermos recebidos por aquilo que somos.
Se essas necessidades são satisfeitas, transformamo-nos
em pessoas que são compassivas e cooperantes,
que sentem empatia pelas outras pessoas.
Portanto:
o oposto, que frequentemente vemos na nossa sociedade
é, na verdade, uma distorção da natureza humana,
precisamente, porque muito poucas pessoas vêm as suas necessidades satisfeitas.
Então, sim podemos falar sobre a natureza humana
mas apenas no sentido das necessidades humanas básicas
que são instintivamente evocadas
ou poder-se-á dizer, certas necessidades humanas
que levam a certas características se forem satisfeitas
e a outras características se nos forem negadas.
Portanto:
quando reconhecemos o facto de que o organismo humano,
que tem uma grande flexibilidade adaptativa,
que nos permite sobreviver nas mais diversas condições,
e também está rigidamente programado para determinados requisitos ambientais
ou necessidades humanas,
um imperativo social começa a surgir.
Tal como os nossos organismos necessitam de nutrientes,
o cérebro humano exige formas positivas de estímulo ambiental
em todas as fases do desenvolvimento,
ao mesmo tempo que precisa de ser protegido
de outras formas de estímulo negativo.
E se as coisas que devem acontecer, não acontecem...
ou se as coisas que não deveriam acontecer, acontecem...
É agora evidente que a porta pode ser aberta, não só para
uma série de doenças mentais e físicas,
mas também para muitos comportamentos humanos prejudiciais.
Assim, à medida que agora voltamos a nossa perspectiva para o exterior
e consideramos o estado das situações nos dias que correm,
Somos obrigados a perguntar:
A condição que criámos no mundo moderno
está realmente a apoiar a nossa saúde?
O alicerce do nosso sistema socioeconómico
está a actuar como uma força positiva
para o desenvolvimento e o progresso humano e social?
Ou, a gravitação fundamental da nossa sociedade
contraria efectivamente as exigências fundamentais evolutivas
necessárias para criar e manter
o nosso bem-estar pessoal e social?
Parte II: Patologia Social
Assim sendo, coloca-se a questão "onde começou tudo isto?"
O que temos hoje... é realmente um mundo em estado de
colapso cumulativo.
O Mercado
Começamos com John Locke.
John Locke introduz o conceito de propriedade
e indica três pré-requisitos para o justo direito à propriedade privada.
Os três pré-requisitos são:
tem de sobrar o suficiente para os outros,
não a devemos deixar estragar
e, acima de tudo, devemos contribuir com o nosso trabalho para a propriedade.
E faz sentido - contribuímos o nosso trabalho para o mundo,
logo, teremos direito ao produto,
e enquanto sobrar o suficiente para os outros,
e desde que não se estrague,
e não deixarmos que nada se desperdice, então está tudo bem.
Locke dedica bastante tempo a isto no seu famoso tratado de governo,
que desde então tem sido o texto de referência
utilizado para a compreensão económica, política e jurídica,
e ainda hoje é o texto clássico que se estuda.
Bem, depois de ele apresentar os pré-requisitos
e de nos deixar a pensar
se somos a favor ou contra a propriedade privada...
depois apresentar uma defesa muito plausível e poderosa
da propriedade privada...
Ele descarta os pré-requisitos!
Sem mais nem menos. Numa só frase.
Ele diz: "Bem, uma vez que a introdução"
"do dinheiro surgiu com o consentimento tácito dos homens" em seguida...
.
e ele não diz que os pré-requisitos são revogados ou anulados,
mas é isso que acontece.
Então, hoje não temos
bens nem propriedade adquiridos por meio do nosso próprio trabalho,
nada disso, agora o dinheiro compra mão-de-obra.
Já não se tem em consideração
se sobra ou não o suficiente para os outros;
já não se tem em consideração se se estraga ou não
porque ele diz que o dinheiro é como o ouro e a prata, e o ouro não se estraga,
.
portanto, o dinheiro não pode ser responsável pelo desperdício...
o que é ridículo. Não estamos a falar de dinheiro e de prata,
estamos sim a falar sobre as suas consequências.
São afirmações que não seguem uma linha lógica de raciocínio.
É surpreendente como
através de um malabarismo lógico ele evita a questão,
mas serve perfeitamente os interesses dos donos de capital.
Depois entra Adam Smith
que acrescenta a religião a isto...
Locke começou por dizer: "Deus fez tudo desta maneira, este é o direito de Deus".
.
Agora Smith vem dizer que "não é só de Deus..."
.
bem, ele não está realmente a afirmá-lo, mas é isto que está,
filosoficamente, a acontecer. A princípio,
afirma que "não é apenas uma questão de propriedade privada..."
isso agora é tudo "pressuposto" - É dado adquirido.
E que há "investidores que compram mão-de-obra" – dado.
"Não há limite para quanta mão-de-obra de outros homens podem comprar,"
"quanto podem acumular, quanta desigualdade..."
Isso é tudo dado adquirido agora.
E assim, a sua grande ideia é,
que novamente, é apenas introduzida entre parênteses - de passagem...
Portanto, quando as pessoas colocam bens à venda – a oferta
e quando outras pessoas os adquirem – a procura – e assim por diante,
como é que a oferta é igualada à procura ou a procura igualada à oferta?
.
Como podem entrar em equilíbrio?
E essa é uma das noções centrais da economia,
a forma como é que elas entram em equilíbrio...
Smith afirma que: é a "Mão Invisível do Mercado"
que as coloca em equilíbrio.
Portanto, agora temos um "Deus" realmente iminente.
Não somente deu os direitos à propriedade,
todos os seus recursos e "direitos naturais"
em relação às afirmações de Locke...
agora temos o próprio sistema como "Deus".
Na verdade, diz Smith, quando fala
e temos de ler na íntegra
"Riqueza das Nações" para encontrar esta citação:
"a escassez de subsistência"
"estabelece limites para a reprodução dos pobres,"
"a natureza não sabe lidar com isto de nenhuma outra forma"
"que não seja a eliminação dos seus filhos."
Assim, Smith antecipou a teoria da evolução no pior sentido...
muito antes de Darwin.
E, deste modo, designou-os de "Raça dos Trabalhadores".
Então, podemos constatar: havia inerentemente aqui racismo por construção,
havia uma cegueira inerente para a matança de inúmeras crianças.
.
Portanto pensou: "é a Mão Invisível a fazer com que a oferta"
"corresponda à procura e a procura corresponda à oferta."
Ora, vês como "Deus" sabe o que faz?
Podemos, assim, ver que muitas das coisas realmente virulentas,
destruidoras de vida e ecologicamente genocidas
que estão a acontecer agora têm, de certa forma,
um "gene do pensamento" também vindo de Smith.
Quando reflectimos sobre o conceito original do
dito mercado livre – o sistema capitalista
como iniciado pelos primeiros filósofos económicos,
tal como Adam Smith,
reparamos que a intenção original de um "mercado"
foi baseada no comércio de bens reais, tangíveis e de suporte de vida.
Adam Smith nunca imaginou que o
sector económico mais rentável no planeta
acabaria por pertencer à área do mercado financeiro
ou do dito investimento, onde o próprio dinheiro é simplesmente
.
adquirido pela movimentação de mais dinheiro num jogo arbitrário
.
que contém nenhum mérito produtivo para a sociedade.
No entanto, independentemente da intenção de Smith,
a porta para tais adventos aparentemente anómalos
foi deixada totalmente aberta por um princípio fundamental desta teoria:
o dinheiro é tratado como uma mercadoria por si só.
Hoje, em qualquer economia do mundo,
independentemente do sistema social que alegue,
procura-se obter dinheiro só por ser dinheiro e nada mais.
A ideia subjacente, misteriosamente qualificada
por Adam Smith com a sua declaração religiosa da "Mão Invisível",
.
é que a busca mesquinha e egoísta
desta mercadoria fictícia irá de algum modo
.
manifestar magicamente o progresso e o bem-estar humano e social.
A realidade é que o incentivo monetário
ou o que apelidam de "Ciclo Monetário de Valor" ["dinheiro que gera dinheiro"]
já se dissociou completamente do componente basilar,
a vida, que poderia ser designado por
"Ciclo Vital de Valor" ["dinheiro que gera vida"].
O que aconteceu é que existe uma tremenda confusão
na doutrina económica entre esses dois ciclos.
.
Assumem que o ciclo "dinheiro que gera dinheiro"
dá origem ao ciclo "dinheiro que gera vida"
e é por isso que afirmam que se se vendessem mais bens,
se houvesse um crescimento do PIB e assim por diante...
Haveria um incremento de bem-estar
e assim, poderíamos considerar o PIB como o principal indicador
.
de saúde social... Bem, aí está a confusão.
Está-se a falar de "dinheiro que gera dinheiro",
isto é, de todos os recibos e todas as receitas
que derivam da venda de bens
e confundem isso com um incremento de bem estar.
Assim, desde o início, tem-se incorporado nesta matéria
uma completa confluência dos ciclos
do dinheiro e da vida. Portanto,
estamos a lidar com uma espécie de delírio estruturado
que se torna cada vez mais letal
à medida que o ciclo monetário se dissocia de criar
seja o que for. Assim, é uma doença do sistema
.
e a doença do sistema parece ser fatal.
Bem-vindo à Máquina
Na sociedade de hoje, é raro ouvir-se falar
do progresso de um país ou de uma sociedade
em termos do seu bem-estar físico, estado de felicidade,
confiança ou estabilidade social.
Pelo contrário, as medidas são apresentadas
através de abstracções económicas.
Temos o produto interno bruto, o índice de preços no consumidor,
o valor do mercado de acções, taxas de inflação...
e assim por diante.
Mas estas informações dizem-nos algo realmente relevante
quanto à qualidade de vida das pessoas?
Não. Todos estes indicadores têm a ver com
o próprio ciclo do dinheiro e nada mais.
Por exemplo, o Produto Interno Bruto de um país
é uma medida de valor dos bens e serviços vendidos.
A sua medida está alegadamente correlacionada com o
nível de vida dos cidadãos de um país.
Nos Estados Unidos, os cuidados de saúde representavam
mais de 17% do PIB em 2009,
totalizando um gasto de mais de 2,5 triliões.
Criando, assim, um efeito positivo neste indicador económico.
E, com base nesta lógica, seria ainda melhor para a economia dos EUA
.
se os serviços de saúde aumentassem ainda mais...
talvez para 3 triliões de dólares... ou 5 triliões,
uma vez que tal iria criar mais crescimento,
mais empregos e seria, consequentemente, vangloriado pelo economistas
como um aumento no nível de vida de um país.
Mas, esperemos um minuto.
O que é que os serviços de saúde representam realmente?
Bem, PESSOAS DOENTES E A MORRER.
é isso mesmo – quanto mais pessoas doentes houver na América,
melhor estará a economia.
Atenção, isto não é um exagero ou uma perspectiva cínica.
Na verdade, se recuarmos no tempo, perceberemos que o PIB
.
não só não reflecte a verdadeira saúde, pública ou social,
de forma verdadeiramente tangível,
como é, na verdade, principalmente uma medida
de ineficiência industrial e de degradação social.
.
E quanto mais aumenta, piores as coisas se tornam
no que diz respeito a integridade pessoal, social
e ambiental.
Têm de se criar problemas para criar lucro.
No paradigma actual, não existe lucro
em salvar vidas ou devolver equilíbrio ao planeta,
em ter justiça e paz, ou em qualquer outro assunto relevante.
Simplesmente não é lucrativo fazer nada disso.
Há um ditado que diz: "Aprova uma lei e cria um negócio."
.
Quer se esteja a criar um negócio para um advogado ou outra profissão qualquer.
Assim, o crime cria negócios
da mesma forma que a destruição cria negócios no Haiti.
.
Temos agora cerca de dois milhões de pessoas encarceradas
neste país (EUA).
Desses dois milhões, muitos estão em prisões geridas por empresas privadas:
.
Corrections Corporation of America, Wackenhut
que negociam as suas acções no mercado bolsista de Wall Street
com base na quantidade de pessoas na prisão.
É doentio.
Mas isso é um reflexo
do que este paradigma económico exige.
Então, exactamente, o que exige este paradigma económico?
O que é que mantém o nosso sistema económico em movimento?
O Consumo.
Ou mais precisamente – O Consumo Cíclico.
Quando se esmiúçam os fundamentos da economia de mercado clássica
.
fica-se com um padrão de trocas monetárias
que simplesmente, não pode parar,
nem tão pouco ser substancialmente abrandado,
se queremos que a sociedade como a conhecemos se mantenha operacional.
.
Existem três actores principais no palco económico:
o empregado, o empregador e o consumidor.
.
O empregado vende mão-de-obra ao empregador por um rendimento.
O empregador vende os serviços de produção e, portanto, bens,
ao consumidor por um rendimento
e o consumidor, claro, é simplesmente o outro papel
desempenhado pelo empregador e o empregado,
gastando o rendimento novamente no sistema
para permitir a continuação do consumo cíclico.
Por outras palavras, a economia de mercado global assenta
no pressuposto de que haverá sempre
procura suficiente de produtos na sociedade para movimentar dinheiro
.
a um ritmo que consiga sustentar o processo de consumo.
E quanto maior for a taxa de consumo,
mais se assume o chamado crescimento económico
e assim continua a máquina...
Mas, esperemos um minuto,
Pensava que uma economia supostamente deveria, não sei...
Economizar?
Não está o próprio termo directamente relacionado com preservação,
eficiência e redução de desperdício?
