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Estás com raiva?
Vigia a porta, Sanford!
Vigia a porta!
Qual é o problema?
Não te vou magoar.
- Achas que vou te magoar?
- Não.
Não te vou magoar.
Vem cá!
Alguns dias, fazia de imediato.
Noutros dias, ele esperava.
Escolhia um, de entre
quatro ou cinco deles.
- Sim.
- Não, não!
Vamos!
Deixa-te estar na porta!
Às vezes...
deixava um ou dois
ainda vivos.
Eles não iam viver, de qualquer forma.
Ele dizia...
Termina Stan, termina mais,
termina agora, termina tu.
E eu fazia.
Eu matei-os.
Eu matei.
Eu matei-os, meu Deus,
eu matei-os!
Deus...
Olha para mim.
Essas crianças,
se as visses mais uma vez,
achas que as podias reconhecer?
Eu não sei.
Talvez.
Quero que dês uma
vista de olhos nisto.
Aqui estão.
Só uma vista de olhos,
está bem?
Se reconheceres algum,
pões em cima da mesa.
Eu sinto muito.
Meu Deus!
Não queria fazer isso,
ele obrigou-me.
Este.
Olha para ele.
Tens a certeza?
Tenho.
Jesus Cristo.
Deus.
Deus.
Jesus Cristo.
Filho da puta.
Ele está a mentir, está
a protelar a partida.
Vinte crianças, senhor.
Ele está a jogar, sabe que está com
problemas,
assim inventará uma história de
como o mantiveram à força no país.
Com todo o respeito,
senhor, acho que não.
Precisa de o ver, ele está
assustado com as lembranças.
Escolheu o menino Collins
e nós encontramo-lo, lembra-se?
Não tem lido os jornais?
"Mãe perturbada reclama que
a polícia devolveu filho errado"
- Talvez devesse lê-los.
- Senhor, ouça-me apenas.
Desculpe, capitão,
mas está aqui de novo.
Quem?
O reverendo Briegleb a perguntar
por Christine Collins.
Diga ao filho da puta que
isto é propriedade da polícia
e que o prenderei
por perturbar a paz.
Eu tentei, ele disse que não saía,
nem os seus amigos.
O quê?
Que merda?
Jesus.
Jesus, que confusão!
Capitão?
Ybarra?
Escuta-me.
Você não fará nada a não
ser voltar para cá.
Senhor, o departamento de polícia
diz que toda alegação de homicídio
tem que ser investigada.
São, crianças, pelo amor de Deus.
O departamento de polícia
é o que eu digo.
Agora estou a ordenar que volte
aqui com esse menino, entendeu?
Não fale com ninguém e traga-me
esse menino, entendeu?
Ninguém.
- Capitão Jones.
- Rapazes.
Que diabos você fez
com Christine Collins
e não tente mentir acerca disso,
porque sete vizinhos viram-na
a ser levada no carro da polícia.
A Sra. Collins foi colocada
num lugar em custódia protegida,
por causa de uma crise mental.
O quê?
Está a receber o melhor tratamento
possível. E isso é tudo.
Próxima.
- Vamos.
- Para quê?
- Medicação.
- Medicação para quê?
Será bom para você, para relaxar.
Não quero tomar isso.
- Não é o que quer, é o que precisa.
- Eu não quero!
Dr. Steele! Dr. Steele!
Não vou tomar nada, não há nada
de errado comigo,
não preciso de medicação.
Não há nada errado consigo.
Nada de errado...
Não, você está bem.
Sim, estou.
Bem, então não deve haver
problema para assinar isto.
Aí você assina que estava errada
quando disse que o menino
que foi devolvido pela polícia
não era seu filho.
E ainda estipula que a polícia estava
certa em mandá-la para observação
e absolve-os de toda
a responsabilidade.
Assine-o.
Não vou assinar isso.
Não vou assinar.
Então sua condição de saúde
não é positiva.
Assine e poderá sair
amanhã de manhã.
Mas eu não estava errada,
ele não é o meu filho.
Meu filho continua desaparecido.
Sra. Collins, você está agitada.
Sim, mas... não vou assinar,
porque não é meu filho!
Segurança!
Ele não é meu filho.
- Segurança!
- Meu filho está desaparecido!
- Ela se tornou histérica.
- Meu filho está...não!
Meu filho está desaparecido!
- Sede-a devidamente!
- Não! Não! Não!
Não! Não! Não!
Parem!
Soltem-na!
Abra sua boca! Você engoliu?
Parem!
- Afaste-se!
- Tirem-na daqui!
Não se meta nisto!
Isso não é da vossa conta!
Isto são assuntos de polícia!
