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CRGULHO E PRECONOEITO
Lydia! Kitty!
Caro Sr. Bennet, já sabe da nova?
Netherfield Park foi finalmente alugado.
Não quer saber por quem?
Como queira, minha querida,
duvido que eu tenha voto na matéria.
Kitty, o que te disse
sobre escutar às portas?
Há um Sr. Bingley
que chegou do Norte.
- Cinco mil por ano!
- A sério?
- Ele é solteiro!
- Quem é solteiro?
Um Sr. Bingley, aparentemente. Kitty!
Como pode isso afectá-las?
Sr. Bennet,
como pode ser tão maçador?
Sabe que ele tem de casar
com uma delas.
É por isso que ele veio para cá?
Tem de ir visitá-lo sem demora.
Meu Deus. Pessoas.
Por que nós não o visitaremos
se não o fizer, como sabe, Sr. Bennet.
- Está a ouvir? Nunca ouve.
- Tem de o fazer, papá! Sem demora!
Não há necessidade. Já visitei.
- Visitou?
- Quando?
Oh, Sr. Bennet,
como pode provocar-me assim?
Não tem compaixão pelos meus nervos?
Engana-se, minha querida.
Tenho o maior respeito por eles.
Têm sido os meus companheiros
ao longo de vinte anos.
Papá!
- Ele é agradável?
- Quem?
- Ele é bonito?
- Com certeza deve ser.
Com 5.000 ao ano,
não fará diferença se tiver verrugas.
Quem tem verrugas?
Poderá casar com qualquer
uma das meninas que escolher.
- Então, ele virá ao baile amanhã?
- Creio que sim.
- Sr. Bennet!
- Preciso da tua musselina às pintinhas!
- Usa os meus chinelos verdes!
- Eles eram meus.
- Costuro por ti durante uma semana.
- Volto a arranjar-te a touca.
Faço-o por duas semanas.
Não é o mesmo!
Não é o mesmo.
Não consigo respirar.
Acho que um
dos meus dedos do pé caiu.
Se não acabam todos a noite
apaixonados por ti,
então não sei julgar a beleza.
- Ou os homens.
- Não, eles são muito fáceis de julgar.
Eles não são todos maus.
Patetas sem humor,
na minha limitada experiência.
Um dia,
alguém vai prender-te o olhar,
e depois vais ter
de ter tento na língua.
Que bom que vieram.
Qual dos pavões pintados
é o nosso Sr. Bingley?
Ele está à direita.
Á esquerda está a irmã dele.
- E aquele com o sobrolho franzido?
- Esse é o amigo dele, o Sr. Darcy.
- Parece miserável, pobre coitado.
- Miserável, talvez, mas pobre não.
Conta-me.
10.000 por ano
e é dono de metade de Derbyshire.
A metade miserável.
Sr. Bennet, tem de o apresentar
às meninas imediatamente.
Sorriam ao Sr. Bingley. Sorriam.
Mary.
Sr. Bingley, conhece a minha filha
mais velha.
Sra. Bennet, menina Jane Bennet,
Elizabeth e menina Mary Bennet.
Muito prazer. Tenho mais duas,
mas já estão a dançar.
Tenho muito prazer em conhecê-las.
Permitam-me que vos apresente
o Sr. Darcy de Pemberley, em Derbyshire.
Está a gostar de Hertfordshire?
Muito.
A biblioteca de Netherfield,
diz-se, é uma das melhores.
Faz-me sentir culpado. Não leio muito.
Prefiro andar por aí.
Quer dizer, sei ler, claro.
E não estou a querer dizer
que não se pode ler lá fora.
Eu gostava de ler mais,
mas há sempre outras coisas para fazer.
Sim, é exactamente isso que quero dizer.
Mamã, mamã! Não vai acreditar
no que lhe vamos contar.
- Contem!
- Ela vai para freira.
- O regimento vem aí!
- Oficiais?
Vão ficar estacionados todo o lnverno,
exactamente aqui.
- Oficiais?
- A perder de vista.
Vejam.
A Jane está a dançar com o Sr. Bingley.
Sr. Bennet.
- Dança, Sr. Darcy?
- Não, se puder evitá-lo.
Não sabia que vinhas ver-me.
O que se passa?
Estamos muito longe de Grosvenor Square,
não estamos, Sr. Darcy?
Nunca vi tantas meninas bonitas.
Estavas a dançar
com a única menina bonita.
Ela é a criatura mais bonita
que já vi.
- Mas a irmã dela Elizabeth é agradável.
- Perfeitamente tolerável.
Não tão bonita que me tente. Volta
para o teu par e aproveita os sorrisos.
Estás a perder tempo comigo.
Alegra-te, Lizzie. Se ele tivesse
gostado de ti, tinhas de falar com ele.
Precisamente.
Não dançaria com ele
por Derbyshire inteiro,
quanto mais pela metade miserável.
Espere!
- Gostei imenso, menina Lucas.
- Como dança bem, Sr. Bingley.
Nunca gostei tanto de uma dança.
A minha filha Jane
é uma dançarina excelente, não é?
É, efectivamente.
A sua amiga, a menina Lucas,
é uma jovem muito divertida.
Oh, sim, eu adoro-a.
- É pena que não seja mais bonita.
- Mamã!
Mas a Lizzie nunca admitiria
que ela é desinteressante.
Claro que a minha Jane
é que é considerada a beleza da região.
Mamã, por favor!
Aos 15 anos, um cavalheiro
estava tão doido por ela,
eu tinha a certeza
que ele ia propor-se.
Ele escreveu-lhe, realmente,
uns versos muito bonitos.
Mas ficou por ali.
Quem terá descoberto o poder
da poesia para afastar o amor...
- Achei que a poesia ateasse o amor.
- O amor puro e intrépido.
Mas se é só uma vaga inclinação,
um sonetozito mata-o.
Então, o que recomenda
para encorajar a afeição?
A dança. Mesmo com um parceiro
quase intolerável.
O Sr. Bingley é mesmo
o que um jovem deve ser.
- Sensato, bem humorado...
- Bonito, rico...
O casamento não deve ser guiado
pelo dinheiro.
Só o amor profundo
me persuadirá a casar.
- Por isso, vou acabar solteirona.
- Achas mesmo que gostou de mim?
Dançou contigo quase toda a noite
e olhou para ti o resto.
Podes gostar dele.
Já gostaste de mais estúpidos.
Na generalidade,
és muito dada a gostar das pessoas.
A teu ver, todo o mundo é bom.
Não o amigo dele. Não posso crer
no que disse sobre ti.
O Sr. Darcy?
Perdoava-lhe mais facilmente a vaidade,
se ele não tivesse ofendido a minha.
Mas não interessa.
Duvido que voltemos a falar.
- Dançou a terceira com a menina Lucas.
- Estávamos todos lá.
Coitada.
É uma pena que não seja mais bonita.
Assim se faz uma solteirona.
A quarta com a menina King,
de pouca importância,
e a quinta outra vez com a Jane.
Se ele tivesse pena de mim,
tinha torcido o tornozelo.
Pela sua atitude,
dir-se-ia que as nossas meninas
herdarão grande coisa.
Quando morrer,
e poderá ser em breve,
elas ficarão sem um tecto
sobre a cabeça e sem um tostão.
- Por favor, são dez da manhã.
- Uma carta para a menina Bennet.
De Netherfield Hall.
Louvado seja o Senhor. Estamos salvos!
Depressa, Jane, depressa.
Oh, dia feliz!
É da Caroline Bingley.
Convidou-me para jantar com ela.
- O irmão vai jantar fora.
- Jantar fora?
- Levo a carruagem?
- Deixa ver.
- É muito longe para ir a pé.
- Isto não se compreende.
Mamã, a carruagem para a Jane?
Claro que não. Ela vai a cavalo.
A cavalo!
Lizzie.
Agora, ela terá de pernoitar,
tal como eu tinha previsto.
Credo, mulher,
as suas artes de casamenteira
são positivamente ocultas.
Se bem que acho, mamã,
que não marca pontos por fazer chover.
"Os meus amigos não me deixam regressar
até eu estar melhor.
