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Incubate Pictures Apresenta
Em associação com o Instituto Post Carbon
Não Há Amanhã
Esta é a terra, como ela era há 90 milhões de anos atrás.
Os geólogos chamam "Cretáceo tardio" a este período.
Foi uma época de aquecimento global extremo, quando os dinossauros ainda
governavam o planeta.
Eles continuaram as suas vidas normais, seguros do seu lugar no topo da cadeia
alimentar, ignorando as mudanças que ocorriam à sua volta.
Os continentes estavam a afastar-se, abrindo brechas enormes na crosta
terrestre.
Estas brechas inundadas, tornaram-se mares.
As algas prosperaram no calor extremo, acabando por envenenar a água.
Elas morreram e caíram aos biliões, para o fundo das ravinas.
Os rios transportaram sedimentos para os mares, até que os restos orgânicos das
algas foram subterrados.
À medida que a pressão cresceu, também a temperatura aumentou, até que
uma reacção química transformou os produtos orgânicos em combustíveis
fósseis: Petróleo e Gás Natural.
Um processo semelhante ocorreu em terra, que produziu carvão.
A natureza demorou cerca de 5 milhões de anos para criar os combustíveis
fósseis que o mundo consome num 1 ano.
O modo de vida moderno é dependente desta luz solar fossilizada, embora um
número surpreendente de pessoas a considere um dado adquirido.
Desde 1860, os geólogos descobriram mais de 2 biliões de barris de petróleo.
Desde então, o mundo usou cerca de metade.
Antes que se possa bombear o petróleo, este tem de ser descoberto.
No início, era fácil de encontrar e barato de extrair.
O primeiro grande campo petrolífero dos EUA foi Spindletop, descoberto em 1900.
Muitos mais se seguiram.
Os geólogos vasculharam a América.
Descobriram enormes depósitos de petróleo, gás natural e carvão.
A América produziu mais petróleo do que qualquer outro país, o que lhe
permitiu tornar-se uma super-potência industrial.
Uma vez que um poço de petróleo tenha começado a produzir petróleo, é só
uma questão de tempo antes de entrar em declínio.
Poços individuais têm taxas de produção diferentes.
Quando se calcula a média de produção de muitos poços em conjunto, o gráfico
combinado parece uma curva em forma de sino.
Tipicamente leva 40 anos após o pico da descoberta de um país para atingir o
seu pico de produção, após o que entra numa queda permanente.
Na década de 1950, o geofísico da Shell, M.
King Hubbert, previu que a produção americana petróleo atingiria o pico em
1970, 40 anos após o pico da descoberta de petróleo dos EUA.
Poucos acreditavam nele.
No entanto, em 1970, a produção petrolífera norte-americana atingiu o
pico e entrou em um declínio permanente.
Hubbert foi vingado.
Desta altura em diante, os Estados Unidos dependeriam cada vez mais de
petróleo importado.
Isto tornou o país vulnerável a problemas de fornecimento, e contribuiu
para o caos económico provocado pelos choques petrolíferos de 1973 e 1979.
Nos anos 30 observou-se a maior taxa de descobertas de petróleo na história
dos EUA.
Apesar da tecnologia avançada, o declínio na descoberta de novos campos
petrolíferos americanos tem sido implacável.
Descobertas mais recentes, como as do ANWR (Refúgio nacional de vida selvagem
do Ártico), poderia na melhor das hipóteses fornecer petróleo suficiente
para 17 meses.
Mesmo o novo campo petrolífero "Jack 2" no golfo do México seria apenas
suficiente para fornecer alguns meses de procura interna.
Apesar de grandes, nenhum dos campos chega perto de satisfazer as
necessidades energéticas dos EUA.
Hoje em dia acumulam-se provas de que a produção mundial de petróleo está
chegando ao pico, ou está próximo dele.
Globalmente, a taxa de descoberta de novos campos de petróleo atingiu o pico
na década de 1960.
Mais de 40 anos mais tarde, o declínio na descoberta de novos campos parece
imparável.
54 das 65 nações produtoras de petróleo já atingiram o pico de
produção.
Espera-se que muitas outras sigam o mesmo caminho num futuro próximo.
