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(Sons de zumbi) Doutor 1: Então, como ele ficou desse jeito?
Doutor 2: Bem, minha opinião profissional é que a mordida no ombro dele tenha algo a ver com isso.
Dr. 1: Obrigado. Quero dizer, o que causa esses comportamentos anormais?
Dr. 2: Bem, sabemos que todos os comportamentos têm origem no cérebro.
Então, suponho que haja alguma coisa muito errada acontecendo no cérebro dele.
Dr. 1: Obrigado de novo, Doutor Óbvio.
Deixe-me ser mais específico.
Que mudanças no cérebro devem acontecer para causar esse tipo de comportamento?
Dr. 2: Hmmm. Bem, vamos ver.
A primeira coisa que percebi é como ele se move.
Andar rígido, com passos longos e pesados; muito lento e esquisito.
Quase como se vê na doença de Parkinson.
Talvez algo errado nos núcleos da base?
Eles são um grupo de regiões cerebrais profundas que regulam os movimentos,
por meio de um neurotransmissor chamado dopamina.
Apesar de muita gente achar que a dopamina é o transmissor da felicidade do cérebro,
os neurônios dopaminérgicos dos núcleos da base morrem na doença de Parkinson,
É isso que causa a doença.
Fica cada vez mais difícil iniciar ações.
Dr. 1: O quê?
Veja de novo como ele se move: pernas rígidas, postura reta.
Não são movimentos típicos. Pacientes com Parkinson dão passos curtos, arrastados,
e a postura é toda errada.
Isso me parece o que acontece quando o cerebelo está lesionado.
O cerebelo é uma pequena área em forma de couve-flor, atrás da cabeça, mas não se deixe enganar por seu tamanho.
Ele contém quase metade dos neurônios de todo o cérebro.
Pacientes que sofrem degeneração dessa região,
algo chamado de ataxia espino-cerebelar,
mostram falta de coordenação, que resulta em pernas rígidas, postura ereta e andar pesado.
Minha aposta é o cerebelo.
Dr. 2: Touché. Ok. Então, entendemos seus problemas motores.
E quanto ao grunhido e falta de fala?
Dr. 1: Hmmm. Sabe, isso parece um tipo de afasia de expressão, ou afasia de Broca,
que dificulta a produção de palavras.
Isso é causado pela lesão do giro frontal inferior,
ou talvez a ínsula anterior,
duas regiões que estão atrás da têmpora, no lado esquerdo da cabeça.
Dr. 2: Acho que você acertou apenas em parte. Zumbis não podem se comunicar, com certeza.
Mas eles não parecem entender as coisas também.
Veja isso: Ei, ambulante! Seu pai fedia a uva podre!
(Risos) Viu? Sem reação.
Ou ele não é um fã de Monty Python, ou ele não consegue me entender.
Eu diria que a culpa é, com certeza, de uma afasia de Wernicke,
com dano numa área de junção de dois lobos cerebrais, temporal e parietal,
geralmente no lado esquerdo do cérebro.
Essa área está fisicamente conectada à área de Broca, que você mencionou,
por um denso feixe de fibras neurais, chamado de fascículo arqueado.
Minha hipótese é que esse feixe denso de conexões está completamente destruído num zumbi.
É como tirar a rodovia principal entre duas cidades.
Uma cidade que fabrica um produto,
e a outra que transporta esse produto para o mundo.
Sem essa rodovia, a distribuição do produto é cancelada.
Dr. 1: Então, basicamente, é uma perda de tempo discutir com um zumbi,
já que eles não podem nos entender, nem sequer nos responder.
Dr. 2: (Risos) Quero dizer, você pode tentar, mas eu vou ficar deste lado do vidro.