Tirando a dor de garganta, a febre e
a dor de cabeça, não tenho nada de mal."
Se a Jane morrer será um conforto saber
que foi na conquista do Sr. Bingley.
As pessoas não morrem com constipações.
Mas ela poderá morrer de vergonha
por ter uma mãe assim.
Tenho de irjá a Netherfield.
A Lady Bathurst está a decorar
o salão de dança em estilo francês.
Pouco patriota, não acha?
A menina Elizabeth Bennet.
Meu Deus, veio a pé até cá?
Vim.
- Lamento muito. Como está a minha irmã?
- Está lá em cima.
Obrigada.
Meu Deus, viu-lhe a bainha?
20 cm de lama.
Ela parecia verdadeiramente medieval.
Sinto-me uma imposição terrível.
Estão a ser tão amáveis comigo.
Não sei quem está mais feliz por estares
aqui, se a mamã, se o Sr. Bingley.
Obrigada por tratarem tão bem
da minha irmã.
Ela está bem mais confortável aqui.
É um prazer.
Quer dizer, não é um prazer
ela estar doente. Claro que não.
É um prazer ela estar cá,
estando doente.
Não vai ser famoso, o nosso porco.
Preto nas costas, mas sem parentesco
com o porco ensinado.
- Bem esse porco é...
- Sr. Bennet.
Vai tudo como planeado.
Ele já está apaixonado por ela.
- Quem está, querida?
- O Sr. Bingley.
Não se importa
que ela não tenha um tostão.
Ele tem que chegue
para os dois.
- Como os conhecemos?
- É fácil!
Esperem por mim!
Deixas cair qualquer coisa. Eles
apanham. E depois são apresentados.
Oficiais!
- Escreve muito depressa, Sr. Darcy.
- Engana-se. Escrevo devagar.
Deve poder escrever tantas cartas,
Sr. Darcy.
Cartas de negócios.
Detestáveis, imagino.
Então, ainda bem que recaem
sobre mim e não sobre si.
Diga à sua irmã
que tenho saudades delas.
- Já lhe disse uma vez.
- Eu adoro-a.
Fiquei extasiada com o desenho
que ela fez para uma mesa.
Talvez me permita adiar
os seus êxtases.
Não tenho espaço
para lhes fazerjus.
Vocês, jovens senhoras,
são tão dotadas.
- O que quer dizer?
- Pintam mesas, tocam piano
e bordam almofadas.
Nunca ouvi falar numa senhora,
mas diz-se que ela é dotada.
A palavra é usada em excesso.
Não conheço mais do que meia dúzia
de senhoras realmente dotadas.
Nem eu.
Credo, deve ser muito exigente.
- Eu sou.
- Absolutamente.
Ela tem de saber música,
canto, desenho, dança
e línguas modernas
para merecer a palavra.
E tem de haver algo no seu ar
e no seu andar.
E tem de melhorar o intelecto
com muita leitura.
Já não me surpreende
que só conheça seis senhoras dotadas.
- Pasmo que conheça alguma.
- É tão severa com o próprio sexo?
Não conheço uma mulher assim.
Ela seria certamente temível de se ver.
Menina Elizabeth,
vamos dar uma volta pela sala.
É refrescante, não é, depois de estarmos
tanto tempo na mesma posição?
É um pequeno dote,
suponho.
Junta-se a nós, Sr. Darcy?
Só poderão ter dois motivos
e eu interferiria com ambos.
O que quer ele dizer?
Para o decepcionarmos,
basta não perguntarmos nada.
Diga-nos, Sr. Darcy.
Ou estão a ter conversas íntimas
e têm coisas secretas para discutir
ou estão conscientes
de que as vossas figuras
ficam no seu melhor
se caminharem.
Se for o primeiro caso,
eu iria intrometer-me.
Se for o segundo,
posso admirar-vos melhor daqui.
Como poderemos puni-lo
por tal discurso?
- Podíamos rir-nos dele.
- O Sr. Darcy não deve ser provocado.
É muito orgulhoso, Sr. Darcy? E acha
o orgulho um defeito ou uma virtude?
- Não sei.
- Queremos encontrar-lhe um defeito.
Acho difícil perdoar
as loucuras e vícios dos outros
ou as ofensas que me fizerem.
A minha boa opinião, uma vez perdida,
está para sempre perdida.
Credo.
Não posso provocá-lo com isso.
Que pena,
porque eu adoro rir.
Uma coisa de família, acho.
Uma Sra. Bennet, uma menina Bennet,
uma menina Bennet e uma menina Bennet.
Vamos receber todos os Bennet do país?
Que sala excelente, slr.
Que mobiliário tão caro.
Oh, espero mesmo
que pretenda ficar por cá, Sr. Bingley.
Absolutamente, acho o campo
muito divertido. Não achas, Darcy?
Acho perfeitamente adequado.
Apesar de a sociedade
ser menos variada que na cidade.
Menos variada? De maneira alguma.
Jantamos com famílias numerosas
de todas as formas e tamanhos.
Sir William Lucas, por exemplo,
é um homem muito agradável.
E bem menos arrogante do que
algumas pessoas que valem metade dele.
Sr. Bingley, é verdade
que vai dar um baile?
Um baile?
Seria uma maneira excelente de fazer
novos amigos. Podia convidar a milícia.
- Oh, dê um baile!
- Kitty!
Quando a sua irmã estiver recuperada,
diga o dia.
Acho um baile uma forma irracional
de fazer conhecimentos.
Seria melhor se a conversa,
em vez da dança, fosse o mote.
Sem dúvida, muito mais racional,
mas menos como um baile.
Obrigada, Mary.
Que lugar bonito e imponente,
não é, minhas queridas?
Não há casa
que se compare na região.
- Sr. Darcy.
- Menina Bennet.
- Aqui está ela.
- Não sei como agradecer-lhes.
É bem-vinda sempre
que se sentir indisposta.
Obrigada pela companhia estimulante.
Muito instrutivo.
De nada. O prazer é todo meu.
- Sr. Darcy.
- Menina Elizabeth.
E depois havia uma
com umas grandes pestanas, género vaca.
Peça à Sra. Hill
que arranje um bife de vaca, Betsy.
Mas só um.
Não somos feitos de dinheiro.
Espero, minha querida,
que tenha mandado fazer um bom jantar.
Tenho razões para esperar
mais uma pessoa ao jantar.
Ohama-se Sr. Collins,
o temido primo.
- O que vai herdar?
- Exacto. Tudo.
Até o meu banco do piano
pertence ao Sr. Collins.
Quando?
Ele poderá pôr-nos fora da casa
quando quiser.
O morgadio passa para ele
e não para nós, pobres fêmeas.
Sr. Collins, às suas ordens.
Que sala soberba
e que excelentes batatas.
Há muitos anos que não comia
um vegetal tão exemplar.
A qual das bonitas primas devo elogiar
a excelência culinária?
Temos condições
para ter uma cozinheira.
Excelente.
Fico contente por saber
que se vive tão bem no morgadio.
Tenho a honra de ter como protectora
a Lady Catherine de Bourgh.
Cuviram falar nela, suponho...
A minha pequena reitoria
confina com a sua propriedade,
Rosings Park,
e ela digna-se com frequência
a passar pela minha humilde residência
na sua carruagem e póneis.
Ela tem família?
Uma filha, a herdeira de Rosings
e de um extenso património.
Digo com frequência a Lady Catherine
que a filha dela
parece ter nascido para ser duquesa,
pois tem toda a graça superior
da classe alta.
Este género de elogios
cai sempre bem com as senhoras,
e eu acho-me
particularmente apto a fazê-los.
Que felicidade a sua, Sr. Collins,
possuir o talento da lisonja
com tanta delicadeza.
Estas atenções advêm
do impulso do momento
ou são o resultado de um estudo prévio?
Elas surgem
do que se passa na altura.
E, apesar de eu por vezes me divertir
a preparar estes pequenos elogios,
tento sempre dar-lhes
um ar o menos estudado possível.
Acredite, ninguém suspeitaria
de que as suas maneiras são estudadas.
Depois do jantar, pensei
ler para vós durante uma hora ou duas.
