Tip:
Highlight text to annotate it
X
"...nas próximas crónicas o tema mais uma vez vai ser o amor... desta feita socorri-me de um texto de Dom Miguel Ruiz, com o título 'O Homem que não acreditava no amor'... hoje
a primeira parte... ou se quiser o primeiro de quatro capítulos de 'O Homem que não
acreditava no amor'... e começa assim: «Era uma vez um homem que não acreditava
no amor... ele era uma pessoa comum, como você e eu, mas o seu modo de pensar tornava-o
diferente... o homem achava que o amor não existia.
Ele teve muitas experiências, para ver se conseguia encontrar o amor... observou as
pessoas que o cercavam... e passou a maior parte da vida a procurar o amor... para por
fim descobrir que era algo que não existia. Aonde quer que esse homem fosse, dizia às
pessoas que o amor não passava de uma invenção dos poetas... uma mentira que os religiosos
contavam para manipular a mente fraca dos humanos, forçando-os a acreditar para os
controlar... dizia que o amor não é real, que nenhum ser humano poderia encontrá-lo,
mesmo que passasse a vida inteira a procura-lo. Esse homem era extremamente inteligente e
muito convincente... lia muitos livros, frequentara as melhores universidades, era um erudito
respeitado... podia falar em público, diante de qualquer tipo de plateia, sempre com lógica
irrefutável... dizia que o amor é uma espécie de droga, que provoca euforia e cria forte
dependência... que uma pessoa pode viciar-se em amor e começar a necessitar de doses diárias,
como os dependentes de qualquer outra droga. Costumava afirmar que o relacionamento dos
amantes é igual ao relacionamento entre um viciado e a pessoa que lhe fornece a droga...
o que tem mais necessidade de amor é o viciado, o que tem menos, é o fornecedor.
Aquele, que de entre os dois que tiver menos necessidade, é o que controla todo o relacionamento...
dizia ele que é possível ver isso com clareza num relacionamento, porque quase sempre há
um que ama sem reservas, e outro que não ama, que apenas tira vantagem daquele que
lhe entrega o seu coração... e que isso é possível ver pelo modo como os dois se
manipulam... como agem e reagem, que por isso são iguais ao fornecedor de uma droga e ao
viciado. O viciado, aquele que tem mais necessidade,
vive com medo de não conseguir receber a próxima dose de amor, ou seja, da droga...
e pensa: 'O que vou fazer, se ele (ela) me deixar?' O medo torna o viciado extremamente
possessivo... 'Ele é meu!' O medo de não receber a próxima dose torna-o ciumento e
exigente... o fornecedor pode controlar e manipular aquele que necessita da droga, dando-lhe
mais doses, menos doses, ou nenhuma dose. O que necessita da droga submete-se completamente
e faz tudo o que pode para não ser abandonado. O homem ainda dizia muito mais, quando explicava
por que achava que o amor não existia... declarava que aquilo que os humanos chamam
de amor é apenas um relacionamento de medo baseado no controle...'Onde está o respeito?
Onde está o amor que afirmam sentir? Não há amor'.
Dois jovens, diante de um representante de Deus, diante de suas famílias e de seus amigos,
fazem uma porção de promessas um ao outro: que vão viver juntos para sempre, que vão
amar-se e respeitar-se mutuamente, que estarão um ao lado do outro nos bons e nos maus momentos,
que vão se amar e se honrar... promessas e mais promessas... mas o mais espantoso é
que eles realmente acreditam que vão cumpri-las... mas após o casamento — uma semana, um mês,
alguns meses depois — fica claro que nenhuma das promessas foi cumprida.»
"...por hoje não há tempo para mais, o 2º capítulo de "O homem que não acreditava
no amor..." continua na próxima semana com mais desenvolvimentos, espero pois por vocês
na próxima sexta-feira aqui mesmo e desejo tudo de bom..."
Crónica nº 120 de 27 de Setembro de 2013
O HOMEM QUE NÃO ACREDITAVA NO AMOR - II "...na crónica de hoje o 2º capítulo de
'O homem que não acreditava no amor'... no capítulo anterior chegámos ao casamento...
e continua assim: «O que se vê por esta altura é uma guerra
pelo comando, para ver quem manipula quem... quem será o fornecedor, e quem será o viciado?
Alguns meses depois, o respeito que prometeram ter um pelo outro... desapareceu... surgiu
o ressentimento... o veneno emocional, e ambos ferem-se reciprocamente... pouco a pouco e
cada vez mais... até que eles acabam por não saber quando o amor acabou.
