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Não podia ter falado antes?
Teria sido mais fácil.
Ele finalmente falou.
Dê café a ele.
Não se preocupe.
Beba. Vai se sentir melhor.
Não fique assim.
Descansar.
- É verdade? - Parece que sim. Rua Abderames, 3.
Vistam-no.
Coragem.
O pior já passou.
Só mais um esforço.
Consegue ficar em pé?
Deixem-no.
Vista isso.
Vai dar certinho.
Vamos até a Casbah. Assim, não vão reconhecer você.
Vai mostrar o esconderijo de Ali La Pointe.
Depois, pode ir embora.
Dê um uniforme e um boné a ele.
Um verdadeiro militar.
Pare com isso, Lagloy!
Vamos.
Pare de bobagem.
Quer recomeçar?
Não nos encha a paciência. Controle-se.
"A BATALHA DE ARGEL"
Não devem saber que estamos aqui.
Ali La Pointe, a casa está cercada. Não adianta.
Rendam-se. Deixem a mulher e o menino saírem.
Depois, o outro homem que está com você. E aí você sai.
Deixem as armas para trás.
E nada de truques. Rendam-se.
Temos muitas armas. Você não tem chance. Entendeu?
Ali, está ouvindo?
Preste atenção. Você ê o último.
Acabou.
A organização não existe mais.
Todos estão mortos ou presos.
Se sair agora, terá um julgamento justo.
Saia!
ARGEL, 1954
O BAIRRO EUROPEU
A CASBAH
Frente de Libertação Nacional (FLN). Comunicado nº 1:
Povo da Argélia, nossa luta é dirigida contra o colonialismo.
Nosso objetivo: A independência e a restauração do Estado argelino...
de acordo com os princípios islâmicos e o respeito às liberdades básicas...
qualquer que seja a raça ou religião.
Para evitar derramar sangue, propomos às autoridades francesas...
uma plataforma de discussão sobre a autonomia do nosso povo.
Argelinos unidos, seu dever é salvar o país e recuperar a liberdade.
Esta vitória é sua.
Irmãos! Unidos!
A FLN convoca-os para a luta.
Façam suas apostas.
Este perde, este perde...
O ás ganha.
5OO francos.
Sua vez.
O às ganha, este perde.
Ele está sempre ali.
- Por que a pressa? - Pare!
Matem o canalha!
Omar Ali.
Vulgo Ali La Pointe.
Nascido em 15 de janeiro de 193O, em Miliana. Analfabeto.
Profissão: Pedreiro, boxeador. Atualmente desempregado.
Situação militar: Desertor.
1942,Juizado de Menores, um ano de reformatório por vandalismo.
1944,Juizado de Menores de Oran...
2 anos por tumulto.
1949, Tribunal de Argel, 8 meses de prisão...
por desacato a autoridade policial.
Dois e três.
Alá ê grande!
Viva a Argélia!
Viva a Argélia!
Parem. Aí vem ele.
Quietos.
CINCO MESES DEPOIS
Vá embora.
"Os homens têm duas caras. Uma que ri, outra que chora."
- Mandaram você? - Sim.
Tome.
Espere!
Venha cá.
- Sabe ler? - Sei.
Leia.
Tem um café mouro na rua Randon, na Casbah.
O dono, Merabi, ê informante da polícia.
Todas as tardes, às 5:OO, um policial francês vai lá.
"Ele fica um pouco para tomar um café e obter informações.
Depois vai embora. Você deve matar o policial."
- Não Merabi? - Não. O policial.
Tudo bem.
Não dá para errar.
Perto do café, verá uma moça com uma cesta.
Vocês dois seguirão o policial.
No momento oportuno, ela lhe dará uma arma.
Você só tem que disparar.
Deixe-me.
Vejam, irmãos!
Está com medo?
Vejam como a organização trata os traidores.
Vejam como tremem diante das armas!
- Maldita. Foi uma armadilha. - A polícia.
- Agora, explique. - Temos que fugir deles.
Quem enviou você? Leve-me a ele.
- Ele está esperando. - Onde?
Você verá, se não formos presos.
Vá na frente.
Eu sigo você.
Você podia ser um espião. Foi um ***.
- Sem munição? - Se você fosse um espião...
a FLN falaria com você na prisão, você fingiria ser revolucionário...
e fugiria, ajudado pelos franceses.
E atirariam em mim?
Com balas de festim.
Você escaparia e iria ao endereço que a FLN tinha dado na prisão...
e se infiltraria no movimento.
E quem ê você?
Jaffar. El-hadi Jaffar.
Para entrar na organização, deve cometer um atentado.
Se eu lhe dissesse para matar o argelino, dono do bar...
a polícia ia deixar matar, mesmo sendo um informante.
Não poderia saber se ê leal.
Se eu dissesse para matar o policial...
os franceses não permitiriam.
Se fosse um deles, não teria feito.
Mas não fiz.
Mas tentou. É isso que conta.
Não confiou em mim.
Você exagerou.
A ordem era atirar nas costas.
Nem pensar.