Tenho comigo os Sermões, de Fordyce,
que falam muito eloquentemente
de todos os assuntos morais.
Conhece os Sermões de Fordyce,
menina Bennet?
Sra. Bennet, foi-me concedida pela
boa graça de Lady Catherine de Bourgh
uma residência de tamanho significativo.
Já tomei consciência do facto.
É minha esperança que, em breve,
eu encontre uma senhora para ela.
E cabe-me informá-la
que a mais velha menina Bennet
capturou a minha especial atenção.
Oh, Sr. Collins.
Infelizmente, cabe a mim
avisá-lo que a mais velha menina Bennet
estará noiva muito em breve.
Noiva.
Mas a menina Lizzie,
que se segue em beleza e idade,
daria uma excelente companheira.
Não concorda, Sr. Collins?
Sem dúvida.
Uma alternativa muito agradável.
O Sr. Collins é o homem que nos faz
perder a esperança naquele sexo.
É seu, creio eu.
Oh, Sr. Wickham,
como é perfeito.
Ele apanhou o meu lenço.
Deixaste cair o teu de propósito?
O Sr. Wickham é tenente.
- Um tenente encantado.
- O que tens em mente?
- Estávamos à procura de fita.
- Branca, para o baile.
Vamos procurar fita juntos?
- Boa tarde, Sr. James.
- Menina Lydia, menina Bennet.
Eu nem começo a ver.
Não sou de confiança.
Tenho mau gosto para fitas.
Só um homem mesmo confiante
admitiria isso.
Não, é verdade.
E fivelas. Quando se trata de fivelas,
estou perdido.
- Deve ser a vergonha do regimento.
- Motivo de riso.
O que fazem os seus superiores consigo?
Ignoram-me. Sou insignificante,
é fácil fazê-lo.
- Lizzie, empresta-me dinheiro.
- Já me deves uma fortuna.
- Se me permite....
- Não, Sr. Wickham, por favor...
Eu insisto.
- Tenho pena dos franceses.
- Também eu.
- Olhem, o Sr. Bingley.
- Sr. Bingley!
la a caminho de vossa casa.
Gosta das minhas fitas para o seu baile?
- Uma beleza.
- Ela é. Olhe, que esplendorosa.
Oh, Lydia.
Veja se convida o Sr. Wickham.
Ele é exemplar na sua profissão.
Não se convida pessoas
para os bailes dos outros.
Claro, tem de vir, Sr. Wickham.
Com a vossa permissão,
minhas senhoras, tenham um bom dia.
Planeia ir ao baile de Netherfield,
Sr. Wickham?
Talvez. Há quanto tempo
é que o Sr. Darcy está lá hospedado?
Há cerca de um mês.
Perdoe-me,
mas conhece-o, ao Sr. Darcy?
Certamente, estou ligado
à sua família desde a infância.
Isso poderá surpreendê-la,
dada a saudação fria desta tarde.
Espero que os seus planos a favor
de Meryton não sejam afectados...
- Pelas suas relações com o cavalheiro.
- Não me cabe a mim afastar-me.
Se ele quiser evitar ver-me,
ele tem de ir, não eu.
Tenho de perguntar, qual a natureza
da sua desaprovação do Sr. Darcy?
O meu pai
era responsável pelo morgadio dele.
Crescemos juntos, o Darcy e eu.
O pai dele tratou-me como um segundo
filho, amou-me como a um filho.
Estávamos ambos
com ele quando ele morreu.
Com o seu último suspiro,
o pai dele concedeu-me
a reitoria da sua propriedade.
Ele sabia que o meu coração
tinha escolhido a lgreja.
Mas o Darcy ignorou o seu desejo
e deu a reitoria a outro homem.
- Mas porquê?
- Ciúmes.
O pai dele...
Bem, ele gostava mais de mim
e o Darcy não suportava isso.
- Que cruel.
- Por isso, agora sou um soldado raso.
Tão raso que nem se dá por mim.
- lnspira!
- Não consigo. Estás a magoar-me.
Betsy.
Betsy!
- Tem de haver um mal entendido.
- Nunca pensas mal de ninguém?
Como poderia
o Sr. Darcy fazer tal coisa?
Descobrirei a verdade
junto do Sr. Bingley esta noite.
Deixa o próprio Sr. Darcy desmentir.
Até lá,
espero nunca mais o encontrar.
Pobre, desventurado, Sr. Wickham.
O Wickham vale o dobro do Darcy.
E esperemos
que seja um dançarino mais interessado.
Ali estão eles, olha.
- Oh, sim.
- Billy.
A Jane Martin está aqui.
Permita-me dizer que é um prazer imenso
vê-lo outra vez.
- Sra. Bennet.
- Menina Bingley.
Encantada.
Estou contente que esteja aqui.
Também eu.
E como está? Menina Elizabeth?
Está à procura de alguém?
Não, de maneira nenhuma,
estava só a admirar o esplendor geral.
- É espantoso, Sr. Bingley.
- Óptimo.
Terás pelo menos trocado
uns quantos gracejos com o Sr. Bingley.
Arrisco dizer que nunca conheci
um cavalheiro tão agradável.
Viste como ele está apaixonado por ela?
Querida Jane, sempre a fazer
o que é melhor para a família.
- Charlotte!
- Lizzie!
- Viste o Sr. Wickham?
- Não. Talvez esteja por ali.
Lizzie, o Sr. Wickham não está aqui.
Aparentemente, foi retido.
Retido onde?
Ele tem de estar aqui.
- Aqui está.
- Sr. Collins.
Queira dar-me a honra,
menina Elizabeth.
Oh, não pensei que dançasse,
Sr. Collins.
Não acho que seja incompatível
com as funções de um clérigo.
Várias pessoas,
sua Senhoria inclusive, elogiaram
a ligeireza do meu pé.
Aparentemente, o teu Sr. Wickham
teve afazeres na cidade.
Dançar não tem muita importância
para mim, mas...
... mas proporciona
uma oportunidade para prodigalizar...
- Atenções no par...
- O meu informador diz-me...
... que ele estaria menos inclinado
a ficar noivo, não fosse...
... pela presença de um cavalheiro.
Que é o meu objecto primário.
Esse cavalheiro quase não merece o nome.
É minha intenção,
se posso ser tão directo,
de ficar perto de si toda a noite.
Concede-me a próxima dança,
menina Elizabeth?
Concedo.
- Eu aceitei dançar com o Sr. Darcy?
- Arrisco dizer que o acharás agradável.
Seria muito inconveniente, visto ter
jurado que o desprezaria para sempre.
- Adoro esta dança.
- Deveras. Muito fortificante.
É a sua vez de falar,
Sr. Darcy.
Eu falei da dança.
Agora deve comentar sobre o tamanho
da sala ou o número de casais.
Com todo o prazer.
O que gostaria mais de ouvir?
Essa resposta chega, por agora.
Talvez eu possa comentar
que os bailes privados
são melhores do que os públicos.
Por agora, podemos ficar silenciosos.
Por norma, fala quando dança?
Não. Não, prefiro ser
anti-social e taciturna.
Torna tudo tão mais agradável,
não acha?
Diga-me, vai muitas vezes
com as suas irmãs a pé a Meryton?
Sim, vamos com frequência a pé
a Meryton.
É uma óptima oportunidade
de conhecer pessoas.
Quando nos viu, tínhamos acabado
de ter o prazer de conhecer alguém.
O Sr. Wickham, abençoado com tão jocosas
maneiras, fará com certeza amigos.
Se será capaz
de os reter é que é menos certo.
Ele teve a má sorte de perder
a sua amizade. Isso é irreversível?
- É. Por que faz tal pergunta?
- Para lhe conhecer o carácter.
- O que descobriu?
- Muito pouco.
Ciço tantas coisas diferentes
sobre si que fico baralhada.
Espero merecer-lhe mais clareza
no futuro.
- É o Sr. Darcy, de Pemberley?
- Creio que sim.
Preciso de o conhecer.
Ele é sobrinho da minha benfeitora,
a Lady Catherine.
Ele considerará isso uma impertinência.
Sr. Darcy.
Sr. Darcy.
Sr. Darcy. Boa noite...
Que parentes tão interessantes que tem.