O mundo vai precisar de colocar em produção o equivalente a uma nova
Arábia Saudita a cada três anos apenas para compensar a queda na produção nos
campos petrolíferos existentes.
Nos anos sessenta, foram encontrados seis barris de petróleo para cada um
que foi usado.
Quatro décadas depois, o mundo consome entre três e seis barris de petróleo
por cada um que encontra.
Uma vez atingido o pico da produção mundial de petróleo, a procura por
petróleo vai superar a oferta, o preço da gasolina irá flutuar
descontroladamente, afectando muito para além do custo de atestar um depósito.
As cidades modernas são dependentes de combustíveis fósseis.
Mesmo as estradas são feitas a partir de asfalto, um produto derivado do
petróleo, como o são os telhados de muitos lares.
Grandes áreas seriam inabitáveis sem aquecimento no inverno ou ar
condicionado no verão.
A expansão suburbana incentiva as pessoas a deslocarem-se muitos
quilómetros para o trabalho, escola e comércio.
As grandes cidades foram planeadas com áreas residenciais e comerciais
colocadas distantes umas das outras, forçando as pessoas a conduzir.
Os subúrbios, e muitas comunidades foram concebidas no pressuposto da
existência de petróleo e energia abundantes.
Os produtos químicos derivados de combustíveis fósseis, ou petro-
químicos, são essenciais no fabrico de inúmeros produtos.
O sistema moderno de agricultura é fortemente dependente de combustíveis
fósseis, como são os hospitais, aviação, sistemas de distribuição de
água e as forças armadas dos EUA, que, sozinhas, só utilizam cerca de 140
milhões de barris de petróleo por ano.
Os combustíveis fósseis são também essenciais para a criação de
plásticos e polímeros, ingredientes- chave em computadores, dispositivos de
entretenimento e vestuário.
Actualmente a economia mundial depende do crescimento infinito, exigindo um
aumento da oferta de energia barata.
Estamos tão dependentes do petróleo e outros combustíveis fósseis, que mesmo
uma pequena interrupção no fornecimento pode ter efeitos de longo
alcance sobre todos os aspectos de nossas vidas.
ENERGIA.
Energia é a capacidade de fazer o trabalho.
O americano médio hoje tem disponível a energia equivalente a 150 escravos,
trabalhando 24 horas por dia.
Os materiais que armazenam esta energia disponível para produzir trabalho são
chamados combustíveis.
Alguns combustíveis contêm mais energia do que outros.
A isto chama-se densidade de energia.
Desses combustíveis, o petróleo é o mais crítico.
O mundo consome 30 mil milhões de barris por ano, igual a 1 milha cúbica
de petróleo (1 milha=1609m), que contém tanta energia quanto aquela que
seria gerada a partir de 52 centrais nucleares durante 50 anos.
Embora o petróleo seja usado para gerar apenas 1,6% da electricidade dos EUA, é
dele que provém a energia usada em 96% de todos os transportes.
Em 2008, dois terços do petróleo dos Estados Unidos foi importado.
A maioria era do Canadá, México, Arábia Saudita, Venezuela, Nigéria,
Iraque e Angola.
Diversos factores tornam o petróleo único: é energeticamente denso.
Um barril de petróleo contém a energia equivalente a quase três anos de
trabalho humano.
É líquido à temperatura ambiente, fácil de transportar e utilizável em
motores pequenos.
Para obter energia, temos de usar energia.
O truque é usar quantidades menores para encontrar e extrair maiores
quantidades.
A isso chama-se EROEI: taxa de retorno energético (energia obtida sobre
energia investida).
O petróleo convencional é um bom exemplo.
O petróleo fácil de extrair, de alta qualidade em bruto foi bombeado em
primeiro lugar.
Gastou-se ao principio o equivalente de energia de 1 barril de petróleo para
encontrar e extrair 100.
A EROEI do petróleo era 100.
Como o petróleo fácil de encontrar foi extraído em primeiro lugar, a
exploração teve de se deslocar para águas profundas, ou países distantes,
utilizando-se quantidades crescentes de energia para fazê-lo.
Muitas vezes, o petróleo que encontramos hoje é petróleo pesado ou
ácido, e é caro para refinar.
A EROEI para petróleo extraído hoje em dia é tão baixa quanto 10.
