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Um certo homem era um fazendeiro muito rico, mas ele tinha um único filho.
E este único filho, desde pequeno, era muito levado. Ele não gostava de obedecer o pai.
Ele era um menino brincalhão, só queria ficar na rua. Aí o pai dizia: -Meu filho, vai pra escola. Faz a lição de casa.
-Ah, não, pai! Eu prefiro brincar! Prefiro nadar ali no rio com os meus amiguinhos.
E ele só andava com os meninos da fazenda. Matava aula direto.
E o pai ficava triste. -Puxa, o meu filho não me obedece!
E o tempo foi passando, ele foi se tornando um rapaz e continuava igual.
Não queria saber de estudar, só queria saber de passear. Não queria trabalhar, nem ajudar o pai na lavoura.
Aí o pai chegava pra ele e falava: -Meu filho, você já tá se tornando um homem. Olha, o tempo passa rápido! Começa a me ajudar aqui na fazenda.
-Ih, pai! Não vai dar, não! Tenho que sair com os meus amigos. Nós vamos pra uma festa, eu vou passear. Não dá, pai. Não posso!
-Meu filho, pensa na vida. Começa a ter responsabilidade. Pensa o que você vai querer fazer.
-Não, pai. Não. Mais tarde eu vou pensar nisso.
E o tempo foi passando. Aquele pai ficava triste porque o filho não queria saber de nada.
Aí ele se tornou um homem, e o pai já estava mais velho. O pai olhou pro filho...
...não é?...
...e resolveu ter uma conversa séria.
Esse pai chamou o filho e disse assim: -Logo, logo eu vou morrer. E você já está com mais de 30 anos e ainda não fez nada na vida.
Olha, eu tenho certeza que depois que eu morrer, em pouco tempo, em poucos anos, você vai perder tudo o que eu juntei a vida inteira.
-Imagina, pai! Que é isso? Não se preocupa! E outra coisa: o senhor não vai morrer, não, meu velho! Não vai morrer, não!
Aí esse pai resolveu fazer o seguinte:
Ele pegou a fazenda...
...é... separou um pequeno pedaço de terra, e construiu naquele pedaço de terra um galpão.
E fez uma escritura à parte. Em seguida ele fez o testamento, e chamou o filho e disse assim:
-Meu filho, tudo o que eu tenho, quando eu morrer vai ser seu. Mas eu sei que você vai perder tudo rapidamente.
Porque você nunca quis trabalhar, nunca quis estudar, você não quis fazer nada na vida. Só se divertiu.
Quando eu morrer, seus amigos vão consumir tudo o que você tem e depois vão te abandonar. Mas olha o que eu fiz.
Aquele pedacinho de terra na fazenda, eu fiz uma escritura à parte. Você vai me prometer que, quando você começar a vender as coisas, você jamais venderá aquele pedacinho de terra. Você me promete, meu filho?
-Pai, o senhor não vai morrer! Para com isso! Pra que fazer testamento?
-Não, meu filho. Me prometa que aquele pedacinho de terra, onde eu construi aquele galpão, você nunca irá vender.
-Tá bom, pai! Eu prometo!
-Mais uma coisa, meu filho. Venha comigo até o galpão.
Aí, chegou lá naquele galpão... -Pai, o que é que tem aí dentro?
-Meu filho, aqui tá a chave do cadeado. Você vai entrar comigo agora pela primeira vez, e você vai ver o que eu fiz lá dentro.
Aí, o filho pegou a chave, abriu, curioso. Quando ele entrou com o pai no galpão, tinha uma forca construída.
-Uma forca, pai?! Que que é isso?! Pra quê?!
Aí, este pai falou assim pra ele: -Meu filho, é o seguinte:
Você nunca quis me obedecer. Você vai me prometer que, depois que eu morrer e você perder tudo, inclusive os seus falsos amigos,
quando eles te abandonarem, quando você não tiver mais ninguém, você vai me prometer que você vai entrar neste galpão, e você vai se enforcar aqui.
-Como é que é, pai?!
-É isso mesmo. Você vai me prometer que depois que você ficar na mais negra miséria, você vai entrar nesse galpão, e você vai se enforcar aqui.
-Pai, que coisa trágica! Que que é isso?!
-Meu filho, me prometa.
-Não, eu não vou prometer isso porque eu nunca vou perder nada!
-Mas, se você perder tudo, me prometa que você vai se enforcar aqui. Eu construi esta forca pra você.
-Puxa, pai! Que horror! Se vai te fazer bem isso, então tudo bem! Prometo, pai! Eu prometo!
-Promete mesmo? Você nunca me obedeceu. Promete que nisso você vai me obedecer? Quando perder tudo, você vai se enforcar aqui?
-Tá bom, pai. Eu prometo.
-Então assina aqui no testamento.
Aí ele assinou sob juramento, né?
Passou mais um tempinho, o pai dele morreu. Ele chorou muito, ele amava o seu pai.
E ele se tornou herdeiro de tudo aquilo. Era muita coisa. Não era só a fazenda, não. O seu pai tinha deixado várias propriedades, muito dinheiro no banco.
Mas, o que que ele fez? Como ele nunca trabalhou e nunca cuidou da fazenda, a fazenda começou a ser saqueada. Os prejuizos foram aumentando,
e ele, pra cobrir as despesas, foi vendendo um apartamento, foi vendendo uma propriedade, foi vendendo uma casa, foi vendendo.
E vivia só em festa com os amigos. Só noitada. Tinha muito dinheiro. Só que o dinheiro foi acabando e ele não ganhou mais.
No fim, essa fazenda foi penhorada, leiloada, e ele perdeu tudo. Aí, os amigos viram que ele estava sem dinheiro. Os amigos o abandonaram.