Mary, deliciou-nos por tempo suficiente.
Dê a vez às outras jovens senhoras.
... Desde que eu era criança,
e depois morreu.
Tenho um cavalo branco lindo.
Claro, a Caroline é muito melhor
cavaleira do que eu, claro.
Oh, sim. Esperamos
um casamento muito vantajoso.
E a minha Jane, casando tão bem,
vai ter de lançar as irmãs.
Claramente, a minha família, está
a ver quem consegue ser mais ridículo.
- Pelo menos, o Bingley não notou.
- Não.
- Acho que ele gosta muito dela.
- Mas ela gosta dele?
Poucos de nós estão certos da sua paixão
sem o devido encorajamento.
O Bingley gosta imenso dela,
mas poderá não ir mais longe
se ela não o ajudar.
Ela é só tímida. Se ele não consegue
ler-lhe o olhar, é um tolo.
Somos todos tolos no amor.
Ele não conhece
a personalidade dela como nós.
Ela devia ser rápida
e agarrá-lo.
Há muito tempo
para nós o conhecermos depois.
Não posso deixar de sentir
que alguém vai exibir um leitão
e nos vai fazer correr atrás dele.
- Oh, meu Deus!
- As minhas desculpas, senhor.
Lamento imenso. Perdoe-me.
Emily, por favor!
Mary, minha querida Mary.
Pronto, pronto.
- Pratiquei toda a semana.
- Eu sei, minha querida.
Odeio bailes.
Sr. Bennet, acorde.
Nunca me diverti tanto!
Charles, não estás a falar a sério.
Acho que haverá aqui um casamento
em menos de três meses, Sr. Bennet.
Sr. Bennet!
Mary, por favor.
Obrigado, Sr. Hill.
Sra. Bennet, gostaria,
se não fosse muita maçada,
de solicitar uma audiência privada
com a menina Elizabeth.
Certamente,
a Lizzie ficará deveras contente.
Saiam. O Sr. Collins gostaria de ter
uma audiência privada com a vossa irmã.
Espere, o Sr. Collins não poderá ter
nada a dizer-me que ninguém possa ouvir.
Quero que fiques onde estás.
Todos os outros para o salão.
- Sr. Bennet.
- Mas...
Agora.
- Jane. Jane, não... Jane!
- Jane.
Papá, fique.
Cara menina Elizabeth,
as minhas atenções
não podiam ser mal entendidas.
Quase logo que entrei na casa,
escolhi-a
como a companheira da minha vida futura.
Mas antes que seja tomado
pelas minhas emoções,
talvez deva explicar
as minhas razões para casar.
Primeiro, é obrigação de um clérigo
dar o exemplo
do matrimónio na sua paróquia.
Segundo, estou convencido que vai
aumentar imenso a minha felicidade.
E terceiro,
que é a pedido
da minha estimada benfeitora,
a Lady Catherine,
que eu escolha uma esposa.
O objectivo da minha vinda a Longbourn
era escolher
entre as filhas do Sr. Bennet,
pois herdarei o morgadio
e tal aliança irá certamente...
... agradar a todos.
E, agora, não me resta mais nada do que
assegurar-lhe em animada linguagem...
- A violência do meu afecto.
- Sr. Collins!
E nenhuma acusação sobre a fortuna...
- Sairá dos meus lábios quando casados.
- Esquece-se de que não respondi.
A Lady Catherine aprovará
totalmente quando eu falar com ela
sobre a sua modéstia, economia
e outras qualidades agradáveis.
Senhor, estou honrada pela sua proposta,
mas lamento ter de decliná-la.
Eu sei que as senhoras
não querem parecer muito interessadas...
Sr. Collins, estou a falar a sério.
Não poderia fazer-me feliz.
E eu sou a última mulher no mundo
que poderia fazê-lo feliz.
Lisonjeio-me que a sua recusa
seja só um pudor natural.
Além disso,
apesar dos muitos atractivos,
não é certo que lhe venha
a ser feita outra proposta.
Devo concluir que tenta tão só aumentar
o meu amor pelo suspense,
de acordo com a prática normal
entre as senhoras elegantes.
Não sou o tipo de senhora
que atormenta um homem respeitável.
Por favor, compreenda,
não posso aceitá-lo.
Obstinada, criança tola.
Não se preocupe, Sr. Collins. Vamos
lidar com este percalço imediatamente.
Lizzie. Lizzie!
Sr. Bennet, estamos todos em tumulto!
Tem de vir obrigar a Lizzie
a casar com o Sr. Collins.
O Sr. Collins pediu a Lizzie
em casamento,
mas ela jurou que não o aceitaria
e agora o perigo é
que o Sr. Collins possa não querer
a Lizzie.
- O que tenho de fazer?
- Bem, vá falar com ela.
Agora!
Diga-lhe que insiste
no casamento deles.
Papá, por favor.
Terás esta casa e salvarás
as tuas irmãs da destituição.
- Não posso casar com ele.
- Vai e diz-lhe que mudaste de ideias.
- Pensa na tua família.
- Não pode obrigar-me.
Sr. Bennet, diga qualquer coisa.
A tua mãe insiste
em que cases com o Sr. Collins.
Sim. Ou nunca mais olho para ela.
Deste dia em diante, serás uma estranha
para um dos teus progenitores.
Quem te sustentará
quando o teu pai morrer?
A tua mãe nunca mais olha para ti
se não casares com o Sr. Collins
e eu nunca mais olho para ti se casares.
Obrigada, papá.
Criança ingrata!
Nunca mais te falo.
Não que eu tire
muito prazer em falar.
As pessoas que, como eu,
têm problemas nervosos
não tiram prazer
em falar com ninguém.
Jane!
O que se passa? Jane?
Não percebo
o que o afastaria de Netherfield.
Por que é que ele não sabe
quando regressa?
Lê.
"O Sr. Darcy está impaciente para ver a
irmã e nós estamos igualmente desejosos.
"Georgiana Darcy
não é equiparada em beleza,
elegância e dotes. Espero chamar-lhe
de agora em diante minha irmã."
Não é suficientemente claro?
A Caroline viu que o irmão
está apaixonado por ti
e afastou-o
para o persuadir do contrário.
Mas eu sei que ela é incapaz
de enganar alguém de propósito.
- É mais provável que ele não me ame.
- Ele ama-te. Não desistas.
Vai para a tia e tio em Londres,
deixa saber que estás lá
e ele virá até ti.
Dá o meu amor à minha irmã
e tenta não ser um fardo, querida.
Pobre Jane.
Mesmo assim, uma menina gosta
de sofrer no amor de vez em quando.
Dá-lhe algo em que pensar
e distingue-a das suas amigas.
- Tenho a certeza de que isso a animará.
- Agora é a tua vez, Lizzie.
Recusaste o Collins.
És livre de partir
e seres tu rejeitada.
E o Sr. Wickham?
Ele é uma pessoa agradável
e faria bem o papel.
- Pai...
- E tu tens uma mãe afectuosa
que aproveitaria ao máximo.
- Charlotte!
- Minha querida Lizzie.
Vim até aqui contar as novidades.
O Sr. Collins e eu estamos... noivos.
- Noivos?
- Sim.
- Para casar?
- Que outro tipo de noivado há?
Por amor de Deus, Lizzie,
não olhes assim para mim.
Eu serei tão feliz com ele
como com qualquer um.
- Mas ele é ridículo.
- Oh, cala-te.
Nem todas se podem dar ao luxo
de ser românticas.
Ofereceram-me
uma casa confortável e protecção.
Há muito a agradecer.
Tenho 27 anos. Não tenho dinheiro
e não tenho perspectivas.
Já sou um fardo para os meus pais.
E tenho medo.
Portanto não me julgues, Lizzie.
Não te atrevas a julgar-me.
Querida Charlotte,
obrigada pela tua carta.
É bom saber que a casa,
mobília e estradas te agradam,
e que o comportamento da Lady Catherine
é amigável e amistoso.
Com a tua partida,
a Jane em Londres
e a milícia no Norte
com o colorido Sr. Wickham,
devo confessar que a vista daqui,
onde me sento, é muito cinzenta.