Você não entende.
Explique melhor.
Vou explicar.
Precisamos organizar o povo.
E ter esconderijos seguros.
Só depois podemos atacar.
A organização está mais forte...
mas ainda há muitos bêbados, drogados e prostitutas.
Gente que fala demais e que pode nos delatar.
Temos que convencê-los ou eliminá-los.
Temos que limpar a Casbah, organizar o país.
Só então podemos atacar os inimigos. Entendeu, Ali?
ABRIL DE 1956
Frente de Libertação Nacional. Comunicado nº 24:
Povo da Argélia, o governo colonialista...
é responsável não só pela miséria do povo...
mas também pelos vícios dos nossos irmãos e irmãs...
que nos fazem perder nossa dignidade.
A FLN faz uma campanha para erradicar esse flagelo...
e pede a ajuda e a cooperação do povo.
Este é o primeiro passo para a independência.
A partir de hoje, a FLN assume a responsabilidade...
pelo bem-estar físico e moral do povo argelino.
Decidimos proibir a venda e a ingestão de drogas e álcool.
Assim como a prostituição e a sua exploração.
Os transgressores serão punidos.
Repetindo! Os transgressores terão a pena de morte.
Wino!
Não sabe que as drogas são proibidas?
- Por quê? - Não faça de novo.
Viu Hassan El-Blidi?
Viu Hassan El-Blidi? Diga que estou procurando por ele.
Viu Hassan?
Se vir Hassan El-Blidi, diga que procuro por ele.
Por onde andou, Ali?
- Hassan está? - Saiu bem cedo. O que você quer?
Se o vir, diga que procuro por ele.
Ali! Como vai?
Fique aí. Não se mexa.
- Calma. - Já disse para não se mexer.
De que tem medo?
Só tenho medo de Deus.
O que ê isso?
Não há nada entre nós.
Somos amigos. Já esqueceu?
- Éramos amigos. - O que aconteceu?
Você foi condenado pela FLN.
Agora estou entendendo.
Você me condenou à morte.
- Quanto estão lhe pagando? - Só uma coisa pode salvar você.
Já foi avisado duas vezes. Este ê o último aviso.
Como assim?
Trabalhar para a FLN.
Vá embora.
Nem pensar! Prestem atenção! As coisas vão mudar na Casbah.
Prestem atenção! Vamos limpar este lugar.
Agora, vão embora.
E cuidado com vocês.
1O DE JUNHO DE 1956
Fiquem de guarda lá fora.
- Tudo bem? - Tudo.
Sentem-se.
Sentem-se.
A cerimônia será breve e vocês sabem por quê.
Chegará o dia em que celebraremos os casamentos à vista de todos.
Mas estamos em guerra contra o colonialismo.
Um exército inimigo ocupa nosso país há 13O anos.
É por isso que a FLN tem de tomar decisões...
sobre a vida civil do povo argelino.
Com este casamento, cumprimos nosso dever.
Um dever de resistência.
E agora, Mahmud e Fatiha, aproximem-se.
Assine aqui.
Que Deus lhe dê sorte.
Assine aqui.
Em nome da FLN, meus sinceros parabéns.
Fiquem à vontade.
2O DE JUNHO DE 1956 - 1O:32
Venham cá.
O que foi? Calma.
Venham cá.
Antoine...
querem falar com o capitão.
Sim, mas não conseguiram um mandado.
Rua Isly?
Eles os seguiram a distância e depois os perderam de vista.
Sim, senhor. Mas ê na sua jurisdição.
Não ê da responsabilidade deles.
Rua Marengo? Temos alguns suspeitos.
A promotoria exige um inquérito oficial.
Sim, senhor.
Não temos homens suficientes.
Entendo.
Se puder...
O chefe de polícia não pode.
O senhor não poderia?
Está bem.
Eles vão acabar conosco.
Certo.
15:OO: Atentado contra uma patrulha.
Local: Rua Luciani.
Arma: Revolver de 7.65 mm.
16:OO: Ataque à guarda territorial...
na esquina da rua Consulaire com a avenida General Laquière.
Para Paris, a solução ê controlar o povo de Argel...
proteger as delegacias, fechar as ruas.
Não concordo.
Corbière, onde parei?
"Esquina da rua Consulaire com a avenida General Laquière."
O governador geral decreta:
Artigo 1: A compra de medicamentos para tratar ferimentos com armas...
deve ser autorizada pelo chefe de polícia.
Artigo 2: Os hospitais...
devem informar à polícia...
de todos os pacientes feridos admitidos para tratamento.
Da Chefatura de Polícia:
Nos últimos dias, dezenas de atentados ocorreram na cidade.
Os responsáveis vieram dos bairros árabes.
E encontram refúgio rapidamente nessas áreas.
Assim, para restabelecer a ordem...
o chefe de polícia decidiu isolar os bairros árabes.
Serão criados pontos de controle em todas as vias de acesso.
Os civis devem mostrar documentos e submeter-se às revistas.
Fique na fila.
- Vai voltar ao quartel? - Ainda tenho mais 2 dias.