Então, como é que o nosso sistema, que exige consumo,
e quanto mais melhor, preserva de forma eficiente
ou "Economiza"?
Bem... não o faz.
O objectivo da economia de mercado é, na verdade, exactamente o oposto
daquilo que uma economia real é suposto fazer,
que é orientar de forma eficiente e conservadora
os materiais para a produção e distribuição
de bens necessários à sobrevivência do ser humano.
Vivemos num planeta finito, com recursos finitos
onde, por exemplo, o petróleo que utilizamos
demorou milhões de anos a desenvolver-se...
onde os minerais que usamos levaram biliões de anos para se desenvolverem.
Então... ter um sistema que promove deliberadamente
a aceleração do consumo
em nome do chamado "crescimento económico"
é pura loucura "ambienticida".
Ausência de desperdício, isso é o que eficiência significa.
Ausência de desperdício?
Este sistema desperdiça mais que todos os outros
sistemas existentes na história do planeta.
Todos os níveis de organização de vida e sistemas de vida
estão num estado de crise, de desafio
e em decadência ou colapso.
Nenhum jornal sujeito a escrutínio científico, nos últimos 30 anos,
disse algo diferente:
que todos os sistemas de vida estão em declínio,
bem como os programas sociais... bem como o acesso à água potável.
.
Tentemos enumerar qualquer meio biótico que não esteja a ser ameaçado e em perigo
.
É impossível.
Não existe um único e isso é muito, muito desesperante.
Mas as pessoas ainda nem descobriram o mecanismo causal.
A sociedade não quer enfrentar o mecanismo causal.
Quer só, seguir em frente. E é nesta forma de pensar que está a insanidade,
quando repetimos o mesmo erro uma e outra vez
apesar de, claramente, não funcionar.
Portanto, na realidade estamos
a lidar não com um sistema económico,
mas diria mesmo que estamos a lidar com um sistema anti-económico.
A Anti-Economia
Há um ditado que diz que o modelo concorrencial de mercado procura
.
"criar os melhores produtos possíveis ao menor preço possível."
Esta declaração é, essencialmente, o conceito de incentivo
que justifica a concorrência no mercado com base no pressuposto
.
de que o resultado é a produção de bens de maior qualidade.
Se quiséssemos construir uma mesa a partir do zero,
construí-la-íamos, naturalmente, usando
os materiais o mais duradouros possível, certo?
Com o objectivo de atingir o máximo de tempo de vida útil da mesa.
Por que razão iríamos conceber algo com uma qualidade inferior
sabendo que, mais tarde ou mais cedo, teríamos de fazê-lo novamente
e gastar mais material e energia?
Bem, por mais racional que isso possa parecer no mundo físico,
quando se trata do mercado mundial
não é apenas explicitamente irracional, como
não é sequer uma opção.
É tecnicamente impossível produzir o melhor de algo
.
se o objectivo de uma empresa é manter uma vantagem competitiva
e, portanto, permanecer acessível ao consumidor.
Literalmente, tudo o que é criado e posto à venda
na economia global é imediatamente inferior
no momento em que é produzido
pois é uma impossibilidade matemática
fazer os produtos mais cientificamente avançados,
eficientes e estrategicamente sustentáveis.
Isto deve-se ao facto de que a economia de mercado
requer que "a eficiência de custos"
ou a necessidade de reduzir despesas
exista em todas as fases da produção.
Desde o custo da mão-de-obra, ao custo
dos materiais, embalagem e assim por diante.
Esta estratégia competitiva, óbviamente,
serve para garantir que o público compre os seus produtos
em vez de os de um produtor concorrente
...que está a fazer exactamente a mesma coisa
para também tornar os seus produtos competitivos e acessíveis.
Esta consequência imutável de desperdício do sistema
poderia ser denominada de "obsolescência intrínseca".
No entanto, esta é apenas uma parte de um problema maior:
um princípio fundamental que rege a economia de mercado,
que não consta em nenhum livro, já agora, é:
.
"Nada pode ser produzido com a capacidade de manter um ciclo de vida maior
do que aquele que pode ser suportado a fim de perpetuar o consumo cíclico".
.
Por outras palavras, é fundamental que as coisas avariem,
falhem e expirem dentro de um determinado período de tempo.
Isto é designado de "obsolescência planeada".
A obsolescência planeada é a trave mestra da estratégia de mercado subjacente
a cada empresa de produção de bens que existe.
Enquanto muito poucos, obviamente, admitiriam abertamente tal estratégia
.
o que fazem é mascará-la dentro do
fenómeno da obsolescência intrínseca que acabámos de referir,
e muitas vezes ignorando, ou mesmo suprimindo novos adventos em tecnologia
.
que poderiam criar um produto mais sustentável e duradouro.
Portanto, como se isto não fosse desperdício suficiente,
o sistema inerentemente não poder permitir que
sejam produzidos os bens mais duráveis e eficientes,
a obsolescência planeada reconhece deliberadamente
que quanto mais tempo durar um produto,
mais difícil é sustentar o consumo cíclico
e portanto, a própria economia de mercado.
Por outras palavras, a sustentabilidade de produtos
é inversamente proporcional ao crescimento económico
e, portanto, há um incentivo directo e reforçado
para garantir que o prazo de validade de um dado produto fabricado seja curto.
.
E, na verdade, o sistema não pode funcionar de outra maneira.
Um olhar para o mar de aterros que se estão a multiplicar pelo mundo
mostra a realidade da obsolescência.
Existem hoje biliões de telemóveis,
computadores e outras tecnologias baratas,
cada uma cheia de materiais preciosos e difíceis de minar,
como o ouro, columbita-tantalita, cobre...
a apodrecer em vastos amontoados,
geralmente devido a um simples mau funcionamento ou obsolescência
de pequenas peças que, numa sociedade que não desperdiça
poderiam ser corrigidas ou actualizadas e a vida do produto prolongada.
.
Infelizmente, por mais eficiente que isso possa parecer na nossa realidade física,
vivendo num planeta finito com recursos finitos,
.
é explicitamente ineficaz, no contexto do mercado.
Resumindo:
"Eficiência, Sustentabilidade e Preservação
são os inimigos do nosso sistema económico".
Da mesma forma, assim como os bens físicos necessitam de ser constantemente
produzidos e reproduzidos, independentemente do seu impacto ambiental,
.
a indústria de serviços trabalha da mesma forma.
O facto é que não existe benefício monetário
em resolver quaisquer problemas
que sejam objecto de prestação de serviços actualmente.
No fim de contas,
a última coisa que a classe médica realmente quer
é a cura de doenças como o cancro,
pois isso, eliminaria inúmeros empregos e triliões em receitas.
E já que falamos no assunto...
Crime e Terrorismo neste sistema são benéficos!
Bem, pelo menos economicamente...
Visto que dá emprego à polícia,
gerando produtos de valor elevado para a segurança,
para não mencionar o valor das prisões
que são empresas privadas - com fins lucrativos.
E quanto à guerra?
A indústria da guerra nos Estados Unidos, é uma grande impulsionadora do PIB
– sendo uma das indústrias mais rentáveis –
produzindo armas de morte e destruição.
O jogo favorito desta indústria é explodir coisas
e depois reconstruí-las! Com lucro.
Vimos isso com a colheita de biliões de dólares em contratos
celebrados na sequência da guerra do Iraque.
O facto é que atributos sociais negativos da sociedade
.
tornaram-se empreendimentos recompensadores para a indústria
e qualquer interesse na resolução do problema
ou forma de conservação e sustentabilidade ambiental
é intrinsecamente contrária à sustentabilidade económica.
É por essa razão
que cada vez que o PIB aumentar em qualquer país
estaremos a assistir a um aumento das necessidades
sejam elas reais ou artificiais
e, por definição, uma necessidade está enraizada na ineficiência.
Consequentemente, o aumento da necessidade significa o aumento da ineficiência.
Distúrbio de Valores do Sistema
O sonho americano é baseado no consumismo desenfreado.
.
Baseia-se no facto de que
os meios de comunicação e,
em especial, a publicidade comercial
– todas as empresas que necessitam deste crescimento infinito –
fizeram uma lavagem cerebral e convenceram
a maioria das pessoas nos Estados Unidos e no mundo
de que temos de ter um X número de bens materiais
e a possibilidade de ganhar infinitamente mais
bens materiais, para sermos felizes.
Isso simplesmente não é verdade.
Então, porque razão continuam as pessoas a comprar desta maneira,
que é, em última análise, "ecologicamente genocida"
nos seus efeitos cumulativamente sistémicos?
Não passa de condicionamento operante clássico.
Basta aplicar estímulos condicionantes num organismo
e as respostas são os comportamentos desejados,
ou metas, ou objectivos.
E possui todos os recursos da tecnologia
e vanglorizam-se acerca de como entram na mente das crianças,
.
o que ouvem já os está
a condicionar em relação a uma marca.
Então compreendemos, a razão de as pessoas serem tão tolas.
.
Foram ensinadas a ser tolas.
É um distúrbio do sistema de valores.
Se houver alguma prova
da plasticidade da mente humana.
Se houver alguma prova do quão maleável
o pensamento humano é e no quão facilmente condicionadas
e guiadas as pessoas se podem tornar,
com base na natureza dos seus estímulos ambientais
e naquilo que o ambiente reforça:
o mundo da publicidade comercial é a prova.
Temos que pasmar
perante o nível da lavagem cerebral
onde estes robôs programados conhecidos como "consumidores"
vagueiam pela paisagem
só para entrar numa loja e gastar, digamos
4.000€ numa bolsa
que custa provavelmente 10 euros para produzir
numa fábrica clandestina no exterior,
só pelo status que essa marca supostamente representa
na cultura.
Ou talvez as antigas tradições populares,
que aumentam a confiança e a coesão da sociedade,
que já foram sequestradas
por valores gananciosos e materialistas, de modo a
trocarmos porcarias inúteis algumas vezes por ano.
E podemos questionar-nos porque é que muitas pessoas
têm uma compulsão por compras e aquisições
quando é claro que elas foram condicionadas desde a infância
para considerar os bens materiais
um sinal da sua posição social junto dos amigos e da família.
O facto é que, os alicerces de qualquer sociedade
são os valores que sustentam o seu funcionamento
e a nossa sociedade, tal como existe,
só pode funcionar se os nossos valores suportarem
o consumo ostensivo
necessário para dar continuidade à economia de mercado.
Há 75 anos, o consumo nos Estados Unidos da América,
e em grande parte do mundo desenvolvido, era metade
do que vemos hoje, por pessoa.
A actual cultura de consumo
tem sido fabricada e imposta
devido à necessidade inescapável
de níveis cada vez mais elevados de consumo para manter o sistema.
E é por isso que a maioria das empresas gasta agora
mais dinheiro em publicidade,
do que no processo de criação dos seus produtos.
Actuam diligentemente para criar uma falsa necessidade.
E funciona.
Os "Economistas"
Os economistas, na verdade, não são de todo economistas.
São propagandistas do valor do dinheiro,
e veremos que todos os seus modelos, basicamente,
se reduzem a trocas simbólicas com o intuito de gerar lucros
.
para um ou ambos os intervenientes,
mas estão completamente desligados
do actual mundo de produção.
Em Ohio, um idoso não conseguiu pagar a sua conta da electricidade,
este caso poderá ser-lhe familiar,
a empresa cortou a electricidade e ele morreu.
O motivo que os levou a cortar a luz
foi por não ser rentável mantê-la ligada,
dado que o idoso não pagava a conta.
Acham isto correcto?
Na verdade, a responsabilidade não recai sobre
a companhia eléctrica por ter cortado a electricidade,
mas sim sobre os vizinhos, amigos e associados deste homem,
.
que não foram suficientemente solidários para permitir que ele, como indivíduo,
.
conseguisse pagar a conta da electricidade.
HMMMMMM...
Será que ouvi bem?
Ele disse mesmo que a morte de um homem provocada pela falta de dinheiro
.
foi responsabilidade de...
outras pessoas...
ou, mais até, de caridade?
Assim sendo, acho que vamos precisar de um monte de propaganda,
de donativos miseráveis de mercearias de bairro,
.
e uma pilha de mealheiros
para as mil milhões de pessoas que estão a morrer à fome neste planeta,
.
devido ao sistema que Milton Friedman promove.
Quer estejamos a lidar com as filosofias de Milton Friedman,
F.A. Hyack, John Maynard Keynes, Ludwig von Mises
.
ou qualquer outro grande economista de mercado,
a base do raciocínio raramente se dissocia do dinheiro.
.
É como uma religião.
Análises de consumo, políticas de estabilização,
despesa pública, procura agregada...
tudo isto é como um círculo de discurso interminável,
auto-consultivo e auto-racionalizado,
onde as necessidades humanas universais, os recursos naturais
e qualquer forma de eficiência que suporte a vida
são excluídas por defeito
e substituídas pela simples noção de que as pessoas
que tentam obter vantagem umas sobre as outras por causa do dinheiro
e que são motivadas pelos seus interesses pessoais mesquinhos,
irão criar magicamente uma sociedade sustentável, saudável e equilibrada.
Não existe variável "vida" nesta teoria, nesta doutrina.
.
O que andam eles a fazer?
O que eles estão a fazer é monitorizar as sequências do dinheiro.
É só e apenas isso, monitorizar sequências de dinheiro
assumindo pressupostos para tudo o que realmente importa.
Em primeiro lugar, a variável "vida" não existe...
Que raio... não existe variável "vida"?
Segundo, todos os intervenientes procuram maximizar as suas preferências pessoais.
.
Isto é, só pensam em si mesmos
e no máximo que conseguem obter para si próprios.