Se você usar mais energia para obter o combustível do que aquela que está
contida no combustível, não vale a pena o esforço para o obter.
É possível converter um tipo de combustível para outro.
Sempre que isso se dizer, parte da energia contida no combustível original
é perdida.
Por exemplo, há petróleo não convencional: areias e xistos
betuminosos.
As areias betuminosas encontram-se principalmente no Canadá.
Dois terços dos xistos betuminosos do mundo encontram-se nos EUA.
Ambos os combustíveis podem ser convertidos em petróleo sintético.
No entanto, isto requer grandes quantidades de calor e água doce,
reduzindo a EROEI, que varia desde 5, até valores tão baixos quanto 1,5.
O xisto betuminoso é um combustível excepcionalmente pobre, quilo por quilo
contém cerca de um terço da energia de uma caixa de cereais.
Carvão existe em grandes quantidades, e gera quase metade da electricidade do
planeta.
O mundo usa quase 2 milhas cúbicas de carvão por ano (2 milhas = 3219m).
No entanto, a produção de carvão global pode atingir o pico antes de 2040
A ideia que a América possui séculos de carvão é enganosa, já que não tem
em conta a procura crescente e a decrescente qualidade do carvão.
Grande parte do carvão de alta qualidade (antracite) já foi
extraído, restando carvão de menor qualidade que é menos denso em termos
energéticos.
Surgem questões com a produção, à medida que o carvão mais à superfície
é esgotado, e os mineiros tem que escavar mais fundo e em áreas menos
acessíveis.
Muitas explorações usam técnicas destrutivas a céu aberto de remoção
dos topos das montanhas para alcançar os depósitos de carvão, causando o
caos ambiental.
O gás natural é frequentemente encontrado juntamente com o petróleo e
carvão.
A descoberta de gás convencional norte- americano atingiu o pico em 1950 e a
produção atingiu o pico nos anos 70.
Se o gráfico das descobertas é movido para frente 23 anos, o futuro possível
da produção norte-americana de gás natural convencional é revelado.
Recentes avanços tecnológicos têm permitido a extracção de gás natural
não convencional, tais como gás de xisto, o que pode ajudar a compensar o
declínio nos próximos anos.
O gás natural não convencional é controverso, uma vez que depende de
preços elevados da energia para ser rentável.
Mesmo com o gás não convencional, poderemos ter um pico na produção
global de gás natural, em 2030.
Existem ainda grandes reservas de urânio para a fissão nuclear.
Para substituir os 10 terawatts, que o mundo consome actualmente a partir de
combustíveis fósseis, seriam necessárias 10000 centrais nucleares.
A esse ritmo, as reservas conhecidas de urânio iriam durar apenas 10 a 20 anos.
As experiências com plutónio, baseadas em reactores reprodutores rápidos,
feitas na França e no ***ão foram fracassos caros.
A fusão nuclear enfrenta enormes obstáculos técnicos.
Depois, há as energias renováveis.
A energia eólica tem uma EROEI elevada, mas é intermitente.
A energia hidroeléctrica é fiável, mas a maioria dos rios do mundo
desenvolvido já estão represados.
As centrais geotérmicas convencionais usam pontos quentes existentes perto da
superfície terrestre.
Estão limitadas a essas áreas.
No sistema EGS experimental, dois poços seriam perfurados até 9600m de
profundidade.
A água é bombeada para baixo por um dos poços, para ser aquecida nas
fissuras, e subiria em seguida pelo outro poço, gerando energia no
processo.
De acordo com um relatório recente do MIT, esta tecnologia pode fornecer 10%
da electricidade dos EUA até 2050.
A energia das ondas é restrita a áreas costeiras.
A densidade de energia das ondas varia de região para região.
Transportar a energia eléctrica gerada para o interior seria um desafio.
Além disso, o ambiente do oceano salgado é corrosivo para as turbinas.
Os biocombustíveis são combustíveis que são cultivados.
A madeira tem uma baixa densidade energética e cresce lentamente.
O mundo usa 3.7 milhas cúbicas de madeira por ano (3.7 milhas = 5955m).
O Biodiesel e etanol são feitos a partir de plantas cultivadas numa
agricultura alimentada por petróleo.
O "lucro" energético destes combustíveis é muito baixo.
Alguns políticos querem transformar o milho em etanol.
