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Tradução: zecarlos cpturbo.org
O glorioso verão de 2006.
Alto astral, dia após dia de céu azul e sol por toda parte da Inglaterra.
Um ano depois, e uma história diferente.
As maiores chuvas de verão, desde que os registros começaram.
Então, essas mudanças súbitas do tempo são aberrações
ou parte de um padrão emergente?
É culpa do aquecimento global?
A resposta está a cerca de nove quilômetros de nós.
Aqui há uma força tão poderosa,
que produz um dos mais destrutivos climas do planeta.
Tempestades, tornados, até mesmo incêndios florestais.
É conhecida como a corrente do jato,
um rio de vento de alta velocidade que circula a Terra.
Os cientistas agora acreditam que a corrente do jato está se desviando.
Está mudando nosso clima,
e impõe um desafio que afeta a todos nós.
O que vai acontecer ao jato?
O que será do nosso clima e o que temos que fazer para nos adaptar?
Este é o problema importante número um para a humanidade.
A CORRENTE DO JATO E NÓS
A corrente do jato foi encontrada pela primeira vez, há 60 anos atrás.
Não por meteorologistas, mas por pilotos de bombardeiros da Segunda Guerra Mundial .
Os americanos tinham desenvolvido o lendário B-29,
o primeiro bombardeiro pesado projetado
para viajar à grande altitude de 9 mil metros.
Era o maior e o melhor.
Espaçoso, pressurizado, aquecido e com radar a bordo,
e capaz de bombardear com precisão de uma altitude de 9.500 metros.
Ou era assim que eles pensavam.
A razão para projetar um avião
que voasse tão alto,
era que você podia voar acima do fogo anti-aéreo.
Você também podia ficar tão alto,
que os caças não conseguiam efetivamente perseguí-lo
e eles não podiam acompanhá-lo por muito tempo,
porque gastava-se muita gasolina
para eles voarem nessas altitudes.
Com esta vantagem da altura,
o B-29 foi planejado para desferir o golpe decisivo
na guerra contra o ***ão, até que a natureza se atravessou no caminho.
O Tenente David Braden era navegador em um dos aviões.
Na frente da "estufa" (visor de vidro) fica a mira Norden.
Foi inventado por este camarada, Norden,
que realmente era um gênio no assunto.
A mira Norden era ultra-secreta e era a melhor.
Utilizava a mais recente tecnologia para acertar no alvo de tão grande altitude.
Foi usada para compensar a velocidade do avião em relação ao solo.
Como se revelou, este instrumento iria dar a primeira indicação
de que havia algo desconhecido e bastante misterioso em grandes altitudes.
E seriam as tripulações de B-29 que iriam encontrar
uma das mais fundamentais e importantes forças do planeta.
Aconteceu durante os primeiros ataques de B-29 ao ***ão.
Em novembro de 1944, a 73ª Esquadrilha de Bombardeiros, estava pronta para fazer o primeiro ataque.
A 73ª Esquadrilha prepara-se para decolar.
15 horas, 26.500 litros quatro motores, 11 camaradas.
Um desses sujeitos era um jovem piloto, Tenente Ed Hiatt.
Nós tivemos muito trabalho para decolar, mas conseguimos.
Então nós voamos ao redor de 300 metros, 450 metros,
algo assim.
No princípio, voando a baixa altitude,
não havia nenhum vestígio de qualquer coisa anormal.
Depois de voar seis horas, nós subimos para a altitude de bombardeio.
'Piloto para tripulação.
Nós vamos começar a subida.'
Confiram o equipamento de oxigênio.
'Fala pro pessoal que é melhor entrar na toca.'
Nós subimos até 11.000 metros e assim que saímos da tempestade,
lá está o Monte Fuji bem na nossa frente.
E é realmente uma visão deslumbrante.
Nós fizemos uma volta em direção ao alvo,
que estava na seção noroeste de Tóquio.
Os americanos estavam tão confiantes na precisão de seus bombardeios
que as tripulações não apenas receberam alvos para acertar, mas também para errar.
Quando fizeram o resumo da missão, eles nos falaram,
"De modo algum vocês bombardeiem o Palácio Imperial.
"Não bombardeiem Quioto, porque é uma cidade sagrada e não é permitido. "
Era como se eles estivessem escolhendo um alvo onde percebiam que havia mais problema.
A mira simplesmente não conseguia "travar" sobre o alvo.
Glenn achou o alvo,
colocou o telescópio da mira, sobre ele,
e ele continuava se afastando do telescópio . Então ele usou a faixa estendida,
e mirou em cima novamente,
e o telescópio ainda continuava a sair da frente do alvo.
E então ele se virou e disse,
"Eu não consigo colocar este maldito telescópio no alvo."
Por alguma razão, o avião estava se desviando do alvo.
E então nós chamamos o operador de radar
Pra conferir nossa velocidade em relação ao solo, pra ver qual era nossa velocidade em relação ao solo.
Ele voltou e disse, "Nós temos um vento de cauda de 125 nós."
Ele disse, "Nós estamos a aproximadamente 770Km por hora."
É impossível, não pode ser. Não há nenhum vento assim.
Nós estamos a 770Km por hora, quando deveríamos estar 550Km por hora.
Eles tinham experimentado, pela primeira vez,
um vento a 9.000 metros, tão veloz, e tão poderoso quanto um furacão.
A mira não conseguia lidar com tanta velocidade.
Como foram arremessados para além do alvo, não havia nenhuma opção
a não ser abandonar a missão.
Eu disse, "Bem, Glenn, jogue as malditas bombas."
Ele soltou as bombas,
e nós já estávamos a 19Km além do alvo por causa daquele vento.
Este poderoso vento de grande altitude era desconhecido.
Hiatt e a sua tripulação não faziam idéia do que haviam experimentado.
Nós conversamos sobre isto enquanto retornávamos,
e nós tínhamos um passageiro conosco que era nosso oficial de operações.
E... Nós não conseguíamos entender por que tivemos este vento.
Quando eles nos interrogaram, nos colocaram sob investigação.
Não acreditaram em nós.
"Não existe esse negócio de vento de 220Km por hora lá em cima, no ***ão."
Eles disseram, "Não, não existe esse tipo de coisa.
"Não pode haver um vento assim."
"Vocês... Vocês estão mentindo.