Tal é a noção dominante de racionalidade: escolha que maximiza o benefício pessoal,
.
e a única coisa que lhes interessa maximizar
é dinheiro ou produtos consumíveis.
Bem, e onde é que entram as relações sociais?
Não entram, excepto nas transacções para maximização do benefício próprio.
Onde entram os nossos recursos naturais?
Não entram, excepto para explorar.
Onde entra a família, no sentido de ser capaz de sobreviver?
Não entra. As famílias têm de ter dinheiro para poderem comprar seja o que for.
.
Mas será que uma economia não deveria lidar algures com a necessidade humana?
.
Não é essa a questão essencial?
.
Oh, "necessidade" nem sequer existe no nosso léxico.
Dissolvemo-la em "vontades"...
E o que é uma vontade? É aquilo que a procura endinheirada quer comprar.
.
Bem, se é o que a procura endinheirada quer comprar,
não tem nada a ver com necessidade,
porque talvez a pessoa não tenha dinheiro
mas precise desesperadamente de, por exemplo, abastecimento de água.
E, pode ser que a procura endinheirada queira uma sanita de ouro.
Bem, para onde vai tudo? Para a sanita de ouro.
.
E chamam a isto economia?
Realmente, quando se pensa nisto, só pode ser o mais bizarro
.
delírio na história do pensamento humano!
Sistema Monetário
Até aqui, temo-nos focado na economia de mercado.
Mas este sistema constitui apenas metade do paradigma económico global.
.
A outra metade é o "Sistema Monetário".
Enquanto a economia de mercado se refere à interacção entre pessoas
que se debatem pelo lucros em todo o espectro do trabalho,
produção e distribuição,
o sistema monetário é o conjunto de políticas que lhe estão subjacentes
definidas por instituições financeiras
que criam condições para a economia de mercado, entre outras coisas.
.
Esse conjunto inclui termos que ouvimos muitas vezes,
tais como taxas de juros, empréstimos, dívida,
moeda em circulação, inflação, etc.
E embora nos possa apetecer arrancar os cabelos ao ouvir
o calão dos economistas monetários, que dizem
"Medidas moderadas de prevenção podem evitar a necessidade"
"de medidas mais drásticas no futuro,"
a natureza e o efeito deste sistema
são bastante simples.
A nossa economia tem – ou antes, a economia global tem –
.
três coisas básicas que a governam. Uma é o sistema de reservas fraccionadas,
.
em que os bancos imprimem dinheiro a partir do nada.
Também é baseado no juro composto.
Quando pedimos dinheiro emprestado, temos de pagar mais de volta
do que o montante pedido, o que significa que nós
estamos novamente a criar dinheiro a partir do nada,
que por sua vez tem de ser pago criando ainda mais dinheiro.
E vivemos num paradigma de crescimento infinito.
O paradigma económico em que vivemos hoje é um esquema Dona Branca.
Nada cresce para sempre. Não é possível.
.
Como escreveu o grande psicólogo James Hillman:
"A única coisa que cresce no corpo humano"
"após uma certa idade é o cancro."
Não é só a quantidade de dinheiro que tem de continuar a crescer,
é também a quantidade de consumidores. Consumidores para
pedir dinheiro com juros para gerar mais dinheiro, algo que obviamente
.
não é possível num planeta finito.
As pessoas não passam de meios para a criação de dinheiro,
o qual tem de gerar mais dinheiro
para evitar o desmoronamento de todo o sistema,
que é o que se está a verificar neste momento.
Na verdade, há apenas duas coisas que todos precisamos de saber
sobre o sistema monetário.
Em primeiro lugar, todo o dinheiro é criado a partir de dívida.
O dinheiro é dívida monetizada,
quer seja materializado a partir de títulos do Tesouro,
empréstimos imobiliários ou cartões de crédito.
Por outras palavras, se toda a dívida existente
tivesse de ser paga neste exacto momento,
deixaria de haver dólares em circulação.
Em segundo lugar, são cobrados juros em praticamente todos os empréstimos
e o dinheiro necessário para pagar esses juros
não existe imediatamente disponível em moeda circulante.
Pois apenas o capital é criado pelos empréstimos,
e o capital é a moeda em circulação.
Ou seja, se toda esta dívida tivesse de ser paga neste exacto momento,
não só deixaria de haver dólares em circulação
como passaria a haver uma quantidade gigantesca de dinheiro em dívida
literalmente impossível de pagar, uma vez que este não existe.
O resultado de tudo isto conduz a duas coisas inevitáveis:
Inflação e falências.
.
Quanto à inflação, pode ser vista como uma tendência histórica
em praticamente todos os países,
cuja causa é facilmente associada
ao aumento permanente da moeda em circulação,
que por sua vez é necessário para cobrir os juros
e manter o sistema a funcionar.
Quanto à falência,
assume a forma de um colapso de dívida.
Este colapso irá ocorrer inevitavelmente com uma pessoa,
uma empresa ou um país,
e ocorre tipicamente quando o pagamento de juros
já não pode ser efectuado.
Mas há um lado bom em tudo isto...
bem, pelo menos em termos da economia de mercado.
Porque a dívida cria pressão.
A dívida cria escravos assalariados.
Uma pessoa com dívidas mais facilmente aceitará um salário baixo
do que uma pessoa que não as tenha,
tornando-se portanto num produto barato.
Por isso, é óptimo para as empresas que haja um conjunto de pessoas
sem mobilidade financeira.
Mas atenção, a mesma lógica também se aplica a países inteiros...
O Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional,
que servem principalmente como mandatários de interesses empresariais,
.
concedem enormes empréstimos a países em dificuldades
a taxas de juros muito altas, para depois,
logo que os países estejam metidos num buraco e não possam pagar as dívidas,
.
lhes sejam aplicadas medidas de austeridade. As empresas não perdem tempo,
.
montam fábricas de exploração laboral e exploram os recursos naturais.
Isto sim, é eficiência de mercado.
Mas há mais:
existe um híbrido muito singular
entre o sistema monetário e a economia de mercado
chamado "bolsa de valores",
que em vez de produzir algo tangível,
limita-se a comprar e a vender dinheiro.
E quando se trata de dívida, sabe o que fazem?
É isso mesmo, negoceiam-na entre eles.
Eles compram e vendem dívida para obter lucros.
Desde CDS [Credit Default Swaps]
e CDO [Collateralized Debt Obligations]
passando por complexos esquemas de derivados utilizados
para mascarar a dívida de países inteiros,
.
como o conluio entre o banco de investimento Goldman Sachs e a Grécia,
que quase causou o colapso de toda a economia europeia.
Portanto, quando se trata da bolsa de valores e de Wall Street,
atinge-se um nível de insanidade sem precedentes,
causado pelo ciclo de dinheiro que gera dinheiro.
Tudo o que precisamos de saber sobre os mercados
foi escrito num editorial do "Wall Street Journal"
em 2005, chamado
"Lições do Investidor Atrasado Mental".
E neste editorial explicaram por que motivo
as pessoas com um ligeiro atraso mental têm mais sucesso como investidores
.
do que pessoas com um cérebro que funciona normalmente.
Porquê? Porque a pessoa que possui um ligeiro
atraso mental não sente empatia.
E essa é a chave. Se não sente nenhuma empatia
dará um bom investidor,
por conseguinte, Wall Street produz pessoas desprovidas de empatia.
O facto de estarem lá a tomar decisões
e fazer negócios sobre os quais não sentem qualquer remorso,
sem pensarem sequer em como o que estão a fazer,
poderá afectar outras pessoas.
E é assim que vão criando estes robôs,
estas pessoas sem alma.
E uma vez que já nem sequer querem pagar a essas pessoas,
começaram a criar robôs, robôs verdadeiros,
verdadeiros corretores algorítmicos.
A Goldman Sachs, no escândalo das trocas de alta-frequência
instalou um computador junto à Bolsa de Valores de Nova Iorque.
Este computador, "co-localizado" como eles lhe chamam, faz o seguinte:
antecipa todas as operações bolsistas
realizando operações antecipadas às das ordens dos clientes
de maneira a "sacar"
sempre uns tostões desses mesmos movimentos e operações.
É como se estivessem a sugar dinheiro durante todo o dia.
Num trimestre do ano passado
estiveram 30 ou 60 dias consecutivos sem um único dia de prejuízos
e ganharam milhões de dólares em cada um desses dias?
Isso é estatisticamente impossível!
Quando eu trabalhava em Wall Street, era assim que funcionava:
toda a gente subia de escalão através de subornos.
Os corretores subornavam o director do departamento,
o director subornava o gestor regional de vendas,
o gestor regional de vendas
subornava o gestor nacional de vendas.
É o prato do dia..
E quem é que recebe o maior bónus no Natal?
O responsável pela fiscalização.
O fiscal anda por lá durante todo o dia, supostamente
supostamente para garantir o cumprimento das regras estabelecidas
.
e que as pessoas actuam segundo a lei.
E claro... quando se chega ao ponto
em que se consegue subornar o responsável pela fiscalização
é claro que se está a cumprir a lei!
Então, como é que a fraude passou a ser o sistema?
É que deixou de ser um subproduto.
É o próprio sistema.
É como aquela velha piada do *** Allen em que ele diz:
"Doutor, o meu irmão pensa que é uma galinha"
e o médico diz "Tome um comprimido"
"que isso deve resolver o problema,"
e ele diz "Não, doutor, não está a perceber,"
"nós precisamos dos ovos."
Certo?
Portanto, a negociação de títulos fraudulentos de um lado para o outro
entre bancos, para gerar comissões e bónus,
.
.
tornou-se o motor de produção de crescimento do PIB
da economia dos Estados Unidos,
embora estarem essencialmente a comercializar títulos fraudulentos
sem qualquer expectativa de poderem vir a ser pagos.
Eles não estão a processar, gerar ou ressecuritizar nada.
Se eu escrever 20 biliões de dólares num guardanapo
e o vender à J.P. Morgan e a J.P. Morgan escrever
20 biliões de dólares num guardanapo
e trocarmos os dois guardanapos num bar
em que cada um de nós paga um ao outro um quarto de 1% em comissão,
ambos fazemos um monte de dinheiro para o nosso bónus de Natal.
Todos nós temos um guardanapo de 20 biliões de dólares nos nossos registos
que não tem qualquer valor real, até ao ponto em que
o sistema já não é capaz de absorver
guardanapos falsos, caso em que nos dirigiríamos ao governo
para sermos resgatados.
E por causa de Wall Street e do mercado de acções global
há actualmente cerca de 700 biliões de dólares
de títulos fraudulentos em circulação,
conhecidos por derivativos
à espera de colapsar.
Um montante que ascende a
10 vezes o produto interno bruto
de todo o planeta.
E apesar de já termos assistido ao resgate de
empresas e bancos por parte dos governos...
que, por mais engraçado que pareça, pedem esse dinheiro emprestado
aos próprios bancos,
estamos a ver agora tentativas de resgate de países inteiros
por parte de grupos de outros países
através dos bancos internacionais.
Mas como é que resgatamos um planeta?
Não há nenhum país por aí que não esteja submerso em dívidas.
A torrente de incumprimentos de dívidas soberanas a que temos assistido
é apenas o início, se fizermos as contas.
Estimou-se que só nos Estados Unidos
o imposto sobre o rendimento teria de ser aumentado para 65% por pessoa,
apenas para cobrir os juros no futuro próximo.
Os economistas estão agora a prever que dentro de algumas décadas
60% dos países do planeta vão estar falidos.
Mas calma lá, deixem-me ver se entendi.
O mundo está a ir à falência,
seja o que for que isso significa,
por causa desta ideia chamada "dívida"
que nem sequer existe na realidade física.
É apenas parte de um jogo que nós inventámos...
e ainda assim, o bem-estar de milhares de milhões de pessoas
está a ficar comprometido.
Despedimentos colectivos, cidades de tendas, mais pobreza,
medidas de austeridade impostas, encerramento de escolas,
fome infantil... e outros níveis de privação familiar,
tudo por causa desta ficção elaborada...
Mas somos parvos ou quê?!
Ei! Ei! Marte, amigalhaço.
Ajuda aí um gajo, ya?
Cresce, ***.
Saturno! Como é que é?
Lembras-te daquela nébula toda boa que te orientei
há uns tempos?
Ouve lá, Terra.
Estamos a ficar mesmo fartos de ti.
Deram-te tudo e tu desperdiças tudo.
Tens recursos que te cheguem e sabes bem que sim.
Porque é que não cresces e aprendes a ter alguma responsabilidade, por amor de Deus
.
Estás a fazer a tua mãe infeliz.
Estás por tua conta, pá.
Sim, está bem, está.
Saúde Pública
Ora bem, tendo tudo isto em conta...
desde a máquina de desperdício conhecida como economia de mercado
até à máquina de dívidas conhecida como sistema monetário
– criando assim o paradigma do mercado monetário –
que define a actual economia global,
há uma consequência que atravessa
toda a máquina:
a desigualdade.
Quer seja a economia de mercado que cria
uma gravitação natural para a consolidação do monopólio e do poder
enquanto gera, ao mesmo tempo, um conjunto de indústrias ricas
que se elevam sobre as demais independentemente da sua utilidade,
.
como o facto de os gestores de topo dos fundos de cobertura de Wall Street
.
levarem agora para casa mais de 25 milhões de dólares por mês
por terem contribuído com literalmente zero,
enquanto um cientista que procura a cura para uma doença
na tentativa de ajudar a Humanidade
poderá fazer 5 mil dólares por mês, se tiver sorte,
ou ainda o sistema monetário
que tem no seu âmago a divisão de classes.