Para todos!
Não se metam ou vai ficar pior!
Não acha que já causou muitos
problemas à lei, ao ser uma puta?
Sabe o que significa.
Sala 18.
Não! Parem!
Parem!
Vamos, rapaz.
Walter Collins, 9 anos
Los Angeles
Peço desculpa!
Lamento, eu levá-lo-ei.
- Para quê?
- Nós temos perguntas.
Obrigado. Vamos.
Freddy, Ross! Venham comigo
que eu explico no caminho.
Sim, senhor.
Você não devia
ter feito aquilo.
Eu queria.
Sinto-me bem.
Perdi dois bebés
por culpa de médicos.
Sem escolha.
Nunca tive a hipótese
de lutar contra eles.
Você tem, não pare.
Não.
Que se fodam eles
e o cavalo que montaram.
Essa não é exactamente
a linguagem de uma dama.
Bom...
Mas é sem dúvida a linguagem
certa a ser usada com eles.
Sim?
Quando não tem
mais nada a perder.
Não era suposto você estar aqui.
Verifique a casa.
Tenha cuidado.
Está limpa.
Aqui também.
Dá-me a pá.
Certo.
Vamos
Vamos.
Vais me mostrar.
Vamos, mostra-me.
É aqui?
Tem certeza?
Sim.
Cava.
Colocaste-os debaixo da terra,
vais tirá-los da terra.
Vamos, faz isso.
Ouviste-me. Cava.
Meu Deus.
Meu Deus.
Chame-os.
Avise toda a polícia, num raio de
30 quilómetros durante uma hora.
E alerte o LAPD sobre
Gordon Stuart Northcott.
As informações estão
no meu carro. Vá já.
Pára, filho.
Pára, filho, acabou.
Nós podemos cuidar disso agora.
Podemos.
Cuidaremos disso, está bem?
Acabou.
Tudo bem.
Está tudo bem.
Acabou.
Bem.
Privacidade, por favor.
Vejo que ainda recusa a medicação,
tenho que a forçar.
Seis dias, Sra. Collins
e sem progresso.
Teremos que lhe dar
terapias mais estranhas.
A não ser que queira provar
que está a melhorar
e assinar isto.
Vá se foder e o cavalo que montou.
Sala 18.
Quero falar com o encarregado,
agora mesmo.
Por favor.
Quem está encarregado aqui?
Abra!
Eu sou o médico encarregado!
Você é o médico que trancou
Christine Collins?
Lamento, senhor, mas não
discutimos o caso de ninguém.
Merda, você discutirá este.
Leia!
Senhor...
Leia-o.
Pare.
Sra. Collins, pela última vez,
você vai ou não assinar esta carta?
Não.
Você está livre para ir embora.
O quê?
A sua roupa está na sala ao lado.
Pode mudar-se lá.
Na sala ao lado?
Sim, isso mesmo.
Vista-se.
Crianças encontradas mortas em Riverside
Cristo!
Enfermeira, quero ver cada pedaço
de papel sobre a Sra. Collins,
e quero ver agora mesmo, me entendeu?
Cada pedaço.
Quando ela saiu?
Baby Ruth anotou 5 home-runs.
Saiba tudo sobre o
assassino de Riverside.
O maior crime da história
de Los Angeles.
Presume-se que o rapaz Collins
esteja morto.
Sra. Collins, eu sinto tanto.
Capitão, a sua condução
do caso Christine Collins,
expôs esse departamento
ao ridículo diante do público.
Levando-nos à possibilidade
de responder civil e criminalmente.
Senhor, ninguém podia saber
o que acontecia naquela fazenda.
Nem nós, nem os delegados do
departamento do Xerife.
Quanto ao caso da mulher Collins...
ainda não estou convencido de que o
filho dela esteja entre as vítimas.
- Não?
- Não.
Há quatro outras fotos de meninos
perdidos que se parecem com ele.
O rapaz Clark pode
ter cometido um erro.
Talvez seja, o que leva a pergunta óbvia
Quem se importa?
Senhor?
O Presidente da câmara
quer que isto acabe.
Eu quero que isto acabe.
Para que isso aconteça,
você deve parar de insistir
que Walter Collins não está
entre os meninos mortos
naquela maldita fazenda.
Porque se o menino que você trouxe
não é Walter Collins
e não está morto na fazenda,
então onde diabos está?
As pessoas vão querer saber
porque não o encontramos.
Porque não fizemos nosso trabalho.
Mas por outro lado,
se ele estiver entre aqueles
pobres meninos mortos em Wineville,
então as indagações param.
É um momento de embaraço e
você tem que viver com ele.