"Vocês não conseguiram achar o alvo, e agora estão com essa história."
E se não fosse o nosso oficial de operações
de passageiro conosco, e ele confirmou o que houve, ele disse,
"Sim, eles tiveram aquele vento.
"Eu vi. Eu ouvi o Bruce falar que tínhamos aquele vento."
Ele disse que havia vento naquela altitude.
A história que Hiatt e sua tripulação trouxeram era tão extraordinária,
que ninguém queria acreditar, mas as evidências estavam sendo preparadas.
Durante a mesma campanha,
os meteorologistas que estudavam o clima a grande altitude, sobre Tóquio
estavam fazendo previsões que pareciam impossíveis.
Nós recebemos um pedido de previsão do general,
para ventos a 9.000 metros sobre Tóquio.
Isto veio mais ou menos lá pelo meio do dia,
e... assim, nós começamos a trabalhar. Era para o dia seguinte.
Submarinos em águas inimigas mandavam informações limitadas
sobre a cobertura de nuvens, temperatura e ventos a nível do mar.
E com estes dados,
os meteorologistas apareceram com uma previsão incrível.
Foi estabelecido que, acima de Tóquio...
.. a 10.500 metros, os ventos seriam do oeste a 168 nós,
milhas náuticas por hora.
De forma que, assim diziam os cálculos. Nós revisamos os cálculos.
"É isso aí, é isso que vai acontecer."
Escrevi no formulário de previsão,
foi enviado para o escritório do general.
E em cinco minutos, o general apareceu,
xingando-nos por termos feito uma previsão tão estúpida.
O jovem meteorologista estava a ponto de assar.
"Eu não acho que vocês sabem o que estão fazendo.
"Como vocês chegaram a uma previsão tão idiota? "
E nós dissemos, "Bem, senhor, nós calculamos isto."
"Então, calculem novamente! "
Assim nós nos sentamos e começamos a trabalhar enquanto ele fumava e xingava ao redor.
"Bem, senhor foi isto o que apareceu.
"168 nós."
Ele realmente explodiu, então. Ele disse, "Nós não vamos nem ouvir vocês."
"Nós vamos lá em cima e medir os ventos
"em vez de perguntar a vocês.
"Nós voltaremos e lhes contaremos como eles são."
Quando o general O'Donnell voltou de sua missão,
uma tripulação após outra contava a mesma história.
Todos eles encontraram estes ventos fenomenais.
O general O'Donnell era um cavalheiro,
porque ele voltou no dia seguinte e se desculpou.
Ele disse, "Eu não deveria ter falado daquele jeito.
"Eu pensei que vocês eram estúpidos, Eu pensei que estavam errados.
"Eu peço desculpas. Eu estava errado."
Agora, estava claro que isto não era simplesmente um evento esquisito.
Mais uma vez, o mesmo vento estava lá.
Para saber exatamente o quanto estes ventos eram poderosos,
um avião de reconhecimento decolou, certa vez,
para tirar algumas fotos após uma missão pra verificar a eficiência dela,
e o navegador chamou o piloto e disse
que eles estavam recuando a três milhas por hora.
Isso era algo que você não podia se dar ao luxo de fazer,
porque se você fosse de leste para oeste,
você seria um alvo fácil para os caças japoneses ou o fogo anti-aéreo.
Você poderia seguir um sobre o outro, um a 300 metros sobre o outro.
Este cara poderia ter o vento, este outro, não.
Então, é apenas um...
É um...
Eu acho que, um rio de ar.
O que a Força Aérea americana tinha acabado de descobrir
revelou-se ser uma das mais impressionantes forças na nossa atmosfera.
Foi este rio de ar de grande altitude,
que ficou conhecido como a corrente do jato,
uma faixa de vento poderoso circulando o globo
e afetando drasticamente o clima do planeta .
De volta a 1944, tudo que eles sabiam
era que isto estava interferindo na precisão dos bombardeiros B-29.
Eventualmente, o oficial comandante da Força Aérea, general Curtis LeMay
foi forçado a abandonar o bombardeio de precisão de grande altitude.
A razão era, principalmente, a corrente do jato.
Eles simplesmente não conseguiam acertar nos alvos.
Mas, embora os americanos tivessem agora descoberto os ventos de corrente de jato sobre o ***ão,
ninguém tinha a menor idéia
que isto nada mais era que um fenômeno local.
Foram os japoneses
que estavam prestes a preencher o próximo pedaço do quebra-cabeça.
Os militares japoneses descobriram um tipo de pesquisa
feita há 20 anos antes
por um meteorologista pouco conhecido, Wasaburo Ooishi.
Eu diria que ele é um dos maiores observadores do século vinte, em meteorologia
Ooishi apareceu com um estudo sobre ventos de grande altitude,
uma realização maravilhosa.
Infelizmente, a realização dele não foi reconhecida
pelo resto da comunidade científica,
e na verdade, ainda é relativamente desconhecida até hoje.
Com equipamento muito básico,
Ooishi tinha, de fato, medido os ventos de grande altitude sobre o ***ão.
Ele usou o que nós chamamos balões piloto.
São balões infláveis enchidos com hidrogênio, depois com hélio,
acompanhado de um telescópio montado em um tripé.
Anotando o tempo de lançamento e a posição do balão,
você pode então determinar a velocidade horizontal do vento.
Ooishi publicou um papel
sobre os ventos na alta atmosfera em 1926.
Mas, na ocasião, os resultados dele foram ignorados.
Possivelmente porque ele publicou em Esperanto.
Em suas memórias, ele disse que distribuiu o relatório
para todos os outros países envolvidos em observações na alta atsmofera.
Ele sabia que o idioma japonês não era compreendido pela comunidade científica.
Ele tinha boas conexões com outros meteorologistas de ar das camadas superiores, ao redor do mundo,
e eu acredito que ele pensou que se ele escrevesse o resultado da pesquisa em Esperanto,
o idioma internacional desenvolvido em finais do século 19,
seria muito bem recebido.
Infelizmente, embora ele houvesse feito uma ampla distribuição,
ele percebeu que quase ninguém, no resto do mundo, a leu.
Mas, quase 20 anos após sua publicação,
ela foi explorada pelos militares japoneses, com conseqüências trágicas
para a pequena cidade de Bly, Oregon, em 1945.
Bem, aconteceu no dia 5 de maio, em um sábado.