Por exemplo, se eu tiver 1 milhão de dólares para investir
.
e o puser num depósito a prazo a 4% de juros,
vou fazer 40 mil dólares por ano,
sem nenhuma contribuição social, sem nada.
No entanto, se eu for uma pessoa de classe baixa e tiver de pedir empréstimos
para comprar o meu carro ou casa,
terei de pagar juros que teoricamente
.
vão pagar o depósito a prazo de 4% desse milionário.
Este roubar aos pobres para pagar aos ricos
é uma característica inerente e subjacente ao sistema monetário
que poderia ser rotulada como "Classismo Estrutural".
Historicamente, a estratificação social
sempre foi considerada injusta, mas evidentemente aceite em geral
.
visto que, neste momento 1% da população detém 40% da riqueza do planeta.
Mas justiça material à parte,
passa-se ainda outra coisa sob a superfície da desigualdade
.
que causa uma deterioração incrível na saúde pública como um todo.
Penso que as pessoas ficam muitas vezes perplexas com o contraste
existente entre o sucesso material das nossas sociedades,
com níveis de riqueza sem precedentes,
e os muitos fracassos sociais.
Se olharmos para as taxas de
abuso de drogas, violência, auto-destruição
infantil ou doenças mentais,
há claramente qualquer coisa de profundamente errado
nas nossas sociedades.
Os dados que tenho vindo a descrever
reflectem simplesmente esta intuição que
as pessoas têm há centenas de anos:
de que a desigualdade é fracturante e socialmente corrosiva.
Mas essa intuição é mais verdadeira do que alguma vez imaginámos.
A desigualdade produz efeitos psicológicos e sociais muito poderosos,
principalmente relacionados com sentimentos
de superioridade e inferioridade.
Este tipo de divisão
– e talvez a par com o respeito ou desrespeito –
leva a que as pessoas, no fundo, se sintam desprezadas,
que é a razão pela qual, a propósito, a violência é
mais comum nas sociedades mais desiguais.
É frequente a violência ser desencadeada pelo sentimento de que
se está a ser desprezado e desrespeitado.
Se há algum princípio que eu deva sublinhar,
ou seja, o princípio subjacente mais importante
para a prevenção da violência,
é o da "Igualdade".
O factor mais preponderante que afecta os índices de violência,
.
é o grau de igualdade versus desigualdade
que se regista numa dada sociedade.
Portanto, estamos a lidar com uma espécie de
disfunção social generalizada.
E não é apenas uma ou duas coisas que correm mal
à medida que as desigualdades aumentam,
parece ser tudo, quer estejamos a falar de
crime, saúde, doenças mentais ou seja o que for.
E uma das conclusões mais perturbadoras relativamente à saúde pública
é que ninguém pode cometer o erro de ser pobre.
Ou de nascer pobre.
A nossa saúde acabará por pagar a factura de muitas maneiras,
algo conhecido por "gradiente socioeconómico da saúde".
À medida que se vai descendo desde o topo da sociedade
em termos de posição socioeconómica,
a saúde vai piorando na forma de inúmeras doenças diferentes.
.
A esperança de vida diminui,
a taxa de mortalidade infantil... em todos os aspectos que possamos analisar.
.
Por isso, uma das grandes questões que se colocam
é o porquê de existir este gradiente.
Uma resposta simples e óbvia é
"quem está cronicamente doente não vai ser muito produtivo,"
.
ou seja, que as questões de saúde conduzem às diferenças socioeconómicas.
Isto não podia estar mais errado! Pelo simples facto de que
.
se olharmos agora para a posição socioeconómica de uma criança de 10 anos,
.
podemos prever a qualidade da sua saúde décadas mais tarde.
.
É esta a ordem de causalidade.
Outra explicação típica é: "Ah, é completamente óbvio,
os pobres não têm dinheiro para o médico. O problema está no acesso à saúde."
.
Não tem nada que ver com isso, porque também se vêem estas mesmas desigualdades
.
em países com assistência médica universal e medicina socializada.
.
Muito bem, próxima "explicação simples":
"Ah, em média, quanto mais pobre se é, maior predisposição se tem para fumar,"
.
"para beber e para todo o tipo de comportamentos de risco."
Sim, isso contribui, mas estudos meticulosos têm mostrado
que isso talvez explique um terço da variabilidade.
Então, o que nos resta?
O que nos resta tem grande parte que ver com o STRESS da pobreza.
.
Portanto, quanto mais pobre se é – começando pela primeira pessoa
que ganhe um dólar a menos do que o Bill Gates –
quanto mais pobre se é neste país,
em média, pior saúde se terá.
Isto diz-nos algo muito importante:
a relação entre saúde e pobreza
não tem que ver com a pessoa ser pobre, mas de se sentir pobre.
Cada vez mais se reconhece que
o stress crónico tem uma influência importante na saúde.
Mas uma das principais origens do stress
é a qualidade das relações sociais.
E se há algo que reduza a qualidade das relações sociais,
.
é a estratificação socio-económica da sociedade.
O que a ciência nos tem mostrado é que independentemente da riqueza material,
.
o stress inerente à vida numa sociedade estratificada
conduz-nos a uma vasta variedade de problemas de saúde pública,
e quanto maior for a desigualdade, piores serão os problemas.
Esperança de vida: maior em países com menos desigualdade.
Abuso de drogas: menor em países com menos desigualdade.
Doenças mentais: menor em países com menos desigualdade.
Capital social, ou seja, a capacidade de as pessoas confiarem umas nas outras:
.
naturalmente maior em países mais equitativos.
Desempenho escolar: melhores em países com menos desigualdade.
Taxas de homicídios: menores em países com menos desigualdade.
Crime e taxas de reclusão: menores em países com menos desigualdade.
.
E a lista continua:
as taxas de mortalidade infantil, de obesidade e de mães adolescentes
são menores em países com menos desigualdade.
E talvez o mais interessante:
a inovação é superior em países com menos desigualdade,
algo que desafia a antiga noção de que uma sociedade competitiva
e estratificada é mais criativa e inventiva.
Além disso, um estudo feito no Reino Unido chamado "Estudo Whitehall",
.
confirmou a existência de uma distribuição social de doenças,
no sentido descendente da escada socioeconómica.
.
Foi descoberto, por exemplo, que nos degraus mais baixos havia uma incidência
quatro vezes maior de mortalidade causada por doenças cardíacas
.
em comparação com os degraus mais altos.
E este padrão existe, independentemente do acesso aos cuidados de saúde.
Consequentemente, quanto pior for a situação financeira de uma pessoa,
pior será a sua saúde, em média.
Este fenómeno está enraizado no que poderia ser chamado de
"Stress Psicossocial"
e que se encontra na base das maiores distorções sociais
que assolam a nossa sociedade actual.
A sua causa?
O sistema de mercado monetário.
Não tenhamos dúvidas:
o maior destruidor da ecologia...
a maior fonte de poluição, de desperdício e esgotamento de recursos...
o maior causador de violência,
guerra, crime, pobreza, abuso de animais e desumanidade...
o maior gerador de neurose social e pessoal...
de perturbações mentais, depressão, ansiedade...
já para não falar na maior origem de paralisia social,
que nos impede de avançar rumo a novas metodologias
para a saúde pessoal, para a sustentabilidade global
e para o progresso neste planeta,
não é um governo corrupto ou uma legislação...
não é uma empresa maléfica ou um cartel de bancos...
não é nenhum defeito da natureza humana...
e não é uma cabala secreta que controla o mundo.
.
É, de facto, o sistema socioeconómico em si,
no seu cerne.
Parte 3: Projecto Terra
Imaginemos que por um momento tínhamos a opção
de reprojectar a civilização humana a partir do zero.
E se, hipoteticamente falando,
descobríssemos uma réplica exacta do planeta Terra
em que a única diferença entre esse novo planeta e o nosso actual
.
era que a evolução humana não tinha ocorrido. Era uma tela em branco.
.
Sem países, sem cidades, sem poluição, sem republicanos...
apenas um planeta novo e imaculado.
O que faríamos então?
Bem, primeiro precisaríamos de um "objectivo", certo?
E é seguro dizer que o objectivo seria sobreviver.
Não somente sobreviver, mas fazê-lo
de uma forma optimizada, saudável e próspera.
De facto, a maioria das pessoas deseja viver
e preferiria fazê-lo sem sofrimento.
Portanto, a base dessa civilização teria de ser
favorável, e portanto, sustentável para a vida humana tanto quanto possível,
.
tendo em conta as necessidades materiais de todos os povos no mundo,
.
enquanto se tentaria remover tudo o que
nos pudesse prejudicar a longo prazo.
Com esse objectivo de "sustentabilidade máxima" entendido,
a próxima pergunta diria respeito ao nosso "método".
Que tipo de abordagem é que iríamos adoptar?
Bem, vejamos...
da última vez que vi, a política era o modo de funcionamento social na Terra...
então o que é que as doutrinas dos republicanos, dos liberais,
dos conservadores ou dos socialistas têm a dizer sobre projectar sociedades?
Absolutamente nada.
Muito bem, e quanto à religião?
Certamente que o grande criador terá deixado os projectos algures...
Não... nada que se possa encontrar.
Assim sendo, o que é que nos resta?
Parece ser algo chamado "Ciência".
A ciência é especial, não só os seus métodos requerem
que as ideias propostas sejam testadas e replicadas...
mas tudo o que emerge da ciência também é inerentemente refutável.
Por outras palavras, ao contrário da religião e da política,
a ciência não tem ego,
e aceita a possibilidade de que tudo o que é proposto
poderá acabar por vir a ser provado como errado.
Não se prende a nada e evolui constantemente.
Bem, isto parece-me bastante natural.
Então, com base no estado actual do conhecimento científico
do início do século XXI,
juntamente com a nossa meta de "sustentabilidade máxima"
para a população humana,
como é que iniciaríamos o processo de construção em concreto?
Bem, a primeira pergunta a fazer seria:
"De que precisamos para sobreviver?"
A resposta, obviamente, é Recursos Planetários.
Quer se trate da água que bebemos, da energia que utilizamos
ou das matérias-primas que transformamos para criar ferramentas e abrigo,
o planeta detém um conjunto de recursos,
muitos dos quais necessários à nossa sobrevivência.
Assim, tendo em conta estes recursos,
tornar-se-ia crucial descobrir o que existe e onde se localiza.
Isto significa que precisaríamos de fazer um levantamento.
Localizaríamos e identificaríamos todos os recursos físicos do planeta,
juntamente com a quantidade disponível em cada local,
desde depósitos de cobre, aos locais mais favoráveis para
parques eólicos para produção de energia, até fontes naturais de água doce,
.
passando por uma avaliação da quantidade de peixe no oceano,
a melhor terra para cultivo de alimentos, etc...
Mas, uma vez que nós, seres humanos,
iríamos consumir esses recursos ao longo do tempo,
teríamos de perceber que não só iriamos precisar de os localizar e identificar,
como também de os monitorizar.
Teríamos de garantir que não esgotávamos
nenhum destes recursos... porque isso não seria nada bom.
E isso significaria não só monitorizar as taxas de uso,
mas também as taxas de regeneração terrestre,
como por exemplo o tempo que leva
uma árvore a crescer ou uma fonte a restabelecer-se.
A isto dá-se o nome de "Equilíbrio Dinâmico".
Ou seja, se cortarmos árvores a um ritmo maior do que o seu crescimento
temos um problema sério, pois isso é insustentável.
Então, como podemos monitorizar este conjunto de recursos,
em especial quando reconhecemos que
todos eles estão espalhados por toda a parte?
Temos grandes depósitos de minerais em África,
concentrações de energia no Médio Oriente,
enorme potencial de energia das marés na costa atlântica da América do Norte,
a maior fonte de água doce no Brasil, etc.
Bem, mais uma vez, a nossa antiga amiga ciência tem uma sugestão,
chama-se "Teoria dos Sistemas".
A teoria dos sistemas reconhece que a estrutura do mundo natural,
desde a biologia humana, passando pela biosfera terrestre,
até à atracção gravitacional do Sistema Solar,
é um gigantesco sistema sinergicamente ligado, está totalmente interligado.
Tal como as células humanas se unem para formar os nossos órgãos
e os órgãos se unem para formar o nosso corpo,
e uma vez que o nosso corpo não pode viver sem os recursos terrestres,
como os alimentos, o ar e a água, estamos intrinsecamente ligados à Terra.
E assim por diante.
Ou seja, tal como a Natureza sugere, juntamos todos os dados relativos
aos recursos e à sua monitorização e criamos um "sistema" de gestão.
Na verdade, um "Sistema Global de Gestão de Recursos"
para monitorizar todos os recursos relevantes no planeta.
Basicamente, não há alternativa lógica, se o nosso objectivo como espécie
for a sobrevivência a longo prazo. Temos de monitorizar o sistema como um todo.
Resolvida esta questão, podemos agora considerar a produção.
Como usaríamos então tudo isto?
Qual seria o nosso processo de produção e de que precisaríamos
para nos certificarmos de que seria tão optimizado quanto possível
para maximizar a nossa sustentabilidade?
Bem, uma das coisas mais evidentes é a de que
precisamos de fazer um esforço constante para tentar preservar.
Os recursos do planeta são essencialmente finitos.
Por isso, é importante que sejamos "estratégicos".
A chave está na "Preservação Estratégica".
Outra coisa bastante evidente é que alguns recursos
não têm um desempenho tão bom quanto outros.