É melhor lidar com um inconveniente
do que com um problema maior,
não é assim, Capitão?
Sim, senhor.
O menino desapareceu há quase um ano,
Se o tivesse encontrado, agora,
não estaria a acontecer nada.
Irrelevante se está
morto na fazenda ou não,
a verdade é que deve
estar morto nalgum lugar.
É melhor que a mãe dele aceite isso
agora do que mais tarde, não acha?
Sim, senhor.
Bom.
Isso é tudo, Capitão.
Fale já e terminamos com isto.
Só quero saber
a sua participação nisto.
Espere, eu não fiz nada. Eu morava
aqui quando aconteceu.
E pretende continuar ser Walter
Collins numa investigação policial,
de um sequestro e assassinato
de meninos?
Podemos acusar-te por isso.
É muito mau.
Porque ficará muito pior
do que agora.
Muito pior.
Você não pode fazer isso.
Sou só uma criança.
O menino Clark também dizia isso
e foi para a prisão.
Todo o assassino conhecido vai
para a prisão, todos sabem disso.
Tirem-no daqui, não está mais
nas minhas mãos.
Espere, não quero ir para a prisão.
Prove.
Eu... eu sabia que se fazia filmes
do Tom Mix, em Los Angeles.
Pensei que poderia conhecer alguém
do filme de Tom Mix,
que talvez me deixasse passear
no cavalo dele.
O nome do cavalo dele é Tony.
Sabia disso?
Como se sente?
Bem.
A polícia tem a pista do carro.
Vou para casa.
E então?
Então que pensarei muito,
o que fizeram àquelas mulheres,
o que fizeram a Walter.
Vancouver, Canadá
20 de Setembro de 1928
Olá, irmãzinha...
Gordon!
Não sabia que tinhas voltado à cidade.
Sim, cheguei há alguns dias atrás...
queria fazer uma
surpresa, está tudo bem?
Sim... Sim, claro.
Entre.
Onde está minha pequena sobrinha?
Ela foi ao centro da cidade,
volta à noite.
O Bob está aqui.
Oh, bom, talvez eu fique uns dias.
Achas?
Sim.
Ouve, posso usar
a tua casa de banho?
Foi uma longa viagem e
preciso de tomar um banho.
Claro.
Era ele?
Bom, vai para o vizinho,
chamarei a polícia.
Depressa.
Ele está lá em cima.
Vá pelo outro lado. Desça.
Sra. Collins, gostava que conhecesse
o meu amigo, o Sr. Hahn.
Sra. Collins.
Meus profundos pêsames
pela sua perda.
Talvez possamos entrar?
Eu agradeço seus sentimentos, mas...
preciso de um tempo para
compor a minha consciência,
pela perda do meu filho.
Sei que isso não é fácil.
Perdi minha filha,
há cinco anos atrás.
Não há dia que não pense nela,
penso em chamá-la pelo nome,
aí lembro-me que ela não está aqui.
Por favor, sentem-se.
Passei toda a manhã ao telefone com
o secretário da comissão da polícia,
e disseram que não precisam que eu
testemunhe e...
que isso não será necessário.
Eu sei, mas as minhas fontes disseram
que a comissão da polícia decidiu que
os oficiais do LAPD não fizeram
absolutamente nada de errado,
e que a culpa de tudo é do rapaz.
E que você criou dificuldades,
por isso tiveram que interná-la à
força para sua própria segurança.
Acho que devo contratar um advogado,
se é que quero prosseguir.
Precisamos do melhor advogado
da cidade.
Ao homem que demandou esta cidade
quatro vezes e ganhou,
infelizmente, não podemos pagar-lhe
para os demandar.
Sim.
Por isso estou a fazer isto "pro-bono"
Será uma honra defender a sua causa,
Sra. Collins.
Em 15 anos como advogado,
nunca vi ninguém lutar tanto
e tão duro como você e num caso
tão claro de injustiça.
Obrigado.
Sim? No que...
Meu nome é S.S. Hahn, tenho uma
ordem da Tribunal de Justiça,
para a libertação imediata de todas as
mulheres detidas...
nessa instituição sob a designação
do código 12.
Colocando em dúvida as razões
dos internamentos delas.
Eu lamento, mas o
doutor encarregado não...
Senhora, deixe-me ser claro.
Ou você libera essas pessoas
conforme a ordem do tribunal...
ou irá para trás das grades
e jogarei a chave fora.
- Não posso autorizar...
- Senhora, afaste-se para o lado!
Algum comentário sobre
a sua detenção?
Não, sinto-me bem.
Eu estava de férias,
umas férias agradáveis.
A polícia forneceu-me muita diversão.
