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Estou fugindo pela fresta dos olhos ao acordar
Pelos poros da pele
Pelo vão da janela
Pela greta da porta
Pelo silêncio absoluto
Pela ausência
Pela omissão
Tudo ao meu redor e em mim respira e transpira fuga
Fujo desesperadamente
Com medo
Sozinho
Fujo pelos fluidos de minhas indecisões
De minhas distrações
Fujo de desespero
Fujo pelo ponteiro do relógio
Pelos labirintos
Pelas escadas
Fujo pelo vácuo da teia
Pelo sal do choro
Pelo escuro da noite
Pelo porão da casa velha
Fujo gastando minha sétima vida
Transpirando a pele
Ofegando a respiração
Fujo até que tudo se estabaque
Se exploda
Se acabe.
E que a paz possa reinar como uma rosa branca
Abandonada sobre um jazigo em cimento coberto de lodo
Com suas pétalas suavemente deslocadas pelo vento.