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No universo, existem cerca de 100 bilhões de galáxias.
Em cada uma dessas galáxias, existem cerca de 100 bilhões de estrelas.
Muitas dessas estrelas possuem planetas em suas órbitas.
Então, como procuramos por vida em toda essa imensidão?
É como procurar uma agulha no palheiro.
Seria melhor nos concentrarmos na busca de planetas em que possa existir vida, como a conhecemos --
o que chamamos de mundos habitáveis.
Como são esses planetas?
Para responder essa pergunta, não procuramos lá fora.
Em vez disso, procuramos aqui mesmo. Na Terra.
Porque este é o único planeta do universo que sabemos que é habitável.
Quando vemos a Terra, do espaço, vemos um mundo, cheio de água.
Não é à toa que 3/4 da superfície da Terra são cobertos por oceanos.
Por causa de suas propriedades físico-químicas ímpares,
a água é absolutamente essencial para a vida, como a conhecemos.
Então, ficamos particularmente empolgados com mundos em que a água existe em abundância.
Felizmente, a água é muito comum no universo.
Mas a vida precisa de água em estado líquido, não como gelo ou vapor,
e isso é menos comum.
Para que um planeta tenha água líquida em sua superfície, três coisas são fundamentais.
Primeiro, o planeta precisa ser grande o bastante para que a força da gravidade
impeça as moléculas de água de se soltarem em direção ao espaço.
Por exemplo, Marte é menor que a Terra e, por isso, tem menos gravidade,
e essa é a principal razão de Marte possuir uma atmosfera tão fina
e nenhum oceano em sua superfície.
Segundo, o planeta precisa ter uma atmosfera. Por quê?
Porque sem uma atmosfera, o planeta fica num vácuo,
e a água em estado líquido não é estável em condições de vácuo.
Por exemplo, nossa lua não tem atmosfera. Por isso, se derramarmos um pouco de água na Lua,
ou vai evaporar, ou vai se solidificar, formando gelo.
Sem pressão atmosférica, a água em estado líquido não consegue existir.
Terceiro, o planeta precisa estar a uma distância ideal de sua estrela.
Muito perto, a temperatura da superfície excederá o ponto de ebulição da água,
e os oceanos vão evaporar.
Muito distante, a temperatura da superfície ficará abaixo do ponto de congelamento da água,
fazendo com que os oceanos virem gelo.
Fogo ou gelo. Para a vida como a conhecemos, ambos são inadequados.
Podemos dizer que essa zona ideal, onde a água permanece líquida, parece meio que um cinturão ao redor de uma estrela.
Chamamos esse cinturão de zona habitável.
Então, quando procuramos por mundos habitáveis, definitivamente buscamos planetas na zona habitável ao redor de suas estrelas.
Essas regiões são os lugares mais prováveis de se achar planetas como a Terra.
Ainda que as zonas habitáveis sejam o lugar perfeito para se começar a busca por planetas com vida,
existem algumas dificuldades.
Primeiro, um planeta não é necessariamente habitável só por estar na zona habitável.
Peguemos como exemplo o planeta Vênus, no nosso Sistema Solar.
Se você fosse um astrônomo alienígena, acharia que Vênus é um bom candidato a abrigar vida.
Tem o tamanho certo, tem uma atmosfera, e está na zona habitável do nosso sol.
Um astrônomo alienígena provavelmente o verá como um gêmeo da Terra.
Mas Vênus não é habitável, ao menos não em sua superfície.
Não tem vida, como a conhecemos. Ele é quente demais.
Isso porque a atmosfera de Vênus é repleta de dióxido de carbono, um dos principais gases de efeito estufa.
De fato, sua atmosfera é quase totalmente composta de dióxido de carbono,
e é quase 100 vezes mais densa que a nossa.
Por causa disso, a temperatura em Vênus é quente o suficiente para derreter o chumbo,
e o planeta é seco como um osso.
Então, encontrar planetas com o tamanho certo e a distância ideal de suas estrelas é apenas o começo.
Também queremos entender a composição de suas atmosferas.
A segunda dificuldade surge quando analisamos mais atentamente o planeta Terra.
Nos últimos trinta anos, descobrimos microrganismos que vivem em todo tipo de condições extremas.
Nós os encontrados em fissuras de rocha, quilômetros abaixo de nossos pés;
em pontos de água fervente, no fundo do oceano;
nas águas ácidas de fontes termais;
e em gotículas, nas nuvens, quilômetros acima de nossas cabeças.
Esses seres, chamados de extremófilos, não são raros.
Alguns cientistas estimam que a *** de microrganismos que vivem nas profundezas do solo
é a mesma *** de toda a vida existente na superfície da Terra.
Esses microrganismos subterrâneos não precisam de oceanos, nem de luz do sol.
Essas descobertas sugerem que planetas como a Terra talvez sejam apenas a ponta de um iceberg biológico.
É possível que ainda exista vida em aquíferos abaixo da superfície de Marte.
Microrganismos talvez prosperem em Europa, uma das luas de Júpiter,
onde provavelmente existe um oceano, abaixo de sua crosta de gelo.
Outro oceano abaixo da superfície de Encélado, uma das luas de Saturno, é a fonte de gêiseres que irrompem em direção ao espaço.
Será que esses gêiseres são uma chuva de microrganismos?
Seria possível passarmos por dentro de um deles para descobrirmos?
E quanto à vida que ainda não conhecemos, que utilize outros líquidos em vez de água?
Talvez nós é que sejamos criaturas estranhas, vivendo em um ambiente incomum e extremo.
Talvez a verdadeira zona habitável seja tão grande,
que haja bilhões de agulhas nesse palheiro.
Talvez, no grande projeto das coisas, a Terra seja apenas um dos muitos tipos diferentes de mundos habitáveis.
O único meio de descobri-los é indo em busca deles, lá fora.