Como evitou sua captura?
Eu não evitei ou sim?
Parece que ninguém me queria
até recentemente, nem tentaram.
A minha bagagem tem
as minhas iniciais.
Sabe por que é que
a polícia o prendeu?
Não, mas seria uma boa ideia,
eles ficarem longe de mim.
O que tem a dizer aos pais
das crianças que assassinou?
Sem comentários.
Surpresa.
Isto é inesperado
Isto também.
Processo, demandas para
exoneração, interrogatórios,
cortesia do Sr. Hahn e da sua
nova cliente, Sra. Christine Collins.
Não precisa de olhar tão
detalhadamente, Chefe,
a sua cópia chegará
a qualquer momento.
O conselho da cidade aceitou
abrir o processo imediatamente.
Deus! Merda!
Era para isso ter acabado!
Esse é um ano eleitoral, não posso
permitir esse tipo de divulgação.
Isso vai acabar, Senhor, instruí
o Cap. Jones de tratar disso.
Receio que os seus pedidos de desculpa
pelos erros cometidos,
não serão suficientes, Chefe.
Vamos tirá-lo da fotografia,
por um tempo,
até as coisas complexas
se acalmarem, e tudo acabar.
O que está a acontecer?
O maior protesto já visto.
- Protesto?
- Sim.
Sim, pelo caso Collins,
pode acreditar nisso?
Meu Deus!
Nosso Senhor tem estranhos
caminhos, Sra. Collins.
Senhoras e senhores, preciso
da vossa atenção, por favor.
Há mais pessoas nesse recinto,
que nunca estiveram nele antes.
Logo, peço que evitem
demonstrações
que choquem emocionalmente.
Estamos aqui porque queremos
saber os factos reais desse caso.
E todos saberão disso nem que
fiquemos aqui durante uma semana.
Sr. Thorpe, eu não vejo nenhum
membro da comissão da polícia.
Há algum membro do departamento
da polícia dentro da sala?
O Chefe Davis está aqui?
O Capitão Jones está aqui?
- Alguém aqui representa a polícia?
- Sra. Collins, atravesse a rua comigo,
apenas por um instante.
Há algo que acho que deva ver.
Bem, tem que haver um recesso,
mas voltaremos, depois de resolvido.
A polícia decidiu deixar isto
no escuro para evitar problemas,
exactamente iguais aos do seu caso,
que causou o caos que está nas ruas.
Sra. Collins,
Eu sou Leanne Clay.
- Este é o meu marido John.
- Olá.
Só quero lhe apresentar
as minhas simpatias.
Passamos muito tempo sem ouvir
nada sobre o nosso filho David,
E isso já foi mau o suficiente.
E agora isto.
O que a polícia lhe fez a si,
não há nome para isso.
De jeito nenhum.
Tudo certo!
Sentem-se, por favor.
Tragam-no.
Olá!
Eu vi-te nos jornais.
Deve ter muita força para
enfrentar a polícia assim.
O acusado que se levante.
Gordon Stuart Northcott.
Você está a ser acusado
por três casos de assassinato
em primeiro grau.
E mais 17 casos imputados
pelo promotor público.
Como se declara?
Sou inocente, Sua Excelência.
Pode se sentar, Sr. Northcott.
Já que o acusado segue nessa linha,
peço uma interrupção temporal e
este tribunal ouvirá as moções
preliminares pela manhã.
O menino Walter Collins foi
declarado desaparecido,
em 10 de Março de 1928.
Nós procedemos às buscas
desde Março.
Em 18 de Agosto, recebemos
a indicação de que um menino,
cuja descrição correspondia
à do desaparecido,
fora encontrado
em De Kalb, Illinois.
Ao ser questionado, ele admitiu
ser Walter Collins
e então fizemos o necessário para
trazê-lo de volta à Califórnia.
Onde é que a Sra. Collins lhe disse
que ele não era filho dela?
Sim, ela negou a sua identidade,
apesar de todas as evidências
apontarem ao contrário.
Ainda que os eventos sequentes
demonstrarem que ela estava certa.
Então, o que lhe levou a decidir
pela avaliação psicológica?
O facto do menino
ser o correcto ou não,
não influenciou a minha decisão.
Durante esse período
ela agia estranhamente.
Muitas vezes ficava fria,
ilusionada, sem emoções,
Especialmente quando confrontada
com o rapaz que nós encontramos,
em De Kalb, e nas nossas
conversas subsequentes.
Foi por causa do comportamento
perturbado dela...
que eu a submeti a observação,
no hospital psiquiátrico municipal
de Los Angeles.
Simplesmente assim.
