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Nenhuma criatura dominou a Terra como os dinossauros,
mas o grande mistério no coração da história dos dinossauros
é como eles conseguiram isso.
Desde que o primeiro fóssil de dinossauro foi encontrado
os cientistas ficaram confusos com esta pergunta.
Agora eles estão explorando um novo sítio arqueológico impressionante
numa remota parte da Argentina que talvez tenha a resposta.
Existe uma possibilidade muito boa de que estes dinossauros estejam nos contando
a grande história nos termos da evolução de todos os dinossauros.
Talvez agora os cientistas possam começar a preencher
a última grande lacuna em nosso conhecimento dos dinossauros,
como eles evoluíram desde seu início obscuro para dominar o mundo.
Na Argentina um grupo de cientistas preparam uma grande expedição.
Sua jornada vai levá-los de volta no tempo
a um mundo que é quase completamente desconhecido da ciência.
É um mundo que guarda a chave da época mais extraordinária na evolução dos dinossauros.
Seu destino é o coração da Patagônia selvagem.
Aqui, eles esperam encontrar as pistas
que preencherão o grande vazio no coração da história dos dinossauros.
O que temos aqui é um local que atravessa este período do qual sabemos muito pouco.
Temos a esperança de encontrar uma grande peça do quebra cabeça
que compõe a idade negra da era dos dinossauros.
Esta é uma viagem de volta no tempo que todo cientista do mundo gostaria de fazer
porque é uma jornada que talvez finalmente desvende o segredo
de como os dinossauros vieram a dominar o mundo.
150 milhões de anos atrás a Terra era o planeta dos dinossauros.
É o período que os cientistas chamam de Jurássico.
De muitas formas, o final do Jurássico foi a idade de ouro dos dinossauros.
Temos uma tremenda diversidade de diferentes tipos de dinossauros,
carnívoros e herbívoros armados.
Encontramos dinossauros por todo o mundo.
Mas não foi apenas a variedade de dinossauros que trouxe essa sua idade de ouro.
O final do Jurássico também foi a era dos gigantes.
Temos dinossauros de tamanhos gigantescos,
temos carnívoros com 12 metros de altura,
animais que pesavam 50, 60 toneladas,
então esses são animais imensos e eles estavam por toda parte.
Mas os dinossauros não começaram assim.
50 milhões de anos atrás , no início do Jurássico eles eram bem diferentes.
Haviam poucos tipos de dinossauros,
eles eram relativamente primitivos comparados com os dinossauros,
e comparados com o que vemos no final do Jurássico
eles eram animais menos espetaculares.
Não vemos os tamanhos, formas e diversidade que encontramos naquela época.
Eles eram relativamente estúpidos com o que vemos depois.
E não há nada que sugira que estes dinossauros primitivos iriam crescer e se diversificar
para dominar completamente o planeta por tanto tempo.
Alguma coisa transformou os dinossauros primitivos do início do Jurássico
nas criaturas impressionantes do Jurássico tardio,
mas o que foi?
Encontrar a origem destes gigantes é uma coisa muito complicada.
Na verdade, encontrar suas origens tem sido algo
que os paleontólogos vêm tentando fazer nos últimos 200 anos.
É um grande problema.
Todos os cientistas sabiam que seja lá o que transformou os dinossauros
aconteceu aos 40 milhões de anos do Jurássico médio,
mas os fósseis deste período são muito raros.
O mais frustrante deste período é que as cortinas foram fechadas
então seja lá o aconteceu tem estado escondido da nossa visão.
Por décadas
os cientistas esperavam encontrar um local que desvendasse segredos deste buraco *** paleontológico.
Teria que ser algo muito especial.
O ideal para nós seria encontrar um lugar do Jurássico médio
que contivesse não apenas fósseis de dinossauros, mas toda a riqueza daquela época.
O bastante de um animal para não apenas reconstruí-lo
mas vários daqueles animais para assim saber se estamos certos em nossas interpretações.
Alguns ossos não são suficientes.
Esta janela do Jurássico médio deveria conter mais do que apenas dinossauros.
Precisamos de fósseis de todos os outros animais que viviam com os dinossauros.
E não apenas os animais.
