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Esta música esplendida, a música de entrada -
"The Elephant March" de Aida - é a música que eu escolhi para o meu funeral -
(Risos)
- e vocês podem ver porquê. É triunfal.
Eu vou - Eu não sentirei nada, mas se pudesse,
eu sentiria-me triunfal por ter vivido de todo,
e por ter vivido neste planeta esplendido,
e ter-me sido dada a oportunidade de perceber
alguma coisa sobre o porquê de eu estar aqui em primeiro lugar, antes de não estar aqui.
Conseguem perceber o meu sotaque inglês peculiar?
Como toda a gente, eu ontem fiquei em transe na sessão dos animais.
Robert Full e Fran Lanting e outros -
a beldade das coisas que eles mostraram.
A única nota um pouco mais peculiar foi quando Jeffrey Katzenberg disse do mustang,
"as criaturas mais esplêndidas que Deus colocou nesta terra".
Claro que, nós sabemos que ele não quis realmente dizer aquilo,
mas neste país de momento, todo o cuidado é pouco.
(Risos)
Eu sou um biólogo, e o teorema central do nosso assunto: a teoria do design,
a teoria de evolução de Darwin por selecção natural.
Em círculos profissionais por todo o lado, é sem dúvida aceite universalmente.
Em círculos não profissionais fora da América, é largamente ignorada.
Mas em círculos não profissionais dentro da América,
levanta tanta hostilidade -
(Risos)
- que é justo dizer que os biólogos Americanos estão em estado de guerra.
A guerra é tão preocupante de momento
com casos de tribunal a surgir num e noutro estado,
que eu senti que tinha de dizer alguma coisa sobre isto.
Se vocês quiserem saber o que tenho a dizer sobre o Darwinismo em si,
tenho receio que vocês terão que dar uma vista de olhos aos meus livros,
os quais não encontrarão na livraria lá fora.
(Riso)
Os casos de tribunal existentes
geralmente respeitam a uma suposta nova versão do criacionismo,
denominada Design Inteligente ou DI.
Não se enganem. Não existe nada de novo sobre o DI.
É apenas o criacionismo com outro nome.
Rebaptizado - eu escolho a palavra com cuidado -
(Risos)
- por razões tácticas, políticas.
Os argumentos dos assim chamados teoréticos do DI
são os mesmos antigos argumentos que têm sido constantemente refutados
desde Darwin até o presente dia.
Existe um lobby de evolução eficiente
a coordenar a batalha em nome da ciência,
e eu tento fazer tudo o que possa para ajudá-los,
mas eles ficam visivelmente chateados quando pessoas como eu atrevem-se a mencionar
que nós somos ateus bem como evolucionistas.
Eles vêm-nos a agitar o barco, e vocês podem perceber porquê.
Os criacionistas sem qualquer argumento cientifico coerente para a sua causa
recuam para a fobia popular contra o ateísmo.
Ensinem às vossas crianças a evolução em aulas de biologia,
e elas em pouco tempo estarão metidas em drogas, roubo e depravação ***.
(Risos)
De facto, obviamente, teólogos com educação começando pelo papa
estão firmes no seu apoio à evolução.
Este livro, "Finding Darwin's God" por Kenneth Miller,
é um dos ataques mas efectivos ao Design Inteligente
que eu conheço, e é ainda mais eficaz
porque é escrito por um cristão devoto.
Pessoas como o Kenneth Miller podem ser chamadas enviados de deus para o lobby da evolução -
(Risos)
- porque eles expõe a mentira que o evolucionismo é, de facto,
equivalente a ateísmo.
Pessoas como eu, por outro lado, agitam o barco.
Mas aqui, quero dizer algo bom sobre os criacionistas.
Não é algo que eu faça com muita frequência, portanto escutem com atenção.
(Risos)
Eu acho que eles estão certos sobre um aspecto.
Eu acho que eles estão certos que a evolução
é fundamentalmente hostil à religião.
Eu já disse que muitos evolucionistas individuais, como o papa,
também são religiosos, mas eu acho que eles estão a iludir-se.
Eu acredito que um verdadeiro entendimento do Darwinismo
é profundamente corrosivo para a fé religiosa.
Agora, pode parecer que eu estou prestes a dar um sermão sobre ateísmo,
e eu quero reafirmar que isso não é o que irei fazer.
Numa audiência tão sofisticada como aquela - como esta -
isso seria como dar a missa ao papa.