Estalou os dedos,
e uma mulher inocente
foi atirada ao mundo dos loucos!
Não foi atirada.
Todas as família correm grave perigo,
quando um capitão da polícia
chama uma mulher ao seu escritório,
e cinco minutos depois
a atira ao mundo psiquiátrico!
Não foi atirada.
Não foi atirada!
Não foi atirada!
Como disse, Capitão?
Ela não foi atirada.
Ela foi escoltada.
Escoltada, atirada,
o verbo não importa, Capitão.
O que importa é que esse processo
foi feito sem ordem de autorização.
Seguro aqui uma cópia
da alegação de insanidade,
que foi anexada ao processo:
"O Estado da Califórnia
versus Christine Collins".
Quem assinou isso depois da data?
Eu assinei.
Agora vejamos se entendi bem.
Uma mulher, foi atirada
a um mundo psiquiátrico,
sem ordem, porque não existia.
E quando foi finalmente escrita,
vários dias depois,
não viu necessidade de a assinar
ou de levá-la a um juiz,
porque já estava assinada.
Está correcto, Capitão?
Tecnicamente sim.
Passos extraordinários foram
necessários porque lidávamos
lidávamos com uma
situação excepcional.
Agora é nossa culpa,
que fomos enganados por um rapaz
que dizia chamar-se Walter Collins?
Não.
E foi a declaração pura dele e o
comportamento perturbado dela,
que me levou a crer
que havia algo errado com ela.
Porque ela o questionou?
Não, porque ela não me ouvia.
Porque era excessivamente
obstinada.
Porque queria tomar as
coisas em suas próprias mãos,
desqualificando os oficiais.
Porque ela...
Porque reclamava
por amor ao seu filho!
Um menino, que poderia estar vivo!
Enquanto você perdia tempo valioso,
negando que estava errado!
E no final...
É o que aconteceu, não é?
É só uma questão,
enquanto isso acontecia,
Walter Collins foi
brutalmente assassinado...
junto com outros 19 meninos...
Na fazenda Northcott em Wineville.
Isso está correcto, Capitão?
Sim, está.
Sem mais perguntas.
Bem, depois de muito trabalho,
identificamos esse rapaz,
que foi responsável por muitos
problemas ultimamente,
como Arthur Hutchins
da cidade de Rapids, Iowa.
Além disso, prendemos
o homem suspeito
de matar o verdadeiro Walter Collins.
Esclarecemos, assim, dois dos maiores
mistérios da história de Los Angeles.
Espero que os cavalheiros da
imprensa dêem mais espaço
para as coisas boas que fazemos
e menos para os erros casuais.
Cavalheiros, gostaria de lhes apresentar
a verdadeira mãe do menino,
a Sra. Janet Hutchins.
Arthur!
Espero que ele não lhe tenha
trazido problemas a si.
Não, de jeito nenhum.
Que tal uma fotografia, companheiros?
Sra. Hutchins, a Sra. Collins,
a mulher com quem ele ficou,
queria que ele ficasse
com estas roupas.
Bem, obrigado.
Não é gentil, Arthur?
Diga obrigado ao oficial.
Não quero,
não agradecerei a ninguém.
Cuidado, pequeno companheiro!
Isto não é culpa minha
e sim da polícia.
Eles disseram para eu ser Walter
Collins, não eu. Não foi minha ideia.
- Não foi minha ideia.
- Vamos!
Sim, culpam a polícia pelos próprios
erros, isso está na moda, não é?
Cuide-se, Arthur!
Boa viagem!
Certo, companheiros, é tudo por hoje.
Era 10 de Março...
e cheguei em casa depois do trabalho,
e meu filho Walter de 9 anos
tinha desaparecido.
O Capitão Jones agiu de acordo com a
informação que lhe pareceu correcta.
Walter Collins tinha uma boa
auto-estima.
Aquele menino nunca tinha estado
na minha sala, isso posso comprovar.
Confiamos nos nossos bons amigos do
Departamento da Polícia,
para nos indicar as pessoas que
apresentem um comportamento
socialmente inaceitável.
Era mais baixo que da última vez que...
Algumas dessas fotos mostram...
os desenhos de Sanford Clark...
e foi de facto assim que ele
matou essas crianças.
Obrigado, detective.
Senhoras e senhores do júri,
peço-vos que vejam bem
estas imagens.
Elas estabelecem,
sem sombra de dúvida,
As circunstâncias e a natureza
desses crimes furiosos.
Estou aqui, reverendo.
Quando Walter estava aqui,
eu costumava vir até este quarto,
enquanto ele dormia.
Mas, apesar de agora,
não o poder ver e ouvir.