Na verdade, alguns destes recursos, quando utilizados,
têm um efeito terrível no ambiente
o que, invariavelmente, prejudica a nossa própria saúde.
Por exemplo: os combustíveis fósseis, e não há como fugir a isto,
libertam sempre agentes bastante destrutivos para o ambiente.
Portanto, é fundamental restringir o uso de tais recursos
às situações em que não existe outra alternativa.
Felizmente para nós, temos imensas alternativas de produção de energia:
solar, eólica, maremotriz, termodinâmica e geotérmica,
pelo que podemos decidir objectiva e estrategicamente o que usar e onde usar
para evitar o que poderíamos chamar de "retroacções negativas",
ou seja, tudo que resulte da produção ou utilização
que prejudique o ambiente e logo, a nós mesmos.
Vamos chamar-lhe "Segurança Estratégica"
a par da nossa "Conservação Estratégica".
Mas as estratégias de produção não se ficam por aqui.
Vamos precisar de uma "Estratégia de Eficiência"
para a mecânica da própria produção.
Chegamos então à conclusão de que existem
três protocolos específicos que devemos respeitar.
Primeiro: todos os bens que produzimos devem ser concebidos
para durar o maior tempo possível.
Naturalmente, quanto mais as coisas se avariam,
mais recursos vamos precisar para a sua substituição
e maior é a quantidade de lixo produzido.
Segundo: quando as coisas se avariam
ou já não são utilizáveis por qualquer motivo,
é importante que as recolhamos ou reciclemos
o máximo possível.
Assim, o processo de produção deve ter isto em conta
logo desde o início.
Terceiro: as tecnologias de rápida evolução, como as electrónicas,
que estão sujeitas às mais elevadas taxas de obsolescência tecnológica,
teriam de ser concebidas para antecipar
e acomodar actualizações físicas.
A última coisa que queremos fazer é deitar fora um computador inteiro
só porque tem uma peça partida ou desactualizada.
Portanto, basta que os componentes possam ser facilmente actualizados
peça por peça, padronizados, universalmente permutáveis
e antecipados pela tendência de mudança tecnológica que se verifique na altura.
E quando nos apercebemos que os mecanismos de "Preservação Estratégica",
"Segurança Estratégica" e "Eficiência Estratégica"
são questões puramente técnicas
desprovidas de qualquer parcialidade ou opinião humana,
basta-nos programar estas estratégias num computador
que poderá calcular e ter em conta todas as variáveis relevantes,
permitindo-nos chegar sempre
ao melhor método para a produção sustentável
com base nos conhecimentos vigentes.
E embora isto possa parecer complexo,
trata-se apenas de uma soberba calculadora,
já para não falar que tais métodos de tomada de decisão
e sistemas de monitorização multivariados
já são actualmente utilizados em todo o mundo para fins isolados.
Trata-se apenas de aplicarmos este processo em maior escala.
Portanto...
Não só temos o nosso sistema de gestão de recursos,
como também um sistema de gestão de produção,
ambos facilmente automatizáveis por computador,
maximizando desta forma a eficiência, a preservação e a segurança.
A verdade é que a mente humana,
ou mesmo um grupo de humanos, não consegue gerir tanta informação.
Esta tarefa pode e deve ser feita por computadores.
E isto leva-nos ao próximo nível: o da distribuição.
Que estratégias de sustentabilidade fazem aqui sentido?
Bem, sabendo que a distância mais curta
entre dois pontos é uma linha recta,
e que as máquinas de transporte necessitam de energia,
quanto menor a distância, maior a eficiência.
Produzir bens num continente e enviá-los para outro
só faz sentido se os bens em questão
não puderem ser produzidos localmente.
Caso contrário, não passa de desperdício.
Temos de produzir localmente, para que a distribuição seja simples,
rápida e exija a menor quantidade de energia possível.
Iremos chamar a isto "Estratégia de Proximidade",
significando simplesmente que reduzimos
a deslocação de bens tanto quanto possível,
quer se trate de matérias-primas ou produtos de consumo acabados.
É claro que também pode ser importante saber
que bens estamos a transportar e porquê...
E isto entra na categoria da Procura.
E a procura é simplesmente o que as pessoas precisam para serem saudáveis
e terem uma elevada qualidade de vida.
O espectro das necessidades materiais humanas
vai desde as necessidades básicas de subsistência
tais como alimentos, água potável e abrigo,
até bens sociais e recreativos que permitem o relaxamento
e a diversão social e pessoal.
Ambos são factores importantes para a saúde humana e social em geral.
Para tal, fazemos outro levantamento.
As pessoas descrevem as suas necessidades, a procura é avaliada
e a produção inicia-se com base nessa procura.
E uma vez que o nível de procura de diferentes bens
irá naturalmente sofrer flutuações e mudar de região para região,
precisamos de criar um "Sistema de Monitorização de Procura e Distribuição",
de modo a evitar excedentes ou carências.
Naturalmente que esta ideia é antiga,
aplica-se actualmente em todas as principais cadeias de lojas,
para manterem os níveis de stock.
Só que neste caso monitorizamos numa escala global.
Mas vamos com calma. Não é possível compreender plenamente a procura
se não tivermos em conta a verdadeira utilização do próprio produto.
Será que é lógico e sustentável que cada ser humano
tenha uma unidade de tudo? Independentemente da sua utilização?
Não. Isso seria simplesmente um desperdício e ineficiente.
Se uma pessoa tem necessidade de um bem
em média durante 45 minutos por dia, seria muito mais eficiente
.
se esse bem fosse colocado à sua disposição
e de outros apenas quando fosse necessário.
Muitos esquecem-se de que não é o produto que desejam,
mas sim a satisfação dessa necessidade.
Quando percebemos que o produto em si
só é importante devido à sua utilidade,
vemos que a "restrição externa",
ou o que poderíamos chamar hoje de "propriedade",
gera desperdícios extremos e é ambientalmente ilógica
mesmo em termos económicos.
Como tal, precisamos de elaborar uma estratégia chamada "Acesso Estratégico".
Esta seria a pedra basilar do nosso
"Sistema de Monitorização de Procura e Distribuição",
que garante a satisfação
das necessidades da população,
no acesso a tudo o que esta precisar, quando precisar.
E quanto à obtenção física dos produtos,
faz todo o sentido
criar centros de acesso regionais
que seriam colocados próximos das populações,
onde as pessoas poderiam ir, requisitar o objecto
para depois usá-lo e devolvê-lo quando já não precisassem dele,
mais ou menos como funciona hoje uma biblioteca.
Na verdade, estes centros não só poderiam existir na comunidade
tal como as actuais lojas locais,
mas também como centros de acesso especializados em áreas específicas
onde determinados bens são frequentemente utilizados,
poupando mais energia e reduzindo a necessidade de transporte.
E assim que este Sistema de Monitorização de Procura estiver em funcionamento,
será ligado ao nosso Sistema de Gestão de Produção
e, claro, ao nosso Sistema de Gestão de Recursos,
criando assim uma máquina de gestão unificada e global
de actualização dinâmica
que garante a nossa sustentabilidade,
começando por manter a integridade dos nossos recursos finitos
e certificando-se de que produzimos apenas
os melhores bens e os mais necessários,
enquanto distribuímos tudo
da forma mais inteligente e eficiente possivel.
E o invulgar resultado desta abordagem baseada na preservação,
que é intuitivamente contrária a muitos,
é o de que este processo
empírico e lógico de preservação e eficiência,
que só pode definir a verdadeira sustentabilidade humana no planeta,
iria provavelmente permitir algo nunca antes visto na história da Humanidade:
Abundância Acessível para todos...
não apenas para uma percentagem da população global,
mas para toda a civilização.
Este modelo económico, tal como acabou de ser generalizado...
esta responsável abordagem de sistemas
à gestão de todos os recursos e processos do planeta,
concebida tão-somente para fazer nada menos
do que cuidar da Humanidade como um todo
da forma mais eficiente e sustentável,
poderia ser chamada de:
"Economia Baseada em Recursos".
A ideia foi definida na década de 70
pelo engenheiro de estruturas, Jacque Fresco.
Já naquela altura ele percebeu que a sociedade estava em rota de colisão
com a Natureza e consigo mesma – insustentável a todos os níveis –
e que, se as coisas não mudassem,
nos iríamos destruir, de uma forma ou de outra.
Tudo isto que está a dizer, Jacque,
poderia ser construído com o que sabemos hoje?
Ou está a extrapolar...
com base no que sabemos hoje?
Não, tudo isto pode ser construído com o que sabemos hoje.
Só seriam precisos 10 anos para mudar a face da Terra.
Para reconstruir o mundo num segundo Jardim do Éden.
A escolha é sua.
A estupidez de uma corrida ao armamento nuclear...
o desenvolvimento de armas...
a tentativa de resolver os problemas politicamente
elegendo este ou aquele partido político...
sendo que toda a política está imersa em corrupção.
Deixe que lhe diga uma vez mais:
o comunismo, o socialismo, o fascismo, os democratas, os liberais...
nós queremos incluir todas as pessoas...
Todas as organizações que acreditam numa vida melhor para o ser humano!
Não há problemas de negros, problemas de polacos
problemas de judeus, problemas de gregos
ou problemas de mulheres, há é problemas humanos!
Eu não tenho medo de ninguém, não trabalho para ninguém,
ninguém me pode despedir.
Não tenho patrão.
Tenho medo é de viver na sociedade em que vivemos hoje.
A nossa sociedade não pode ser mantida por este tipo de incompetência.
O sistema de mercado livre foi óptimo
até há cerca de 35 anos. A sua utilidade ficou-se por aí.
Agora, temos de mudar a nossa maneira de pensar ou morreremos.
Os filmes de terror do futuro serão a nossa sociedade...
a forma como não funcionou
e a política...
fará parte de um filme de terror.
Bem, hoje muitas pessoas usam o termo "ciência insensível"
porque é ***ítica,
sem sequer saberem o que significa ser "***ítico".
Ciência significa: aproximações mais precisas
à forma como o mundo realmente funciona.
Portanto, trata-se apenas de dizer a verdade, é o que é.
Os cientistas não tentam dar-se bem com as pessoas.
Dizem-lhes quais foram as suas descobertas.
Têm de questionar tudo,
e se um cientista apresenta uma experiência
que mostra que certos materiais têm determinadas resistências,
os outros cientistas têm de ser capazes de replicar essa experiência
e chegar aos mesmos resultados.
Mesmo que um cientista considere que a asa de um avião,
dado a resultado de cálculos matemáticos,
pode suportar determinado peso,
ainda assim, empilha sacos de areia sobre a mesma
para ver quando parte e, nesse ponto, diz:
"Os meus cálculos estão correctos" ou "Não estão correctos".
Adoro este sistema porque é livre de preconceitos
e livre de pensar que a matemática pode resolver todos os problemas.
Também temos de colocar a matemática à prova.
Penso que todo o sistema que pode ser posto à prova,
deve ser posto à prova,
e que todas as decisões se devem basear em investigação.
Uma Economia Baseada em Recursos é simplesmente
o método científico aplicado às questões sociais,
uma abordagem totalmente ausente no mundo de hoje.
A sociedade é uma criação técnica,
e os métodos mais eficientes para uma saúde humana optimizada,
produção, distribuição, infraestrutura citadina e assim por diante,
residem na área da ciência e da tecnologia,
não na política ou na economia monetária.
Funciona da mesma forma sistemática que, por exemplo, um avião,
e não há maneira republicana ou liberal de construir um avião.
Da mesma forma, a própria Natureza constitui a a referência física que usamos
para provar a nossa ciência, pois é um sistema que já existe
.
que se revela quanto mais a compreendemos.
Na verdade, ela não se interessa com aquilo que,
subjectivamente, possamos pensar ou acreditar ser verdade.
Pelo contrário, ela concede-nos uma opção:
ou aprendemos, jogamos e nos regemos
segundo as suas leis naturais,
fomentando invariavelmente saúde e sustentabilidade,
ou decidimos navegar contra a corrente, sem sucesso.
Por mais que pensemos que nos podemos
levantar e caminhar parede acima,
a lei da gravidade não nos permite fazê-lo.
Se não comermos, morreremos.
Se não recebermos afecto durante a infância, morremos.
Por mais duro que possa parecer, a Natureza é uma ditadura,
e nós podemos ouvi-la e estar em harmonia com ela
ou sofrer as inevitáveis consequências adversas.
Assim, uma Economia Baseada em Recursos
não é nada mais do que um conjunto
de ideias comprovadas de suporte à vida
onde todas as decisões se baseiam
na optimização da sustentabilidade humana e ambiental.
Tem em consideração o conceito empírico de "Condições Básicas de Vida"
que todos os seres humanos compartilham as mesmas necessidades,
independentemente, uma vez mais, da sua filosofia política ou religiosa.
Não há relativismo cultural para esta abordagem.
Não se trata de uma questão de opinião.
Necessidades humanas são necessidades humanas,
e ter acesso às necessidades da vida, tais como ar limpo,
alimentos nutritivos e água potável,
juntamente com um ambiente de reforço positivo,
estável, estimulante, não-violento,
é algo de essencial à nossa saúde física e mental,
à nossa aptidão evolutiva
e, por conseguinte, à sobrevivência da espécie em si.
Uma Economia Baseada em Recursos
basear-se-ia nos recursos disponíveis.
Não se pode simplesmente despejar um monte de pessoas numa ilha
ou construir uma cidade de 50 mil pessoas sem ter acesso
às necessidades da vida.
Portanto, quando uso o termo "uma abordagem de sistemas abrangente"
refiro-me em primeiro lugar à elaboração de um levantamento da área
para determinar o que essa área pode fornecer.