Usar o etanol para substituir um décimo do uso projectado de petróleo dos EUA
em 2020, exigiria 3% do território da América.
Para fornecer um terço exigiria 3 vezes a área agora usada para cultivar
alimentos.
Para suprir todos o consumo de petróleo em 2020 dos EUA teria de se usar o
dobro da terra que é usada para cultivar alimentos.
O hidrogénio tem de ser extraído do gás natural, carvão ou a água, num
processo que usa mais energia do que aquela que se extrai do hidrogénio.
Isso faz com que uma economia baseada no hidrogénio seja improvável.
Todos os painéis solares fotovoltaicos do mundo geram tanta electricidade
quanto duas centrais de carvão.
O equivalente de 1 a 4 toneladas de carvão são utilizados no fabrico de um
único painel solar.
Teríamos que cobrir tanto como 140000 milhas quadradas (360000km²) com
painéis para suprir a actual procura mundial.
Em 2007, apenas existiam cerca de 4 milhas quadradas (10km²).
Energia Solar Concentrada, ou energia solar térmica tem um grande potencial,
embora no momento apenas exita um pequeno número de centrais em operação.
Estas também estão limitadas aos climas com muito sol, exigindo o
transporte de grandes quantidades de electricidade em longas distâncias.
Todas as alternativas ao petróleo dependem de máquinas movidas a
petróleo, ou exigem materiais, como plásticos que são produzidos a partir
do petróleo.
Quando avaliar propostas de novos e fantásticos combustíveis ou
invenções, pergunte: o proponente tem um modelo da invenção em exploração
comercial? Qual é a sua densidade de energia? Pode ser armazenado ou
distribuído facilmente? É fiável ou intermitente? Pode ser dimensionado para
um nível nacional? Existem desafios de engenharia ocultos? Qual é a EROEI?
Quais são os impactos ambientais? Lembre-se que grandes números podem ser
enganadores.
Por exemplo: 1 milhar de milhão de barris de petróleo satisfaz a procura
mundial por apenas 12 dias.
A transição dos combustíveis fósseis será um desafio monumental.
A partir de 2007, o carvão gera 48.5% da electricidade dos EUA.
21.6% é a partir do gás natural, 1.6% é a partir de petróleo,
19.4% é nuclear, 5.8% é hidro.
As outras fontes renováveis geram apenas 2.5%.
É possível substituir um sistema baseado em combustíveis fósseis com
uma colcha de retalhos de alternativas? Grandes avanços tecnológicos são
necessários, bem como vontade política e cooperação, investimento maciço, o
consenso internacional, a adaptação da economia global avaliada em 45 biliões
de dólares, incluindo o transporte, indústrias de manufactura e sistemas
agrícolas, bem como funcionários competentes para gerir a transição.
Se tudo isto é alcançado, poderá o actual modo de vida continuar?
CRESCIMENTO
Estas bactérias vivem numa garrafa.
A sua população duplica a cada minuto.
Às 11 horas existe apenas uma bactéria.
Às 12 horas a garrafa está cheia.
Está meia às 11:59, deixando apenas o espaço suficiente para mais uma
duplicação.
As bactérias apercebem-se do perigo.
Procuram por novas garrafas e encontram 3.
Eles assumem que seu problema está resolvido.
Até às 12 horas, a primeira garrafa está cheia.
Pelas 12 horas e um minuto, a segunda garrafa está cheia.
Pelas 12:02, todas as garrafas estão cheias.
Este é o problema que enfrentamos, devido à duplicação causada por um
crescimento exponencial.
Quando a humanidade começou a usar carvão e petróleo como fontes de
combustível, teve um crescimento sem precedentes.
Mesmo baixas taxas de crescimento produzem grandes aumentos ao longo do tempo.
Com uma taxa de crescimento de 1%, uma economia vai passar para o dobro em 70
anos.
À taxa de 2% dobra em 35 anos.
Com uma taxa de crescimento de 10%, uma economia vai dobrar em apenas 7 anos.
Se uma economia cresce à média actual de 3%, ela dobra a cada 23 anos.
Com cada duplicação, a procura por energia e recursos irá ultrapassar
todas as duplicações anteriores somadas.