Não toque em mim!
Tire suas mãos de mim.
Não toque nas mulheres.
2O DE JULHO DE 1956 - 11:2O
O que está fazendo? Aonde você vai?
Vou me encontrar com amigos na praia.
- Você de novo? - É o meu caminho.
Venha cá.
Dê o fora.
Vocês, por ali. E vocês, ali.
Sempre a mesma história.
A culpa ê do governo.
Não dão importância.
Matem os canalhas! Só assim teremos paz!
Ali está ele. É ele!
- Onde? - Ali.
Prendam-no.
Assassino! Assassino!
Parece um fellagha safado.
Aonde você vai?
- Árabe nojento! - Não o deixem fugir!
Ele está fugindo. Peguem-no!
Eu o vi.
Peguem-no!
Ele está fugindo.
Acusado: Laknan Abdullah.
Operário, casado, três filhos.
Endereço: Rua Thèbes, 8.
- Quantos foram hoje? - Sete atentados e 3 mortes.
Uma cópia para o chefe de polícia, a imprensa, o arquivo e para o senhor.
Obrigado. Boa noite, Corbière.
Boa noite.
Corbière...
onde fica a rua Thèbes?
Na parte alta da Casbah, eu acho.
Boa noite, mamãe.
Boa noite, crianças.
Fatma, por que não estão na cama?
Já estão indo.
Temos que ir.
Por que a pressa? Vocês e o jogo de cartas!
Não podem jogar aqui?
- A saideira? - Claro.
Já estamos atrasados.
Boa noite. Vamos.
Até logo, Lucien.
Não quero que Henri demore.
Entre atrás.
- É longe? - Estamos chegando.
- Podemos passar? - É tarde.
Por causa do toque de recolher.
Deixe-nos passar. Ele está comigo.
Sim, delegado. Podem passar.
- Nº 8, não ê? - É. Vamos rápido.
Assassinos! Assassinos!
Ali! Pare!
Jaffar disse que deve parar.
Escute, Ali. Não vá lá.
O exército vai nos matar.
- Preste atenção. - Saia daqui.
Parados!
Fiquem calmos! A FLN vingará vocês.
A FLN vingará vocês.
Fiquem de guarda no telhado. Você entra.
- Está bem assim? - Está.
Perfeito.
Não está bom? Ouça.
Vou levar meu filho. Vai dar certo.
Então passe pelo posto da rua Divan. É mais fácil.
Depois encontre os outros.
Air France, rua Mauritânia.
O bar da rua Michelet.
A leiteria da rua Isly.
O mecanismo ê curto. E serão armados fora da Casbah.
Taleb está esperando você no mercado de peixes.
Depois terão que correr.
Só terão 3O minutos.
Boa sorte.
Boa sorte.
Vão com Deus.
Parados!
- Documentos. - Esqueci.
- Por ali. Ande! - Estão em casa.
Vou buscar.
- Para trás! - Estou com pressa.
Eu disse para esperar.
Para trás ou ninguém passa.
- Deixe-me passar. - Espere.
- Não ê justo. - Espere.
Com licença.
- Posso passar? - Pode.
Com licença.
Tudo bem.
Mãos para cima.
Pode ir.
Pode passar.
Será uma hora, no máximo. É um menino comportado.
Obrigada.
Está indo à praia?
- Como sabe? - Adivinhei.
Quer companhia?
Hoje não. Vou encontrar uns amigos.
Que pena. Então, fica para a próxima.
Quem sabe?
Boa sorte.
Boa sorte.
Uma coca, por favor.
Quer se sentar?
São cem francos.
Já vai?
Que pena.
Atenção!
O vôo 432 para Paris sofrerá atraso de 20 minutos.
Quer outro martini?
O que foi?
Um tanque de propano deve ter explodido.
Os pára-quedistas chegaram!
1O DE JANEIRO DE 1957
Jean Charrot, inspetor-geral em missão especial...
presidiu uma reunião especial, convocada...
para organizar a repressão aos rebeldes.
Foram tomadas decisões referentes à manutenção da lei e da ordem...
e à proteção das pessoas e da propriedade privada.
O general Carelle, da 1Oª Divisão dos Pára-quedistas...
ficará encarregado de manter a ordem em Argel.
O general comandará forças civis e militares...
e exercerá poderes especiais por decreto oficial.
Philippe Mathieu. Nascido em 5 de agosto de 19O7,em Bordeaux.
Patente: Tenente-coronel.
Campanhas: Itália e Normandia.
Membro do movimento de resistência antinazista.
Expedições: Madagascar e Suez.
Guerras: Indochina e Argélia.
Chegamos à média de 4,2 atentados por dia.
Temos que identificar os ataques individuais e os atentados à bomba.
O problema envolve, como sempre:
Primeiro, o adversário, e, segundo, como destruí-lo.
Existem 4OO. OOO árabes em Argel.
Serão todos inimigos? Sabemos que não.
Mas uma minoria se impõe com terror e violência.
Temos que lidar com esta minoria para isolá-la e destruí-la.