Não, o que quero encorajar em vocês -
(Risos)
- em vez disso o que quero encorajar em vocês é ateísmo militante.
(Risos)
(Aplauso)
Mas isso é colocá-lo de forma demasiado negativo.
Se eu quisesse - se eu fosse uma pessoa que estivesse interessada em preservar fé religiosa,
eu estaria com muito medo do poder positivo da ciência evolucionária,
e de qualquer ciência no geral, mas da evolução em particular,
por inspirar e captivar, precisamente porque é ateística.
Agora, o problema dificil para qualquer teoria biológica de design
é explicar a enorme improbabilidade estatistica dos seres vivos.
Improbabilidade estatistica na direcção do bom design -
complexidade é outra palavra para isto.
O argumento standard do criacionismo - só existe um, eles reduzem-no a este -
parte de uma improbabilidade estatistica.
Os seres vivos são demasiado complexos para terem surgido por mera sorte;
portanto eles tiveram que ter um designer.
Este argumento obviamente, dá um tiro no pé.
Qualquer designer capaz de desenhar algo tão complexo
ele próprio tem de ser ainda mais complexo, e isso antes de nós sequer começarmos
nas outras coisas que ele é esperado que faça,
como perdoar pecados, abençoar casamentos, ouvir orações -
- favorecer o nosso lado numa guerra -
(Risos)
- desaprovar das nossas vidas sexuais e por aí fora.
(Risos)
A complexidade é o problema que qualquer teoria de biologia tem de resolver,
e não se consegue resolver ao postular um agente que é ainda mais complexo,
portanto simplesmente complicando o problema.
A selecção natural Darwiniana é tão impressionantemente elegante
porque resolve o problema de explicar a complexidade
em nenhuns outros termos senão simples.
Essencialmente, ela fá-lo ao fornecer uma suave rampa
de incrementos passo-a-passo.
Mas aqui, eu só quero fazer o reparo
que a elegância do Darwinismo é corrosiva à religião
precisamente porque é tão elegante, tão parcimoniosa, tão poderosa,
tão economicamente poderosa.
Tem a poderosa economia de uma bela ponte suspensa.
A teoria de Deus não é apenas uma má teoria.
Acaba por ser, em principio, incapaz de fazer o trabalho que lhe foi requerido.
Portanto, voltando às tácticas e ao lobby evolucionista,
eu quero argumentar de que agitar o barco pode muito bem ser a coisa certa de se fazer.
A minha maneira de atacar o criacionismo é diferente da do lobby evolucionista.
A minha maneira de atacar o criacionismo é atacando a religião como um todo,
e neste ponto tenho que reconhecer o notável tabu
contra falar mal da religião,
e vou fazê-lo nas palavras do falecido Douglas Adams,
um querido amigo que, se nunca veio ao TED,
certamente deveria ter sido convidado.
(Richar Saul Wurman: Ele foi.)
Richard Dawkins: Ele foi. Ainda bem. Eu pensava que ele deveria ter sido.
Ele começa esta conversa que foi gravada em Cambridge
pouco antes de ele morrer.
Ele começa por explicar como a ciência funciona através da experimentação de hipóteses
que estão formadas para serem vulneráveis à refutação, e depois ele continua.
Eu cito, "A religião parece que não funciona dessa forma.
Tem certas ideias no seu núcleo, que nós chamamos sagradas ou divinas.
O que significa é que aqui está uma ideia ou noção
que tu não estás autorizado a dizer algo de mal sobre a mesma.
Simplesmente não estás. Porque não? Porque não estás.
(Risos)
Porque é que pode ser perfeitamente legitimo apoiar os Republicanos ou os Democratas,
este modelo de economia contra aquele, Macintosh em vez de Windows,
mas ter uma opnião sobre como o universo começou,
sobre quem criou o universo - não, isso é sagrado.
Portanto, nós estamos habituados a não desafiar as ideias religiosas
e é muito interessante o furor que o Richard cria
quando o faz" Ele referia-se a mim, não aquele.
"Toda a gente fica absolutamente excitada com isso,
porque não estamos autorizados a dizer estas coisas, no entanto quando olhamos para elas racionalmente
não existe razão para que essas ideias não possam estar tão abertas ao debate
como qualquer outra, excepto de que nós de qualquer forma acordámos entre nós
que elas não deveriam ser," e este é o fim da citação de Douglas.
