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Essa obra.. Eu acho que existe uma semelhança, entre o meu trabalho de arte e minha música
porque o que eu tento fazer é ir a esse lugar do desconhecido.
É onde você abre sua cabeça e você pode explorar coisas que você precisa dizer instintivamente
e às vezes você não sabe para onde seu pensamento vai.
Quando o trabalho está completo, aí você o entende porque ele tem um diálogo com outras pessoas
e cria uma situação em que você pode falar e trocar sobre seus pensamentos.
Por isso que existe uma semelhança entre as minhas duas práticas
porque o feedback de outras pessoas é como eu entendo porque a gente faz o que a gente faz.
E como você faz a seleção dos materiais?
Eu estudei cerâmica, e o aparelho é feito de cerâmica, por mais ou menos seis anos
E eu moro em Nova York, em China Town agora, mas antes eu morava no Brooklin
E sempre em apartamentos pequenos
e eu não podia trazer a minha prática de cerâmica para Nova York.
Quando me mudei para Nova York depois da faculdade de arte eu não podia trazer minhas cerâmicas
porque eu teria que fazer a escultura em argila e levar para o forno, queimar e depois trazer de volta...
e a mídia da cerâmica é muito táctil e você depende de forças externas, como o calor...
É, isso porque a cerâmica é de fato sobre a terra, sobre o calor e água e química e depende de muitos fatores
às vezes eu trazia minhas peças para um forno para queimá-las e deixá-las sólidas e elas rachavam e quebravam
e eu tinha minha exposição na semana seguinte e tudo estaria quebrado, então...
eu tive que achar um equilíbrio entre a cerâmica e os materiais que eu encontrava.
Foi por isso que comecei a usar materiais fotográficos, seja tirando as fotografias ou as reproduzindo
ou as encontrando, como fiz com essa.
Mas para esse trabalho em particular, achar o pôster foi mais difícil do que fazer o trabalho.
Porque, para mim, ele liga minha música ao meu trabalho
porque é preciso fazer uma performance para conseguir o pôster.
Você tem que mentir... Existe muita mentira neste mundo, eu não vou mentir que não existe.
Algumas pessoas dizem que para ser famoso no mundo da arte
para realmente viver da arte, você precisa estar no lugar certo na hora certa.
É horrível! É isso que eu aprendi na faculdade de arte! De grandes críticos, não sei se conhecem Jerry Saltz...
Ele disse que 60% dos artistas bem sucedidos estavam no lugar certo na hora certa
Eu não queria acreditar nisso, então voltei para uma faculdade no meio dos Estados Unidos
onde ninguém era um crítico famoso ou um artista famoso. Foi lá que eu fui estudar.
Só para entender a natureza do material que eu usava na época, a cerâmica
Então você não precisa confiar nesse destino. Eu não acredito que seja destino.
Eu acredito que se você trabalhar duro é uma espécie de...
Meu pai é de Atenas, na Grécia, e ele ganhou a vida nos Estados Unidos
Você pode realmente fazer seu próprio destino. Então não acredite que..
Até pode ser verdade...
eu acho que você deve estar na cidade se quer se seu trabalho seja visto
porque você terá varios encontros...
Mas então você pode você pode sair de lá e ir para um lugar que é onde você quer estar.
De onde você tira sua inspiração?
Eu me inspiro muito nas ruas.
Quando estava na escola de arte as coisas que inspiravam mais na vida eram...
Eu estava na China estudando cerâmica e havia um homem escovando os dentes na porta de casa
E eu pensei: você não precisa de um banheiro para escovar os dentes
você pode escovar os dentes na rua.
Essa é a conexão entre vida e arte. Não há diferença entre a vida no palco e a vida de todo dia.
Porque me ensinaram que isso é uma escultura, é aberto, a vida é uma química de moléculas e energia interagindo com tudo
Então para mim não há diferença entre escovar seus dentes na calçada e jogar este graveto para ser uma escultura
Vocês conhecem David Hammons, o artista? Ele é afrodescendente...
Ele fez um trabalho lindo onde ele vai chutando uma bola pela rua no Harlem
Ele não era muito conhecido quando eu estava na faculdade, era mais Vito Acconci, Carolee Schneemann
Porque eu estudei performance por minha conta e existia esse artista africano que me impactou profundamente
E basicamente o trabalho dele era andar nas ruas de Harlem chutando uma bola, se conectando com a rua
Tendo essa energia, fazendo uma escultura no ar. A energia da sua raiva, jogada nesse mundo da arte.
Talvez ninguém visse isso na época... Isso para mim é muito passional
Eu me inspiro em artistas assim e pessoas na rua. Tem um xamã que vive no bairro que moro agora...
Ele limpa a rua, ele é um budista e ele fala com a rua, ele fala com o ar. E eles amam!
Ele recita poesia para a rua! Ele não é pago pela cidade, mas ele limpa as ruas. Talvez eles tenham alojado ele..
Esse homem para mim é mais elevado do que qualquer um, até do que arte no museu.
Para mim isso é arte como vida, sabe?
Esse é um homem que é respeitado, porque provavelmente é protegido pelo seu pessoal.
É assim que as ruas inspiram o meu trabalho.
Algumas pessoas dizem
"É o som de Nova York? Você está em uma Meca, com todas essas culturas você está no centro disso tudo"
É claro que essas coisas me influenciam, mas somos todos bagagem, uma mala feita de tantas culturas diferentes
Cada peça de roupa, cada coisa que você usa reflete o que está dentro de você
Eu sinto que somos todos naturalmente influenciados por algum elemento cultural de alguma forma
Então é claro que seremos influenciados, sabe?