Não é apenas uma abordagem arquitectónica
nem uma simples abordagem de concepção,
o planeamento deve basear-se em todos os requisitos
para o melhoramento da vida humana,
e é a isso que me refiro quando falo em forma integrada de pensamento.
Alimentação, roupa, abrigo, calor, amor...
todas estas coisas são necessárias,
e se vedarmos o seu acesso às pessoas,
teremos seres humanos inferiores e menos capazes.
Como referido, a abordagem global de uma Economia Baseada em Recursos
relativamente à extracção, produção e distribuição,
baseia-se em mecanismos ou "estratégias" verdadeiramente económicas
que garantem eficiência e sustentabilidade
em todas as áreas da economia.
Ora, continuando esta linha de pensamento no que se refere à concepção lógica,
o que se segue na nossa equação?
Onde é que tudo isto se materializa?
Nas cidades.
O advento da cidade é uma característica marcante da civilização moderna.
O seu papel é o de permitir um acesso eficiente às necessidades da vida,
juntamente com um maior apoio social e interacção comunitária.
Então, de que forma poderíamos conceber uma cidade ideal?
Qual deverá ser a sua forma?
Quadrada? Trapezoidal?
Bem, já que nos vamos movimentar dentro dela,
mais vale fazê-la tão equidistante quanto possível para facilitar...
daí o círculo.
O que deverá conter a cidade?
Bom, precisamos naturalmente de uma área residencial, outra de produção de bens,
de uma área de geração de energia e de uma área agrícola.
Mas também precisamos de nos cultivar como seres humanos,
daí a cultura, o contacto com a natureza, o lazer e a educação.
Vamos então incluir um agradável parque ao ar livre,
uma área de entretenimento para eventos culturais e de socialização,
bem como instalações educacionais e de investigação.
E já que estamos a trabalhar com um círculo,
parece-me lógico colocar todas estas funções em Cinturões
com base na área de terreno necessária para cada objectivo
e no fácil acesso.
Muito bem.
Vamos então aos pormenores.
Primeiro, precisamos de considerar as infra-estruturas basilares
ou as vísceras do organismo da cidade.
Estes seriam os canais de transporte
de água, bens, resíduos e energia.
Tal como temos hoje sistemas de água e esgotos debaixo das nossas cidades,
iríamos estender este conceito de canalização
por forma a integrar a reciclagem de resíduos e a sua entrega.
Acabava-se com os carteiros e os homens do lixo.
Tudo isto faria parte do sistema. Poderíamos até utilizar
tubos pneumáticos automatizados e tecnologias semelhantes.
O mesmo se aplica aos transportes.
Este sector precisa de ser integrado e projectado estrategicamente para reduzir
ou eliminar a necessidade de automóveis independentes e ineficientes.
Eléctricos, sistemas de passadeiras rolantes mais elevadores
e maglevs [comboios de levitação magnética] que nos podem levar
a qualquer ponto da cidade, podendo até deslocar-se na vertical,
e fazer a ligação a outras cidades.
E, claro, se for necessário usar um carro
este será automatizado via satélite por uma questão de segurança e integridade.
Na verdade, esta tecnologia de automação já existe actualmente.
Os acidentes de viação matam cerca de 1,2 milhões de pessoas anualmente,
ferindo cerca de 50 milhões.
Isto é um absurdo e é perfeitamente evitável.
Com a concepção de cidades eficientes e carros conduzidos automaticamente,
estas mortes podem ser praticamente eliminadas.
Agricultura.
Hoje, com os métodos industriais indiscriminados e limitados pelo custo,
com recurso a pesticidas, fertilizantes em excesso e outros meios,
conseguimos efectivamente destruir
grande parte do solo arável deste planeta,
já para não falar no envenenamento dos nossos corpos.
Na verdade, as toxinas químicas industriais e agrícolas
têm sido detectadas em praticamente todos os seres humanos, incluindo bebés.
Felizmente, existe uma excelente alternativa:
os meios de cultivo sem solo da hidroponia e aeroponia,
que reduzem também em 75%
a actual necessidade de nutrientes e água.
Os alimentos podem agora ser cultivados biologicamente à escala industrial
em quintas fechadas e verticais,
com 50 andares de meio hectare cada um,
eliminando praticamente a necessidade
de pesticidas e hidrocarbonetos em geral.
Este é o futuro do cultivo industrial de alimentos.
Eficiente, limpo e abundante.
Estes sistemas avançados constituiriam, em parte,
o nosso cinturão agrícola
produzindo os alimentos necessários à população da cidade,
sem necessidade de os importar,
poupando tempo, desperdício e energia.
E por falar em energia...
o Cinturão Energético funcionaria de acordo com a abordagem de sistemas
para extrair electricidade dos vários meios renováveis,
em particular eólicos, solares, geotérmicos, termodinâmicos
e, no caso de existir água por perto, a energia das marés e das ondas.
Para evitarmos a intermitência e nos certificarmos
de que não ocorre perda de energia,
estes meios operariam num sistema integrado
alimentando-se uns aos outros quando necessário,
enquanto armazenavam a energia em excesso em grandes condensadores
subterrâneos, para que nada fosse desperdiçado.
.
Não só será a cidade a produzir a sua energia,
o mesmo acontecerá com edifícios individuais
que gerarão electricidade através de tintas fotovoltaicas,
transdutores de pressão estruturais, o efeito termoeléctrico
e outras tecnologias correntes mas desaproveitadas.
Mas, claro, isto levanta a questão:
de que forma esta tecnologia e produtos em geral
são criados?
Isto leva-nos à produção.
O Cinturão Industrial, além de ter hospitais e estruturas similares,
seria o centro de produção fabril.
Completamente localizada e abrangente,
iria, obviamente, obter matérias-primas
através do sistema de gestão global de recursos, que acabámos de analisar,
com a procura a ser gerada pela população da própria cidade.
Quanto à mecânica de produção,
precisamos de debater um fenómeno novo e poderoso
que surgiu muito recentemente na história humana
e que está a caminho de mudar tudo.
Chama-se "automação"
ou "automação de trabalho".
Se olharmos à nossa volta, veremos que
praticamente tudo o que usamos hoje é construído automaticamente.
.
Os sapatos, as roupas, os electrodomésticos, os carros, etc.,
são fabricados por máquinas de forma automática.
Será que podemos afirmar que a sociedade não tem sido influenciada
por estes grandes avanços tecnológicos?
Claro que não.
Estes sistemas definem novas estruturas
e novas necessidades e tornam obsoletos muitos outros produtos.
Temos vindo a crescer de forma exponencial
em termos de desenvolvimento e utilização de tecnologia.
Portanto, a automação irá certamente continuar.
Não dá para deixar de usar tecnologias cuja existência faz todo o sentido.
A automação do trabalho através da tecnologia encontra-se na génese
de todas as grandes transformações sociais da história humana.
Desde a revolução agrícola e a invenção do arado,
passando pela revolução industrial e a invenção de máquinas eléctricas,
à era da informação em que vivemos hoje
graças à invenção
da electrónica avançada e dos computadores.
E em relação aos actuais métodos de produção avançados,
a mecanização está a evoluir por "conta própria",
afastando-se do método tradicional
de montagem de componentes numa dada configuração,
para um método avançado de criação
de produtos inteiros através de um único processo.
Tal como a maioria dos engenheiros, sou fascinado pela biologia, porque está
repleta de exemplos de peças de engenharia extraordinárias.
A Biologia é o estudo das coisas que se copiam a si próprias.
É talvez a melhor definição de vida que temos.
Uma vez mais como engenheiro, sempre me senti intrigado
com a ideia de máquinas que se copiam a si próprias.
A RepRap é uma impressora 3D,
o que quer dizer que se pode ligar ao nosso computador e
em vez de imprimir em folhas bidimensionais de papel com padrões,
cria objectos tridimensionais reais, isto é, físicos.
Não há nada de novo nesta tecnologia,
as impressoras 3D já existem há cerca de 30 anos.
A inovação da RepRap é a capacidade de imprimir as suas próprias peças.
Ou seja, se tivermos uma, podemos fazer outra
e oferecê-la a um amigo, além de podermos imprimir
muitas coisas úteis.
Desde a simples impressão de bens básicos para as nossas casas,
à impressão do chassis de um automóvel inteiro de uma só vez.
Este tipo de impressão 3D avançada e automatizada tem o potencial
para transformar praticamente todas as áreas de produção,
incluindo a construção de casas.
Construção por Contornos é uma tecnologia de fabricação,
.
a chamada "impressão em 3D", que permite a construção directa
de objectos em 3D a partir de um modelo de computador.
Usando esta tecnologia, será possível
construir uma casa com 185 metros quadrados
com uma só máquina em apenas um dia.
As pessoas têm interesse na construção automatizada
porque realmente traz bastantes benefícios.
Por exemplo, a construção exige imenso trabalho,
e embora crie empregos para um sector da sociedade,
também possui problemas e complicações.
Não há nada mais perigoso do que trabalhar na construção.
É mais perigoso do que a exploração mineira e a agricultura.
Tem o maior nível de mortalidade em quase todos os países.
Outra questão é o lixo.
De uma casa média nos EUA sobra 3 a 7 toneladas de lixo.
É uma grande quantidade, considerando o impacto da construção,
tendo em conta que cerca de 40% de todos os materiais no mundo
são utilizados neste sector.
Logo, é um grande desperdício de energia e de recursos
e também provoca um grande impacto ambiental.
Fazer casas com martelos, pregos e madeira
com o actual estado da nossa tecnologia, é de facto um absurdo.
Trata-se de um método que irá desaparecer
tal como aconteceu à classe operária no sector de construção dos EUA.
Recentemente, houve um estudo realizado pelo economista David Autor, do MIT,
que afirma que a nossa classe média está "obsoleta"
e a ser substituída pela automação.
Muito simplesmente, a mecanização é mais produtiva,
eficiente e sustentável do que o trabalho humano
em praticamente todos os sectores da economia actual.
As máquinas não precisam de férias, de pausas, seguros ou pensões
e podem trabalhar 24 horas por dia, todos os dias.
O potencial de produção e precisão
em relação ao trabalho humano é incomparável.
Conclusão: o trabalho humano repetitivo está a tornar-se obsoleto
e impraticável em todo o mundo,
e o desemprego que vemos à nossa volta é essencialmente
o resultado desta evolução da eficiência da tecnologia.
.
Durante anos, os economistas descuraram este padrão crescente,
denominado "Desemprego Tecnológico",
devido ao facto de terem aparecido sempre novos sectores
para reabsorver os trabalhadores desempregados.
Hoje em dia, o sector dos serviços é o que mais empregos gera
absorvendo mais de 80% da mão-de-obra da América,
à semelhança da maioria dos países industrializados.
No entanto, este sector está a ser cada vez mais desafiado
por quiosques, restaurantes automatizados,
e até lojas automatizadas.
Hoje, os economistas começam finalmente a reconhecer
aquilo que têm andado a negar durante anos:
o desemprego tecnológico não só está a acentuar
a actual crise de trabalho que vemos em todo o mundo
devido à recessão económica global,
como quanto maior for o agravamento da recessão,
mais rapidamente as indústrias se mecanizam.
Mas há um senão do qual poucos se apercebem:
quanto mais rapidamente elas se mecanizam para poupar dinheiro,
mais pessoas perderão o seu emprego
e menor será o seu poder de compra.
Isto significa que, embora uma empresa
possa produzir tudo mais barato,
haverá cada vez menos pessoas com dinheiro para comprar seja o que for,
independentemente da redução de preços que se venha a verificar.
Resumindo e concluindo, o jogo de "trabalhar por um salário"
está lentamente a chegar ao fim.
Na verdade, se pensarmos um pouco
acerca dos trabalhos que existem hoje
e que poderiam ser automatizados,
veremos que 75% da mão-de-obra global
poderia ser substituída já amanhã pela mecanização.
E é por isso que numa Economia Baseada em Recursos
não existe uma economia de mercado monetário.
Não existe qualquer dinheiro,
porque, simplesmente, não há necessidade.
Uma Economia Baseada em Recursos
reconhece a eficiência da mecanização
e aceita-a pelo que ela oferece.
Não luta contra isso, como fazemos hoje.
Porquê? Porque isso seria uma irresponsabilidade,
dado o nosso interesse em eficiência e sustentabilidade.
E isto leva-nos de volta ao nosso sistema de cidade.
Ao centro, encontra-se a cúpula central, que não só alberga
.
as instalações educativas e o terminal de transportes,
como também o computador central
que gere as operações técnicas da cidade.
A cidade é, na verdade, uma grande máquina automatizada.
Possui sensores em todos os cinturões técnicos
para acompanhar o progresso da arquitectura,
recolha de energia, produção, distribuição e afins.
Será que seriam necessárias pessoas para monitorizar estas operações
para o caso de uma avaria?
Muito provavelmente, sim.
Mas esse número diminuiria com o tempo e com o avanço da tecnologia.
.
Contudo, em termos actuais, talvez fosse necessário o recurso
a 3% da população da cidade para a monitorização e reparação de avarias.
.
E posso garantir que num sistema económico
.
projectado para cuidar de nós
e garantir o nosso bem-estar, sem que nos tenhamos de submeter
.
a uma ditadura capitalista...
normalmente a um emprego que é tecnicamente desnecessário
ou socialmente inútil,
enquanto nos debatemos com uma dívida que não existe
apenas para sobrevivermos...
posso garantir que as pessoas irão voluntariar-se aos montes
para manter e melhorar um sistema que realmente cuida delas.