O sistema financeiro está construído sobre assumindo crescimento permanente -
O que requer um aumento da oferta de energia para apoiá-lo.
Os bancos emprestam dinheiro que não têm, criando-o efectivamente.
Os devedores utilizam o dinheiro recém criado do empréstimo para expandir os
seus negócios e para pagar a dívida sujeita a um juro, o que exige mais
crescimento.
Devido a esta criação de dinheiro formado por dívida, a maior parte do
dinheiro do mundo representa dívida com juros a serem pagos.
Sem haver novas e cada vez maiores gerações de devedores que produzam
crescimento e que assim paguem as dívidas, a economia mundial vai
colapsar.
Como um esquema em pirâmide, o sistema tem de se expandir ou morrer.
Em parte através deste sistema de dívida, os efeitos do crescimento
económico têm sido espectaculares em termos de: PIB, construção de
barragens, uso da água, consumo de fertilizantes, população urbana,
consumo de papel, veículos automóveis, comunicações e turismo.
A população mundial cresceu para 7 mil milhões, e deverá ser superior a 9 mil
milhões em 2050.
Numa Terra plana e infinita, isso não seria problema.
No entanto, como a Terra é redonda e finita, eventualmente acabaremos por
enfrentar os limites ao crescimento.
A expansão económica tem resultado em aumentos de óxido nitroso e metano na
atmosfera, destruição do ozono, o aumento da grandes inundações, danos
aos ecossistemas oceânicos, incluindo escoamento de azoto, perda da floresta
tropical e floresta, o aumento da terra cultivada, e extinção de espécies.
Se colocarmos um único grão de arroz na primeira casa de um tabuleiro de
xadrez, colocarmos o dobro disso, 2 grãos, na segunda, colocarmos o dobro
novamente 4 grãoes no terceiro, colocarmos duas vezes novamente, 8
grãos no quarto, e continuar desta forma, colocando em cada quadrado o
dobro do número de grãos que estavam no anterior, no momento em que chegar ao
quadrado final, precisamos de um número astronómico de grãos: 9 triliões, 223
mil biliões, 372 biliões, 36 mil milhões, 854 milhões, 776 mil grãos:
mais grãos do que a raça humana cultivou nos últimos 10000 anos.
As economias modernas, como os grãos no tabuleiro de xadrez, dobram a cada
poucas décadas.
Em qual quadrado do tabuleiro estamos nós?
Além da energia, a civilização exige muitos recursos essenciais: água doce,
solo, alimentos, florestas e muitos tipos de minérios e metais.
O crescimento é limitado pelo recurso que sendo essencial é o mais escaço
escasso.
Um barril é feito de aduelas, e como a água enchendo o barril, o crescimento
não pode ir mais longe do que a menor aduela, ou o recurso essencial mais
limitado.
Os seres humanos actualmente utilizam 40% de toda a actividade de
fotossíntese na Terra.
Embora possa ser possível a utilização de 80%, é pouco provável
que alguma vez usemos 160%.
ALIMENTOS.
A oferta mundial de alimentos depende fortemente dos combustíveis fósseis.
Antes da 1ª Grande Guerra, toda a agricultura era orgânica.
Na sequência da invenção de fertilizantes derivados de combustíveis
fósseis e pesticidas houve melhorias maciças na produção de alimentos,
permitindo um aumento da população humana.
Os fertilizantes artificiais alimentaram muito mais pessoas do que teria sido
possível apenas com a agricultura biológica.
Os combustíveis fósseis são necessários para equipamentos
agrícolas, transporte, refrigeração, embalagens de plástico e para cozinhar.
A agricultura moderna utiliza a terra para transformar combustíveis fósseis
em alimentos. E alimentos em pessoas.
Cerca de 7 calorias de energia em forma de combustível fóssil são usadas
para produzir 1 caloria de alimento.
Na América, o alimento viaja aproximadamente 1500 milhas (2414km) da
exploração até ao cliente.
Além de declínio dos combustíveis fósseis, existem várias ameaças ao
sistema actual de produção de alimentos: energia barata, a tecnologia
melhorou e os subsídios têm permitido capturas de peixe maciças.
A captura mundial de pescado atingiu o pico no final dos anos oitenta,
obrigando os pescadores a deslocarem-se para águas profundas.