E... era um dia bonito.
E alguém bateu na porta dos fundos,
e eram as crianças de Patzke entrando.
E eles convidaram minha irmã e eu para irmos
a um piquenique da Escola Dominical
Como era meu dia de trabalhar, nossa mãe não nos permitiu ir.
E eu ainda sinto que o bom Deus estava cutucando nas costas dela
e lhe dizendo que dissesse que não.
Eles imploraram, claro,
e o pastor tocou a buzina e todos eles entraram e foram embora.
A recusa de sua mãe, salvou a vida de Cora Connor, 16 anos de idade,
e foi a última vez que ela viu seus amigos de escola com vida.
O pastor tinha ficado no carro para trancá-lo,
e as crianças e a sra. Mitchell saíram do carro primeiro.
E claro que, criança é criança, e eles se adiantaram e gritaram,
"Olha o que eu achei, olha o que nós achamos! "
As crianças tinham encontrado uma bomba japonesa.
E antes que o sr. Mitchell pudesse ao menos chegar perto deles,
eles a tocaram de alguma maneira.
Aqui foi onde eles retiraram estilhaços,
e eu entendo que há pedaços de ossos aqui na árvore
onde eles... foi encrustado pela explosão.
Passaram-se 40 anos antes que eu pudesse vir aqui.
Foi horrível, uma coisa horrível.
A bomba japonesa que matou as crianças
nunca teria chegado lá sem a pesquisa de Ooishi.
As bombas tinham sido levadas por balões até os EUA,
pelo fluxo da corrente do jato.
Os militares pegaram as observações de Ooishi e basicamente disseram,
"Se nós fizermos estes balões voarem a cerca de 9.000 metros, no inverno,
"lançando-os de lugares perto de Tóquio,
há uma boa chance de que eles sobrevoem o Pacífico."
E a esperança deles, logicamente, era
que eles fossem direto para o oeste dos Estados Unidos.
Era uma suposição. Os japoneses não tinham certeza
se os ventos de grande altitude poderiam chegar tão longe.
Mas em 1944, os balões explosivos realmente apareçeram sobre a costa dos EUA.
Alguns foram derrubados.
Outros foram capturados.
A unidade de balão tinha uma bolsa de gás de papel,
64 envoltórios de cordas de aproximadamente 12 metros de comprimento,
um lastro automático e um controle de disparo.
Este dispositivo era extraordinário pela sua engenhosidade e projeto.
Verificando os dados disponíveis,
foi possível saber que os balões eram lançados no ***ão.
Eles viajaram mais de 9.600Km em uma única corrente de ar,
alcançando velocidades de mais de 160Km por hora.
... Aproximadamente quatro dias
para fazer a travessia durante os meses de inverno.
O balão foi mantido na corrente do jato através de sensores a bordo
Se perdesse altitude, estes detectavam a mudança na pressão do ar
e ativavam a liberação de uma bolsa de lastro,
permitindo ao balão subir novamente.
Ao todo, 1.000 balões alcançaram o continente americano,
mas as únicas vítimas foram as de Bly.
Eles foram os únicos civis mortos por ação do inimigo
no continente americano, na Segunda Guerra Mundial.
O fato de tantos balões terem cruzado o Pacífico
marcou um momento decisivo para a compreensão da corrente de jato.
Pela primeira vez, os meteorologistas perceberam
que os ventos informados pelos pilotos americanos
não eram localizados apenas no ***ão,
mas estendiam-se pelo menos a um quarto de volta do globo.
Depois da guerra, os meteorologistas intensificaram suas investigações
nestes ventos de grande altitude.
Eles começaram a rastrear seus movimentos através do planeta
e entender o significado deles em eventos climáticos globais.
A corrente do jato é um fluxo de ventos
do oeste para o leste,
um vento do ocidente que fica bem concentrado em certas regiões,
transportando uma quantidade enorme de ar, à medida em que vagam ao redor do hemisfério.
Há duas correntes de jato principais, uma em cada hemisfério.
A corrente que nos interessa está no norte.
Ela se forma quando, a grande altitude,
o ar morno dos trópicos se encontra com o ar frio do Pólo Norte.
Quando estes dois corpos de ar se encontram,
um vento de alta velocidade, ou jato, é gerado.
Conforme a Terra gira,
este ar em rápido movimento flui ao redor do planeta.
Quanto maior o contraste de temperatura, mais rápido é o jato.
A corrente do jato pode ser reta como um dado,
mas, freqüentemente serpenteia de um lado a outro.
A corrente do jato é esta faixa...
de ar em rápido movimento, e ela é bem estreita.
Quer dizer, é estreita e tem uma latitude de 100-200 quilômetros.
E sua extensão vertical é, novamente, aproximadamente um ou dois quilômetros.
A corrente do jato move-se a velocidades que variam de 110
para mais de 320Km por hora, tão forte quanto um furacão.
Sua posição e força têm um efeito direto em nosso clima,
e porque ela termina bem em cima do Reino Unido,
tem um significdo especial para nós.
Nossa obsessão nacional sobre o clima
realmente deveria ser uma obsessão sobre a corrente do jato.
Se você estivesse no Pólo e olhasse pra baixo em direção ao hemisfério norte,
o que você veria seria um vento ocidental, a corrente do jato,
começando sobre o Norte da África, continuando por cima da Ásia,
atravessando o Pacífico e então a América Norte...
e depois surgindo bem em cima do Reino Unido e parando lá.
Um círculo espiral enorme lá.
E nós estamos no término daquela espiral.
Nós estamos no cemitério da corrente do jato
e das tempestades dessa corrente do jato.
A força e posição da corrente do jato
são afetadas pelas massas de terra e oceanos que ela cruza.
Esta fotografia, tirada do espaço,
mostra a corrente do jato indo para leste,
atravessando o Nilo e o Mar Vermelho,
sua posição marcada pelo branco das nuvens de cirro sendo arrastadas
na veloz corrente de ar.
A corrente do jato emerge do Oriente Médio, em direção ao Himalaia.
Lá, a 8.800 metros, fica o Monte Evereste,
seu cume é alto o suficiente para ser varrido pela corrente do jato.
É o jato que produz aquela imagem familiar
soprando uma plumagem de neve de seu topo.
Isto tornou-se uma oportunidade para um homem
experimentar, pessoalmente a força elementar da corrente do jato.