Posso senti-lo.
É por isso que não acredito
que o Walter esteja morto.
Ainda posso senti-lo.
Sra. Collins...
Não, eu sei o que a polícia disse.
Mas este lugar e as recordações
não podem ser
devidamente identificados.
Talvez aquele rapaz
se tenha enganado,
quando escolheu
a fotografia do Walter.
Eu compreendo
que não queira aceitar isso.
Nenhuma mãe o faria.
Mas acho que é hora de
você seguir em frente
e começar de novo por você mesma.
O seu filho iria querer isso.
Talvez.
Talvez ele quisesse que eu
continuasse à procura por ele.
Talvez ele esteja nalgum lugar,
à minha espera.
Eu acredito que
ele está à sua espera.
Está à espera naquele lugar
onde todos iremos um dia,
para encontrar quem amamos na vida.
Mas não é esse o dia.
E não pela porta de trás,
e não sem que a sua alma tenha feito
tudo de bom, Sra. Collins.
Tudo!
- Devemos ir agora.
- Só um minuto.
Este tribunal pede ordem.
Este comité ouviu
todas as testemunhas,
e à luz dos factos apresentados,
recomendamos que a suspensão
do Capitão Jones
se torne permanente.
Ordem, por favor.
Sr. Representante do júri,
chegaram a um veredicto?
Sim, Sua Excelência.
Que o acusado se levante.
Segundo,
Serão tomadas medidas para
investigar as alterações
e implementar leis e procedimentos
para que qualquer cidadão...
desta cidade possa ser submetido
a encarceramento
em instituições mentais.
Pode ler o veredicto.
Nós, júri, consideramos o acusado
Gordon Stuart Northcott,
Culpado de todos os crimes
imputados em primeiro grau.
Finalmente,
A restauração da confiança pública
no departamento de polícia,
que só pode ser efectiva, se
for afastado o Chefe de Polícia,
e esse comité o recomenda.
Essa leitura está concluída.
O acusado deseja fazer alguma
declaração, antes da sentença?
Queria deixar bem claro,
que não esperava nada justo
de si, Sua Excelência.
Ou deste tribunal.
A única que vale aqui,
com os diabos, é ela.
Porque ela é a única que nunca
mostrou raiva de mim à imprensa.
Ela é a única que entende o que é
ser enjaulado pela polícia,
por algo que não fez.
Já chega!
E ser atirado num buraco como um...
rato e... rapidamente ser esquecido...
- Nunca matei o seu filho, Sra. Collins!
- Advogado, já basta!
Nunca fiz isso, nunca
magoei Walter...
Advogado, controle seu
cliente ou mandarei amarrá-lo!
Solte-me!
Gordon Stuart Northcott!
O julgamento deste tribunal é
de que seja mandado
para a prisão de San Quentin.
Onde ficará preso na solitária,
por um período de dois anos.
Até 2 de Outubro de 1930.
E nesse dia...
Será enforcado até à sua morte.
Que Deus tenha piedade de sua alma.
Tudo bem se eu fizer
uma pausa de dez minutos?
Claro.
Sabe...
Um dia desses seria bom
tirar um dia de folga.
Seria bom para você.
Veremos.
Daqui fala Christine Collins,
liguei ontem.
Queria saber se viu os arquivos e
se havia algo sobre o meu filho.
Walter Collins.
Entendo.
Se estiver bem para si,
ligo daqui a um mês, obrigado.
Sra. Collins?
Eu só estava...
Sim, eu sei.
De facto, precisava de a ver.
É sobre Walter, nós tivemos...
Bem, nós recebemos um
telegrama muito estranho.
De quem?
Gordon Northcott
Ele pediu para a ver.
Porquê?
Disse que sabe que ainda procura
pelo seu filho e antes de morrer...
Disse que mentiu quando afirmou
que não matou Walter.
Christine...
Finalmente ele admite que o fez.
Disse que se for vê-lo pessoalmente,
lhe dirá a verdade, na sua cara.
Só assim, poderá seguir com
a sua vida e ter um pouco de paz.
Como sabe, ele será executado
depois de amanhã em San Quentin,
logo, você não tem muito tempo.
Levei quase a manhã toda
para fazer os arranjos.
Porque você é a primeira mulher
em trinta anos
que permitem que fique em frente
a um assassino em série.
Na véspera da sua execução.
A senhora ficará bem?
Sim.
Estamos mesmo à porta.
Vinte minutos.
Suponho que tem um cigarro.
Sr. Northcott, pediu que viesse aqui.
Você disse que se eu o fizesse, que
me diria a verdade sobre meu filho.
Sim.
Está certa, eu disse isso.