No meu ponto de vista, não só é a ciência corrosiva à religião,
a religião é corrosiva à ciência.
Ensina as pessoas a ficarem satisfeitas com o trivial, com as não-explicações supernaturais
e cega-as para as maravilhosas explicações reais que temos ao nosso alcance.
Ensina-as a aceitarem a autoridade, a revelação e a fé
em vez de insistirem sempre em evidência.
Ali está o Douglas Adams, magnifica foto do seu livro, "Last Chance to See."
Agora, existe um tipico jornal cientifico, A revisão quadrimestral de biologia.
E eu vou compôr, como um editor convidado,
um artigo especial sobre a questão, "Terá sido um asteróide que matou os dinossauros?"
E o primeiro artigo é um artigo cientifico standard
que apresenta evidência, "camada de Iridio na região K-T,
cratera no Iucatã datada por Potássio-Árgon,
indica que um asteróide matou os dinossauros."
Um artigo cientifico perfeitamente comum.
Agora, o próximo, "O Presidente da Royal Society
foi agraciado com uma forte convicção" - (Risos) -
"... que foi um asteróide que matou os dinossauros."
(Risos)
"Foi revelado em privado ao Professor Huxtane
que um asteróide matou os dinossauros."
(Risos)
"O Professor Hordley foi convencido
de ter uma total e inquestionável fé" -
(Risos)
"... que um asteróide matou os dinossauros."
"O Professor Hawkins promolgou um dogma oficial
respeitante a todos os leais Hawkinianos
que um asteróide matou os dinossauros."
(Risos)
Isso é inconcebivel obviamente.
Mas suponham -
(Aplauso)
- em 1987, um repórter perguntou ao George Bush, Sr.
se ele reconhecia a cidadania e o patriotismo
de Americanos que eram ateus.
A resposta do Mr.Bush tornou-se infame.
"Não, não acho que ateus devam ser consideradas cidadãos,
nem eles devem ser considerados patriotas.
Esta é uma nação sobre Deus."
A intolerância de Bush não foi um erro isolado,
que saiu no calor do momento, e depois retirado.
Ele manteve-o face a repetidos pedidos de esclarecimento ou retiro.
Ele realmente queria dizer aquilo.
Mais em conta, ele sabia que não constituía nenhuma ameaça pra a sua eleição, muito pelo contrário.
Democratas bem como Republicanos mostram a sua religiosidade
se eles querem ser eleitos. Ambos os partidos invocam uma nação sobre Deus.
O que teria dito Thomas Jeffernson?
Incidentalmente, eu normalmente não tenho muito orgulho em ser britânico
mas não se pode resistir a fazer a comparação.
(Aplauso)
Na prática, o que é um ateu?
Um ateu é apenas alguém que sente sobre Jeová (Javé)
o mesmo que qualquer cristão decente sente sobre Thor ou Baal ou o bezerro de ouro.
Como foi dito antes, nós somos todos ateus relativamente à maior parte dos deuses
que a humanidade alguma vez acreditou. Alguns de nós apenas vamos um deus mais longe.
(Risos)
(Aplauso)
E seja de que forma nós definirmos o ateísmo, é certamente o tipo de convicção académica
que uma pessoa está no direito de ter sem ser difamada
como uma não-patriótica, inilegível não-cidadã.
Seja como fôr, é um facto inegável que para se apresentar como sendo ateu
é equivalente a introduzir-se como Mr.Hitler ou Miss Belzebu.
E isso deriva da percepção dos ateus
como sendo uma espécie de minoria estranha e exótica.
A Natalie Angier escrever uma triste peça no New Yorker,
a dizer o quão sozinha ela se sentia como uma atéia.
Ela claramente sente-se numa minoria ridicularizada,
mas actualmente, como é que os ateus americanos se acumulam numericamente?
A última sondagem leva a uma leitura surpreendente e encorajante.
Cristianismo, obviamente, leva uma fatia de leão
da população, com quase 160 milhões.
Mas qual vocês pensariam que seria o segundo maior grupo?
Convincentemente ultrapassando os Judeus com 2.8 milhões, Muçulmanos com 1.1 milhões,
e Hindus, Budistas e todas as outras religiões juntas?
O segundo maior grupo, de quase 30 milhões,
é aquele descrito como não-religioso ou secular.
Alguém náo consegue não imaginar poque é que os politicos à procura de votos
estão tão normalmente intimidados com o poder do, por exemplo, lobby judeu.