Quanto ao favor que pediste,
não é favor algum.
Visitar-te-el assim
que for conveniente para ti.
Bem-vinda à nossa humilde casa.
A minha esposa encoraja-me
a estar no jardim por ser saudável.
Acho que a nossa convidada
está cansada da viagem.
Planeio melhorias.
Quero fazer um passeio de limoeiros.
Crgulho-me
de dizer que qualquerjovem gostaria
de ser a senhora de tal casa.
Aqui não seremos perturbadas.
Esta sala é para
meu uso particular.
Oh, Lizzie, é um prazer tão grande
governar a minha própria casa.
- Charlotte, vem cá!
- O que aconteceu?
O porco fugiu outra vez?
É a Lady Catherine.
Vem ver, Lizzie.
Boas notícias.
A Lady Catherine
convidou-nos para irmos a Rosings.
Que maravilha!
Não te preocupes
com a roupa que vais vestir.
Veste somente o melhor que trouxeste.
A Lady Catherine nunca foi contra
os verdadeiramente humildes.
Um dos locais mais extraordinários
da Europa, não é?
Só o envidraçado
custa mais de 20.000 libras.
Venham. Venham.
Acho que mais tarde
vamos jogar às cartas.
Sua Senhoria.
Menina de Bourgh.
- Então, é a Elizabeth Bennet?
- Sou sim, sua Senhoria.
Esta é a minha filha.
- É muita amabilidade convidar-nos.
- Só o tapete custa mais de 300 libras.
Sr. Darcy.
O que faz aqui?
Sr. Darcy,
não fazia ideia que tínhamos a honra.
- Menina Elizabeth, estou cá hospedado.
- Conhece o meu sobrinho?
Tive o prazer de conhecer
o seu sobrinho em Hertfordshire.
Coronel Fitzwilliam.
Como estão?
Sr. Collins, não pode sentar-se
ao lado da sua esposa. Mexa-se. Ali.
Harvey, estava a pensar,
poderia trazer o prato de peixe...
Espero que a sua família se encontre
de boa saúde, menina Elizabeth?
Está sim, obrigada.
A minha irmã está em Londres.
Talvez a tenha visto.
Não fui tão afortunado...
Toca o pianoforte,
menina Bennet?
- Um pouco, minha senhora, e mal.
- Sabe desenhar?
Não, de todo.
As suas irmãs sabem desenhar?
Nem uma.
Isso é muito estranho.
Suponho que não tenham tido
oportunidade.
A vossa mãe devia tê-las levado
para a cidade para verem os mestres.
A minha mãe não se teria importado,
mas o meu pai odeia a cidade.
- A vossa governanta deixou-vos?
- Nunca tivemos governanta.
Sem governanta? Cinco filhas
em casa e sem governanta?
Nunca tal ouvi. A vossa mãe deve ter
sido uma escrava da vossa educação.
De todo, Lady Catherine.
As irmãs mais novas
entraram para a sociedade?
- Sim, minha senhora, todas.
- Todas?
O quê, as cinco ao mesmo tempo?
Isso é muito estranho.
E é a segunda. As mais novas
entraram antes das mais velhas casarem?
As suas irmãs mais novas
devem ser muito novas.
A mais nova ainda não fez 16.
Mas seria duro para as mais novas
não se divertirem
porque a mais velha ainda não casou.
Dificilmente encorajaria
a afeição entre as irmãs.
Opina de forma muito decidida
para uma pessoa tão nova.
Diga-me, que idade tem?
Com três irmãs mais novas já grandes,
não pode esperar que lho diga.
Venha, menina Bennet, toque para nós.
- Não, suplico-lhe.
- A música é o meu deleite.
De facto,
há poucas pessoas em lnglaterra
que gostem mais de música.
Ou tenham melhor gosto.
Se alguma vez tivesse aprendido,
eu teria sido uma grande artista.
Assim como a Anne,
se a sua saúde lho tivesse permitido.
Não estou com falsas modéstias
quando digo que toco mal...
Então, Lizzie,
sua Senhoria assim o exige.
Como vai a Georgiana, Darcy?
- Ela toca muito bem.
- Espero que ela pratique.
Não se alcança a excelência
sem a prática constante.
Disse isto à Sra. Collins.
Apesar de não ter um instrumento,
pode vir a Rosings
e tocar no pianoforte
na sala da governanta.
Não atrapalhará ninguém
nessa parte da casa.
Quer assustar-me
vindo todo empolgado ouvir-me.
Mas não ficarei alarmada,
mesmo que a sua irmã toque tão bem.
Eu sei que não posso alarmá-la,
mesmo se quisesse.
Como era o meu amigo
em Hertfordshire?
Quer mesmo saber?
Prepare-se
para uma coisa muito medonha.
A primeira vez que o vi,
ele não dançou com ninguém,
apesar dos poucos cavalheiros
e de haver mais de
uma senhora sem par.
- Eu só conhecia o meu grupo.
- Ninguém é apresentado num baile.
Fitzwilliam, preciso de si.
Não tenho o talento
da conversa fácil
com pessoas que não conheço.
Talvez devesse seguir
o conselho da sua tia e praticar.
Querida Jane...
Sr. Darcy.
Por favor, sente-se.
O Sr. e a Sra. Collins
foram à vila.
Que casa encantadora.
Creio que a minha tia fez muitas obras
quando o Sr. Collins chegou.
Creio que sim.
Ela não podia oferecer
a sua bondade a um sujeito mais grato.
- Devo pedir chá?
- Não, obrigado.
Bom dia, menina Elizabeth,
foi um prazer.
O que fizeste
ao coitado do Sr. Darcy?
Não faço ideia.
Toda a mente tem de ter um conselheiro
em quem deve buscar consolo
quando perturbada.
Há muitas conveniências que os outros
podem dar-nos e que não podemos obter.
Tenho em vista os objectos
que só podem ser obtidos
através do intercurso...
Desculpem, através do intercurso
da amizade ou do civismo.
Nessas alturas, o homem orgulhoso avança
não para nos saudar com cordialidade,
mas com a suspeita de alguém
que reconhece um inimigo...
- Quanto tempo planeia ficar?
- Tanto quanto o Darcy quiser.
- Estou à sua disposição.
- Toda a gente parece estar.
Por que não casa ele e garante
uma conveniência duradoura desse tipo?
- Ela seria uma mulher de sorte.
- A sério?
O Darcy é o mais leal dos companheiros.
Ele veio recentemente
socorrer um dos seus amigos.
O que aconteceu?
Salvou-o de um casamento imprudente.
Quem é o homem?
O seu melhor amigo, Charles Bingley.
O Sr. Darcy deu uma razão
para a sua interferência?
Havia aparentemente
fortes objecções contra a senhora.
Que tipo de objecções?
A sua falta de fortuna?
Penso que a sua família
foi considerada inadequada.
- E ele separou-os?
- Creio que sim. Não sei mais nada.
Menina Elizabeth.
Rebelei-me em vão
e não suporto mais.
Os últimos meses têm sido um tormento.
Só vim a Rosings para a ver.
Lutei contra o bom senso,
as expectativas da minha família,
a inferioridade do seu berço,
a minha classe.
Vou pedir-lhe
que ponha fim à minha agonia.
- Não compreendo.
- Amo-a.
Ardentemente.
Por favor, conceda-me a honra
de aceitar a minha mão.
Senhor, estimo a agonia
por que tem passado
e lamento tê-lo feito sofrer.
Foi feito inconscientemente.
- É a sua resposta?
- Sim, senhor.
- Está a rir-se de mim?
- Não.
Está a rejeitar-me?
Com certeza, os sentimentos que afectam
o seu afecto ajudá-lo-ão a superar isso.
Por que sou repudiado
com tão pouca cortesia?
Perguntar-lhe-ia por que disse gostar
de mim contra todo o seu bom senso?
Se fui pouco cortês,
isso é uma desculpa.
- Mas sabe que tenho outras razões.
- Que razões?
Acha que algo poderia tentar-me
a aceitar um homem que arruinou
a felicidade da minha mais amada irmã?