Leo Dickinson, o alpinista e cameraman,
sempre tinha desejado conquistar o Evereste em um balão.
Em 1991, ele decidiu arriscar sua vida em uma tentativa extraordinária
pegar uma carona na corrente do jato
e voar direto sobre o pico do Monte Evereste.
Era uma viagem repleta de perigo.
Tentativas anteriores tinham terminado em tragédia.
Leo Dickinson estava a ponto de confrontar o poder da corrente do jato.
Assim que decolamos, subimos bem depressa...
.. para uma altura de cerca de 8.000 metros.
Na ocasião, nós não movemos muito longe horizontalmente.
Nós ainda parecíamos estar bem em cima do
nosso acampamento, o local de decolagem.
E então, quando atingimos 8.000 metros.
Eu percebi que, realmente, algo muito estranho estava acontecendo.
e era quase como se houvesse uma mão empurrando a cesta e sacudindo-a.
E o que estava acontecendo era que nós estávamos entrando na corrente do jato.
O topo do balão, sendo 45 metros mais alto, estava entrando primeiro,
assim ela estava batendo no topo do balão, arrastando-o,
e o fundo estava agindo como um pêndulo
e tentando se nivelar,
até que o balão inteiro e a cesta estivessem na corrente do jato.
Então se acalmou novamente.
Nós estávamos fazendo 65 nós, de acordo com nosso GPS,
indo diretamente para o pico do Evereste.
Havia aquela parede grande, enorme e preta surgindo na face de sudoeste,
e é muito intimidador
estar em um balão pequeno sendo arremessado contra o Evereste.
A tarefa de Leo e seu co-piloto era viajar na corrente do jato
sem perder tanto o controle do balão quanto suas vidas.
Fomos informados por nosso meteorologista
que não deveríamos chegar a menos de 900 metros acima do pico,
pela simples razão
que a corrente do jato atingiria o topo do Evereste,
e claro que, a parte que atingisse iria parar,
a porção que passasse por cima do topo, iria curvar-se desta maneira
e formar um grande rotor.
E o que nós não queríamos era estar dentro daquele rotor,
porque ele forçaria o balão para baixo.
Poderia fazê-lo descer muito, muito depressa,
apesar de estar usando todos os queimadores.
Então, você iria querer evitar isto a todo custo.
Este era o momento crítico da viagem.
Os queimadores teriam força suficiente para levá-los acima da zona de perigo?
À medida em que a montanha se aproximava, eles acenderam todos os queimadores a toda potência.
O balão subiu, e bem cedo, na manhã de 21 de outubro de 1991 ,
Leo Dickinson e seu piloto tornaram-se os primeiros homens a navegar na corrente do jato
bem em cima do Evereste.
Foi indescritível.
Do Himalaia, a corrente do jato flui sobre a Ásia em direção ao Pacífico,
variando em força, enquanto continua sua viagem.
Ao cruzar a América do Norte,
o jato pode ser envolvido na criação
de uma das forças mais destrutivas da natureza.
OK, espere, espere um segundo...
De frente pro vento, de frente pro vento!
Tornados.
Eles são devastadores.
Eles podem conter os ventos mais rápidos já registrados
de mais de 480Km por hora,
o único vento mais rápido que a corrente do jato.
O dano que eles podem fazer tão facilmente é simplesmente assustador.
Nem mesmo a solidez aparente de uma casa
pode oferecer proteção contra seu poder terrível.
Os tornados são particularmente predominantes no verão
no que é conhecido como Corredor dos Tornados,
as planícies centrais dos Estados Unidos.
Eles se formam aqui
quando o ar úmido e morno das elevações caribenhas passam por cima de ar mais frio.
As nuvens que se formam sobem a milhares de metros.
Lá em cima, a veloz corrente do jato golpeia o ar do topo.
Ao fazer isto, a nuvem de tempestade pode começar a girar,
tornando-se no que é conhecido como uma super célula.
E é abaixo disto que uma zona mais focalizada pode desenvolver-se.
O turbilhão mortal de um tornado.
Os mais poderosos cortam faixas enormes pela terra,
e são capazes de deixar um distrito inteiro em destroços,
como na Cidade de Oklahoma em maio de 1999.
Quando eu estava observando no olho do tornado,
era como olhar por um tubo.
Você podia ver as paredes do tornado,
e você podia ver qualquer coisa que imaginasse dentro daquilo.
Mas não havia nada, era apenas um tubo oco que ia até o topo
até que ele chegou ao fundo da nuvem de onde saiu.
Pra mim parecia que era ereto, com pelo menos 90-120 metros.
E você poderia ver qualquer coisa que imaginasse, automóveis, caminhões,
pedaços de casas, pedaços de carros, pedaços de maquinaria.
Algumas coisas não dava nem mesmo pra descrever.
E parecia pedregulhos e blocos de cimento.
A corrente do jato que produz tornados na América Norte
é um dos dois jatos principais do mundo.
Um no hemisfério norte,
e um semelhante que circula a metade sul da Terra.
Este cruza a América do Sul, e é esta corrente do jato
que está por atrás de um dos mistérios mais duradouros
na história da aviação civil.
Em 1947,
um vôo estava em andamento, em direção a oeste, cruzando os Andes.
O avião, um Stardust,
estava a caminho de Santiago, Chile, mas nunca chegou lá.
Um avião de 20 toneladas, tripulação e seis passageiros
simplesmente desapareceu sem deixar um rastro.
Nós fizemos uma busca... bem mais de nove horas, de fato.
E o que nós fizemos foi ir pela passagem central
e realmente esquadrinhar isso pra frente e pra trás a grande altitude.
Nós realmente tivemos uma visão ampla, mas não achamos nada.
Um mistério que permaneceu em minha mente, pelos últimos 50 anos.
Nos anos que se seguiram, toda sorte de teorias estranhas emergiram.
Um novo Triângulo das Bermudas.
Seqüestro de OVNI.
Nada era mais esquisito.
Entretanto, no ano 2000, um motor Rolls-Royce e restos humanos
foram descobertos ao pé de uma geleira.
Era o avião desaparecido Stardust.
A pesquisa que se seguiu revelou uma história surpreendente,
do modo como o avião desapareceu e o papel que a corrente do jato tinha desempenhado.