É um inimigo perigoso, que trabalha abertamente e também em segredo...
com técnicas revolucionárias conhecidas e táticas originais.
É um inimigo anônimo, irreconhecível, misturado a centenas de outros.
Está espalhado. Nos bares, nas ruelas da Casbah...
e nas ruas do bairro europeu.
Este filme foi feito pela polícia...
com câmaras ocultas nos pontos de controle da Casbah.
A polícia achou que podia ser útil e, sem dúvida, o foi...
para mostrar a inutilidade de certos métodos...
ou, no mínimo, suas desvantagens.
Escolhi este filme, pois foi feito pouco antes...
de vários ataques terroristas recentes.
Entre esses homens e mulheres árabes...
estão os responsáveis.
Mas quem são eles?
Como identificá-los?
Controlar os documentos ê ridículo. O terrorista será o primeiro...
a tê-los em ordem.
Observem a intenção do operador de câmera.
Ele está certo de que há algo na caixa.
E o filme nos mostra os detalhes.
Talvez houvesse um fundo falso, com uma bomba dentro.
Não saberemos nunca.
Pode parar, Martin.
Temos que recomeçar do zero.
A única informação que temos diz respeito à estrutura da organização.
Vamos partir daí.
É uma organização em pirâmide, formada por vários setores.
Que são, por sua vez, formados por vários triângulos.
No vértice está o Estado-Maior.
O responsável militar do Estado-Maior...
nomeia uma pessoa competente e o nomeia chefe do setor. O nº 1.
Este nº 1 escolhe mais dois:
Nº 2 e nº 3.
Forma-se o primeiro triângulo.
Agora, o nº 2 e o nº 3 escolhem dois homens, cada:
Os de nº 4, 5, 6 e 7.
As razões dessa geometria ê que cada membro...
só conhece outros três membros:
Aquele que o escolheu e os dois que ele escolheu.
O contato ê feito por escrito.
Por isso, desconhecemos os nossos adversários.
Na prática, eles também não se conhecem.
Conhecê-los ê eliminá-los.
Assim, o aspecto puramente militar do problema ê secundário.
O mais importante ê a ação policial.
Sei que esta palavra nos desagrada...
mas ê a que melhor traduz o trabalho que faremos.
Devemos investigar, para reconstruir...
a pirâmide e identificar o Estado-Maior.
A base da nossa tarefa ê a informação.
O método: O interrogatório.
Feito de tal forma a sempre obter uma resposta.
Na nossa situação, demonstrar falsa humanidade...
leva ao desânimo e à confusão.
Tenho certeza de que todos compreenderão...
e agirão de forma adequada.
Infelizmente, o sucesso não depende só de nós.
Precisamos controlar a cidade.
Precisamos investigar cuidadosamente e interrogar todos os moradores.
E aí esbarramos em leis ainda em vigor...
como se Argel fosse um local de veraneio, e não um campo de batalha.
Solicitamos carta branca, mas ê difícil obtê-la.
Precisamos de uma ocasião que justifique nossa intervenção...
e torne-a possível.
Temos que criar esta ocasião.
Ou esperar que nossos inimigos nos forneçam uma...
como parecem estar fazendo.
A todos os militantes:
Após 2 anos de lutas nas cidades e nas montanhas...
o povo argelino obteve grande vitória.
Na segunda-feira,28 de janeiro...
a ONU colocará em debate a questão argelina.
Nossa organização está mobilizada...
para explicar a importância desse evento.
A partir de segunda, a FLN convocará uma greve geral de uma semana.
Durante este período, ficam suspensas as ações armadas.
"Le Monde"! Greve de uma semana!
O dinheiro.
Conseguimos!
Argelinos...
o colonialismo não conseguiu bloquear...
o debate da ONU sobre a questão argelina...
e tentará demonstrar que a FLN representa uma minoria.
A opinião mundial está conosco.
Vamos mostrar nossa unidade.
Apoio à greve convocada pela FLN.
Nesses dias de greve...
não se deve circular pelo bairro europeu.
Não saiam da Casbah. Evitem reunir-se em locais fechados...
para evitar os ataques.
Dêem abrigo aos pobres e aos moradores de rua.
Estoquem água e comida por uma semana.
- Eles parecem calmos. - Mas há algo no ar.
Como coelhos numa gaiola. Como eu previa.
Acha que vão obedecer a convocação da greve?
Acho que sim.
- Está indo como previa? - Espero.
Como chamará a operação?
Bem, general...
BEBA CHAMPANHE
- "Operação Champagne." - Por que não?
"Operação Champagne". Que seja.
Os desabrigados, os desempregados, os mendigos.
Ficarão todos em casas de família durante a greve.
Assim, ficarão a salvo das operações policiais.
Não acho que deveriam ter vindo para cá.
- É um erro. - Por quê?
Você está aqui. É melhor que você vá para outro local.
- Não confia neles? - Confio, mas não se sabe.
Tudo bem. Você decide.
Se eu decidisse, você não estaria mais em Argel.