Nega ter separado
um jovem casal que se amava,
expondo o seu amigo
à censura por capricho
e a minha irmã à irrisão
por esperanças perdidas,
envolvendo ambos numa miséria aguda?
- Não nego isso.
- Como pôde fazê-lo?
Pensei que ele
ele fosse indiferente.
Notei que ele estava
mais apegado do que ela.
Ela é tímida!
O Bingley pensava
que ela não sentia nada forte.
- Sugeriu-o.
- Para bem dele.
A minha irmã
quase nem a mim diz como se sente.
Penso que a fortuna dele
teve algum peso...
Eu não faria a desonra à sua irmã.
Foi sugerido...
O que foi?
Era claramente um casamento vantajoso...
- A minha irmã deu essa impressão?
- Não!
- Não. Mas havia a sua família...
- O querermos estabelecer laços?
- Não, era mais do que isso.
- Como, senhor?
A falta de decoro da sua mãe,
irmãs mais novas e do seu pai.
Perdoe-me. A si e à sua irmã
eu devo excluir disto.
E quanto ao Sr. Wickham?
Sr. Wickham?
Que desculpa pode ter
para o seu comportamento?
- Que interessada...
- Ele contou-me as suas desventuras.
- Foram incríveis.
- Arruinou-lhe a vida
e ainda o trata com sarcasmo.
Então, é isso que pensa de mim?
Obrigado. Talvez estas ofensas
tivessem sido ignoradas,
não fosse o seu orgulho ferido pelos
meus escrúpulos sobre a nossa relação.
Devo alegrar-me com a inferioridade
da sua situação?
E essas são as palavras
de um cavalheiro.
A sua arrogância e presunção, o desdém
egoísta pelos sentimentos de outrem
fizeram-me perceber que seria o último
homem no mundo com quem casaria.
Perdoe-me, minha senhora,
por ter tomado tanto do seu tempo.
Vim para lhe deixar isto.
Não renovarei os sentimentos
que lhe causaram tanto asco.
Mas, se me permite, abordarei
as duas ofensas de que me acusa.
O meu pal amava
o Sr. Wickham como um filho.
Deixou-lhe uma herança generosa.
Mas depois da morte do meu pal,
o Sr. Wickham anunciou
não tencionar acatar ordens.
Ele exigiu o valor da herança que gastou
nojogo numa questão de semanas.
Depois escreveu,
pedindo mais dinheiro, e eu recusel.
Depois disso,
ele cortou todos os laços.
Velo ver-nos no Verão passado,
declarou-se apaixonado pela minha lrmã
e tentou persuadl-la a fugir com ele.
Ela vai herdar 30.000 libras.
Quando fol deixado claro que ele não
receberla um tostão, ele desapareceu.
Não tentarel expilcar a dimensão
do desespero da Georgiana.
Ela tinha 15 anos.
Quanto ao outro assunto,
da sua lrmã e do Sr. Bingley,
apesar dos motivos que tive
parecerem insuficientes,
fl-lo ao serviço de um amigo.
Lizzie.
Estás bem?
Mal sei.
Lizzie. Que bom que chegaste.
A tua tia e tio estão aqui,
trazem a Jane de Londres.
- Como está a Jane?
- Ela está no salão.
Praticamente, já o esqueci. Se ele
passasse por mim na rua, mal notaria.
Londres é tão divertida. É verdade.
Há tanta distracção.
Há notícias de Kent?
Nenhumas.
Pelo menos, nada que distraia.
Lizzie, diz à mamã!
Pára de fazer tanto alarido.
- Por que é que ela não me pediu?
- Porque eu sou melhor companhia.
- O que se passa?
- Tenho o mesmo direito.
Vamos todas.
Convidaram a Lydia para ir a Brighton
com os Forster.
Uns banhos de mar faziam-me bem.
Jantarei com os oficiais
todas as noites.
Papá, não a deixe ir.
A Lydia nunca será fácil
até se expor num local público.
E nunca poderíamos esperar que o fizesse
com tão pouca inconveniência.
Se não a vigiarem,
ficará como o mais tolo namorico
que alguma vez ridicularizou a família.
Seguida pela Kitty, como sempre.
Lizzie, não teremos paz até ela ir.
É mesmo tudo aquilo com que se preocupa?
O Coronel Forster é um homem sensível.
Mantê-la-á afastada
de qualquer tropelia séria.
E ela é muito pobre
para ser depredada por alguém.
É perigoso.
Tenho a certeza que os oficiais
encontrarão mulheres mais interessantes.
Esperemos, de facto,
que a temporada em Brighton
lhe demonstre
a sua própria insignificância.
De qualquer maneira,
ela mal poderá piorar.
Se o fizer, seremos obrigados
a trancá-la para o resto da vida.
Lizzie, podes acompanhar-nos.
Peak District não é Brighton.
Há poucos oficiais,
o que poderá influenciar a tua decisão.
Vem para Peak District connosco,
Lizzie, e apanha ar fresco.
A glória da natureza. O que são
os homens junto de rochas e montanhas?
Os homens são consumidos
por arrogância ou estupidez.
Se são agradáveis,
não têm personalidade.
Cuidado, minha querida.
Isso dá um ar muito azedo.
Vi o Sr. Darcy quando estive em Rosings.
Por que não me disseste?
Ele falou do Sr. Bingley?
Não.
Não, ele não falou.
Oh, o que são os homens
perto de rochas e montanhas?
Ou carruagens que andam?
Onde estamos exactamente?
Acho que estamos muito perto
de Pemberley.
- A casa do Sr. Darcy?
- Esse mesmo.
Um lago muito bem guarnecido.
Gostava muito de o ver.
Oh, não, não vamos.
Bem, ele é tão...
Eu prefiro que não, ele é tão...
ele é tão...
- Tão o quê?
- Tão rico.
Céus, Lizzie,
que presunçosa que és!
Contra o Sr. Darcy por causa da riqueza.
O pobre homem não tem culpa.
Ele nem estará lá. Estes homens
importantes nunca estão em casa.
Continua.
- O seu senhor está muito em casa?
- Não tanto como eu gostaria.
Ele adora isto.
Se ele casasse,
talvez o visse mais.
Ele é muito parecido com o pai.
Quando o meu marido esteve doente,
o Sr. Darcy não podia fazer mais.
Ele simplesmente
pôs os criados ao meu serviço.
Este é ele, o Sr. Darcy.
Um rosto bonito.
Lizzie, é realmente parecido?
A jovem senhora conhece
o Sr. Darcy?
Só um pouco.
Não o acha um homem bonito, menina?
Sim.
Sim, atrevo-me a dizer que é.
Esta é a irmã dele, a menina Georgiana.
Ela canta e toca todo o dia.
Ela está em casa?
Menina Elizabeth.
- Pensei que estivesse em Londres.
- Não.
Não, não estou.
Não.
- Nós não teríamos vindo...
- Voltei um dia antes...
Estou com os meus tios.
A viagem está a ser agradável?
Muito agradável.
- Amanhã vamos a Matlock.
- Amanhã?
- Estão hospedados em Lambton?
- Sim, no Rose and Crown.
Sim.
Lamento a intrusão.
Eles disseram que a casa estava
aberta ao público. Não sabia...
- Possa levá-la à vila?
- Não.
- Gosto muito de andar.
- Sim.
Sim, eu sei.
Adeus, Sr. Darcy.
Por aqui, senhor.
Não quer sentar-se connosco?
Acabámos de ver o Sr. Darcy.
Não nos disseste que o tinhas visto.
Ele convidou-nos para jantar amanhã.
Ele foi muito cordial, não foi?
- Muito cordial.
- Nada como tu o pintaste.
Para jantarmos com ele?
Há qualquer coisa agradável
na boca dele quando ele fala.
Importas-te se atrasarmos
a nossa viagem por um dia?
Ele quer, especialmente,
que conheças a irmã dele.
A irmã dele.
Menina Elizabeth!
A minha irmã, menina Georgiana.
O meu irmão falou-me tanto de si...
- Sinto que já somos amigas.
- Obrigada.
- Que bonito pianoforte.
- O meu irmão ofereceu-mo.
- Não devia tê-lo feito.
- Deveria.
- Está bem, pronto.
- Facilmente persuadida, não é?