O escoamento azotos de fertilizantes baseados em combustíveis fósseis
envenena os rios e mares e cria enormes zonas mortas.
A este ritmo, projecta-se que todas as populações de peixes entrarão em
colapso em 2048.
A chuva ácida das cidades e indústrias furta ao solo nutrientes vitais, tais
como potássio, cálcio e magnésio.
Outra ameaça é a falta de água.
Muitas explorações agrícolas utilizam água bombeada de aquíferos
subterrâneos para irrigação.
Os aquíferos necessitam de milhares de anos para se renovarem, mas podem ser
bombeados em poucas décadas, tal como os poços de petróleo.
O enorme aquífero Ogallala, da América, caiu tão baixo que muitos
agricultores tiveram que retornar aos métodos menos produtivos da agricultura
de sequeiro.
Além disso, a utilização de irrigação e fertilizantes podem levar
à salinização: a acumulação de sal no solo.
Esta é uma das principais causas de desertificação.
Ainda uma outra ameaça é a perda de solo.
200 anos atrás, havia 6 pés (1.82m) de solo sobre as pradarias americanas.
Hoje, devido ao preparo do solo e de más práticas, cerca de metade já se foi.
A irrigação incentiva o crescimento de fungos da ferrugem do caule como o UG-99
- que tem o potencial para destruir 80% da colheita mundial de cereais.
De acordo com Norman Borlaug, pai da Revolução Verde, a ferrugem do caule
"tem imenso potencial para a destruição social e humana".
O uso de biocombustíveis significa que menos terra estará disponível para a
produção de alimentos.
Uma dada área tem uma capacidade de carga finita.
Esta é o número de animais ou pessoas que podem viver lá indefinidamente.
Se uma espécie ultrapassa a capacidade de carga dessa área, ela irá morrer
até trazer a população de volta aos seus limites naturais.
O mundo tem evitado estes ajustes encontrando novas terras para cultivar
ou por aumento da produção, o que foi possível em grande parte graças ao
petróleo.
Para continuar o crescimento, são necessários mais recursos do que a
Terra pode oferecer, mas não estão disponíveis novos planetas.
Em face de todos estes desafios, a produção global de alimentos tem de
passar para o dobro até 2050 para alimentar a crescente população mundial.
Mil milhões de pessoas já estão desnutridas ou morrendo de fome.
Será um desafio alimentar mais de 9 mil milhões nos próximos anos, quando
o petróleo mundial e a produção de gás natural estiverem em declínio.
FINAL FELIZ.
A economia mundial cresce exponencialmente, a cerca de 3% ao ano,
consumindo quantidades crescentes de combustíveis não-renováveis, minerais
e metais, bem como de recursos renováveis como a água, as florestas,
os solos e os peixes mais rapidamente do que conseguem ser renovados.
Mesmo com uma taxa de crescimento de 1%, uma economia vai passar para o dobro em 70 anos.
O problema é intensificado por outros factores: a globalização permite que
as pessoas de um continente comprem bens e alimentos feitos noutro.
As linhas de abastecimento são longas, colocando pressões sobre o recurso
limitado que é petróleo.
Dependemos de países distantes para necessidades básicas.
As cidades modernas são dependentes de combustíveis fósseis.
A maioria dos sistemas bancários são baseados em dívida, forçando as
pessoas a uma espiral de empréstimos ou reembolsos - produzindo crescimento.
O que pode ser feito em face desses problemas?.
Muitos acreditam que a crise pode ser evitada através da conservação, da
tecnologia, do crescimento inteligente, da reciclagem, dos carros eléctricos e
dos híbridos, da substituição e da votação.
A conservação vai-lhe poupar dinheiro, mas por si só não vai salvar o planeta.
Se algumas pessoas cortam na utilização do petróleo, a redução
da procura fará baixar o preço, permitindo que outros o possam
comprá-lo mais barato.
Da mesma forma, um motor mais eficiente que consome menos energia vai,
paradoxalmente, levar a um uso maior de energia.
No século XIX, o economista inglês William Stanley Jevons percebeu que
melhores motores a vapor tornavam o carvão uma fonte de combustível mais
rentável, isso levou à utilização de mais motores a vapor, o que aumentou o
consumo total de carvão.