- É o dever? - É melhor ser prudente.
Ali, leve Ben M'Hidi à Maison des Arbres.
Não vai ficar aqui?
Não. Leve-o até lá. Vou ficar esperando.
O que acha?
É um bom esconderijo.
Parece uma parede.
Veja só.
Agora não. É tarde.
Si Ben M"Hidi, amanhã nos falamos.
Ali, você primeiro.
Passamos pela mesquita.
Podem vir.
Não faremos nada por uma semana.
O que acha da greve?
Acho que será um sucesso.
Também acho. Está bem organizada.
O que farão os franceses?
Farão todo o possível para esvaziá-la.
Eles farão mais do que isso...
porque demos a oportunidade de fazer mais.
Entende o que quero dizer?
Agora, não estarão mais às cegas.
Todo mundo será um inimigo reconhecível.
Um réu declarado. Os franceses assumirão a ofensiva.
- Entende o que estou dizendo? - Entendo.
Jaffar disse que você não queria a greve.
- Não. - Por que não?
Porque nos disseram para não usar armas.
Atos de violência não vencem guerras.
E nem revoluções.
O terrorismo serve para começar.
Depois, o povo todo deve agir.
É para isso que serve a greve.
Para mobilizar os argelinos e avaliar a nossa força.
E mostrar isso à ONU.
Isso, mostrar à ONU.
Não sei se vai servir...
mas a ONU poderá medir a nossa força.
Sabe, Ali, começar uma revolução ê difícil.
Mais difícil ainda ê continuá-la e, o pior de tudo, ê vencê-la.
Mas ê depois, quando tivermos vencido...
que começarão as reais dificuldades.
Ou seja, há muito a fazer.
Não está cansado, Ali?
Não.
Acordem!
Todo mundo para fora!
Canalhas! Vamos lhes ensinar a fazer greve!
Atenção todos os carros.
Embarcar os operários! Caminhão nº 1, para El Biar.
Nº 2, usina de gás.
Nº 3, o cais do porto.
Atenção!
Enviar todos os suspeitos ao quartel-general.
Aquele.
Você, venha cá! Parado.
- Está em greve? - Estou doente.
Está com medo de admitir.
Confesse que está com a FLN.
Você ê um deles.
Acha que sou imbecil? Que não percebo?
A FLN quer que façam a greve e não vai dizer. Árabe cretino!
Como quiser. Gêrard, leve-o.
- Venha comigo. - É surdo?
Todos de volta ao trabalho.
Vamos indo!
"Dia 4: A greve geral continua.
Todas as atividades foram suspensas.
Nenhum acidente grave foi relatado.
Está tudo calmo no bairro muçulmano."
Eu ligo depois.
Mathieu está aqui.
- Algumas perguntas. - Vou ver o chefe de polícia.
- O que está havendo? - Estamos avaliando a situação.
Vejam com seus próprios olhos. Andem pelas ruas e vejam.
- A greve foi vitoriosa. - Frustrou seu objetivo.
A insurreição?
- Este não ê o objetivo. - Acreditam na FLN?
Talvez seja plausível. Uma greve pode convencer a ONU.
A ONU está muito longe. Como pode medir a força de uma greve?
Jogar bombas seria mais eficiente. Eu agiria assim.
O que significaria uma insurreição armada agora?
O que sempre significou, uma fase da guerra revolucionária.
O terrorismo leva à insurreição armada.
Assim como a guerrilha leva à guerra.
Dien Bien Phu?
Isso mesmo. Mas na Indochina eles venceram.
- E aqui? - Depende de vocês.
De nós? Vai nos alistar?
Nada disso. Apenas escrevam e bem.
- Não precisamos de soldados. - O que mais?
Vontade política que às vezes existe e às vezes, não.
Às vezes não ê suficiente. O que foi dito em Paris ontem?
Nada. Outro artigo de Sartre.
Por que será que os Sartres sempre nascem do outro lado?
Gosta de Sartre?
Não. E muito menos como adversário.
1, 2, 3, 4... Venham comigo.
Vamos!
- O que ê isso? - A pista de dança.
Vamos acabar logo com isso.
Repita o que disse, para ir embora.
- Sobrenome? - Smain.
- Nome? - Ahmed.
- Seção? - Segunda seção.
- Seja mais claro. - Segunda seção.
Casbah, Argel Oeste.
- Que grupo? - Terceiro grupo.
- Que função? - Responsável pela 6ª divisão.
Muito bem.
SEXTO DIA DA GREVE Povo da Casbah...
a FLN quer impedi-los de trabalhar.
A FLN os obriga a fechar as lojas.
A FLN quer que morram de fome e os condena à pobreza.
A FLN quer impedi-los de trabalhar.
Povo da Casbah, a França ê a pátria de vocês.
Mohammed! Mohammed! Você o viu?
A FLN quer que morram de fome e os condena à pobreza.
Povo da Casbah, resistam às ordens da FLN.
Ainda bem que chegou.
Que Deus os abençoe.
Viu meu irmão Said?