Precisamos examinar as plantas para de fato calcular o que estava acontecendo,
o que estes animais estavam comendo
e começar a construir, como diria, um pedaço daquele ecossistema.
Assim poderíamos não só juntar as peças da evolução dos dinossauros no Jurássico médio,
mas também observar todas as mudanças ambientais que talvez tenham acontecido.
Mas apesar dos anos de busca eles não puderam encontrar esse lugar perfeito
e sem ele a peça evolucionária chave para o Jurássico médio permanecia perdida.
Encontrar um sítio do Jurássico médio tornou-se a grande busca da paleontologia dos dinossauros
e foi então que da Argentina chegou uma descoberta incomum.
Um trabalhador da indústria nuclear estava procurando urânio no coração da Patagônia.
De repente seu contador Geiger disparou,
mas quando ele cavou mais fundo não foi urânio o que encontrou,
mas ossos de dinossauros.
A surpresa não foi a radioatividade dos ossos
pois isso geralmente acontece quando os fósseis se formam,
mas foi realmente incrível que o dinossauro radioativo era do misterioso Jurássico médio
e tudo a volta, até onde a vista alcançasse, era da mesma idade.
As notícias do achado chegaram até o paleontólogo Oliver Rauhut.
Ele decidiu dar uma olhada.
A área aqui da Patagônia
tem alguns afloramentos rochosos fantásticos do Jurássico médio.
Isso significa que temos uma chance real de encontrarmos, em primeiro lugar,
dinossauros do Jurássico médio que são muito raros no mundo.
Com isso temos a esperança de encontrar um grande pedaço do quebra cabeça do Jurássico médio.
Encontrar um dinossauro não era suficiente para revelar os segredos do Jurássico
e não havia garantia de que eles encontrariam mais,
e pior, o lugar era enorme,
assim Oliver rapidamente juntou uma pequena equipe para começar a procurar por ossos nesta vasta área.
Era uma enorme tarefa.
Eles teriam que vasculhar mais de mil Km² de deserto.
Eles talvez gastassem semanas procurando para nada encontrar,
mas Oliver estava com sorte.
No primeiro dia ele encontrou uma mina de fósseis.
Era o osso da perna de um dinossauro
e mais importante, era do misterioso Jurássico médio,
então o dinossauro radioativo não era o único.
Nos 10 dias seguintes começamos a procurar fósseis aqui sistematicamente
e encontramos ossos aqui, acolá.
Avançamos por aqui, para dentro do vale e encontramos mais material lá.
E este era apenas o primeiro vale.
Mais algumas semanas e sua equipe havia descoberto os restos de 2 grandes dinossauros carnívoros
e não menos de 6 herbívoros gigantes.
Eles realmente encontraram algo especial,
um cemitério de dinossauros do Jurássico médio
e depois ficou ainda melhor.
Eles encontraram mais.
Fósseis do Jurássico médio que eles jamais esperaram encontrar,
tudo desde um peixe estranho até répteis voadores, até mesmo plantas.
Foi fantástico, era como abrir uma caixa de Pandora
com muitos animais diferentes - répteis voadores, mamíferos, crocodilos.
Sua coleção de fósseis era tão completa
que incluía até a pele de um dinossauro perfeitamente preservada.
Era uma máquina do tempo do Jurássico médio,
quase um ecossistema completo deste período perdido da evolução dos dinossauros.
Era tudo o que eles estiveram procurando.
Foi como se alguém encontrasse um Santo Graal na metade do Jurássico,
precisamente onde as pessoas queriam olhar para resolver esta dúvida perplexa.
Finalmente eles tiveram a chance de descobrir o que aconteceu aos dinossauros no Jurássico médio,
porque antes da Argentina os cientistas possuíam tão poucos fatos que tudo o que tinham para prosseguir eram teorias,
mas todas essas teorias tinham uma coisa em comum:
todas elas se referem a um dos eventos mais extraordinários
que já aconteceram na história da Terra,
porque outrora no tempo dos dinossauros
a Terra era um lugar muito diferente de hoje.
Veja bem, no início do Jurássico o que tínhamos eram todas as terras aglomeradas,
todos os continentes agregados em um super continente
que era circundado por apenas um gigantesco oceano.