O crescimento da utilização vai consumir toda a energia ou recursos
economizados que foram através da conservação (NT: paradoxo de Jevons).
Muitos acreditam que os cientistas vão resolver estes problemas com novas
tecnologias. No entanto, a tecnologia não é energia.
A tecnologia pode transformar energia em trabalho, mas não pode substituí-lo.
Também consome recursos, por exemplo: o fabrico de um computador consome um
décimo da energia necessária para construir um carro.
Tecnologias mais avançadas podem tornar a situação pior, dado que muitas
exigem minerais raros, que também estão a aproximar-se dos limites.
Por exemplo, 97% de terras raras do mundo são produzidos na China, a
maioria a partir de uma única mina na Mongólia interior.
Esses minerais são usados em conversores catalíticos, motores de
avião, magnetos de alta eficiência, discos rígidos, baterias de carros
híbridos, lasers, raios-X portáteis, blindagem para para reactores nucleares,
discos compactos, motores de veículos híbridos, lâmpadas de baixo consumo,
fibras ópticas e monitores de ecrã plano.
A China começou a considerar restringir a exportação desses minerais, à
medida que a procura aumenta.
O chamado crescimento sustentável ou crescimento inteligente não vai
ajudar, pois também utiliza metais e minerais não renováveis em quantidades
cada vez maiores, incluindo terras raras.
A reciclagem não vai resolver o problema, uma vez que requer energia e o
processo não é 100% eficiente.
Só é possível recuperar uma fracção do material a ser reciclado; uma grande
porção é perdida para sempre como resíduo.
Os automóveis eléctricos são movidos a electricidade.
Como a maior parte da energia é gerada a partir de combustíveis fósseis, isto
não é solução.
Além disso, os carros de todos os tipos consumem petróleo na sua produção.
Cada pneu, por si só, requer cerca de 7 galões de petróleo (26.5 litros).
Há cerca de 800 milhões de carros no mundo, em 2010.
Com as taxas de crescimento actuais, este número chegaria a 2 mil milhões
em 2025.
É improvável que o planeta possa suportar este número de veículos por
muito tempo, independentemente da sua fonte de energia.
Muitos economistas acreditam que o mercado livre vai substituir uma fonte
de energia por outra através da inovação tecnológica.
No entanto os principais substitutos do petróleo enfrentam as suas próprias
taxas de declínio.
A substituição também não tem em conta o tempo necessário para preparar
uma transição.
O Relatório Hirsh do Departamento de Estado dos EUA estima que pelo menos 2
décadas seriam necessárias para nos prepararmos para os efeitos do Pico do
Petróleo.
As questões de escassez de energia, esgotamento de recursos, perda de solo e
poluição são todos sintomas de um problema único e maior: crescimento.
Enquanto o nosso sistema financeiro exigir um crescimento sem fim, e pouco
provável que a reforma tenha sucesso.
O que, então, que o futuro se parece? Os optimistas acreditam que o crescimento
continuará para sempre, sem limites.
Os pessimistas acham que estamos caminhando para uma nova Idade da Pedra,
ou extinção.
A verdade pode estar entre estes dois extremos.
É possível que a sociedade pode cair de volta para um estado mais simples,
aquele em que o consumo de energia é muito menos.
Isto significaria uma vida mais difícil para a maioria.
Mais de trabalho manual, trabalho mais fazenda, e local de produção de bens,
alimentos e serviços.
O que deve uma pessoa fazer para se preparar para um futuro possível?
Espere uma redução na disponibilidade de alimentos e bens de lugares distantes.
Comece a andar a pé ou de bicicleta.
Acostume-se a usar menos electricidade.
Sai-a da dívida.
Tente evitar os bancos.
Em vez de comprar em grandes lojas, apoie as empresas locais.
Compre alimentos cultivados localmente em mercados de agricultores.
Em vez de um relvado, considere a jardinagem para cultivar o seu próprio alimento.
Saiba como preservar alimentos.
Considere o uso de moedas locais se a economia a escalas maiores deixar de
funcionar e desenvolva uma maior auto- suficiência.
Nenhuma dessas medidas irá evitar o colapso, mas elas podem melhorar as suas
hipóteses num futuro de baixa energia no qual teremos de ser mais auto-
suficientes, como os nossos antepassados o foram em tempos.