Em seu vôo final, há 60 anos atrás,
o piloto tinha encontrado uma tempestade sobre os Andes
e subiu para 7.300 metros, para passar por cima dela.
A esta altitude, o avião estava voando dentro do jato sulista,
mas o piloto não sabia disto.
Naquela época, muito pouco se sabia sobre a corrente do jato.
Você tem que entender que, naqueles dias,
as coisas eram bem primitivas em certas partes do mundo.
Nós não tínhamos navegação por instrumentos,
que nos diria precisamente onde estávamos.
E eles não tinham nenhuma idéia de que uma poderosa corrente de jato estava reduzindo a velocidade tão dramaticamente.
Sem radar e com cobertura de nuvem abaixo,
a tripulação acreditou que tinham ultrapassado a cadeia de montanhas
e estavam prontos para descer até Santiago.
Na realidade, eles estavam voando na face dos Andes.
O avião bateu no topo de uma geleira,
matando todos instantaneamente.
O choque produziu uma avalanche,
que enterrou os restos do avião.
Escondido debaixo do gelo,
os destroços desceram lentamente a geleira durante os próximos 60 anos,
até eventualmente, emergir na base.
Tragicamente, a corrente do jato reivindicou
precocemente as vidas destes viajantes do ar
porque eles nem mesmo sabiam que ela estava lá.
Os pilotos de linhas aéreas de hoje sempre sabem
o local preciso das correntes de jato.
Não só por razões de segurança,
mas porque este conhecimento pode fazer as linhas aéreas economizarem um bom dinheiro.
As rotas de vôo são calculadas
de forma que as correntes do jato possam ser usadas ou evitadas.
A maioria das pessoas irão, de fato, entrar na corrente do jato,
que é muito excitante.
Se você voa para a América, é um tipo de viagem redonda,
freqüentemente subindo pela Islândia e depois descendo,
para evitar pegar esse horrível vento contrário,
porque a corrente do jato viaja extremamente rápido.
Mas na viagem de volta, se o piloto colocar o avião na corrente do jato,
então você chega em casa muito depressa.
Então, a diferença em viagens pode ser bastante significativa.
Usar a corrente do jato para voar pelo Atlântico
pode fazer uma empresa aérea economizar milhões de libras em combustível,
e pode eliminar uma hora do tempo de viagem previsto de sete horas.
Em dezembro de 1999,
passageiros que voaram de Nova Iorque para Paris
ficaram felizes ao serem informados
que o tempo de viagem deles seria de apenas cinco horas.
Uma corrente do jato particularmente forte, de 320Km por hora,
os levaria aos seus destinos em um tempo recorde.
O que eles não perceberam
era que a mesma força que os empurrava pelo Atlântico
também estava preparando uma tempestade.
Ventos com a força de um furacão, mais de 160Km/h, varreram Paris.
2.000 árvores, foram arrancadas, o rio Sena transbordou.
A cidade foi massacrada pela força impressionante da corrente do jato.
Estas tempestades retiram energia basicamente
do contraste de temperatura, que é associado à corrente do jato.
Assim, quando a corrente do jato é forte, estas tempestades podem ficar fortes.
E ela também pode extrair a umidade deste ar bem quente.
Então, elas também tendem a ser direcionadas pela corrente de jato,
e se a corrente do jato estiver apontando para nós e for forte,
então nós teremos aquelas tempestades fortíssimas.
A corrente do jato não só cria tempestades,
ou intensas depressões, mas também as guia.
Então, monitorar sua força e posição
é uma parte crítica para a compreensão do nosso clima.
A corrente do jato é absolutamente um elemento chave, que determina
para onde as depressões vão, qual a velocidade delas,
o quanto elas se intensificam,
se nós teremos fortes ventos no chão causando danos,
se teremos intensas pancadas de chuva.
Então, de fato, a posição do jato afeta nosso clima o tempo todo.
Está pelo nosso norte ou pelo sul?
Está se movendo muito rápido, está muito lento?
Eu penso que é algo que deve nos deixar mais espertos.
No Reino Unido,
cabe ao Depto. Meteorológico rastrear a corrente de jato
e as frentes climáticas que seguem em seu caminho.
A corrente de jato é a máquina da atmosfera.
Ela força novas depressões, força o movimento delas.
Por exemplo, aqui, esta é a imagem como você veria de um satélite.
E a linha aqui, entre a área branca aqui
e a área cinzenta lá,
mostra exatamente onde a corrente de jato está neste momento.
As imagens de satélite do dia, mostram que mais ao sul, ao longo do jato,
há uma área de baixa pressão sobre a Espanha, significando mau tempo.
É trabalho do meteorologista-chefe concluir
se o jato moverá a depressão para o Reino Unido
ou se ela vai desviar para o sul.
Este jato aqui, conforme se estende pra baixo aqui,
causará algum crescimento desta depressão,
que agora está próxima do noroeste da Espanha.
E aquela depressão lá irá então se mover,
empurrada pela corrente de jato,
para algum lugar no sudeste da Inglaterra.
#Não sei por que não há sol lá no céu
#Tempo ruim... #
OK, eu estou pronto.
O Depto. de Meteorologia repassa suas previsões diariamente
a "previsores" como Kirsty McCabe, do Centro Climático da BBC.
Muito obrigado, boa tarde.
É certamente um começo de dia bem nublado, pra hoje.
Como um meteorologista, ela está ciente da importância da corrente de jato,
e o seu trabalho é traduzir a previsão para um inglês simples.
Nós veremos um pouco de chuva...
Uma das primeiras coisas que fazemos pela manhã... '
Nós telefonamos para o meteorologista-chefe em Exeter.
Que realmente nos dá um alerta
sobre o que aconteceu com o tempo, e o que acontecerá no Reino Unido.
Nós estaremos falando sobre coisas como correntes do jato ou alta atmosfera.
É bastante complexo,
mas se você conseguir entender e saber o que a corrente do jato está fazendo,
você saberá, em muito mais detalhes, o que está por vir.
É quase uma hora...
Assim, uma vez que sabemos que é uma corrente do jato forte, isso nos ajuda a dizer,
"ok, eu sei como vou contar minha história aos espectadores."
O vento de noroeste, que era frio esta manhã
aliviará durante o dia,
então, vai ficar mais agradável mais tarde.
Todavia, apesar da importância da corrente do jato,
ela nunca aparece em nossas previsões do tempo.