Permanecem juntos porque têm medo de ficar sozinhos... porque têm medo da opinião e
do julgamento dos outros... medo de sua própria opinião e do seu próprio julgamento, mas,
onde está o amor? O homem costumava dizer que via muitos velhos
casais, unidos havia trinta, quarenta, cinquenta anos, que tinham orgulho de estar juntos durante
tanto tempo... mas, quando falavam a respeito do seu relacionamento, diziam: 'Sobrevivemos
ao matrimônio'. Isso significa que um deles submeteu-se ao outro... a certa altura, ela
(ou ele) desistiu e decidiu suportar o sofrimento... o que teve vontade mais forte e menos necessidade,
venceu a guerra. Mas onde está aquela chama a que deram o
nome de amor? Um trata o outro como se fosse propriedade sua. "Ela é minha", "Ele é meu".
O homem mostrava mais e mais razões que o haviam levado a acreditar que o amor não
existe... dizia: "Eu já passei por tudo isso... nunca mais permitirei que outra pessoa manipule
a minha mente e controle a minha vida em nome do amor".
Os seus argumentos eram bastante lógicos, e com as suas palavras ele convenceu muitas
pessoas de que 'O amor não existe'. Então, um dia, esse homem andava num parque,
quando viu uma linda mulher a chorar sentada num banco. Ficou curioso, e quis saber por
que motivo ela chorava... sentando-se a seu lado, perguntou-lhe por que ela estava a chorar
e se podia ajudá-la... imaginem qual foi a surpresa dele, quando a mulher respondeu
que chorava porque o amor não existia, — Mas isso é espantoso! — o homem exclamou.
— Uma mulher que não acredita no amor? E, claro, quis descobrir mais coisas a respeito
dela — Por que acha que o amor não existe? — perguntou.
— É uma longa história — respondeu ela: - Casei-me muito jovem, cheia de amor, cheia
de ilusões, com a esperança de passar a minha vida inteira com aquele homem... juramos
lealdade um ao outro, juramos que nos respeitaríamos, que honraríamos nossa união e que formaríamos
uma família... mas logo tudo mudou... eu era uma esposa dedicada, que cuidava da casa
e dos filhos... o meu marido continuou a progredir na sua carreira... o seu sucesso e a imagem
que mostrava fora de casa... eram para ele mais importantes do que a família.
Perdemos o respeito um pelo outro... nós magoávamos-nos mutuamente, e um dia descobri
que não o amava e que ele também não me amava... mas as crianças precisavam de um
pai, e essa foi minha desculpa para ficar e fazer tudo o que pudesse para lhe dar apoio.»
"...o 'Homem que não acreditava no amor', vai voltar daqui a oito dias... com o terceiro
capítulo e com mais novidades, conto consigo, entretanto despeço-me dos ouvintes da forma
habitual... desejo tudo de bom..."
Crónica nº 121 de 4 de Outubro de 2013
O HOMEM QUE NÃO ACREDITAVA NO AMOR - III "...e na crónica de hoje... a continuação
de 'O homem que não acreditava no amor'... o terceiro capítulo..."
«Falava então a mulher: -Agora, os meus filhos cresceram e saíram de casa... não
tenho mais nenhuma desculpa para ficar com ele... não existe respeito nem gentileza
no nosso relacionamento... sei que, mesmo que eu encontre outra pessoa, vai ser tudo
igual porque o amor não existe... não faz sentido procurar por algo que não existe...
é por isso que estou a chorar. Compreendendo-a muito bem, disse o homem e
abraçou-a: - Tem razão, o amor não existe... procuramos por ele, abrimos o coração e
tornamo-nos fracos, para no fim encontrarmos apenas egoísmo... isso fere-nos, mesmo que
achemos que não vamos ser feridos... não importa o número de relacionamentos que possamos
ter, a mesma coisa acontece sempre... porque será que ainda continuamos a procurar o amor?
Os dois eram tão parecidos, que se tornaram grandes amigos... tinham um relacionamento
maravilhoso... respeitavam-se, um nunca humilhava o outro... ficavam mais felizes a cada passo
que davam juntos... entre eles não havia ciúme nem inveja, nenhum dos dois queria
assumir o comando, nenhum deles era possessivo... e o relacionamento continuou a crescer...
eles adoravam estar juntos, porque se divertiam sempre muito e quando estavam separados sentiam
a falta um do outro. Assim... um dia o homem encontrava-se fora
da cidade, quando teve a mais esquisita das ideias.
'Talvez o que eu sinta por ela seja amor... mas isto é muito diferente de qualquer outra
coisa que já senti... não é o que os poetas dizem, assim como não é o que as religiões
pregam... porque eu não sou responsável por ela... não tiro nada dela, não sinto
necessidade de que ela cuide de mim... não preciso culpá-la pelas minhas dificuldades,
nem contar-lhe os meus dramas. O tempo que passamos juntos é maravilhoso,
gostamos um do outro... respeito o que ela pensa, e o que ela sente... ela não me envergonha,
não me aborrece... não sinto ciúmes, quando ela está com outras pessoas não tenho inveja,
nem quando a vejo ter sucesso em alguma coisa... por isso talvez o amor exista, mas não é
aquilo que toda a gente pensa que é'. O homem mal pôde esperar pelo momento de
voltar para a cidade e falar com a mulher para lhe expor a ideia esquisita que tivera...
assim que ele começou a falar, ela disse: - Sei exatamente do que é que você está
a falar... tive a mesma ideia há bastante tempo atrás, mas não lhe quis contar, porque
sei que você não acredita no amor... talvez o amor exista mas pode não ser aquilo que
pensamos que é. Decidiram então tornar-se amantes e morar
juntos e, de maneira admirável, as coisas não mudaram... os dois continuaram a respeitar-se,
a dar apoio um ao outro, e o amor continuou a crescer... até as coisas mais simples faziam
seus corações vibrar cheios de amor, por causa da grande felicidade em que viviam.
