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Na música de Gabi, essa que vocês tocam: "Tô solteira"
É só mi.
Mas não tem uma hora que faz...
Tem sim, é: dó, dó, lá menor.
Dó.
Dó.
Lá.
Mais uma vez.
Vou lá.
Vou te fazer uma perguntinha, Gabi.
Onde você cresceu?
Onde vive?
E como isso te influencia?
Eu cresci no valoroso bairro do Jurunas.
Bairro de periferia de Belém.
Acho que é o bairro mais musical que tem lá,
porque tem muita aparelhagem,
tem muito barzinho, tem muito inferninho.
Na frente da minha casa tinha um bar que se chamava Bar do Brega.
Então, eu já acordava ouvindo a galera do flash brega,
ouvindo Juca Medalha, ouvindo uma galera bem bacana.
Tudo que eu sou, que eu sei de música...
A minha família tinha uma escola de samba.
E eu sempre gostei de música eletrônica.
Eu tinha um vizinho que tinha uma aparelhagem no fundo de casa.
Tocava house, pancadão:
Eu pirava com aquilo.
E cresci muito ouvindo isso.
Então, acho que a minha formação musical vem muito...
Acho que se eu não morasse,
não tivesse nascido e sido criada no Jurunas,
eu não tinha toda essa influência musical.
E tu?
Agora me fala um pouquinho também.
Eu cresci em Olinda, que também é uma cidade muito musical em Pernambuco.
E quem me influenciou muito, além do meu pai,
era um vizinho chamado Seu Pinininho.
Que ele era cagueta da polícia.
Era uma figura.
Seu Pinininho.
E ele frequentava muito os inferninhos e tinha um bloco de carnaval,
uma boneca daquelas grandonas, que é a Mulher do Dia,
que é a mulher do Homem da Meia-Noite.
São os dois ícones mais fortes dos bonecos de lá.
E na quinta-feira ele ia pro inferninho.
Botava uma calça com um vinco bem passado.
Uma blusa de seda roxa,
com um chapéu com uma peninha de papagaio.
Que figura.
E ele só voltava na segunda-feira, destruído.
E aí até a quinta, ele ficava ouvindo música de fossa.
Mas, conforme a quinta ia chegando, isso ia mudando.
Vinha muito som de Belém, atráves de um selo.
Chamado Gravasom.
Gravasom, caramba.
Eram músicos de Belém que eram influenciados pela cena...
Da Guiana.
Da Guiana, Caribe...
E eles faziam versões.
E meu pai escutava Beatles, Rolling Stones, em casa,
várias outras coisas. Muita MPB.
Então, eu me criei um pouco nisso.
Aos 15 anos, eu comecei a...
Seu Pinininho morreu e a família dele se mudou.
E eu senti um vazio sem aquele som.
E, instintivamente, eu fui procurando nos sebos
os vinis que ele ouvia em casa.
E aos poucos, fui colocando som em festas de amigos.
Fui desenvolvendo um trabalho como DJ.
Eu sempre gostei muito de usar microfone nas discotecagens.
Aí, um dia, o China e uns amigos me viram improvisando e falaram:
"Essa menina tem umas ideias, tem um humor.
Vamos levar ela lá no estúdio".
Era um estúdio caseiro mesmo. Um "protoolzinho".
E a gente começou a fazer as primeiras músicas.
Foi há quanto tempo?
Mais ou menos dois anos, dois anos e meio só.
Ah, foi recente.
Que eu comecei a inventar de cantar.
Eu digo que sou meio que uma MC.
Hoje eu tô solteira
O suor do teu corpo Me deixa louca,
Louca por você.
Você sabe que eu preciso De você aqui comigo,
Me fazendo feliz
No teu sorriso Eu viajo, eu deliro,
Teu beijo me acende.
Você sabe que eu preciso, Então fica comigo
Preciso amar você.
Quando a saudade me consome Eu grito seu nome
Quando a saudade me consome Eu grito
Quando a saudade me consome Eu grito seu nome
Quando a saudade me consome Eu grito
Gabi
Catarina
Vamos dar um passeio.
Vamos tomar Martini.
Hoje eu tô solteira
Hoje eu também tô solteira
E aí?
Sempre eu tô solteira
O suor do teu corpo Me deixa louca,
Louca por você
Você sabe que eu preciso De você aqui comigo,
Me fazendo feliz
No teu sorriso Eu viajo, eu deliro,
Teu beijo me acende.
Você sabe que eu preciso, Então fica comigo
Preciso amar você
Quando a saudade me consome Eu grito seu nome
Quando a saudade me consome
Quando a saudade me consome Eu grito seu nome
Quando a saudade me consome
Eu grito
Catarina
E eu grito Gabi
Minha deusa do Ébano,
do açaí.
Olinda e Belém do Pará.
Esquentando a temperatura.
Para te encantar.
Pegar uma aqui agora.
Vamos ver.
Tomara que não me comprometa.
Não.
Qual foi o último som que te impressionou?
E o que há de mais novo na música brasileira?
Caramba.
O último som que me impressionou.
Eu estou meio viciada em Cidadão Instigado,
que é uma banda que eu já acompanho há muito tempo.
Na música brasileira, é uma parada que está vindo forte.
Com algo novo, maturado.
E o que mais que eu curti?
Tem uma banda também de música eletrônica
de uns meninos que usam as guitarras oitavadas: o Ratatat.
Eu gosto muito também.
Eu tenho ouvido umas coisas novas de guitarrada, lá.
Tem um disco novo do La Pupuña que está bem bacana.
Já ouvi falar no La Pupuña.
La Pupuña tem um trabalho meio surf music e guitarrada progressiva
que é bem legal.
Deixa eu pegar uma "pra tu".
O que você acha de mim?
É para responder mesmo?
A gente se conheceu lá no Circuito Off Feira.
No show que a gente fez.
Eu chego lá e tem uma mulher com um negócio de um jogo de luz.
Tudo colorido. E eu já adoro coisa colorida.
Vi ela fazendo aquele cenário e falei:
"Cara, que que essa maluca tá fazendo aí?"
E o teu som é muito inteligente,
porque, além de você ter uma voz legal, você tem uma proposta nova,
que é o seu posicionamento.
E você faz umas coisas. Você brinca, tira sarro, então,
eu acho que precisa disso também na música.
Você é ousada, e você gosta de pegar uns chicletinhos
e colocar nas tuas coisas.
Posso falar também, sobre você?
Pode sim.
Além do carisma, da beleza e do som, você canta pra caramba.
Eu fiquei impressionada.
Você fala que já canta há quinze anos.
A gente já engatilhou algumas outras coisas, outros projetos.
Pode esperar que a gente vai fazer umas coisinhas aí.
Já vai participar do meu disco novo.
A gente é gente, né, nega? De carne e osso e coração.
Mãe de família, mulher batalhadora.
Cama, mesa e banho.
E que gosta da "night".