A perspectiva para o sábado, chuva no norte.
Mas ao contrário, para a maioria de nós, deverá continuar seco.
É algo que nós gostaríamos muito de mencionar.
Certamente, na América,
eles mencionam freqüentemente a posição da corrente do jato nas previsões.
No Reino Unido, somos ligeiramente diferentes no sentido de não supor que o espectador
tenha um conhecimento suficiente sobre o clima.
Talvez nós tenhamos que começar a mencioná-las aos poucos.
Um entendimento sobre a corrente do jato é algo relativamente novo.
Mas nos últimos 60 anos,
os meteorologistas documentaram um padrão consistente
mostrando onde as correntes do jato se movimentam.
Assim, se um previsor britânico fosse mostrar a corrente do jato em nossas telas,
como eles iriam ilustrar um verão infeliz
como aquele de 2007?
OK, o que temos aqui, atrás de mim é
o padrão típico da corrente do jato durante o verão.
Agora, para o Reino Unido, o que esperamos
é que a corrente do jato siga bem para o nosso norte,
e isso levaria qualquer depressão para cima, em direção
a, digamos Islândia, Escandinávia.
E nós teríamos um tempo bem melhor no verão.
Este não era certamente o caso no verão de 2007.
Você pode ver claramente a diferença na posição da corrente do jato aqui.
Ela desce mais ao sul, antes de seguir para o norte,
e isso significa que todas as baixas pressões que se formaram no Atlântico
foram conduzidas para cima, dentro da corrente e em direção ao Reino Unido,
e nós fomos atingidos seguidamente por baixas pressões.
E isso trouxe junto vento e chuva
e nós vimos uma horrível quantidade de chuva no verão de 2007.
No verão de 2007, quando nós tivemos
esta enorme concentração de chuva
no verão inteiro, o jato estava concentrado em cima do Reino Unido
durante todo daquele período. Era um jato extremamente lento.
Não se movia rápido,
então, as depressões que vieram junto tendiam a ficar paradas.
A tendência era vir toda aquela chuva e causar inundações.
Assim, onde o jato está, faz parte da história.
Mas, de fato, a intensidade de seu movimento também faz parte disto.
As inundações que atingiram a Inglaterra no verão de 2007
foram o resultado da corrente do jato desviar-se lentamente para o sul.
Mas há outro fator que pode fazer a corrente do jato
trazer climas severos para a Inglaterra.
A velocidade com a qual pode produzir uma tempestade.
Em 1987, o país foi pego desprevenido por tal evento.
13 pessoas morreram, quando ventos com força de furacão varreram o sul da Inglaterra.
Estradas de ferro e rodovias estão bloqueadas, milhares não foram ao trabalho.
O rastro de destruição de costa a costa.
Em outubro de 1987, uma poderosa tempestade atingiu o sul da Inglaterra.
A tempestade teve ventos de 190 quilômetros por hora,
derrubando 15 milhões de árvores,
algumas das quais existiam há séculos.
Foram destruídos veículos e casas, e ao todo,
os danos foram avaliados em centenas de milhões de libras.
A tempestade de outubro de 1987 foi um exemplo particularmente impressionante
de uma corrente do jato lá adiante,
uma fantástica corrente do jato no Atlântico,
muito, muito forte com um grande contraste de temperatura em seu interior
e muito ar quente e úmido em seu lado sul.
E uma tempestade nasceu daí, absorvendo toda essa energia.
Era um jato muito poderoso vindo direto através do Atlântico.
Era como se fosse uma arma apontada para nós.
Nós estávamos no extremo do cano daquela arma.
A tempestade arremessou-se contra a Inglaterra tão depressa,
que os meteorologistas foram pegos completamente desprevenidos.
Na realidade, eles interpretaram tão errado
que a previsão de 15 de outubro 1987
desde então entrou para os anais da história da televisão.
Hoje cedo, uma mulher ligou para a BBC e disse que ouviu dizer
que um furacão estava a caminho.
Se você está assistindo, não se preocupe, não há nenhum.
Falando nisso, haverá muito vento,
mas a maioria dos ventos fortes, casualmente,
será lá em baixo, pela Espanha e através da França.
Garantido por Michael Fish, o país foi para a cama
totalmente desprevenido para a tempestade
que estava se formando rapidamente no Atlântico.
Desenvolveu-se dentro de seis horas, e de repente estava sobre nós, apareceu do nada.
E nas poucas horas da madrugada do dia 16,
atingiu o país.
Nós tivemos muita sorte com a tempestade de outubro de 87
porque veio durante a noite.
E isso significa que a maioria das pessoas estava na cama,
que é o melhor lugar para se estar, quando há uma tempestade assim.
Se tivesse vindo durante o dia quando as pessoas estavam nas ruas,
elas estariam nos carros, andando de bicicleta, seja o que for,
imagine os danos que poderia ter havido,
o número de fatalidades e os danos
teriam sido simplesmente inacreditável.
A tecnologia disponível para o Depto Meteorológico em outubro de 1987
era relativamente primitiva.
Os modelos computacionais disponíveis só podiam prever
um único evento para qualquer dia em particular.
E para o dia da tempestade, a previsão estava errada.
Hoje, eles têm computadores mais poderosos
que podem moldar uma gama de previsões,
cada uma começando com sutis diferenças de condições de tempo.
Os meteorologistas aplicaram estes modelos
para os dados de 1987, e têm mapas meteorológicos
explicando como a tempestade se desenvolveu
e por que Michael Fish errou tanto.
Este é um mapa meteorológico
para poucos dias antes da famosa tempestade de outubro,
que Michael Fish infelizmente não previu,
como poderia ter feito.
Este é outro mapa meteorológico que é quase idêntico a este aqui.
Há diferenças muito minúsculas entre estes dois mapas meteorológicos,
e eles refletem incertezas que nós temos
sobre o estado da atmosfera neste dia,
há poucos dias antes da tempestade de outubro.
Agora, se nós movermos adiante com nosso modelo de previsão do tempo,
e nós estamos agora no dia da tempestade,
o que nós vemos é que este aqui desenvolveu um intenso turbilhão,
e isto seria associado a ventos muito fortes.
Considerando que esta previsão aqui tinha um sistema de baixa pressão muito raso,
algo que realmente não teria sido muito associado ao tempo.