Argelinos! Irmãos! Coragem!
A FLN diz que não tenham medo!
Não se preocupem, estamos ganhando.
A FLN está do nosso lado.
Viva a Argélia!
5 DE FEVEREIRO DE 1957 ÚLTIMO DIA DA GREVE
Abra a porta.
Rápido.
Mais rápido!
A Assembléia Geral da ONU...
visto que as moções apresentadas não obtiveram a maioria...
deliberou que não haveria intervenção direta na Argélia.
A ONU, porém, tem esperança de que, com espírito de cooperação...
ma solução pacífica, democrática e justa seja alcançada...
de acordo com os princípios da Carta da ONU.
Ótimo. Bom trabalho.
Agora podemos descansar.
O fim da greve não muda nada. As ordens continuam iguais.
Os soldados devem seguir as instruções.
Vamos ocupar a Casbah 24 horas por dia.
Continuamos o nosso trabalho da maneira de sempre.
Algum de vocês já teve tênia?
É um verme que cresce infinitamente.
Mesmo destruindo-se seus milhares de segmentos...
mas não a cabeça, ela se reproduz e cresce.
A FLN ê a mesma coisa.
A cabeça ê o Estado-Maior. Várias pessoas.
Enquanto não forem eliminadas, teremos que recomeçar.
Eis quatro nomes.
Encontrei nos arquivos da polícia.
São fotos ampliadas.
Si Murad.
Ramel.
Jaffar.
Ali La Pointe.
Vamos imprimir mil cópias e distribuir aos soldados.
Quem mais mora aqui?
Eu já disse. Minha filha lá em cima, e meu marido que está trabalhando.
Tudo bem, Pierre. Vamos.
Já foram embora. Eram dez, desta vez.
- Pára-quedistas? - Sim.
Será que vieram por causa de um traidor?
Vieram sozinhos.
Fizeram perguntas. Mas não machucaram ninguém.
Jibela Malika foi preso.
Sheik Abdullah foi preso.
Povo da Casbah, a FLN perdeu a batalha.
Rebelem-se contra a autoridade agonizante.
Colaborem para a construção de uma nova Argélia.
Mujid Ben Ali foi preso.
- O que foi? - Ele foi preso.
Coragem.
Temos que nos separar. Mudar o esconderijo.
Vamos refazer os contatos.
Substituir os que foram presos e mortos.
Reorganizar nossos grupos.
Temos que mostrar que ainda existimos.
Vamos deixar isso para depois.
Não. Agora. Deixe isso comigo.
Não. Ninguém fará nada.
Temos que resistir o quanto pudermos...
sem dar ao inimigo a chance de nos pegar. Concordam?
Temos que fazer alguma coisa.
É por isso que temos primeiro que restabelecer nossos contatos.
- Como vamos nos deslocar? - Vou cuidar disso.
Sairei em três meses.
Veja!
Rápido, esconda-nos! Estamos sendo seguidos.
Onde? No terraço?
Entrem, irmãos.
Que Deus os proteja. Fiquem no poço.
Fiquem com Deus.
Já foram embora. Esperem até eu chamar. E depois podem ir.
Obrigado.
A 1ª seção morreu.
Não sobrou ninguém.
Perdemos o contato com a segunda.
A 3ª está se reorganizando.
A 4ª ê a única que sobrou. Podemos recomeçar com elas.
25 DE FEVEREIRO DE 1957
Canalha! Vai pagar pelos outros!
Calma! Para trás!
4 DE MARÇO DE 1957
Chega de fotos.
Sr. Ben M"Hidi...
não acha um pouco covarde usar as cestas das mulheres...
para levar bombas, que tiram tantas vidas inocentes?
Não ê ainda mais covarde atacar vilarejos indefesos...
com *** que matam muitos milhares mais?
Claro que usar aviões nos facilitaria muito.
Dêem-nos os bombardeiros, e podem ficar com nossas cestas.
"O senhor acha que a FLN...
tem alguma chance de derrotar o exército francês?"
A FLN tem mais chance de derrotar o exército francês...
do que os franceses de mudar o curso da História.
O coronel Mathieu declarou que o senhor foi preso por acaso.
Por engano, quase.
Os pára-quedistas procuravam alguém menos importante do que o senhor.
Pode nos dizer por que o senhor...
estava naquele apartamento da rua Debussy?
Só posso dizer que preferiria nunca ter ido lá.
Agora chega. É tarde e temos trabalho pela frente.
- O espetáculo acabou? - Acabou.
Antes que produza o efeito contrário.
Povo da Casbah, a rebelião está enfraquecendo.
Ali Mohammed, chefe da 2ª seção da FLN...
foi morto hoje de manhã.
Povo de Argel, entreguem os agitadores.
Abandonem a organização rebelde.
O exército está protegendo vocês. Confiem nele.
Coronel Mathieu...
o porta-voz do Ministro Residente, Sr. Gorlin...
declara que Larbi Ben M"Hidi enforcou-se na cela...
com tiras de camisa que transformou em corda...
e amarrou nas barras da janela.