Ele uma vez teve de me ouvir tocar.
- Ele disse que toca tão bem.
- Então, mentiu.
- Disse "bastante bem".
- "Bastante bem" não é "muito bem".
Estou satisfeita.
- Sr. Gardiner, gosta de pescar?
- Muito.
Acompanhar-me-ia ao lago esta tarde?
Os seus ocupantes
não são perturbados há muito.
- Adoraria.
- Toca duetos, menina Elizabeth?
- Só quando obrigada.
- Irmão, tens de a obrigar.
Pescador esplêndido, boa companhia.
Que cavalheiro excelente.
Muito obrigada, Sr. Darcy.
Uma carta para si, minha senhora.
Oh, é da Jane.
É a pior das notícias.
A Lydia fugiu...
... com o Sr. Wickham.
Foram para sabe Deus onde.
Ela não tem dinheiro, nem contactos.
Receio que esteja para sempre perdida.
A culpa é minha.
Se eu tivesse exposto o Wickham
quando devia.
Não, a culpa é minha.
Eu teria impedido isto
se fosse clara com as minhas irmãs.
Fez-se alguma coisa para a recuperar?
O meu pai foi para Londres,
mas eu sei que não há nada a fazer.
Não temos a mais pequena esperança.
Se eu puder ajudar.
Senhor, acho que é tarde de mais.
Isto é de facto grave.
Deixo-vos. Adeus.
Receio que tenhamos de partirjá.
Vou ter com o Sr. Bennet e encontrar
a Lydia antes que arruíne a família.
Por que é que os Forster
a perderam de vista?
Sempre disse que eles não saberiam
tomar conta dela.
- E agora ela está arruinada.
- Estão todas arruinadas.
Quem vos quererá
com uma irmã perdida?
Pobre Sr. Bennet, terá agora
de se debater com o pérfido Wickham
e depois ser morto.
Ele ainda não o encontrou, mamã.
O Sr. Collins põe-nos na rua
antes de ele estar frio.
Não fique alarmada. O nosso tio
está em Londres a ajudar com a busca.
A Lydia deve saber
o que isto me está a fazer aos nervos.
Palpitações
e espasmos por todo o lado!
Minha bebé Lydia, minha bebé!
Como pôde ela fazer tal coisa
à sua pobre mamã?
- Não podes fazer isso!
- Não sejas tão bebé.
- Kitty, dá-me isso.
- Para quem é?
Está endereçada ao papá.
É a letra do tio.
Papá, há uma carta.
- Deixem-me respirar.
- É a letra do tio.
- Ele encontrou-os.
- Estão casados?
- Não percebo o que diz.
- Dê-me isso.
Estão casados?
Casarão se o pai lhes der 100 libras
por ano. É a condição dele.
- Vai aceitar isto, pai?
- Claro.
Sabe Deus quanto o teu tio
gastou com aquele canalha.
O que quer dizer?
Nenhum homem casaria com a Lydia
por tentação tão pequena
como 100 libras por ano.
O teu tio deve ter sido generoso.
Achas que foi uma grande quantia?
O Wickham seria tolo
se aceitasse menos de 10.000 libras.
- Credo!
- Pai!
A Lydia casou e aos 15 anos!
Toca a campainha, Kitty.
Tenho de me arranjar e dizer
à Lady Lucas. Oh, só ver-lhe a cara.
Os criados
podem beber uma taça de ponche.
- Devíamos agradecer ao tio.
- Ele devia ajudar.
Ele é mais rico do que nós
e não tem filhos. Filha casada!
Só pensa mesmo nisso?
Quando tiveres cinco filhas, diz-me
o que mais te ocupará o pensamento.
Talvez então compreendas.
Não sabe como ele é.
- Lydia!
- Oh, mamã!
Passámos pela Sarah Sims.
Tirei a luva
para ela poder ver o anel.
Depois fiz uma vénia
e sorri como nada...
Tenho a certeza que ela não estava
nem metade de tão exultante como tu.
Têm todas de ir a Brighton.
É lá que há maridos.
Espero que tenham metade da minha sorte.
Lydia.
Quero ouvir todos os pormenores,
Lydia, querida.
Fui alistado num regimento
no Norte de lnglaterra.
Contente por saber disso.
Perto de Newcastle.
Vamos para lá para a semana.
- Posso ir e ficar com vocês?
- Isso está fora de questão.
Chegou segunda de manhã
e eu estava em tal agitação.
Não quero ouvir.
Lá estava a tia a falar
como se estivesse a ler um sermão.
- Ela foi horrivelmente desagradável.
- Não percebes porquê?
Mas eu não ouvi uma palavra porque
estava a pensar no meu querido Wickham.
Queria saber
se ele casaria de casaco azul.
O Norte de Inglaterra, penso,
tem uma paisagem espectacular.
E pensei, quem será
o nosso padrinho se ele não volta?
Por sorte, ele voltou,
ou teria de pedir ao Sr. Darcy.
- Sr. Darcy!
- Esqueci-me!
- Não devia ter dito palavra.
- O Sr. Darcy estava no casamento?
Foi ele que nos descobriu.
Ele pagou o casamento,
a comissão do Wickham, tudo.
Mas disse-me para não contar.
- O Sr. Darcy?
- Pára, Lizzie.
O Sr. Darcy é menos superior
e arrogante do que tu, às vezes.
Kitty, viste o meu anel?
Escreve-me com frequência, querida.
As mulheres casadas
nunca têm tempo para escrever.
Atrevo-me a dizer que não terás.
Quando casei com o teu pai, parecia
que o dia não tinha horas suficientes.
As minhas irmãs poderão escrever,
porque não têm mais nada que fazer.
Não há nada pior
do que a separação dos nossos filhos.
Sentimo-nos desamparados sem eles.
- Adeus.
- Adeus, Lydia. Adeus, Sr. Wickham.
Adeus, Kitty. Adeus, papá.
Não sei o que faz o teu pai
com toda aquela tinta.
Sra. Bennet.
Cuviu a novidade, minha senhora?
O Sr. Bingley regressará a Netherfield.
A Sra. Nichols encomendou
uma perna de porco. Ela espera-o amanhã.
Amanhã?
Não que me interesse.
O Sr. Bingley não nos é nada.
Tenho a certeza
que nunca mais o quero ver.
Não diremos uma palavra sobre isso.
De certeza que ele vem?
Sim, minha senhora. Creio que vem
sozinho. A irmã continua na cidade.
Por que é que ele acha que estamos
interessadas? Não faço ideia. Vamos.
Vamos já para casa
contar ao Sr. Bennet.
A insolência do homem. Pergunto-me
se se atreverá a mostrar a cara.
Está tudo bem, Lizzie.
Ainda bem que vem sozinho
porque o veremos menos.
Não que eu tenha receio.
Mas temo os comentários dos outros.
Oh, lamento.
Ele está aqui, está à porta.
- Sr. Bingley!
- Sr. Bingley?
Meu Deus!
Comportem-se com naturalmente.
Façam o que fizerem,
não se mostrem rancorosas.
Está alguém com ele.
O Sr. Comosechama, o pomposo.
O Sr. Darcy? A insolência da coisa.
O que pensa ele, vindo até aqui?
Fica quieta, Jane. Mary, larga isso já.
Arranja o que fazer.
Oh, meu Deus, vou ter um ataque,
de certeza que vou.
Kitty.
- Isto não pode estar aqui.
- Mary, as fitas, as fitas.
Mary, senta-te de uma vez. Mary!
O Sr. Darcy e o Sr. Bingley,
minha senhora.
Que prazer em vê-lo,
Sr. Bingley.
Houve muitas alterações
desde que partiu.
A menina Lucas casou, estabeleceu-se.
É uma das minhas filhas também.
Deve ter lido nos jornais,
apesar de não ter sido contado
como devia.
Muito curto. Nada sobre a família.
Sim, ouvi falar.
Os meus parabéns.
Mas é muito difícil,
ter a minha Lydia assim longe.
O Sr. Wickham foi transferido
para Newcastle, seja lá onde for.
Vai ficar por muito tempo no campo?
Só umas semanas. Para a caça.