Agora, pobre e velho Michael Fish , ele basicamente só tinha esta previsão do tempo
para disseminar ao público.
Se ao menos ele tivesse esta aqui, ele teria percebido algo
e teria sido a celebridade do mundo da previsão do tempo.
Na investigação que seguiu,
o Depto de Meteorologia recebeu a culpa.
Mas foi o infeliz Michael Fish
que se tornou a face pública do desastre.
Rastrear o movimento preciso da corrente do jato dia a dia
é agora rotineiro. Estabelecer um padrão
de como ela se move ano a ano é muito mais difícil.
Todavia, esta é uma questão de importância crítica,
porque a posição a longo prazo da corrente do jato
parece estar mudando.
Se isto for verdade,
significará um desvio dramático em nossos regulares padrões de tempo.
Evidência de que algo está acontecendo ao nosso jato
começou a emergir nos anos noventa, não na Inglaterra, mas na América.
Em um período de cinco anos, o estado de Idaho
vem experimentando mais incêndios florestais que o usual.
No verão de 2002, os bombeiros estavam convencidos
de que um novo padrão estava começando a emergir.
Centro de Coordenação Nacional, Suzanne falando.
Claro, espere um momento.
Chuck, linha um.
Durante os últimos cinco anos, temos visto condições de seca prolongada
por quase todo os EUA.
Isto era incomum.
Na ocasião,
este foi o período mais longo de seca periódica durante décadas.
Na América, eles suspeitavam que o culpado era a corrente do jato,
que tinha trocado sua posição para o norte.
O jato que move para o norte provocou uma persistente pressão alta.
Eu quero dizer, a longo prazo, estamos falando em uma escala de anos, secando.
Isto produziu problemas que não existiam antes.
Aquela pressão alta, persistente, com o jato movendo-se ao norte,
causou, de fato, aquele período de cinco anos de seca.
Esta mudança da corrente do jato não está acontecendo somente na América.
Evidências da Europa também sugerem
que a corrente do jato está saindo de seu caminho regular.
Isto pode ajudar a explicar alguns dos extremos climáticos
que experimentamos no Reino Unido em anos recentes,
então, é vital saber para onde a corrente do jato irá.
Os jatos não ficam na mesma latitude todos os anos.
Há uma variação natural,
assim, eles vão para o norte e sul, e ficam mais fortes ou mais fracos.
E você pode ter flutuações na escala de tempo de décadas ou mais.
Mas, além disso,
nós achamos que há um movimento geral do jato em direção ao pólo.
Nós achamos que isto está associado ao aquecimento global.
Ao adicionarmos mais gás carbônico,
temos um maior efeito estufa,
e assim os jatos continuam indo em direção ao norte.
Nós temos teorias que explicam porque este é o caso.
Mas nós realmente não podemos colocar as mãos no peito
e dar um simples, digamos, "Isto acontece por isso."
Se dizemos que adicionar mais gás carbônico para a atmosfera
vai provocar aquecimento global,
podemos estar 99% confiantes nisso.
Quando se trata da corrente do jato movendo-se para o pólo,
Eu penso que nós diríamos, "é mais provável que não."
Assim, se você fosse um apostador, Eu deveria pôr seu dinheiro nisto.
Se esta aposta está correta
e a corrente do jato continua mudando sua posição para o norte,
então os cientistas podem predizer a natureza de nosso clima de verão e inverno.
Nós esperamos em geral, invernos mais quentes e úmidos.
Às vezes haverá um inverno frio, mas em geral morno e úmido,
e lá pode haver inundações na época de inverno.
Pelo verão, nós esperamos temperaturas mais altas
e eventos de chuva mais intensos.
Se chover, a chuva tende a ser mais intensa.
Pode haver inundação localizada durante o verão.
Assim, tanto no verão quanto no inverno,
nossa expectativa é que tenhamos mais inundações no futuro.
As conseqüências disso podem ser catastróficas.
A chuva torrencial de 2007 trouxe devastação para milhares
e ameaçou infra-estrutura vital.
Em Gloucestershire,
meio milhão de pessoas quase ficaram sem energia elétrica
quando esta central elétrica ficou a poucos centímetros de ser submersa.
Foram necessários os esforços combinados do corpo de bombeiros, exército e marinha
para impedir que a água inundasse o local.
Risco de inundação é um dos mais óbvios modos nos quais nós podemos ver
que a mudança de clima começará a afetar o modo de vida das pessoas no Reino Unido.
Um número enorme de pessoas, eu acho que 1,8 milhões de casas no Reino Unido
estão realmente localizadas em áreas sujeitas a inundação.
E muitas pessoas não percebem que vivem em uma área de risco.
Eles não percebem até que são inundados.
E as condições de viver, de fato, em uma área de risco,
de saber que você pode adquirir seguro em uma área de inundação,
serão todas testadas no futuro.
As inundações de 2007 custaram às companhias de seguros cerca de 3 bilhões de libras.
Dr Robert Muir-Wood aconselha os seguradores
sobre os riscos associados com mudança de clima
e seu impacto em nosso tempo.
Você pode ver que, de fato,
as companhias de seguros estão começando a fazer perguntas sobre,
isto pode continuar deste jeito?
As pessoas precisam ter mais responsabilidade
em tornar suas casas à prova de inundações?
As seguradoras irão elevar os prêmios até o ponto em que as pessoas serão
desencorajadas a construir em áreas de risco de inundação?
Eu acho que a mudança climática causará impacto no Reino Unido,
especificamente sobre o risco de inundação,
e sobre como nós administramos este risco.
Será uma questão política muito significante.
A inundação do verão de 2007 poderia ser uma indicação de coisas que estão por vir,
mas será pior.
Cientistas estão prevendo que, além de mover-se em direção ao norte,
a corrente do jato parece estar mudando de outro modo,
e isso poderia trazer até mesmo mais inundações para a Inglaterra.
A pista para esta mudança está nos severos invernos do passado.
Foi o janeiro mais frio
desde que os primeiros registros começaram a ser feitos em 1841.
O inverno de 1963 deixou a Inglaterra nas garras de uma grande geada.
Durante quase três meses, o país esteve debaixo de uma manta de neve.
Depois de cinco dias de luta, entregadores de leite tiveram que tirar um dia de folga devido ao cansaço,
e 15.000 donas de casa de Londres ficaram sem leite.