Mas e se...
A verdade é que eu não estava
à espera que viesse.
E agora...
E agora, o quê?
Não esperava que você...
Não quero vê-la.
Não me quer ver?
Não.
Não consigo fazer isto.
Não quero falar com você.
Não posso falar com você.
Não agora, com o que
me vão fazer amanhã.
Uma coisa, Sra. Collins.
Mandar-lhe um telegrama
foi muito fácil.
Mas estar aqui, agora mesmo.
Em pessoa, você sabe...
Não posso dizer-lhe o que
quer escutar, Sra. Collins.
Porque não?
Porque não quero ir para o inferno,
com uma mentira nos lábios.
Já paguei minha penitência.
E pedi a Deus que me perdoe
e Ele fê-lo, quanto eu sei.
E tem sido muito bom,
desde então.
Mas se minto agora,
se cometo algum pecado agora,
não tenho mais tempo aqui,
não sei se Ele me perdoa outra vez.
E digo-lhe uma coisa...
não vou para o inferno!
Sr. Northcott, você pediu-me
para vir aqui.
Sr. Northcott, por favor, olhe para mim.
Sr. Northcott, por favor, olhe para mim.
Matou o meu filho?
Matou o meu filho?
- Não sei do que está a falar.
- Sim, você sabe.
Matou o meu filho?
Já lhe disse,
não quero falar consigo, agora.
Matou o meu filho?
Matou o meu filho?
Matou o meu filho?
Matou o meu filho?
- Não sei.
- Não sabe? Não se lembra?
- Matou o meu filho?
- Não sei.
Responda-me.
Responda-me.
Responda-me.
- Não sei.
- Matou o meu filho? Sim!
Moça, afaste-se de mim.
Ou o quê?
- Matou o meu filho?
- Não sei.
Matou o meu filho?
Você sabe o nome dele.
Você sabe o nome dele, chamou-o
de "anjo", sabe o nome dele.
Matou o meu filho?
Não quero falar disso.
Matou o meu filho?
Matou o meu filho?
Responda-me!
Responda-me!
Vai me magoar?
Você vai para o inferno.
Espero que vá para o inferno.
- Matou o meu filho?
- Guardas!
Matou o meu filho?
Matou o meu filho?
- Vamos.
- Espero que vá para o inferno!
Espero que vá para o inferno!
Espero que vá para o inferno!
Matou o meu filho?
Gordon Stuart Northcott,
converteu-se num assassino,
e a pena para isso
é a morte por enforcamento.
Não houve adiamento
ou suspensão de pena,
portanto, a execução será
como a estipulada
pelas leis do Estado da Califórnia.
Quer dizer as últimas palavras?
Não.
Nada.
Não posso me queixar.
Confessei-me com o reverendo
como disse que faria.
Não...
Por favor. Por favor.
Não tão rápido.
Não me façam caminhar tão rápido!
Por favor, não...
13 passos... 13 passos...
Mas não pude contar todos,
bastardos!
Não pude contar todos!
Não pude contar todos!
Por favor!
Uma oração... Por favor!
Deus!
Por favor!
Não me abandone, por favor!
Noite feliz...
Noite de amor...
Pobrezinho nasceu em Belém...
27 de Fevereiro de 1935
Faremos uma festa essa noite, em
minha casa, para o show da academia.
Quer vir?
Estou muito ocupada.
Vamos, por favor...
As linhas de telefones têm que
estar perfeitas amanhã
Alguém tem que consertá-las.
Tenham uma boa noite,
ouvirei pelo rádio.
Está bem.
- Tem certeza?
- Tenho.
- Boa noite.
- Boa noite.
Ouçam, realmente eu não...
Olá, Ben.
Vou encontrar-me com amigos
para um jantar.
Antes iremos ver um filme
e depois ao restaurante.
Será agradável.
Eu adoraria que viesse.
É que tenho muito trabalho a fazer.
Boa noite.
Ben...
Apostei 2 dólares que
"Aconteceu naquela noite"
iria ganhar como melhor filme.
Parece que sou a única que pensa
que pode ganhar ao "Cleópatra".
Mas se ganhar, podemos sair amanhã,
para celebrar e jantar?
Até depois, Christine.
Nós vemo-nos.
Se seu filme ganhar eu te ligo.
Estarei aqui.
- E aqui está "Cleópatra".
- Supervalorizada.
E "Aconteceu naquela noite".
Com Clark Gable, Claudette Colbert,
esse é o meu caso.
Estou a ouvir barulho, por favor.
E o vencedor é...
"Aconteceu naquela noite"
Eu sabia, eu sabia.
O jantar é por minha conta.