O estado de Israel parece dever a sua existência
ao voto americano judeu, enquanto ao mesmo tempo
condenando os não-religiosos à inexistência politica
Este voto secular não religioso, se devidamente mobilizado,
é nove vezes mais numeroso que o voto judeu.
Porque é que esta minoria substancialmente maior
não age para exercer o seu músculo politico?
Bem, tudo dito sobre a quantidade. E sobre a qualidade?
Existe alguma correlação, positiva ou negativa,
entre a inteligência e a tendência para ser religioso?
(Risos)
A sondagem que eu citei, que é a sondagem do ARIS,
não dividiu os seus dados por classe sócio-económica ou educação,
QI ou seja o que fôr.
Mas um artigo recente por Paul G. Bell na revista Mensa
fornece algumas pistas do futuro.
Mensa, como vocês sabem, é uma organização internacional
para pessoas com um QI muito elevado.
E de uma meta-análise da literatura,
o Bell conclude que, eu cito, "De 43 estudos levados a cabo desde 1927
na relação entre fé religiosa e a inteligência de alguém ou nivel educacional,
todos excepto quatro encontraram uma ligação inversa.
Isso é, quanto mais alto a inteligência de alguém ou nivel educacional,
menos hipótese existe de ser religioso."
Bem, eu não vi os 43 estudos originais e eu não posso comentar essa meta-análise
mas gostaria de ver mais estudos por essas linhas.
E eu sei que existem, se eu pudesse meter aqui uma pequena cunha,
existem pessoas nesta audiência
facilmente capazes de financiar uma pesquisa massiva para assentar a questão,
e eu coloco a sugestão - para aquilo que vale.
Mas deixem-me mostrar-vos alguns dados
que foram devidamente publicados e analisados
num grupo especial, nomeadamente, cientistas de topo
Em 1998, Larson e Witham
sondaram a nata dos cientistas americanos
aqueles que tinham sido distintos por eleição para a Academia Nacional de Ciências,
e entre este grupo selectivo,
fé num Deus pessoal desceu para uns impressionantes sete por cento.
Cerca de 20 por cento são agnósticos, e o resto podem ser justamente chamados ateus.
Semelhantes figuras foram obtidas por fé em imortalidade.
Entre cientistas biológicos, os números são ainda menores,
apenas 5.5 por cento, acredita em Deus. Cientistas fisicos; é 7.5 por cento.
Eu não vi números correspondentes para estudiosos de topo
em outras áreas, como história ou filosofia,
mas ficaria surpreendido se fossem diferentes.
Portanto, chegámos a uma situação notável,
um desarranjo grotesco entre a classe inteligente americana
e o eleitorado americano.
Uma opinião filosófica sobre a natureza do universo,
que é aceite pela grande maioria dos cientistas americanos de topo
e provavelmente a maioria da classe inteligente no seu geral,
é tão repugnante ao eleitorado americano
que nenhum candidato para eleição popular arrisca afirmá-lo em público.
Se estou correcto, isto significa que o cargo politico
no país mais importante do mundo
está barrado precisamente às pessoas melhor qualificadas para o exercer, a classe inteligente,
a menos que eles estejam preparados para mentir acerca das suas convicções.
Posto de forma rude, as oportunidades politicas americanas
estão fortemente carregadas contra aqueles
que são simultaneamente inteligentes e honestos.
(Aplauso)
Eu não sou um cidadão deste país, portanto espero que não seja desapropriado
se eu sugerir que algo tem de ser feito.
(Risos)
E eu já dei uma pista sobre o que é esse algo.
Do que tenho visto do TED, eu acho que este pode ser o sitio ideal para lançá-lo.
Mais uma vez, eu receio que custará dinheiro.
Nós precisamos de uma campanha de exposição
e elevação de consciência para ateus americanos.
(Risos)
Isto pode ser semelhante à campanha organizada por homosexuais
alguns anos atrás,
apesar de nós não forçarmos a exposição
de pessoas contra a sua vontade.
Na maior parte dos casos, pessoas que se expõem
ajudarão a destruir o mito de que existe alguma coisa de errado com os ateus.
Pelo contrário,
eles irão demonstrar que os ateus são normalmente aqueles tipos de pessoa
que podem servir como um bom exemplo a seguir para os seus filhos.
O tipo de pessoas que um publicitário poderia usar para recomendar um produto.
O tipo de pessoas que está sentada nesta sala.