Esse super continente era o mundo dos dinossauros primitivos,
mas forças nas profundezas da Terra estavam prontas para agir.
Durante o Jurássico este continente começou a se partir.
Esse foi o nascimento do mundo como conhecemos hoje.
Foi um evento tão gigantesco
que os cientistas instintivamente acreditam que teve algum efeito na evolução dos dinossauros.
Bem, essa quebra do super continente
provavelmente tem alguma coisa a ver com a diversificação dos dinossauros,
mas o que foi é o que estamos tentando descobrir.
Descobrir como este evento transformou os dinossauros
tem obcecado os paleontólogos por anos.
O sítio na Argentina lhes forneceu a chance de testar todas as suas teorias.
Um teoria emergiu do outro lado do mundo.
Os sinais vieram de um dos poucos lugares do mundo com alguns fósseis do Jurássico médio:
Yorkshire/Inglaterra.
Não é exatamente da mesma escala da Patagônia,
mas Paul Wignall gosta dele.
Ele tem vindo a esta praia por anos
para explorar a vida nos oceanos do Jurássico.
O que vemos aqui é um belo registro da vida no leito do oceano Jurássico,
há uns 180 milhões de anos atrás.
Existe toda sorte de coisas típicas que viveram no leito do mar Jurássico e acima dele.
Há vários tipos de moluscos como estes que viveram no sedimento.
Este também, são um típico molusco do Jurássico chamado amonita
vivendo e nadando sobre o leito.
Existe uma variedade de diferentes fósseis, uma grande diversidade de coisas.
Aqui as rochas estão repletas dessa abundância da vida marinha Jurássica,
entretanto ela não continua.
Ali em cima no penhasco há uma camada negra e aqui os fósseis simplesmente desapareceram.
Como podemos ver, conforme examinamos aqui
percebemos uma mudança dramática neste ponto aqui
e toda a vida marinha desapareceu, completamente.
80% da vida nos oceanos desapareceu.
Parece que tudo morreu
e por todo o mundo as mesmas rochas registraram a mesma catástrofe.
Esta camada que vemos aqui em Yorkshire nós encontramos ao redor do mundo.
Se formos para a América do Norte ou os Himalaias ou coisa parecida,
então veremos rochas da mesma idade com o mesmo evento registrado.
É um evento bem distinto e registra a morte em *** no Jurássico.
Logo antes do importante período do Jurássico médio
houve uma extinção em ***
e parece que este evento enorme tal como a separação do super continente
deve ter sido responsável.
Foi um dos períodos mais violentos da história da Terra.
É muito difícil imaginar até a escala do vulcanismo daquela época.
Era muito maior em vários graus de magnitude
do que vemos hoje na Terra.
Milhares de quilômetros quadrados de lava vermelha quente
brotando dessas fissuras no solo cobrindo uma vasta área.
E não era apenas a lava.
Estas erupções expeliram milhões de toneladas de gases venenosos.
A teoria é que estes gases efetivamente sufocaram a vida nos oceanos.
Paradoxalmente, todas essas mortes podem ter sido a grande oportunidade evolucionária dos dinossauros,
porque a teoria evolucionária sabe muito bem
que extinções em *** podem ter um efeito dramático na evolução.
Eventos de extinção são obviamente más notícias para as coisas que estão vivendo no momento,
mas de certo modo a evolução é capaz de muitas experiências nestes momentos
porque existe menos competição acontecendo
e geralmente se conseguem mais inovações
e novos, novos grupos começam a aparecer como conseqüência dos eventos de extinção.
Poderia então uma extinção em ***
ter sido a responsável pela transformação dos dinossauros no Jurássico Médio?
Ela teria criado um mundo livre da competição
permitindo aos sobreviventes evoluir para todos os novos tipos de dinossauros.
Parecia uma boa teoria, mas o grande *** era:
havia alguma evidência que isso tivesse afetado os dinossauros?
A Argentina era o lugar perfeito para procurar.
À princípio, havia algumas semelhanças tentadoras entre as rochas de Yorkshire e as da Patagônia.
Eles encontraram fósseis no fundo de um lago do Jurássico Médio
e nestas rochas encontraram uma camada em especial que era muito estranha.
Um peixe aqui, outro acolá, outro aqui e aqui outro,
tantos peixes juntos numa mesma camada.