É Christine Collins?
Sim, sou eu.
Sou a Sra. Clay, lembra-se de mim?
Sra. Clay,
claro que me lembro de si.
Liguei imediatamente.
O que é?
A polícia acaba de me ligar,
encontraram o rapaz, Christine.
Onde?
Na Estação Lincoln,
estamos a sair agora.
Já estou a ir.
Queria vê-lo agora, mas a polícia
quer falar com ele primeiro.
Eles têm certeza?
Têm.
Mas o mais importante,
eu tenho certeza.
É o meu rapaz vivo, David,
está vivo, Christine.
O que será que aconteceu?
Disse que estava à procura
do seu cão.
Sim.
E o que aconteceu depois?
Encontrei-me com esse tipo,
que me levou até à sua fazenda.
Vamos, David!
David, vamos!
Havia mais meninos lá?
Sim, acho que cinco.
Foi há muito tempo atrás.
Olá, meninos, esse é David.
Sei que serão amigos.
Afastem-se!
Falaste com eles?
Sim.
Lembras-te dos nomes deles?
Sim.
Dois deles eram irmãos, acho que
o apelido era... Winslow.
Havia um Jeffrey.
E Walter.
Walter?
Sim.
Lembras-te do apelido do Walter?
Collins...
Walter Collins
Diz-me o seguinte...
Se não te lembras do nome
de alguns meninos,
como te podes lembrar
do nome completo dele?
Por causa do que aconteceu.
Eu e Jeffrey estávamos a conversar.
Vimos que havia um lado
mais fraco da cerca.
Que podíamos fugir por lá.
Fizemos muito barulho.
E não era larga o bastante.
Fiquei preso.
Ajuda-me.
O meu pé está preso.
Ajuda-me, por favor!
Ele está a vir!
Corre, corre!
Aonde vão?
Merda, estão a fugir!
Voltem aqui!
Esperem!
Pára!
Pára!
Verifica os outros!
Meninos! Estou bem atrás de vocês!
Merda!
Rapazes, eu vou vos encontrar
onde quer que estejam!
- Anda aqui!
- Vamos, entre no carro!
Vou vos encontrar!
Merda!
Vamos rápido.
Foi a última vez que o vi.
Então não sabes se ele o capturou?
Não.
Tudo o que sei...
é que se ele não tivesse
voltado por mim,
eu não sairia vivo de lá.
Está bem.
E o que aconteceu depois?
Segui as estradas,
Até que vi um comboio parado no
cruzamento e saltei para dentro.
Por que não disseste a ninguém
o que aconteceu?
Eu tinha medo.
Achava que viria atrás de mim.
Ou da minha família.
Eu só não contei para ninguém.
Estava por minha conta, até que
consegui comida de graça
de uma senhora, Sra. Lancy.
Disse que era órfão e sozinho.
Ela disse que eu podia ficar.
E eu fiquei.
Toda noite eu me levantava e via se
ele estava do lado de fora da janela.
Ouvi a polícia a falar na rádio...
sobre o que aconteceu na fazenda.
Mas não tinha certeza
se podia regressar.
Porquê? Porque não?
Por que se contasse o que aconteceu,
tinha medo que me culpassem
pela morte dos meninos.
Então eu esperei.
E o que te fez voltar à cidade agora?
Porque podia voltar agora?
Saudades da minha mãe.
Saudades do meu pai.
Só quero ir para casa.
Só quero ir para casa.
Ainda não posso acreditar.
Cinco anos depois do caso encerrado,
todos a pensar que estava morto,
e aí está ele.
Tudo graças ao Walter.
Seu filho fez uma coisa corajosa,
Sra. Collins.
Deve estar muito orgulhosa dele.
Eu estou.
Acha que ele ainda está por aí?
Porque não?
Três meninos tentaram escapar,
naquela noite, detective,
e se um menino escapou,
logo talvez um ou mesmo
os outros dois também.
Talvez Walter esteja aí num lugar,
com o mesmo medo que ele tinha.
Com medo de vir para casa, de se
identificar e se meter em problemas.
Mas uma coisa que sei é que o menino
deu-me algo que não tinha antes.
O que é?
Esperança.
Após o julgamento, o Capitão Jones
foi suspenso permanentemente.
Davis, o Chefe Geral
da Polícia foi afastado.
O Presidente da câmara não se
candidatou nas eleições municipais.
O Reverendo Briegleb continuou a
denunciar nos programas de rádio,
os abusos da polícia
e a corrupção política.
Por causa do escândalo,
a localidade de Wineville,
passou a chamar-se Mira Loma.
Christine Collins jamais
deixou de procurar o seu filho.