Deve existir um efeito bola-de-neve, uma resposta positiva,
tal que quantos mais nomes tivermos, mais iremos ter.
Podem existir não linearidades, efeitos de limiar.
Quando uma *** critica tiver sido atingida,
existe uma aceleração abrupta no recrutamento.
E mais uma vezes, será preciso dinheiro.
Eu suspeito que a palavra "ateu" em si
contém ou ainda é um obstáculo
completamente desproporcionado do que o que realmente significa, e um obstáculo para pessoas
que de outra forma poderiam estar felizes por se exporem.
Portanto, que outras palavras podem ser usadas para alisar o caminho,
olear as rodas, mais doce? O próprio Darwin preferia agnóstico -
e não só por lealdade ao seu amigo Huxley, que inventou o termo.
Darwin disse, "Eu nunca fui um ateu
no mesmo sentido de negar a existência de um Deus.
Eu acho que geralmente um agnóstico
seria a descrição mais correcta da minha atitude."
Ele até tornou-se irritado com Edward Aveling.
Aveling era um militante ateu
que falhou em persuadir Darwin
a aceitar a dedicação do seu livro ao ateísmo -
incidentalmente, fazendo surgir o fascinante mito
de que Karl Marx tentou dedicar "Das Kapital" a Darwin,
o que não fez. Na verdade foi Edward Aveling.
O que aconteceu foi que a senhora de Aveling era a filha de Marx,
e quando ambos Darwin e Marx estavam mortos,
os artigos do Marx confundiram-se com os dos Aveling
e uma letra de Darwin que dizia, "Meu querido senhor, muito obrigado
mas não quero que dedique o seu livro a mim,"
foi incorrectamente suposto que seria endereçado a Marx,
e isso fez surgir todo este mito, que provavelmente já ouviram.
É uma espécie de mito urbano,
que Marx tentou dedicar o Kapital a Darwin.
De qualquer forma, foi Aveling, e quando eles se conheceram, Darwin desafiou Aveling,
"Porque é que denominam-se ateus?"
"Agnóstico," retorquiu Aveling, "era simplesmente ateu respeitável,
e ateu era simplesmente agnóstico agressivo."
Darwin reclamou, "Mas porque é que têm de ser tão agressivos?"
Darwin pensou que o ateísmo poderia ser bom para a classe inteligente,
mas as pessoas comuns não estavam, citando, "preparadas para isso."
Que é, obviamente, o nosso velho amigo, o argumento "não agitem o barco."
Não está registado se Aveling disse a Darwin para desmontar do seu cavalo.
(Risos)
De qualquer forma, isso foi há mais de 100 anos atrás.
Vocês pensam que nós poderemos ter crescido desde então.
Agora, um amigo inteligente, um outrora Judeu,
que incidentalmente observou o sabat
por razões de solidariedade cultural,
descreve-se como "agnóstico da fada dos dentes."
Ela não se denomina ateu
porque é, em principio, impossivel provar a negativa
mas agnóstico sugere que a existência de Deus
estava portanto em termos iguais de acontecimento quanto á sua não-existência.
Portanto, o meu amigo é estritamente agnóstico em relação à fada dos dentes,
mas não é muito provável pois não? Como Deus.
Daí a frase, "agnóstico da fada dos dentes,"
mas o Bertrand Russel fez o mesmo reparo
usando um bule de chá hipotético em órbita em Marte.
Vocês teriam que ser estritamente agnósticos
quanto ao facto de existir um bule de chá em órbita em Marte
mas isso não significa que vocês encarem a sua existência
tão firme como a sua não existência.
A lista de coisas sobre as quais temos quer ser estritamente agnósticos
não pára nas fadas dos dentes e bules de chá. É infinita.
Se vocês querem acreditar numa delas em particular,
unicórnios ou fadas dos dentes ou bules de chá ou Jeová,
a responsabilidade está em vocês para dizerem porquê.
A responsabilidade não está no resto de nós para dizer porque não.
Nós, que somos ateus, somos também a-fadas dos dentes e a-bules de chá.
(Risos)
Mas não nos incomodamos em dizer tal coisa,
e isto é o porquê do meu amigo usar agnóstico da fada dos dentes
como um rótulo para o que a maior parte das pessoas chamaria ateu.
De qualquer forma, se nós queremos atrair ateus profundos para se exporem publicamente
nós teremos que encontrar algo melhor
para colocar no nosso rótulo do que agnóstico de fada dos dentes ou bule de chá.
