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Meu nome é Michelle McNally,
filha mais velha de uma família anglo-indiana residente em Shimla.
Essa história é sobre eu e meu professor,
uma história sobre duas pessoas deixadas inacabadas por Deus,
que lutaram uma batalha contra o destino
e tornaram possível o impossível.
O mundo em minha história é diferente,
onde o som transcende em silêncio
e a luz, em trevas.
Este é meu mundo,
onde nada pode ser visto ou ouvido.
Só há um nome para o meu mundo...
ESCURIDÃO
Quanto tempo você pode viver nesta escuridão?
Uns poucos momentos... horas... dias?
Durante 40 anos tenho vivido nesta escuridão.
Durante 4 anos tenho realizado minha prova final em Artes,
e durante doze anos, tenho ido a esta igreja, todo domingo.
Mas aquele domingo era especial.
Sentia que Deus escutaria minhas preces.
Minha única prece era
que meu professor voltasse para mim.
Minhas orações tardam em chegar a Deus,
e Ele demora em torná-las realidade,
mesmo naquele domingo não encontrei o meu professor.
Naquela tarde, Sara e eu voltávamos para casa
quando, de repente...
Espera...
Michelle, me espera, está bem?
Oh meu Deus!
Michelle! Michelle!
Michelle! Suas orações foram respondidas.
É Debraj. Está ali junto à fonte.
É verdade, eu juro, sim eu juro! Vamos! Sim. Sim.
Naquele dia meu professor voltou para mim,
depois de 12 anos, e o reconheci.
Mas ele havia se esquecido de tudo.
Inclusive de mim.
Escrevo esta história para ele,
para meu professor: Debraj Sahai.
Ele não se lembra de nada?
Deve haver algo que possamos fazer.
Sara, o Sr. Sahai está com o Mal de Alzheimer.
Ele se esqueceu de tudo. É um vazio aterrador.
O Sr. Sahai se esqueceu até da própria cama.
Esqueceu-se das palavras, esqueceu-se inclusive de como se fala.
Está num estado muito avançado da doença.
Não doutor. Não acredito.
Deve se lembrar de alguma coisa.
Além do que, depois de todos esses anos, encontrá-lo em nossa casa...
E o Sr. Sahai nunca poderia esquecer-se da Michelle.
Como um apagador limpa as palavras de um quadro-***,
esta doença tem limpado lentamente todas as recordações dele.
Umas poucas palavras ou frases podem acender alguma lembrança,
mas o Alzheimer não tem cura.
O que Michelle está fazendo?
Ela quer ler para ele a história de sua vida, em braile.
Quem sabe, tocando essas palavras, ele possa recordar-se de alguma coisa.
Michelle acredita que esse milagre acontecerá.
E ela não vai parar, até que ele se lembre de alguma coisa.
A ciência não acredita em milagres.
É impossível para ele se lembrar de alguma coisa.
Impossível é uma palavra que o Sr. Sahai nunca ensinou a Michelle.
E o que você chama de impossível,
ela tornará possível.
Você estava escrito em meu destino.
Quando eu tinha 2 anos,
naquela noite, de repente, toda a felicidade nos abandonou.
Quando minha vida entrou em um *** vazio.