Esta camada se formou com centenas de peixes
e todos eles morreram da mesma forma:
todos os peixes estavam deformados, contorcidos.
Eles claramente tiveram uma morte horrível.
Seria isso uma evidência de extinção em ***?
Quando procuraram mais
haviam claros sinais de que os peixes foram mortos por uma erupção vulcânica,
mas ai a evidência ficou mais confusa.
Quando a equipe de Oliver vasculhou a área não encontraram nada,
nenhum sinal de uma extinção em *** que afetasse os dinossauros.
Seja lá o que for que matou os peixes e causou a extinção em *** nos oceanos,
não afetou a vida na superfície.
Isso significa que a evolução dos dinossauros não poderia ter sido disparada por uma extinção em ***.
Aquela teoria estava errada.
Significa também que os cientistas teriam que encontrar outra coisa,
algo igualmente relacionado à separação do super-continente
e bastante poderosa para transformar a evolução dos dinossauros,
então eles se voltaram para outra teoria:
mudança climática.
Judy Parish devotou sua carreira a estudar os climas do passado.
É um tipo de romance misterioso, como uma história de detetives,
juntando peças de informação para descobrir como era o mundo no passado.
É realmente fascinante a idéia desse super-continente
e o fato disso ter provocado um grande efeito no clima,
então eu fiquei interessada no modo como isso se desenvolveu.
Estes penhascos espetaculares do Rio Colorado nos EUA
são de uma época anterior à separação do super-continente.
O que os coloca na época certa para revelar esse mistério climatológico.
Os geólogos já sabiam há muito tempo que havia algo de estranho
no clima daquela época.
É através destas rochas que podemos descobrir como era o clima.
Judy gastou anos tentando decifrar as pistas enterradas nestas rochas de 200 milhões de anos,
mas o que ela encontrou foi algo muito desconcertante.
Nas rochas haviam camadas marrons que vieram de antigos leitos de rio.
Acima disso haviam camadas cinzas feitas por lodo de lagos.
Estas duas camadas pareciam ser evidências de um clima bem úmido,
mas próximo a mesma formação havia rochas bem diferentes,
dunas de areia fossilizadas.
Isso são evidências de um clima muito seco.
Não parecia fazer sentido.
Temos um relatório que fala sobre um deserto
e depois outro relatório que fala numa floresta tropical
no mesmo lugar, mas evidentemente um dos relatório não pode estar certo.
Bem, não se imaginava que ambos podiam estar corretos
e assim era uma questão de tentar descobrir o que tudo isso significava,
que estes sinais radicalmente diferentes numa peça geológica
era uma das coisas que o tornava tão interessante e surpreendente.
Mas à medida que ela estudava estes sinais contraditórios,
Judy percebeu que havia uma resposta que resolveria a charada.
O clima precisava ser duas coisas ao mesmo tempo:
uma estação quente e seca e uma curta mas intensa estação úmida.
Isso explicaria como rios e desertos apareceriam ao mesmo tempo.
Esse tipo de clima tem nome:
monção,
mas a teoria de Judy é que esta era uma monção diferente, uma mega monção.
A palavra monção vem do Árabe que significa estação,
assim uma mega monção é quando chagamos ao extremo.
Este clima de extremos, variando do muito úmido para muito quente e seco,
era exclusivo do super continente.
Uma das coisas características desse sistema bastante sazonal
é que teríamos um clima similar sobre uma grande parte do mundo,
desse modo teríamos um mundo no qual os ambientes não eram particularmente diversos.
De acordo com a teoria, um mundo uniforme leva a animais uniformes.
É este o motivo que levou à ausência de variedade dos dinossauros
e enquanto o super continente existisse nada iria mudar muito,
mas então alguma coisa mudou.
À medida que o super continente se quebrava em áreas isoladas por milhões de anos,
elas passaram a ser rodeadas por água.
A teoria de Judy é que isso transformou o clima mundial.
Diferentes zonas climáticas criaram novos ecossistemas
e novos ecossistemas significam novas vidas.
Se Judy estiver certa,
isso será a chave da transformação dos dinossauros no Jurássico médio.