Então, eu costumo trazer adolescentes para ver esse trabalho e eles ficam encantados com o trabalho, eles adoram...
E eu gostaria de saber o que você acha deste tipo de imagem que faz com que eles se identifiquem?
Eu posso entender a conexão. Eu sempre me inspirei nos anos de minha adolescência
Eu acho que a imagem na verdade se assemelha a uma minha nos anos 1980, quando estava no ensino médio
Até a cor do pôster parece com minha foto do colégio!
Me disseram, quando eu comecei a expor meu trabalho em Nova York que ele tinha uma qualidade jovem
Alguém disse que emoção caótica era o significado subentendido por trás do meu trabalho
Eu lembro que havia uma galerista em Nova York chamada Pat Hurn, e ela era uma grande influência para mim
Ela foi a primeira mulher a falar comigo sobre meu trabalho fora da escola e ela disse "você trabalha com o erro"
E ela me comparou a John Jonas, vocês conhecem o trabalho de John Jonas?
Ela é uma artista de performance dos anos 1970 que fazia obras com a natureza
Performances ou instalações na areia ou na terra.
Ela pegava um espelho e trazia para o seu corpo e refletia o sol em outra árvore...
Fazia esses mecanismos ou instalações com a terra. Ela fazia obras na areia, ela trabalhava com o erro
e esse é o tipo de pessoa que influencia meu trabalho, porque é um trabalho efêmero
Mas ela disse que eu trabalha com o erro e tinha essa habilidade caótica de ser livre com as coisas
e eu acho que esse é um tipo de energia que jovens podem se relacionar com, é mais adolescente...
Muito do meu trabalho inicial às vezes era comparado com arte gótica.
Eu costumava esfaquear paredes, pendurar correntes e rosas e fotos de cemitérios
Era bem rebelde. Acho que quando você vem a um museu e finca uma faca na parede, às vezes as pessoas se assustam
Eu sempre viajava com uma faca de cozinha. Lembro uma vez que estava viajando com Rita Ackermann...
Vocês conhecem o trabalho dela? Ela é uma pintora em Nova York, a gente fez muitos trabalhos juntas
como parte desde projeto chamado Anjo de Sangue, era uma banda, mas também fizemos trabalhos de arte juntas
Era bem assustador, às vezes a gente entrava em uma loja e ela roubava coisas. Não roubem!
Mas eu olhava na bolsa dela e tinha uma faca que saía da bolsa para uma instalação em um museu
E a gente saía da loja e eu achava inacreditável que ela tinha roubado a faca!
E eu pegava a faca quando a gente chegava no museu e enfiava na parede através de uma das minhas obras!
Era muito violento!
E daquela vez era uma grande bunda de uma mulher, o que não é tão legal...
Mas a primeira ve que eu usei facas no meu trabalho... Era a imagem de uma mulher vista por trás
Era como se eu falasse "Você quer olhar para isto?"
Para bloquear os olhos do espectador.
Mas, uma vez que fizemos uma performance juntas nós comemos e expusemos os restos em uma mesa, os ossos.
E nós batemos duas motos em um museu.
Eu estava acorrentada em uma das motos e havia um candelabro imenso em cima dos restos de comida
E eu lembro que o vestido da Rita pegou fogo durante a performance!
Foi horrível! Trabalhávamos sempre com riscos, mas eu tive que assoprar o fogo em plena performance!
E eu estava olhando para essa imagem da minha galerista, que eu pendurei no candelabro que criou o fogo
E eu pensei: "obrigada por me proteger!"
Mas, sabe, era sempre arriscado quando eu trabalhava com o Angel Blood
Isso foi pré Dash Snow, pré Dan Colen, antes do que chamam de "Geração Warhol" de agora
Foi 10 anos antes disso. Era underground, e estávamos viajando pelo mundo arriscando nossas vidas.
Como você se vê em relação aos outros artistas que estão na exposição?
Bem, definitivamente existe uma comunidade, eu conheço muitos dos artistas pessoalmente
Por exemplo, eu e Nate Lowman amigos próximos e falamos sobre muitas coisas, damos trabalhos um para o outro
Com Wade Guyton fomos seguranças de um museu juntos em Nova York por muitos anos antes de sua carreira decolar
E Kelley Walker, eu acho, trabalhou no museu também
Quando você está em uma comunidade em Nova York, a tendência é que seja uma comunidade pequena
Todo mundo se conhece e todos vão às vernissages de todo mundo e apoia um ao outro
Porque naquele momento você estava lá para fazer trabalho e para pessoas verem seu trabalho e criar um diálogo
Eu não participo mais tanto do mundo da arte e acho que isso me aproxima dos artistas e das exposições
Porque quando estamos juntos...
Eu geralmente estou viajando com minha banda então eu não posso ir a todas exposições
Mas, quando estamos juntos você fica mais próximo porque você se esforça junto para chegar em um objetivo
Eu acho que eles se conectam com meu espírito de rebelião, talvez o Nate Lowman
Eu sei que é assim que eu conecto com o trabalho dele. O trabalho dele também é de performance
Os buracos feitos por balas no vidro me lembra muito William Burroughs
quando ele atirou em uma maçã na cabeça de sua esposa como um jogo
É um trabalho muito performático para mim e eu gosto do jeito que ele expõe esse trabalho
Geralmente na entrada de algum lugar...