Portanto, que tal humanista?
Isto tem a vantagem de uma rede mundial de associações bem organizadas
e jornais e coisas já no seu lugar.
O meu problema com isso é o seu aparente antropocentrismo.
Uma das coisas que aprendemos com Darwin
é que a espécie humana é apenas uma
entre milhões de primos, alguns chegados, outros distantes.
E existem outras possibilidades como naturalista.
Mas também tem problemas de confusão,
porque Darwin teria pensado que naturalista,
naturalista significa, obviamente, o oposto de supernaturalista.
E é usado algumas vezes.
Darwin teria ficado confuso pelo outro sentido de naturalista,
o qual ele estava, obviamente, e eu suponho que existiram outros
que o confundiram com nudismo.
(Risos)
Tais pessoas poderiam ser aqueles pertencentes ao bando britânico de linchamento
que o ano passado atacou um pediatra confundindo-o com um pedófilo.
(Risos)
Eu acho que a melhor das existentes alternativas para ateu é simplesmente não-teísta.
Falta-lhe a forte conotação de que definitivamente não existe Deus,
e portanto pode facilmente ser empregue por agnóstico do bule de chá ou da fada dos dentes.
É completamente compativel com o Deus dos fisicos.
Quando pessoas como - quando ateus
como Stephen Hawking e Albert Einstein utilizaram a palavra "Deus,"
utilizaram-na obviamente metaforicamente
para aquela profunda, misteriosa parte da fisica que ainda não compreendemos.
Não-teísta servirá para tudo isto, no entanto ao contrário de ateu,
não tem as mesmas respostas fóbicas, histéricas.
Mas eu acho que, actualmente, a alternativa
é aguentarmo-nos ao incómodo da palavra ateísmo em si,
precisamente porque é uma palavra tabu
que carrega a excitação da fobia histérica.
A *** critica pode ser mais dificil de alcançar com a palavra ateu
do que com a não-teísta,
ou outra palavra para não confrontar.
Mas se nós conseguirmos alcançá-la com essa terrivel palavra, ateu, em si,
o impacto politico seria ainda maior.
Eu disse que se fosse religioso, eu teria muito medo da evolução. Eu vou mais além.
Eu teria medo da ciência no geral se propriamente entendida.
E isto é porque a visão mundial cientifica
é muito mais excitante, mais poética,
mais repleta de puro espanto do que qualquer outra coisa
existente nos pobres e decadentes arsenais da imaginação religiosa.
Como Carl Sagan, outro herói que faleceu recentemente, colocou,
"Como é que pode ser que nenhuma das grandes religiões olhou para a ciência
e concluiu, 'Isto é melhor do que nós pensávamos!
O universo é muito maior do que o nosso profeta disse,
mais grandioso, mais subtil, mais elegante'? Em vez disso eles dizem, 'Não, não, não!
O meu deus é um deus pequeno, e eu quero que ele continue assim.'
Uma religião, velha ou nova,
que denotasse a magnificência do universo
como foi revelado pela ciência moderna
poderia ser capaz de evocar reverência e admiração
dificilmente tocadas pela fé convencional."
Agora, isto é uma audiência de elite,
e eu espero portanto que cerca de 10 por cento de vocês são religiosos.
Muitos de vocês provavelmente apoiam a nossa convicção cultural de que devemos respeitar a religião,
mas eu também suspeito que um bom número desses
secretamente desgosta da religião tanto como eu.
(Riso)
Se é um desses, e claro que muitos de vocês podem não ser,
mas se é um desses, eu estou a pedi-lo para deixar de ser educado,
expôr-se e afirmar como tal, e se porventura fôr rico,
pense em formas em que poderia fazer a diferença.
O lobby religioso neste país
é massivamente financiado por fundações, não dizendo nada quanto a todos os beneficios fiscais,
por fundações como a Fundação Templeton e o Instituto Discovery.
Nós precisamos de uma anti-Templeton que se chegue à frente.
Se os meus livros vendessem tão bem como os do Stephen Hawking,
em vez de serem apenas os livros do Richard Dawkins, eu faria-o.
As pessoas estão sempre a perguntar sobre, "De que forma o 11 de Setembro mudou-o?"
Bem, aqui está como me mudou.
Vamos todos parar de ser tão extremamente educados.
Muito obrigado.
(Aplauso)