Parece que algum tipo de alteração climática importante,
ou algum sistema climático importante teve algum tipo de efeito
sobre a evolução da vida inclusive a dos dinossauros,
então é realmente interessante tentar descobrir
se estes animais evoluíram em resposta a algum tipo de alteração climática.
Então uma alteração climática foi a chave mestra que transformou os dinossauros?
Antes da Argentina, não havia como saber.
Esta é a riqueza dos sítios Argentinos.
Olha isso, é extraordinário.
Temos uma costela, uma costela ali, uma aqui, outra ali...
Por terem encontrado este ecossistema completo
puderam procurar por pistas climáticas entre os fósseis.
E como o sítio cobre milhões de anos
puderam observar como o clima se alterou com o tempo
e as primeiras pistas não vieram dos dinossauros,
mas do lago onde os peixes fossilizados foram encontrados.
Aqui estão fósseis estranhos chamados estramatolites.
No início do Jurássico médio temos esse tipo de estruturas aqui que representam os estramatolites.
Estramatolites como estes se formaram neste caso em particular
num lago que ocupava a maior parte do centro da Patagônia durante os primórdios do Jurássico médio.
Estramatolites são formados por um tipo de alga.
Elas sobrevivem em ambientes extremos que são simultaneamente úmidos e muito quentes,
como na mega monção.
É exatamente o que se poderia esperar
porque isso aconteceu antes do super continente se separar.
Eu acho que as condições iniciais do Jurássico médio
estão de acordo com essa idéia de uma mega monção climática dominante
em todo o super continente.
E então repentinamente tudo pareceu mudar.
Estas são cascas de sementes fossilizadas.
Pode-se ver, por exemplo, estas maravilhosas e belas sementes
preservadas de forma petrificada onde podemos ver as menores aqui,
veja, isso está sugerindo que esse tipo de planta
cobria a maior parte da região da Patagônia durante o Jurássico médio.
Estas sementes só poderiam vir de gigantescas florestas coníferas.
São árvores que sobrevivem em condições úmidas e quentes,
completamente diferente da mega monção,
e tem mais.
Este é um pequeno pedaço de samambaia que provavelmente cresceu num pequeno arbusto, sabe,
aqueles que também faziam parte da mesma floresta que era coberta e dominada pelas coníferas.
As samambaias e as pinhas só podem significar uma coisa.
Sugerem que as áridas condições que tínhamos no começo do Jurássico médio estavam mudando
para as condições mais úmidas no final do Jurássico médio.
À medida que o super continente se separava
o mundo quente e seco dos dinossauros primitivos se alterou para uma floresta luxuriante.
O mundo dos dinossauros primitivos se transformou.
Então, enquanto o clima mudava,
uma reação em cadeia pode ter tido início.
Florestas luxuriantes significam mais comida para os herbívoros.
Se temos um ambiente de plantas prosperando,
do mesmo modo os dinossauros tiveram que se adaptar numa taxa proporcional
que equivalesse a essa mudança das plantas.
E isso não afetou apenas os herbívoros.
À medida que estes animais ficavam cada vez maiores alimentando-se destas plantas,
há uma boa chance dos predadores, para ficar em equilíbrio com os herbívoros,
crescessem também.
De modo que tivemos uma corrida evolucionária acontecendo durante o Jurássico médio.
Parece haver uma ligação direta entre mudanças climáticas e a transformação dos dinossauros.
Parece realmente que um novo clima pode ter levado a uma explosão de tamanhos e diversidade dos dinossauros.
Mas alguns cientistas apontam uma falha na teoria da mudança climática.
Mesmo que o clima tenha mudado,
isso não quer dizer necessariamente que os dinossauros precisavam mudar.
O clima é um fator importante,
um dos que obviamente afetou os dinossauros no Jurássico médio,
mas não é um simples fator que interferiu sozinho,
pela simples razão: se a mudança climática tornou-se terrível para os dinossauros,
eles migrariam.
Se os dinossauros pudessem migrar
poderiam simplesmente ir aonde quisessem para encontrar o clima e a vegetação que preferissem.
Por si só uma mudança climática não é suficiente
para explicar a transformação dos dinossauros no Jurássico médio.
Para que uma mudança climática tivesse uma influência evolucionária majoritária
seria preciso outra coisa,
uma barreira física.
