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Pendrill: Bem-vindo à aula avançada de corne inglês.
Sou Christine Pendrill,
e toco o corne inglês principal
na Orquestra Sinfônica de Londres.
Hoje vou dar alguns conselhos
sobre como preparar dois solos de orquestra
para uma audição.
Um é provavelmente o mais famoso no repertório,
o Largo da New World Symphony de Dvorak,
e o outro a Abertura do Carnaval Romano de Berlioz.
Antes de começar, gostaria de descrever
o instrumento para você.
A definição de corne inglês é um pouco confusa.
Ele tem nomes diferentes em línguas diferentes.
Na América, ele é visto como uma trompa,
e na Inglaterra como o corne inglês.
Ele não é nem inglês nem uma trompa.
Há várias teorias sobre a origem do nome,
mas não vou falar delas aqui.
Faz parte da família do oboé,
e usa uma palheta dupla
que faz um sonzinho assim...
é parecida com a do oboé, mas maior.
[Sinfonia n.º 9 de Dvorak]
Esse solo parece bem simples.
As notas em si não são difíceis,
mas uma das primeiras coisas a considerar
é quando você vai respirar.
Após decidir sua velocidade,
conte umas duas batidas
e use o tempo para inspirar.
É uma boa ideia contar esse solo em quatro.
Você pode querer subdividi-lo em oito
para que as semicolcheias sejam absolutamente perfeitas.
Mas, dessa forma, você vai perder a linha,
e ela pode acabar saindo cortada e saltada.
Outra coisa a se considerar
antes de começar a tocar é a dinâmica.
Na partitura está marcado piano,
mas se você reparar em alguns compassos depois,
é pianissimo.
Então, é melhor começar com um único piano
que você pode tocar mais baixo do que no pianissimo.
Você precisa de um grande intervalo de dinâmica nesse solo
porque dois compassos depois do pianissimo,
tem um forte em uma primeira nota Dó.
Isso pode dar um pouco de trabalho no corne inglês
porque normalmente ele fica mais fraco conforme aumenta.
Uma boa sugestão é manter sua embocadura bem relaxada
e realmente segurar a respiração.
Lembre-se que você está usando muito pouco ar
a uma pressão muito alta.
Se você usar a analogia do canto,
você precisa manter a palheta aberta
para que ela possa vibrar.
Você não chegaria a um cantor de ópera
que está prestes a cantar uma nota alta
e apertaria a garganta dele.
É exatamente a mesma coisa.
O solo na Abertura do Carnaval Romano de Berlioz
é uma melodia bem vocal
porque ela vem de partes
da ópera Benvenuto Cellini de Berlioz,
em que é uma ária de tenor.
Cellini está prometendo amor eterno a Teresa
no começo,
e por isso ele é bem vivo e apaixonado.
Após alguns compassos, fica um pouco mais reflexivo
quando ele pergunta a ela se, quando ele estiver longe,
a esperança do amor vai morrer no coração dele.
[Abertura do Carnaval Romano de Berlioz]
Esse solo começa mezzo forte,
então não fique com medo de mostrar confiança ao começá-lo.
Não é o começo da abertura.
Se você não conhece a peça,
começa com uma abertura bem viva e vigorosa
seguida por uma nota da trompa
que desaparece aos poucos em uma nota do clarinete,
e aí você começa.
O primeiro compasso é um pouco diferente
porque embora a peça seja em três tempos,
você corre o risco de fazê-la soar
como se fosse em quatro
se tocar como está escrito, em dois grupos de dois.
Tente evitar isso.
Deixe bem claro que é em três
para que você consiga-- ele está cantando, Oh, Teresa,
que pode ajudá-lo.
Desculpe pela minha voz.
Depois de negociar os dois primeiros compassos,
você precisa desacelerar de um Ré para um Fá sustenido,
que pode ser um pouco estranho.
A primeira coisa que eu diria
é para se certificar que sua palheta está solta o bastante
para fazer isso confortavelmente.
Se você ainda está com problemas,
provavelmente são os dedos,
e você precisa se certificar
de abaixar o indicador da mão esquerda bem cedo.
Você pode abaixá-lo enquanto ainda estiver tocando o Ré,
o que pode ajudar.
Se estiver em dúvida, uma forma útil de praticar
é exagerando a falha e abaixando bem tarde
de forma que você não tenha um Fá sustenido.
Daí então, abaixe bem cedo, assim.
Assim é muito tarde...
[tocando a nota tarde]
Ou cedo...
[tocando a nota cedo]
Vou deixar que você decida qual é melhor.
Embora a frase desse solo seja bem longa,
ela está dividida em seções menores
com pausas da colcheia.
Elas são muito úteis para a respiração.
Não se sinta pressionado a ter que respirar na pausa.
Elas também podem ser muito úteis para expirar.
Um erro comum dos músicos
é puxar muito ar.
Fazendo isso você acaba parecendo um balão
com um monte de ar inútil que não dá para fazer nada
além de expirar, e isso é perda de tempo.
De modo geral, para a maioria dos solos
eu não puxo muito mais ar do que
eu puxaria para dizer uma frase normal.
É questão de usar o ar
da forma mais econômica.