.
E associada a esta questão do incentivo
vem a suposição comum de que
se não existir algum tipo de pressão externa
para alguém "trabalhar para se sustentar",
as pessoas limitam-se a ficar sentadas, sem fazer nada
e transformam-se em bocados de gordura preguiçosa.
Isto é um absurdo.
O sistema laboral que temos hoje
é na verdade o gerador da preguiça, e não a solução para ela.
.
Quando éramos crianças
vivíamos cheios de vida, interessados em coisas novas para entender,
com vontade de criar e explorar...
mas com passar do tempo, o sistema empurrou-nos
para a luta de descobrir como ganhar dinheiro.
E desde a educação primária
até à universidade, vamos sendo limitados,
para emergirmos como criaturas que servem de peças da engrenagem
.
de um modelo que envia todos os frutos do trabalho para o 1% que está no topo.
Estudos científicos mostram que as pessoas
não são motivadas pela recompensa monetária
no que toca ao engenho e à criação.
A criação em si é a recompensa.
O dinheiro, na verdade, parece servir apenas como um incentivo
para as acções repetitivas e mundanas,
um papel que temos mostrado poder vir a ser desempenhado por máquinas.
Quando se trata de inovação, do verdadeiro uso da mente humana,
.
o incentivo monetário provou ser um obstáculo,
prejudicando e interferindo no pensamento criativo.
E isto poderá explicar por que motivo Nikola Tesla, os irmãos Wright
e outros inventores que contribuíram tremendamente para o nosso mundo actual,
.
nunca mostraram ter um incentivo monetário para o fazer.
O dinheiro é, na verdade, um incentivo falso,
e provoca 100 vezes mais distorção do que o contributo que oferece.
.
Bom dia, turma. Sentem-se por favor.
A primeira coisa que gostaria de fazer é dar uma volta pela sala
e perguntar o que cada um gostaria de ser quando crescer.
Quem quer ser o primeiro?
Muito bem, que tal tu, Sara?
Quando eu crescer, quero trabalhar no McDonald's como a minha mãe!
Ah, tradição da família, é?
E tu, Linda?
Quando eu crescer, vou ser uma prostituta
nas ruas de Nova Iorque!
Ah! Uma rapariga de charme! Muito ambiciosa.
.
E quanto a ti, Tommmy?
Quando eu crescer, vou ser um empresário, rico e elitista
que trabalha em Wall Street e lucra
.
com o colapso das economias estrangeiras.
Empreendedor... É muito bom ver algum interesse multicultural!
.
Vítimas da Cultura
Como se referiu anteriormente, uma Economia Baseada em Recursos
aplica o método científico às questões sociais
e isto não se limita apenas à eficiência técnica.
Tem também em consideração
o bem-estar humano e social e tudo o que isso engloba.
De que serve um sistema social que, no final de contas,
não produz felicidade e coexistência pacífica?
É importante sublinhar que
com o afastamento do sistema monetário
e com as necessidades da vida asseguradas,
observaríamos quase de imediato uma redução global
da criminalidade em cerca de 95%,
pois não haveria nada para roubar, desviar, enganar ou algo parecido.
95% de todas as pessoas que estão na prisão, estão lá
devido a algum crime relacionado com dinheiro ou abuso de drogas,
e o abuso de drogas é uma doença, não é um crime.
Então, e os outros 5%? os verdadeiramente violentos...
.
que muitas vezes são vistos como violentos
só porque gostam de o ser...
será que são "maus" e pronto?
A razão pela qual eu penso sinceramente que é um desperdício de tempo
entrar em juízos de valor moral sobre a violência das pessoas,
.
deve-se ao facto de isso não melhorar em nada
a nossa compreensão das causas
ou da prevenção do comportamento violento.
Por vezes, as pessoas perguntam se eu acredito em "perdoar" os criminosos.
E a minha resposta é:
"Não, não acredito no perdão,"
"tal como não acredito em condenação."
Só quando nós, enquanto sociedade,
reconhecermos a violência como um problema
de saúde pública e a tratarmos com medicina preventiva
e não como um "mal" moral...
só quando efectuarmos essa mudança
nas nossas próprias atitudes, pressupostos e valores,
é que conseguiremos reduzir o nível de violência
em vez de o estimularmos, que é o que fazemos agora.
.
Quanto mais justiça procurarmos, mais magoados ficamos,
porque justiça é algo que não existe.
Há o que há, e ponto final.
Por outras palavras, se as pessoas são condicionadas para serem racistas,
se são educadas num ambiente que defende isso,
por que razão culpamos as pessoas disso?
Elas são vítimas de uma subcultura.
Por conseguinte, têm de ser ajudadas.
A questão é que nós temos de reformular o ambiente
que produz comportamentos aberrantes. Aqui é que está o problema.
.
Não é colocar uma pessoa na cadeia.
É por isso que juízes, advogados, a "liberdade de escolha"
e conceitos do género, são perigosos!
Porque nos desinformam,
dizendo que esta pessoa é "má" ou que aquela pessoa é um "assassino em série".
Os assassinos em série são fabricados,
tal como os soldados se transformam em assassinos em série com uma metralhadora.
Transformam-se em máquinas de matar,
mas ninguém os vê como assassinos ou homicidas,
porque isso é "natural".
Por isso, culpamos as pessoas.
Dizemos: "Bem, este tipo era um nazi, torturava judeus".
Não, ele foi criado e educado para torturar judeus.
Assim que aceitamos o facto de que as pessoas fazem as suas escolhas
e são livres para fazer essas escolhas...
Liberdade de escolha significa não sermos influenciados,
.
logo não faz sentido nenhum para mim,
já que todos nós somos influenciados nas nossas escolhas
pela cultura em que vivemos, pelos nossos pais
e pelos valores dominantes.
Somos influenciados, e por isso, não pode haver escolhas "livres".
"Qual é o melhor país do mundo?" A verdadeira resposta é:
"Não visitei todos os países e não sei"
"o suficiente sobre outras culturas para responder a essa pergunta".
Não conheço ninguém que fale desta forma.
Todos dizem: "São os maravilhosos EUA! O melhor país do mundo!"
.
Ninguém procura saber... "Você já foi à Índia?" - "Não."
"Você já foi a Inglaterra?" - "Não." "Você já foi a França?" - "Não."
.
"Então, em que baseia as suas suposições?"
Eles não conseguem responder, ficam furiosos e dizem:
"Mas que raio! Quem é você para me dizer o que pensar?!"
.
Não nos esqueçamos: estamos a lidar com pessoas corrompidas,
que não são responsáveis pelas respostas que dão,
são vítimas da cultura e isso significa
que foram influenciadas pela sua cultura.
Parte 4: Aurora
Quando consideramos uma Economia Baseada em Recursos
existem diversos argumentos que tendem a surgir...
.
[Eh! Hei!
– Espera lá!
Já conheço essa conversa. Isso chama-se Marxismo, amigo.
Estaline matou biliões de pessoas por causa de ideias como essas...
O meu pai morreu no Gulag!
Comunista! Fascista!
Se não gostas da América, devias ir-te embora!
Vá lá pessoal, tenham calma...
Morte à Nova Ordem Mundial!
Morte à Nova Ordem Mundial!
E à medida que a irracionalidade da audiência crescia,
chocada e confusa,
o narrador sofreu um ataque cardíaco fatal.
E o filme que aparentava ser propaganda comunista foi-se.
Erro do Sistema
Cópia de Segurança Iniciada - Restaurado
Mas sabem, tenho dito esse tipo de coisas às pessoas
em grupos de reflexão,
como o Clube de Roma e por aí adiante...
Eles dizem "Marxista!"
O quê? Marxista? De onde é que isso veio?
Eles têm esse ícone ao qual se agarram, é o seu Santo Graal
.
e é tão conveniente.
As pessoas perguntam se sou socialista, comunista ou capitalista,
e eu respondo que não sou nada disso!
E porque é que acham que só existem essas opções?
Todas essas construções políticas foram criadas por escritores
que assumiram que vivíamos num planeta de recursos infinitos.
.
Nenhuma dessas filosofias políticas coloca a hipótese
de poder vir a faltar alguma coisa!
Acredito que o comunismo, o socialismo, a livre iniciativa e o fascismo
fazem parte da evolução social.
Não se pode dar um passo de gigante de uma cultura para outra,
.
existem sistemas intermédios.
Antes do surgimento de qualquer "ismo", temos as condições básicas de vida,
que, tal como acabei de descrever,
representam todas as condições necessárias para podermos continuar vivos.
.
O que envolve o ar que respiramos,
a segurança que temos, a educação a que temos acesso,
.
todas estas coisas que partilhamos
sem as quais nenhuma vida pode acontecer, seja em que cultura for.
Temos, portanto, de voltar a essas condições básicas,
condições essas que não são nenhum "ismo".
É "análise do valor da vida".
Para Além do Inaceitável
É um facto histórico
que a cultura intelectual dominante
de uma determinada sociedade reflecte os interesses
do grupo dominante nessa sociedade.
Numa sociedade esclavagista
as ideias que se têm sobre seres humanos, direitos humanos,
etc., irão reflectir as necessidades dos proprietários dos escravos.
Numa sociedade que se baseia
no poder de certas pessoas para controlar e obter lucro
com a vida e trabalho de milhões de outras pessoas,
a cultura intelectual dominante
reflecte as necessidades do grupo dominante.
Portanto, se olharmos para o plano geral,
as ideias que dão corpo à Psicologia, à Sociologia,
.
à História, à Economia Política e à Ciência Política,
reflectem fundamentalmente determinados interesses da elite.
E os académicos que levantam demasiadas perguntas sobre isto
tendem a ser afastados ou rotulados de "radicais".
.
Os valores dominantes de uma cultura
tendem a apoiar e a perpetuar
aquilo que é recompensado por essa cultura.
E numa sociedade onde o sucesso e o estatuto
são medidos pela riqueza material, e não pela contribuição social,
.
é fácil de ver por que motivo o mundo está hoje como está.
Estamos a lidar com um distúrbio do sistema de valores,
um sistema completamente desvirtuado,
onde a prioridade da saúde pessoal e social
se tornou secundária face às noções perniciosas
de riqueza artificial e crescimento ilimitado.
E, tal como um vírus, esta desordem está presente em todas os aspectos
.
do governo, das notícias, do entretenimento e até mesmo do meio académico.
E embutidos na sua estrutura estão mecanismos de protecção
.
contra tudo o que possa interferir.
Os discípulos da religião do mercado monetário,
os Auto-Intitulados Guardiões do Status Quo,
procuram constantemente formas de evitar qualquer tipo de pensamento
que possa interferir com as suas crenças.
A mais comum dessas formas: as "Dualidades Projectadas".
Se uma pessoa não é republicana, tem de ser democrata.
Se não for cristã é porque é satanista,
e se sentir que a sociedade pode ser consideravelmente melhorada
contemplando, talvez... sei lá... cuidar de todos?
.
Só pode ser utópica.
E a mais insidiosa de todas as dualidades:
se não formos a favor do "mercado livre"
é porque somos contra a própria liberdade.
Eu acredito na liberdade!
Sempre que se ouve a palavra "liberdade"
ou "intervenção governamental", isso, trocado por miúdos, significa:
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bloquear a maximização da transformação de dinheiro
em mais dinheiro para os bolsos dos privados.
É só isso. Sempre que eles disserem:
"Precisamos de mais bens de consumo para as pessoas";
"Isto é liberdade contra a tirania" e assim por diante...
sempre que vemos isto podemos descodificá-lo desta forma
e penso que encontraremos uma correlação directa
de cada vez que isto for usado.
De certa forma, podemos chamar-lhe...
uma sintaxe. Uma sintaxe definidora de compreensão e valor.
Uma sintaxe que actua sem que eles se apercebam disso
e que os leva a dizer: "Oh, não era isso que eu queria dizer!"
quando, na verdade, é isso que acontece.
Tal como podemos falar uma língua
e há certas regras de gramática que seguimos
sem sequer nos apercebermos delas...
e então o que temos é o que chamo de "Sintaxe Definidora de Valor"
que está subjacente a tudo isto. Assim, cada vez que eles usam expressões do tipo
"intervenção governamental", "falta de liberdade", "liberdade"
"progresso" ou "desenvolvimento",
podemos descodificá-las todas mesma desta maneira.
Claro que, quando se ouve a palavra "liberdade"
esta tende a estar na mesma frase que uma coisa chamada "democracia".
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É fascinante como as pessoas hoje em dia parecem acreditar
que têm realmente algum tipo de influência relevante
naquilo que o seu governo faz,
esquecendo que, devido à própria natureza do nosso sistema,
tudo se compra e tudo se vende.
O único voto que conta é o voto monetário,
e não importa o quanto qualquer activista
grita acerca de ética e responsabilidade.
Numa economia de mercado, cada político, cada legislação
e, por conseguinte, cada governo, está à venda.
E mesmo com os 20 biliões de dólares usados em resgates bancários desde 2007,
.
uma quantia que poderia ter modificado, por exemplo...
a infraestrutura global de energia para métodos de produção totalmente renováveis
.
em vez de ser canalizada para uma série de instituições
que não fazem literalmente nada para ajudar a sociedade,
instituições que poderiam desaparecer já amanhã sem se pensar duas vezes...
.
o condicionamento cego de que a política e os políticos
existem para o bem-estar público, mantém-se.
O facto é que a política é um negócio
como qualquer outro numa economia de mercado
que se preocupa com os seus próprios interesses acima de tudo o resto.