Depois de matar os seus pássaros,
suplico-lhe que venha cá
matar quantos quiser.
O Sr. Bennet ficará muito contente
e guardará as melhores perdizes para si.
Excelente.
- Está bem, Sr. Darcy?
- Bastante bem, muito obrigado.
Espero que o tempo se mantenha
para a caça.
- Volto para a cidade amanhã.
- Tão breve?
A minha Jane parece bem,
não parece?
Parece de facto.
Bem, temos de ir, penso eu.
Darcy. Foi um prazer rever-vos a todas.
Menina Elizabeth. Menina Bennet.
Têm de voltar.
No lnverno passado, prometeram
vir a um jantar de família.
Não me esqueci, vêem?
Pelo menos três pratos.
Com licença.
Extraordinário.
Íamos entrar
e ela ia dizer "Sentem-se".
Então, eu sinto...
Oh, é um desastre, não é?
Foi...
- Menina Bennet.
- Sr. Bingley.
Eu vou entrar e digo-o simplesmente.
Sim, exactamente.
Que bom que passou. Agora,
podemos ser conhecidos indiferentes.
Oh, sim.
Não me achas tão fraca ao ponto
de estar em perigo agora.
Corres o mesmo grande perigo
de o fazeres apaixonar-se por ti.
- Pena ter vindo com o Sr. Darcy.
- Não digas isso.
Por que não?
Jane.
- Fui tão cega.
- O que queres dizer?
Olha, é ele.
Voltou. Ele voltou.
Eu sei que isto é impróprio,
mas gostaria de ter o privilégio
de falar com a menina Bennet.
A sós.
Toda a gente para a cozinha,
imediatamente.
Menos tu, Jane, querida, claro.
Oh, Sr. Bingley, é tão bom
vê-lo outra vez tão depressa.
Primeiro, tenho de lhe dizer que fui
o maior e mais indesculpável idiota.
Kitty, caluda.
Sim.
Mil vezes sim.
Agradeço ao Senhor por isso.
Pensei que nunca aconteceria.
Tenho a certeza
que se darão bem juntos.
Têm feitios muito parecidos.
Os criados enganá-los-ão assiduamente.
E serão tão generosos com o resto,
excederão sempre o orçamento.
Exceder o orçamento?
Ele recebe 5.000 por ano.
Eu sabia
que ela não era tão bonita para nada.
"...tem de ser livre
de insinceridade.
"Ela só pode dirigir-se efectivamente
aos sentimentos daqueles
"cujas mentes brilham
com o calor da sensibilidade
"e cujos argumentos resultam
da convicção.
"Ela tem de sentir a influência
dessas paixões e emoções
que pretende inspirar..."
Pode morrer-se de felicidade?
Ele não sabia
que eu estava na cidade na Primavera.
- Como se explicou ele?
- Pensou que me era indiferente.
- lncompreensível.
- Sem dúvida, envenenado pela irmã.
Bravo. Esse é o discurso
mais rancoroso que alguma vez fizeste.
Lizzie,
só queria ver-te feliz.
Se houvesse alguém para ti...
Talvez o Sr. Collins tenha um primo.
- O que é isto?
- O quê?
Talvez ele tenha mudado de ideias.
A chegar!
Sim.
Lady Catherine.
O resto da sua prole, imagino...
Todas menos uma. A mais nova
casou recentemente, sua Senhoria.
A minha mais velha recebeu
uma proposta esta tarde.
- Tem um jardim muito pequeno.
- Posso oferecer-lhe um chá?
Não. Tenho de falar a sós
com a menina Elizabeth Bennet.
É um assunto muito urgente.
Deve saber o que me traz cá.
Não sei a que se deve a honra, de todo.
Aviso-a, comigo não se brinca.
Cuvi notícias muito alarmantes.
Que tenciona casar-se
com o meu sobrinho, o Sr. Darcy.
Sei que isto é falso.
Mas não querendo magoá-lo
por supor que fosse possível, vim
rapidamente dizer-lhe o que penso.
Se acha impossível,
pergunto-me por que veio tão longe.
Para a ouvir desmentir.
A sua vinda será uma confirmação
se tais notícias correm.
Se? Faz de conta que não sabe?
Não foi
industriosamente circulado por si?
Nunca ouvi falar nisso.
Pode afirmar que não tem fundamento?
Não pretendo ter
a mesma franqueza com sua Senhoria.
Poderá fazer uma pergunta
a que eu escolha não responder.
O meu sobrinho
pediu-a em casamento?
A sua Senhoria declarou isso impossível.
O Sr. Darcy está noivo da minha filha.
Agora o que tem a dizer?
Se é esse o caso, não pode supor
que ele me pediria em casamento.
Menina egoísta. Esta união
foi planeada desde a infância deles.
Acha que pode ser impedida
por uma mulher de berço inferior
cuja fuga da irmã resultou
num escandaloso casamento à pressa,
só possível às custas do tio?
Valha-me Deus! As sombras de Pemberley
estão assim tão poluídas?
Diga-me de uma vez por todas,
está noiva dele?
Não estou.
Promete nunca aceitar tal noivado?
Não e certamente nunca o farei.
Insultou-me
de todas as formas possíveis
e não tenho mais nada a acrescentar.
Peço-lhe que saia imediatamente.
Boa noite.
Nunca fui assim tratada
em toda a minha vida!
- O que diabo se passa?
- Só um pequeno mal entendido.
Por uma vez na vida,
deixem-me em paz!
- Não conseguia dormir.
- Nem eu. A minha tia...
Sim, ela esteve aqui.
Como é que alguma vez poderei reparar
tal comportamento?
Depois do que fez pela Lydia
e, suspeito, pela Jane,
eu é que deveria fazer reparações.
Tem de saber.
Decerto sabe que foi tudo por si.
É demasiado generosa
para brincar comigo.
Falou com a minha tia ontem
e permitiu-me esperar
como quase não me permitia antes.
Se ainda sente o mesmo que em Abril
passado, diga-mo de uma vez.
As minhas afeições
e desejos não mudaram.
Mas uma palavra sua
silenciar-me-á para sempre.
Se, contudo,
os seus sentimentos se alteraram...
... teria de lhe dizer
que me enfeitiçou,
corpo e alma, e eu amo...
eu amo... Eu amo-a.
Não quero jamais separar-me de si,
de hoje em diante.
Bem, então...
Tem as mãos frias.
Fecha a porta, Elizabeth.
Lizzie, estás louca?
Pensei que odiavas o homem.
- Não, papá.
- Ele é rico, por certo.
E terás
mais carruagens finas do que a Jane.
Mas isso far-te-á feliz?
Não tem mais nenhuma objecção
além da certeza da minha indiferença?
Nenhuma.
Todos sabemos que ele é
do género orgulhoso e desagradável.
Mas isso não seria nada
se gostasses dele.
Eu gosto dele.
Eu amo-o.
Ele não é orgulhoso. Eu estava enganada.
Estava completamente enganada.
Não o conhece, papá.
Se eu lhe contasse como ele é,
o que ele fez...
O que fez ele?
Mas ela não gosta dele.
Pensava que ela não gostava dele.
Também eu.
Pensámos todos.
Estávamos enganados.
- Não será a primeira vez, pois não?
- Não, nem a última, atrevo-me a dizer.
Bom Deus.
- Tenho de lhe pagar.
- Não.
Não diga a ninguém.
Ele não quereria.
Nós julgámo-lo mal, papá. Eu mais
do que todos. Em todos os aspectos.
Não só neste assunto.
Fui disparatada.
Mas ele foi um tolo sobre a Jane,
sobre tantas outras coisas.
Mas depois, também eu fui.
Vê, eu e ele somos...
Eu e ele somos tão parecidos.
Somos ambos tão teimosos.
Papá, eu...
Ama-lo mesmo, não amas?
Muito.
Não acredito que alguém te mereça.
Mas parece que fui ultrapassado.
Portanto,
dou o meu sincero consentimento.
Não podia deixar-te,
minha Lizzie, por alguém inferior.
Obrigada.
Se qualquerjovem aparecer para a Mary
ou a Kitty, por favor, deixem-no entrar.
Estou totalmente ao dispor.