Repetindo, você usa muito pouco ar
a uma pressão muito alta.
Não tente soprar demais.
É surpreendente como você não precisa de muito ar.
No compasso 27, há um aumento na escala,
as semicolcheias não são tão moduladas.
Pessoalmente, acho que elas deveriam ser tocadas legato,
mas definidas somente com a língua.
Por isso, tente evitar qualquer tipo de staccato.
Por exemplo, acho que isso é provavelmente inadequado.
[tocando staccato]
Que é o que parece.
Se você achar que vai modular as notas
mas, em vez disso, só tocar a palheta com a língua,
você consegue definir um legato.
[tocando legato]
Embora o próximo compasso não esteja marcado mais baixo,
ele vem ao final daquele diminuendo.
Nesse momento, o cantor na ópera
está cantando em um tom mais introspectivo.
Acho que é bem legal
tocar um pouco mais silenciosamente
e mostrando mais reflexão.
No compasso 32, não se intimide com o ritmo.
Parece um pouco assustador na página,
mas, na verdade, é bem direto.
Não precisa correr.
Se você só imaginar que são semicolcheias
e fazer a última pontuada,
elas são bem lentas.
[tocando devagar o compasso 32]
Repetindo, é só contar três devagar
e fazer todas se encaixarem.
O solo precisa ser expressivo e vivo, mas também
precisa estar no tempo certo
porque seu acompanhamento são violoncelos pizzicato
que estão tocando colcheias
e definindo cada tempo para você.
Você não tem espaço para manobras.
Outra nota que merece atenção
é a anacruse do compasso 34.
É uma semicolcheia
Ela parece ser bem breve,
mas, na verdade, se você para para pensar,
é uma nota bem longa.
Se você estiver contando um e dois
e três e...
sua semicolcheia vai
um, dois, três, quatro, um, dois, três, da da.
Então faça dela uma anacruse bem definida.
É uma parte maravilhosa.
Imagine que você é um tenor operático
e está navegando até a primeira nota Si.
Em alguns instrumentos, a a primeira nota Si pode ser auxiliada
ao abaixar a nota Dó ou Dó sustenido
ou uma combinação de dedos da mão direita.
Em um instrumento de conservatório, você tem uma desvantagem
porque a maioria dos dedos vão transformar seu Si em Dó.
Evite isso de qualquer maneira.
Mas vale a pena experimentar com seu próprio instrumento
para descobrir algo que pode fazer dele
uma nota mais forte.
É o ponto alto da frase,
está marcado sforzando,
então você deve dar o melhor de si.
Depois de negociar seu sforzando
e seu maravilhoso primeiro Si,
você pode querer respirar.
Na verdade, é um bom lugar para respirar
por motivos práticos.
Mas musicalmente, acho que é muito melhor
evitar fazer isso.
Isso quebra muito a frase.
É bem mais difícil se você não respirar aqui
porque sua embocadura
está no lugar certo para a primeira nota,
mas não vai ser confortável conforme você desce a escala
até o final.
Mas vale a pena praticar, prometo.
Vou mostrar essa passagem com um sopro
e depois sem,
e você decide o que é melhor.
[tocando o compasso 34 com sopro]
E agora sem ele.
[tocando o compasso 34 sem sopro]
Acho que um ponto que vale a pena mencionar
é cuidar do final das notas
tão bem como do começo.
A maioria das pessoas se preocupam em começar a nota
e ficam aliviadas quando ela sai.
Mas pense também em como terminá-la.
Seria uma pena, por exemplo,
que a primeira frase fosse...
[tocando a escala sem finalização]
Deixa de ser música.
Deixe a nota desaparecer naturalmente.
[tocando a escala completa]
Tenho certeza que você concorda que fica melhor assim.
Além disso, pense em como você vai usar o vibrato.
Esse é, como eu já disse, um solo bem vocal.
O som precisa ter vida e sustento,
e um pouquinho de vibrato pode ajudar nisso.
Ele também ajuda com as notas no final das frases.
No compasso 30, você precisa modular direto de Mi a Dó.
Acho que ajuda
deixar dois dedos abaixados na mão direita para o Mi
enquanto eu toco Dó.
Isso ajuda a nota
que pode ficar bem fraca no instrumento.
E dá um pouco mais de vida.
Isso também significa que você fica mais conectado com o corne inglês
e tem menos chance de deixá-la cair.
[tocando o compasso 30]
Depois de conseguir o tempo fraco para o compasso 34,
uma semicolcheia correta,
pode dar vontade de fazer a colcheia rápido
no começo do compasso seguinte.
Esse é o começo do seu momento dramático,
então mantenha o tempo.
Acho que ajuda bastante
pensar nas duas semicolcheias na colcheia.
Desacelera a escala, e...
[tocando a escala devagar]
em vez de...
[tocando a escala rápido]
Talvez ajude se você praticá-la
definindo as notas.
[tocando uma escala definida]
É mais longa no Fá sustenido do que parece ser.
Obrigada por assistir esta aula avançada.
Espero que você tenha achado algumas das ideias interessantes
e participe deste projeto incrível.
Lembre-se de que a música depende de você.
Você tem que gostar dela e desenvolver suas próprias habilidades.
Divirta-se e boa sorte.