O coração do homem estava tão repleto de amor que, uma noite, um grande milagre aconteceu...
ele olhava as estrelas e encontrou uma que era a mais bela de todas.»
"...acaba por aqui o terceiro capítulo de 'O homem que não acreditava no amor'... a
conclusão e o epílogo deste conto fica marcado para a próxima semana, não perca pois o
final deste folhetim, que ainda reserva muitas surpresas... daqui a oito dias neste mesmo
horário, eu por mim despeço-me desejando aos ouvintes tudo de bom..."
Crónica nº 122 de 18 de Outubro de 2013
O HOMEM QUE NÃO ACREDITAVA NO AMOR - IV "...'O homem que não acreditava no amor'...
chega hoje ao seu final... para hoje o epílogo desta história... e as conclusões finais...
no capítulo anterior ficámos no momento em que o homem que não acreditava no amor
olhava as estrelas e encontrou uma que era a mais bela de todas..."
«O seu amor era tão imenso, que a estrela começou a descer do céu e logo estava aninhada
nas suas mãos... então, um outro milagre aconteceu, e a alma do homem uniu-se à estrela...
ele estava imensamente feliz e foi procurar a mulher o mais depressa possível para depositar
a estrela nas mãos dela, para assim lhe provar o seu amor... mas assim que recebeu a estrela
nas mãos, a mulher experimentou um momento de dúvida... aquele amor era grande demais,
era avassalador. Naquele instante, a estrela caiu das mãos
dela e estilhaçou-se num milhão de pedacinhos... agora um velho anda pelo mundo, jurando que
o amor não existe... e uma velha bonita permanece em casa, esperando por ele, derramando lágrimas
pelo paraíso que um dia teve nas mãos e perdeu por causa de um momento de dúvida.»
"...esta é a história do homem que não acreditava no amor... quem foi que errou?
Você gostava de descobrir qual foi a falha? ... o erro foi do homem, que pensou que poderia
passar a sua felicidade para a mulher... a estrela era a sua felicidade, e ele errou,
quando a colocou nas mãos dela..." "...a felicidade nunca vem de fora de nós...
o homem era feliz por causa do amor que saía dele, e a mulher era feliz por causa do amor
que saía dela... mas no momento em que ele a tornou responsável pela sua felicidade,
ela deixou cair a estrela, quebrando-a, porque não podia responsabilizar-se pela felicidade
dele..." "...por mais que a mulher o amasse, jamais
poderia fazê-lo feliz, porque nunca saberia o que se passava na mente dele... nunca saberia
quais eram as expectativas do homem, porque não poderia conhecer os sonhos dele..."
"...se você pegar a sua felicidade e a colocar nas mãos de outra pessoa... mais cedo ou
mais tarde será estilhaçada... lembre-se sempre que... se der sua felicidade a alguém...
você a perderá... então se a felicidade só pode vir de dentro de nós, sendo resultado
de nosso amor... nós somos os únicos responsáveis por ela... nunca podemos tornar outra pessoa
responsável pela nossa felicidade, mas quando os noivos vão à igreja para casar, a primeira
coisa que fazem é trocar alianças..." "...cada um está a colocar a sua felicidades
nas mãos do outro, à espera de dar e receber felicidade... por mais intenso que seja o
seu amor por alguém, você nunca será o que esse alguém quer que você seja... esse
é o erro que a maioria de nós cometemos... logo no início de uma relação ao baseamos
a nossa felicidade nos nossos parceiros, e não é assim que as coisas funcionam... pois
fazemos uma porção de promessas que mais tarde ou mais cedo não podemos cumprir..."
"...fica por aqui 'O homem que não creditava no amor"... que tem como ensinamento que não
podemos fazer depender a nossa felicidade daquilo que recebemos do exterior a nós,
quer seja dos nossos parceiros, familiares, etc., mas sim daquilo que temos no nosso interior...
temos pois em primeiro lugar de nos sentir bem com nós mesmos para que depois esse bem-estar
possa atrair para nós as pessoas que estão na mesma vibração que a nossa..."
"...espero que tenham gostado de 'O homem que não acreditava no amor... para a semana
outros temas, eu espero por vocês e desejo tudo de bom..."