Dada a intenção do preso de escapar na primeira oportunidade...
foi considerado necessário manter o prisioneiro continuamente...
com as mãos e pés atados. Na sua opinião, coronel...
em tais condições, pode um homem...
rasgar a camisa, usá-la para fazer uma corda...
e se enforcar na janela?
Perguntem ao porta-voz do Ministro.
Não fiz tal declaração.
Da minha parte, tive a chance de apreciar a fibra moral...
a coragem e o compromisso de Ben M"Hidi com os seus ideais.
Assim, mesmo ciente do perigo que ele representava...
quero prestar homenagem à sua memória.
Fala-se muito, não apenas...
do sucesso dos pára-quedistas...
como também dos métodos usados por eles.
O que o senhor diz a respeito?
O sucesso deles ê resultado desses métodos.
Um depende do outro.
Com licença.
Talvez, por um excesso de cuidado...
meus colegas fazem perguntas vagas...
às quais o senhor responde de maneira também vaga.
Acho que seria melhor...
chamar as coisas pelo seu nome. Então, falemos da tortura.
Entendo. O senhor tem alguma pergunta?
As perguntas já foram feitas.
Gostaria de respostas mais diretas.
Vou tentar ser direto.
A palavra"tortura" não consta das nossas ordens.
Usamos o interrogatório como único método policial...
de luta contra a atividade clandestina.
A FLN pede aos seus membros...
em caso de captura, que mantenham silêncio por 24 horas.
Depois, podem falar.
Isto dá à FLN tempo de inutilizar as informações dadas.
E nós? Que interrogatório devemos usar?
Os procedimentos jurídicos...
que levam meses para um simples delito?
A legalidade pode ser inconveniente.
E ê legal colocar bombas em locais públicos?
Lembrem-se da resposta de Ben M"Hidi quando essa pergunta lhe foi feita.
Creiam-me, senhores, ê um círculo vicioso.
Podemos discutir horas, sem chegar a uma conclusão...
porque o problema não ê este.
O problema ê o seguinte:
A FLN nos quer fora da Argélia e nós queremos ficar.
Apesar das leves divergências entre nós...
vocês concordam que devemos ficar.
Quando a FLN começou a rebelião, não havia divergências.
Todos os jornais, mesmo os comunistas, queriam sufocar a rebelião.
Por isso fomos mandados para cá.
Não somos loucos, nem sádicos.
Os que nos chamam de fascistas...
esquecem o papel que tivemos na resistência.
Os que nos chamam de nazistas esquecem...
que alguns de nós sobreviveram a Dachau e Buchenwald.
Somos soldados. Nosso dever ê vencer.
Assim, para ser direto, eu lhes pergunto agora.
A França deve permanecer na Argélia?
Se a resposta for afirmativa...
devem aceitar todas as conseqüências.
Um médico! Ele foi esfaqueado.
Acabou a munição.
Olhe ali.
Atropele aquela gente!
26 DE AGOSTO DE 1957
Deixem o coronel passar.
Não ê a hora de bancar o herói.
Passe o megafone.
Ramel. Si Murad.
Escutem bem.
Não quero estar no lugar de vocês quando forem presos.
Sabem que vamos pegá-los.
Rendam-se e não serão feridos.
Terão um julgamento justo.
- Ouviram? - Quem está falando?
Mathieu. Coronel Mathieu.
Não confiamos em vocês.
Chegue mais perto.
Queremos ver você.
Por que não confiam em mim?
Aproximem-se para eu poder vê-los.
Fiquem com as mãos paradas e à vista.
Queremos o compromisso de um julgamento justo por escrito.
Apresente uma declaração por escrito. Aí nos renderemos.
Como entregar a declaração?
Mandamos nossas armas em uma cesta.
Muito bem.
Acabou?
Acabei.
- Pronto, Mathieu? - Sim, mas quero ver vocês antes.
28, 27, 26...
25, 24, 23...
Já podemos vê-los. Podem ir.
Aqui está.
E saibam que, quando dou minha palavra, eu cumpro.
Canalha! Ele saiu de perto.
Rápido, seu árabe cretino!
Tome, seu canalha.
24 DE SETEMBRO DE 1957 Queime todos os papéis.
Não deixe nada.
Quem ê Zakia?
Você?
Diga a Jaffar que se renda...
ou mando explodir a casa com todo mundo dentro.
Tente convencê-lo se quiser salvar a casa.
Entendeu?
Espere. Quer morrer?
Jaffar.
Zakia está subindo. Não atiraria, se fosse você.
Agora, vá.
Jaffar.
Preste atenção.
Eles dizem que se não descer, vão explodir a casa.
Diga a eles para explodir o que quiserem.
Vá dizer a eles.
Disse que não vão se render e que pode mandar explodir.
Tudo bem. Vá com os outros.
Preparem os explosivos.
O mais perto possível, mas não se arrisquem.
Usem uma mecha longa.
Vocês dão cobertura, enquanto eles trabalham.
Fique atento. Qualquer coisa pode acontecer.
Não tem sentido morrer assim.