Sinceramente, bem lá no fundo, não acredito na acção política.
Penso que o sistema se contrai e se expande como quer.
Adapta-se a estas mudanças.
Eu vejo o movimento de defesa dos direitos civis como uma adaptação
por parte dos que mandam no país.
Acho que eles vêem onde reside o seu interesse próprio;
vêem que convém existir um certo grau de liberdade
– uma ilusão de liberdade – dando às pessoas um dia para votar todos os anos
para que tenham a ilusão da escolha irrelevante.
Escolha irrelevante, em que vamos, como escravos, e dizemos:
"Ah, eu votei". Os limites do debate neste país
são definidos antes mesmo de começar o debate,
e todos os outros são marginalizados e catalogados como
sendo comunistas ou um tipo de pessoa desleal,
um "lunático" – ora aí está uma boa palavra...
e agora é "conspiração". Eles é que inventaram isso.
Porque nem sequer se deve colocar a hipótese
de que pessoas poderosas se possam juntar e ter um plano!
Isso não acontece! Lunático! Maluco das teorias da conspiração!
E de todos os mecanismos de defesa deste sistema,
há dois que são recorrentes.
O primeiro é a ideia de que o sistema tem sido a "causa"
do progresso material que temos testemunhado neste planeta.
Ah...Não.
Existem essencialmente duas causas fundamentais
que têm criado o aumento da tal "riqueza"
e do crescimento populacional que vemos hoje.
A primeira é o avanço exponencial da tecnologia de produção,
ou seja, o engenho científico.
A segunda foi a descoberta da abundância da energia dos hidrocarbonetos,
que actualmente é o alicerce de todo o sistema socioeconómico.
A economia de mercado livre/capitalista/monetário
ou o que quiserem chamar-lhe,
não tem feito mais do que aproveitar estes dois factores
com um sistema de incentivos distorcidos e um método caótico
e brutalmente desigual de utilizar e distribuir esses frutos.
O segundo mecanismo de defesa é um preconceito social beligerante
resultante de anos de propaganda
e que considera qualquer outro sistema social
como um caminho para a chamada "tirania"
associado a vários nomes sonantes como Estaline, Mao, Hitler...
e o número de mortes que eles causaram.
Bem, por mais despóticos que esses homens tenham sido,
juntamente com as abordagens sociais que eles perpetuaram,
no que toca ao jogo da morte,
no que toca ao assassinato sistemático
diário e em *** de seres humanos,
nada na História se compara ao que temos hoje.
As crises de fome, ao longo de pelo menos o último século da nossa história,
não foram causadas pela escassez de comida.
Foram sim, causadas pela pobreza relativa.
Os recursos económicos foram distribuídos de forma tão desigual
que os pobres simplesmente não tinham dinheiro suficiente
para comprar os alimentos que teriam estado
disponíveis se eles os pudessem pagar.
Este seria um exemplo de Violência Estrutural.
Outro exemplo: em África e outras zonas
– vou-me concentrar particularmente em África –
há dezenas de milhões de pessoas a morrer de SIDA.
Porque estão a morrer?
Não é por não sabermos como tratar a SIDA.
Temos milhões de pessoas em países ricos
que estão a resistir bastante bem,
têm acesso aos medicamentos que os mantêm vivos.
As pessoas em África que estão a morrer de SIDA
não estão a morrer por causa do vírus do VIH...
estão a morrer porque não têm dinheiro
para pagar os medicamentos
capazes de os manterem vivos.
Gandhi percebeu isto. Ele disse:
"A pior forma de violência é a pobreza".
E isso está absolutamente certo.
A pobreza mata muito mais pessoas do que todas as guerras da História,
mais pessoas do que todos os assassinos da História,
mais do que todos os suicídios da História...
a Violência Estrutural não só mata mais pessoas
do que toda a Violência Comportamental somada,
como também é a principal causa da Violência Comportamental.
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Além do Pico
O petróleo é a base de,
e está presente em, todo o edifício da civilização humana.
Existem 10 calorias de energia de hidrocarbonetos – petróleo e gás natural –
em cada caloria dos alimentos que nós comemos no mundo industrializado.
Os fertilizantes são feitos a partir de gás natural.
Os pesticidas são feitos de petróleo.
Conduzimos máquinas movidas a petróleo para plantar, arar,
irrigar, colher, transportar e embalar.
Embrulhamos a comida em plástico, que é petróleo. Todos os plásticos são petróleo
Existem 26 litros de petróleo em cada pneu.
O petróleo está em toda parte, é omnipresente. E é apenas graças ao petróleo
que temos actualmente 7 mil milhões de pessoas, ou quase
7 mil milhões de pessoas, neste planeta.
A chegada desta energia barata e fácil
que, já agora, é equivalente
a milhares de milhões de escravos a trabalhar sem parar,
transformou o mundo radicalmente ao longo do século passado
e permitiu que a população aumentasse 10 vezes.
Mas, até 2050, o fornecimento de petróleo será apenas capaz de sustentar
menos de metade da actual população mundial
e correspondente estilo de vida.
Assim sendo, o ajustamento a um estilo de vida diferente será enorme.
O mundo consome actualmente 6 barris de petróleo por cada barril que encontra.
Há 5 anos, consumia 4 barris de petróleo
por cada barril que encontrava.
Daqui a um ano, estará a consumir 8 barris de petróleo
por cada barril que encontrar.
O que me deixa mais perturbado é a ausência de qualquer esforço real
por parte dos governos
e do líderes da indústria a nível global para fazer algo diferente.
Temos uma espécie de pseudotentativas de desenvolver mais energia eólica
e de fazer, talvez, alguma coisa com as marés...
Temos tentativas para tornar os nossos carros um pouco mais eficientes,
mas não há nada que se pareça com uma verdadeira revolução,
todas estas coisas são insignificantes, algo que eu considero bastante assustador.
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E os governos que são orientados por economistas
que não compreendem aquilo de que estamos a falar,
estão a tentar estimular o consumismo para restaurar a prosperidade do passado
na esperança de poderem vir a recuperar o passado.
Estão a imprimir cada vez mais dinheiro sem qualquer garantia.
Assim, se a economia melhorar e recuperar,
e o famoso crescimento regressar, será apenas por pouco tempo,
porque dentro de pouco tempo,
poucos meses, e não anos,
atingiremos novamente a barreira do fornecimento.
Haverá um novo choque de preços e uma recessão mais profunda.
Penso, portanto, que iremos entrar numa série de ciclos viciosos.
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Ou seja, temos a economia em crescimento...
atinge-se o pico dos preços... e pára tudo. É onde estamos agora.
A seguir, começa a subir novamente, mas o que temos agora é uma zona
onde já não há capacidade de produzir energia barata.
Estamos no pico, na curva descendente da produção de petróleo.
Não há forma de extrair mais do subsolo a um ritmo superior,
o que significa que as coisas começam a parar e o preço do petróleo cai,
tal como aconteceu no início de 2009. Depois há uma "recuperação"
e o preço volta novamente a subir.
Ultimamente, tem estado a rondar os 80 dólares por barril,
e o que se vê é que mesmo a este preço,
com o colapso financeiro e económico,
as pessoas sentem dificuldades em comprá-lo.
Actualmente, a produção diária de petróleo em todo o mundo é de 86 milhões de barris.
Dentro de 10 anos, isto corresponde a cerca de 14 milhões de barris por dia
que terão de ser substituídos.
Mas não temos nenhum recurso que consiga
suprir sequer 1% de tal exigência.
Se não fizermos qualquer coisa rapidamente
teremos uma grande insuficiência energética.
Parece-me que o grande erro foi não termos reconhecido, há cerca de uma década,
que era urgente fazermos um esforço conjunto
no sentido de desenvolver estas formas de energia sustentável.
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Penso que será uma das coisas que levará os nossos netos
a olhar para trás com total incredulidade e dizer:
"Mas se vocês sabiam que estavam a utilizar um recurso finito..."
"como é possível terem construído a vossa economia"
"com base em algo que mais cedo ou mais tarde iria desaparecer?"
Pela primeira vez na história humana,
a nossa espécie vê-se confrontada com o esgotamento de um recurso essencial
para o actual sistema de sobrevivência.
E o mais "engraçado" disto tudo
é que apesar de o petróleo estar cada vez mais escasso,
o sistema económico irá continuar a insistir cegamente
no seu modelo de crescimento canceroso
para que as pessoas possam continuar a comprar carros movidos a gasolina,
para aumentar o PIB e criar postos de trabalho... agravando o declínio.
Se existem soluções para substituir o edifício
da economia à base de hidrocarbonetos? Claro que sim.
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Mas o caminho necessário para concretizar tais mudanças
não irá surgir através dos protocolos da economia de mercado,
uma vez que este só permite implementar novas soluções
através do mecanismo do lucro.
As pessoas não estão a investir em energias renováveis
porque não se trata de uma actividade lucrativa, nem a curto nem a longo prazo.
E o empenho necessário para que isso aconteça
só poderá surgir à custa de grandes perdas financeiras.
Portanto, não há um incentivo monetário, e neste sistema,
não havendo um incentivo monetário, as coisas não se fazem.
Acima de tudo,
o pico do petróleo é apenas uma das muitas consequências visíveis
do desastre social e ambiental que cresce a cada dia que passa.
Outros declínios incluem a água doce,
a própria essência da nossa existência,
que actualmente não chega em quantidade suficiente a 2,8 mil milhões de pessoas.
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e a este ritmo, esse número atingirá os 4 mil milhões em 2030.
Produção de alimentos:
a destruição da terra cultivável,
de onde provém 99,7% de toda a comida que consumimos,
decorre a um ritmo 40 vezes superior ao tempo que necessita para se restabelecer,
e ao longo dos últimos 40 anos, 30% da terra arável
deixou de ser produtiva.
Isto para não mencionar o facto de que os hidrocarbonetos
são a coluna dorsal da agricultura actual,
e à medida que estes se esgotam, o mesmo acontece com o abastecimento de alimentos
No que diz respeito aos recursos em geral,
e aos actuais níveis de consumo,
precisaremos de dois planetas para os mantermos em 2030.
Já para não falar na contínua destruição
da biodiversidade que fornece suporte de vida, e que provoca surtos de extinção
.
e destabilização ambiental a nível global.
E além de todos estes declínios,
temos ainda o crescimento quase exponencial da população,
que poderá ultrapassar os 8 mil milhões de pessoas neste planeta em 2030.
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Só em termos de produção de energia, precisaríamos de um aumento de 44%
em 2030 para corresponder à procura.
E uma vez mais, visto que o dinheiro é o único incentivo à acção,
como podemos esperar que algum país neste planeta
seja capaz de pagar as enormes mudanças
necessárias para revolucionar a agricultura,
o tratamento de águas, a produção de energia e por aí fora?
Quando o esquema global de dívida em pirâmide
começar lentamente a parar o mundo inteiro...
Já para não falar com o facto de que o desemprego que se vê hoje em dia
.
se vai tornar na regra devido
à natureza do desemprego tecnológico.
Os postos de trabalho não irão voltar.
E por fim, uma ampla perspectiva social.
Desde 1970 a 2010, a pobreza neste planeta
duplicou graças a este sistema...
e, dada a nossa situação actual,
acha honestamente que vamos ter algo diferente do que este aumento da pobreza,
.
do sofrimento e da fome em ***?
O Início
Não haverá qualquer recuperação.
Esta não é uma recessão mais ou menos longa
que será ultrapassada mais tarde ou mais cedo.
Creio que a próxima fase a que iremos assistir,
após a próxima ronda de colapsos económicos, será uma grande agitação social.
Quando os subsídios de desemprego deixarem de ser pagos
por falta de dinheiro da parte dos estados,
e quando a situação se tornar tão má que as pessoas perdem a confiança
nos seus líderes eleitos, elas exigirão uma mudança.
Isto se não nos matarmos uns aos outros entretanto
ou destruirmos o ambiente.
Só tenho medo que possamos chegar a um ponto sem retorno...
e isso incomoda-me imenso.
Temos de fazer tudo o que for possível para evitar essa situação.
É evidente que se aproxima uma enorme transição na vida humana...
o que nós enfrentamos neste momento é uma mudança fundamental
da vida tal como a conhecemos neste último século.
Tem de haver uma relação entre a economia
e os recursos deste planeta,
recursos esses que são, naturalmente, toda a vida animal e vegetal,
a saúde dos oceanos e tudo o resto.
Este é um paradigma monetário que não vai desistir
enquanto não matar o último ser humano.
A elite fará tudo o que estiver ao seu alcance para se manter no poder
e é isso que temos de ter em mente.
Eles irão usar o exército, a marinha e a mentira...
tudo o que tiverem de usar para se manterem no poder.
Não estão dispostos a abrir mão dele
porque não conhecem outro sistema
que perpetue a sua classe.
Ao Vivo de Nova Iorque
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Ao Vivo de Londres
Ao Vivo da China
Ao Vivo da África do Sul
Ao Vivo de Espanha
Ao Vivo da Rússia
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Ao Vivo da Arábia Saudita
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Continuam os Receios de uma Guerra Mundial
O Colapso da Dívida Causa Escassez de Alimentos
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Fiquem Com Ele!
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Embora não haja relatos de violência
enquanto prosseguem estes protestos sem precedentes...
parece que biliões de dólares
estão a ser levantados
de contas bancárias por todo o mundo,
que por sua vez estão a ser despejados
em frente dos vários bancos centrais mundiais.
História Mundial
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ESTE É O VOSSO MUNDO
ESTE É O NOSSO MUNDO
A REVOLUÇÃO É AGORA
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