Se os dinossauros fossem forçados a permanecer numa área,
teriam que evoluir para se adaptar à mudança de condições, ou morrer.
Movimento é a chave porque se você impedir o movimento pelo continente
com uma barreira, seja de água ou de montanhas,
você confina aquele grupo e as condições climáticas continuam a mudar.
Só então começaria e ter efeito sobre a população de animais.
E os cientistas descobriram que houve uma barreira que começou a se formar exatamente na mesma época,
algo criado à medida que o super continente se separava:
o Oceano Atlântico.
No Jurássico médio o novo oceano invadiu
o que é hoje a América do Norte separando-a da América do Sul.
Devido aos oceanos,
os animais foram isolados nos novos continentes formados
permito que evoluíssem separadamente e criando vários novos tipos de dinossauros.
É um processo que os cientistas chamam de Especiação,
muito difícil de provar.
Até agora tem sido muito difícil demonstrar a conexão entre
Especiação e diversidade dos dinossauros no Jurássico médio.
Temos um lapso de locais que tenham informações suficientes
para mostrar qualquer conexão entre estes processos.
Mas isso antes da Argentina.
As primeiras pistas de Especiação surgiram de algo surpreendente,
uma descoberta que não parecia ter qualquer relação com os dinossauros.
Estávamos procurando por alguns pequenos pedaços de osso.
Percebemos que haviam ossos nestas rochas
então estávamos apenas lascando pequenos pedaços
e olhando se haviam pequenos fragmentos nelas.
Dr. Rougier não procura dinossauros.
Nem sequer procura por plantas.
Ele está atrás de algo mais precioso e difícil de encontrar.
Pessoas que trabalham com dinossauros acham seu trabalho difícil e tudo o mais,
mas nós procuramos por pequenos mamíferos,
sabe, pequenas criaturas como esta e essa,
temos ainda mais dificuldade porque eles podem tropeçar num esqueleto de dinossauro,
mas para nós identificarmos uma pequena mandíbula de mamífero como esta
no campo, da qual apenas um pequeno pedaço está exposto, é muito difícil.
Os mamíferos eram as Cinderelas do Jurássico.
Eram pequenos, como os atuais roedores e provavelmente noturnos.
Seus fósseis são tão raros que antes do sítio ser descoberto
nenhum mamífero do Jurássico havia sido encontrado na América do Sul.
Estávamos prontos para voltar pra casa e um pouco desanimados
porque após 4 ou 5 dias não tínhamos encontrado nada.
Eu vi uma coisinha que parecia uma mandíbula de mamífero,
mas não havia partes expostas o suficiente para ter certeza.
Mas quando olhou de perto, Dr. Rougier viu dentes.
Ele havia encontrado uma mandíbula e era de um mamífero do Jurássico médio.
Foi como um sonho.
Ficamos muito felizes no campo,
mas quando retornamos ao laboratório e,
depois de um mês de preparação cuidadosa e trabalhosa do espécime,
percebemos a sua importância,
era algo além dos nossos sonhos.
Foi tão bom.
Agora ele poderia comparar seu mamífero do Jurássico médio
com os do hemisfério norte.
Se ele pudesse encontrar diferenças significativas entre os fósseis
poderia ser um sinal de Especiação.
Quando ele as comparou
ficou claro que o mamífero da América do Sul
era um tipo de criatura muito semelhante às do norte,
mas quando o Dr. Rougier examinou as mandíbulas detalhadamente
reconheceu algo.
Esta é a mandíbula do sul e podemos ver que existe um canal aqui atrás.
A mandíbula Sul-americana tinha um fino canal.
Não é grande coisa,
mas para o Dr. Rougier era vital
porque os fosseis do hemisfério norte não têm esse canal.
Este animal fornece uma evidência física de que as mandíbulas dos animais do norte
e os animais do sul eram diferentes
em sua época e fornece talvez a única pista que temos disso na América do Sul.
Este é um espécime exclusivo.
É fantástico.
À medida que o super continente se separou
as mandíbulas mostram que os mamíferos no continente sul-americano
estavam evoluindo separadamente daqueles ao norte.
Era uma evidência de que a Especiação havia começado no Jurássico médio,
pelo menos para os mamíferos,
mas havia provas de que a Especiação aconteceu aos dinossauros?