Vamos deixar os outros saírem.
Mathieu! Se me der sua palavra que não vai machucar ninguém na casa...
vamos descer.
Teria detestado explodir todos na casa.
Por quê?
Sua foto e sua ficha estão na minha mesa há meses.
Sinto como se o conhecesse um pouco.
Não me parece alguém que faça gestos inúteis.
O senhor parece satisfeito de ter me apanhado vivo.
Com certeza.
Pensei que fosse se arrepender. Dei uma vantagem maior do que imaginava.
Não. Apenas a satisfação de ter intuído corretamente.
Tecnicamente falando, não podemos falar de vantagens.
O jogo acabou.
Seu monstro! Hipócrita! Você está errado.
- Ali La Pointe ainda está na Casbah. - O que ela disse?
Que Ali La Pointe ainda está livre.
Amanhã teremos um menino ou menina.
Lembra-se de quando nos casamos?
Foi bom a FLN ter feito nosso casamento.
- Entre. - Já vou.
Você está cansada. Vá descansar.
Omar, vá dormir.
Temos a fazer amanhã.
Eu, Mahmud, Hassiba...
e você.
Não sobrou ninguém. Sadek vai dirigir.
Você sai, coloca a bomba e volta rápido.
Cuidado para não ser seguido. Depois, nós sairemos.
Primeiro Hassiba, depois Mahmud. Eu cuido do resto.
Acorde!
Dormiu bem? Prepare-se.
- Já está na hora? - Quase.
- Hassiba! - Estou pronto.
Ouvi um caminhão.
Eu também. Mas se fosse Sadek, ele já estaria aqui.
- Como vai sua mulher? - Bem.
Para dentro.
Vá para fora!
De pé.
- Então? - Tudo pronto. A casa foi evacuada.
- Ele respondeu? - Silêncio absoluto.
Já esperava por isso.
Ali La Pointe!
Deixe os outros saírem, ou explodirão junto com você.
O menino vai para o reformatório por uns tempos.
Por que deixá-lo morrer?
Ele ainda está aqui? Levem-no.
Ali... Ali La Pointe!
Você tem 3O segundos. O que está esperando?
Vocês perderam.
Pense bem. Trinta segundos.
Trinta segundos, contando.
Quem quiser pode ir.
- O que vai fazer? - Não confio neles.
Vocês quatro fiquem aqui.
Desçam, quando eu der o sinal.
- Tudo pronto? - Sim, senhor.
Para trás!
Vocês dois, cubram-no e tenham cuidado. Nunca se sabe.
A tênia perdeu a cabeça.
- Satisfeito, Mathieu? - Sim, senhor.
- A FLN foi decapitada em Argel. - Não se falará mais nela.
- Pelo menos, por enquanto. - Para sempre, esperemos.
No fundo, são boa gente. Nós nos demos bem durante 13O anos.
- Por que não podemos continuar? - Argel não ê toda a Argélia.
Não, Argel não ê toda a Argélia.
Mas, por enquanto, vamos nos contentar com Argel.
Nas montanhas, as coisas são muito mais fáceis.
Até logo, general.
Até logo, Mathieu. Vejo você à tarde.
Sim, senhor.
11 DE DEZEMBRO DE 196O
Por alguma razão desconhecida, ou motivo obscuro...
após dois anos de relativa calma...
com a guerra restrita basicamente às montanhas, surgem distúrbios...
sem aviso prévio. Ninguém sabe o porquê, ou como.
Telefonei para Túnis.
Falei com um chefe da FLN no exílio, mas ele também não sabe de nada.
Viva a Argélia!
Hoje de manhã, pela primeira vez...
surgiram bandeiras com a meia-lua e a estrela.
Milhares de bandeiras, talvez feitas durante à noite.
Na verdade, "bandeiras"é um modo de dizer.
Vemos lençóis, camisas, trapos...
Tudo virou bandeira.
Estamos manifestando pela liberdade!
Estamos manifestando pela liberdade!
A situação está mais tensa hoje. Apesar da pressão...
dos grupos colonialistas mais radicais, o governo deu ordens...
de só usar armas em último caso.
Hoje ocorreram ataques contra o bairro europeu.
Houve várias vítimas, mas a situação voltou ao normal.
Mas nos bairros muçulmanos ainda se ouvem os gritos...
incompreensíveis e assustadores.
A surpreendente unidade dessas manifestações...
causou forte impressão na opinião pública francesa.
Segundo notícias de Paris, uma parte importante da classe política...
é favorável a buscar uma nova relação com a Argélia.
21 DE DEZEMBRO DE 196O ÚLTIMO DIA DE MANIFESTAÇÕES
Atenção!
Voltem para casa!
O que vocês querem?
Independência!
Nosso orgulho! Viva a Argélia!
Queremos liberdade!
Ainda seriam necessários mais 2 anos de luta.
E, em 2 de julho de 1962, obtida a independência...
nasce a nação Argelina.
Baseado no livro "Souvenirs de la Bataille D'Alger" de Saadi Yacef
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