Foi um evento extremo,
mas com o benefício de décadas de análise da corrente do jato,
nós agora sabemos que isto faz parte de um padrão.
Os invernos britânicos eram muito mais frios no passado.
Tanta umidade foi enviada para cima na atmosfera aqui,
que inverteu todas as correntes ar...
Em 1963, entretanto, os meteorologistas surgiram
com uma explicação interessante para o tempo frio.
Segundo eles, nós podíamos por a culpa pelo frio nos havaianos.
Hoje, nós sabemos que é a maneira
como a corrente do jato se move ao redor do Reino Unido ao invés de através do país,
que é responsável pelo tempo frio,
o chamado evento de bloqueio.
Um evento de bloqueio realmente é
um bloqueio das correntes do jato vindas do oeste
e das tempestades que normalmente viajam ao longo daquela corrente do jato.
Assim, em vez de algo como a Grã Bretanha sendo
um lugar com ventos de oeste e que trazem junto as tempestades,
essas tempestades são bloqueadas, essencialmente,
e então os ventos de oeste com essas tempestades
tendem a seguir para o norte ou para o sul.
Nos típicos invernos britânicos de 40 anos atrás,
estes bloqueios eram causados por áreas de ar frio do leste
estacionados em cima das Ilhas britânicas durante semanas.
Estes eventos de bloqueio dividem a corrente do jato que vem do oeste,
impedindo seu tempo mais morno, mais úmido de fluir em cima da Inglaterra.
Mas este padrão foi mudando em recentes anos.
Nós vimos uma mudança gradual desde os anos sessenta
no sentido de que os eventos de bloqueio ficaram menos freqüentes.
E então agora, nós tendemos a ter invernos que são caracterizados
pela corrente do jato entrando mais na Europa ocidental
e sem serem bloqueadas.
Assim, a tendência é termos climas mais quentes e mais úmidos.
Menos eventos de bloqueio, combinado com o movimento da corrente do jato em direção ao norte,
sugere que o nosso clima no futuro será muito encharcado.
Mas há uma distorção.
Até mesmo com o mais sofisticado modelo climático,
os eventos de bloqueio são extremamente difíceis de prever.
os cientistas estão achando que, sob alguns cenários de mudança climática,
nós poderíamos ter mais deles, não menos.
E isso significaria tempo muito diferente para a Inglaterra.
Um das coisas que nós temos que entender
quando pensamos sobre mudança de clima perto de nós,
e ainda não estamos entendendo,
é que, se vamos ter mais ou menos destes eventos de bloqueio.
Se o mundo ficar geralmente mais quente, mas e se tivermos mais desses eventos de bloqueio no inverno,
então nós poderíamos ter, na verdade mais frio.
Mas se acontecesse no verão,
nossos verões se tornariam muito, muito mais quente.
Se este cenário se realizar,
então não haveriam as inundações de verão que tanto nos preocupa,
mas intenso calor, com todos os desafios que isto traz.
2 de julho de 2001 foi um dia de verão muito quente.
Sossegado para alguns,
mas para aqueles infelizes que estavam no metrô de Londres,
era uma história de horror.
Um trem enguiçou. Dentro de minutos,
três trens de metrô e 4.000 passageiros estavam presos em um túnel.
Ficaram lá por mais de uma hora.
Temperaturas excederam 40 graus.
Quando finalmente foram resgatados,
600 pessoas receberam tratamentos para esgotamento por calor,
18 foram levadas para o hospital.
Este único episódio em um pedaço de infra-estrutura vital
serve de aviso para o futuro.
Uma Inglaterra com verões escaldantes
precisará de significante readaptação para enfrentá-los.
Então, qual o resultado mais provável para nós?
Inundações, seca ou ambos?
Responder esta pergunta
requer uma melhoria radical em nossas previsões
sobre o que acontecerá com a corrente do jato,
antes de gastarmos bilhões de libras adaptando-se às mudanças climáticas.
Nós precisamos saber mais.
Nós precisamos de observações melhores,
e os satélites estão lá para isto.
E nós precisamos construir melhores e melhores modelos,
e usar maiores e maiores computadores para colocar esses modelos.
O que nós temos que fazer é sermos capazes de dizer,
"Quais as probabilidades de certo clima
"surgir aqui no Reino Unido, no sul da Inglaterra,
"no norte da Escócia, num espaço de 10, vinte anos?"
Esta é a pergunta que temos que fazer e responder, e eu acho que podemos.
São os supercomputadores e sofisticados modelos climáticos
que ajudarão a responder àquela pergunta.
Enquanto os cientistas desenvolvem e rodam os seus modelos,
mais claro o padrão se torna.
Mas, porque eles estão olhando tão longe à frente,
a mudança mais leve em suposições básicas levará a resultados extensamente divergentes.
Assim, ninguém pode dizer, com certeza, o que acontecerá à nossa corrente do jato.
Nós podemos pegar nossos modelos existentes, que são o melhor que temos,
e eles sugerem que as chances
de continuarmos com estes persistentes bloqueios, invernos secos
são realmente bastante remotas.
De longe, o cenário mais provável é
que iremos para estes invernos mais úmidos, mais tormentosos.
Mas, por causa das limitações dos computadores,
há incertezas, inevitavelmente,
particularmente em clima regional, inundações, tempestades e assim por diante.
Este é um problema que exige muito dos computadores.
Eu diria que mudança climática é o problema científico que mais exige dos computadores.
E talvez um dos assuntos mais urgentes de nosso tempo.
Até que nós entendamos o que acontecerá à nossa corrente do jato,
nós estaremos à mercê do imprevisível
e eventos climáticos extremos.
Esta mudança climática regional, o que vai acontecer ao jato,
este é o problema importante número um para o gênero humano
e seu futuro neste planeta.
Tudo bem com os telescópios Hubble,
é muito bonito, nós temos que fazer essas coisas.
Mas este é realmente o problema número um para nós.
Como será nosso clima, e o que temos que adaptar?
Nos últimos 60 anos,
o que nós aprendemos sobre a corrente do jato transformou
nossa compreensão do clima.
Agora, nós enfrentamos um desafio novo e maior -
prever o que acontecerá à nossa corrente do jato no futuro.
Acertando, vai permitir que nos adaptemos às mudanças de clima.
Se errarmos, pode significar desastre.
Traduzido por: zecarlos cpturbo.org
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