Para descobrir eles precisavam de fósseis de diferentes épocas do Jurássico médio.
Precisamos de dinossauros de antes da separação dos continentes
e de fósseis posteriores. E é isso o que temos aqui.
Então eles escavaram cuidadosamente os fósseis
e os envolveram com gesso para protegê-los na longa jornada de volta ao laboratório.
Somente lá a análise podia começar.
De volta à base,
Oliver analisou o fóssil mais completo que tinha de antes da separação dos continentes.
Se a teoria da Especiação fosse correta
então ele deveria encontrar semelhanças com seus correspondentes do hemisfério norte.
É um dinossauro predador de tamanho médio,
o que significa que para os padrões atuais ele deve ter sido uma besta enorme.
O comprimento total talvez atinja 5 metros,
o que é 2 vezes o comprimento de um tigre moderno, o maior predador terrestre que temos hoje.
Sabemos que os animais desse tamanho se moviam a cerca de 40 km/h.
Ele talvez se pareça bastante com o alossauro da América do Norte.
O dinossauro argentino foi um ancestral primitivo dos predadores que viriam a dominar o resto do Jurássico,
mas o mais importante era sua semelhança com os dinossauros do norte
e isso só podia acontecer se os dinossauros fossem capazes de migrar livremente entre o norte e o sul.
De acordo com minhas análises preliminares,
parece que estes animais não apresentam nenhuma diferenciação
entre os dinossauros do Norte e os do Sul
numa época aproximadamente antes da separação final entre os Hemisférios Norte e Sul,
a separação final das Américas do Norte e do Sul.
Um continente, um tipo de predador.
Exatamente o que a teoria da Especiação previa,
mas eles precisavam comparar os dinossauros em busca de Especiação posterior à separação dos continentes.
Se a teoria for correta,
devem existir algumas diferenças entre os dinossauros do norte e do sul,
mas como a separação havia apenas começado
estas diferenças seriam apenas mínimas e muito difíceis de encontrar
e a princípio ele não conseguiu encontrar nada significativo.
Finalmente ele examinou novamente aquele dinossauro radioativo.
De todos os fósseis, este era o mais novo,
de uma época bem posterior à separação dos continentes.
O interessante neste fóssil
é que provém de uma parte da seqüência de rochas que acreditamos ser mais recente
do que os outros fósseis que vimos,
e com esse tipo de fóssil esperamos responder à controvérsia
dos dinossauros terem ou não tomado caminhos evolucionários diferentes nos hemisférios Norte e Sul.
E assim Oliver começou a trabalhar.
Ele examinou o fóssil sistematicamente
procurando pelas mínimas diferenças nos dinossauros do norte.
Fez várias medições dos ossos.
Depois ele usou um software para compará-las com outros fósseis do hemisfério norte
e finalmente encontrou algo.
Tinha a ver com o osso superior da perna, o fêmur.
Oliver percebeu que o dinossauro radioativo tinha uma saliência distinta próxima ao topo do fêmur,
mas quando examinou os fêmures do hemisfério norte
não havia saliências.
Era exatamente o tipo de pequenas diferenças anatômicas que ele estava procurando.
Assim, o que a análise deste animal nos diz é que a separação continental
realmente teve um profundo impacto na diversificação dos dinossauros.
Era um sinal claro.
Os dinossauros do sul estavam começando a evoluir separadamente daqueles ao norte.
Era a Especiação em ação.
Ainda são descobertas recentes na Argentina
e o trabalho de Oliver talvez ainda produza novas e diferentes avenidas de pesquisa,
mas já temos um vislumbre
do que talvez tenha acontecido nesta misteriosa e obscura era dos dinossauros.
A transformação dos dinossauros começou
quando o mundo se partiu no Jurássico médio.
À medida que o mar inundava a terra
os dinossauros começaram a se isolar
permitindo que evoluíssem separadamente.
Os novos continentes começaram a desenvolver novos climas.
Este mundo mais diversificado ofereceu aos dinossauros novas oportunidades.
Havia ambientes para suportar dinossauros de qualquer forma e tamanho
e este era o mundo que eles viriam a governar por quase 100 milhões de anos.
Tradução: xara