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literatura histérica, sessão dois
Olá, eu sou Alicia. Eu lerei "Canto a Mim Mesmo" de "Folhas de Relva", de Walt Whitman.
Eu celebro a mim mesmo, E o que assumo, você deve assumir,
Já que cada átomo que me pertence também pertence a você.
Eu folgo e convido minha alma, eu deito e folgo à vontade
ao observar uma lança de grama no verão.
Casas e quartos são cheios de perfumes,
abrigos são cheios de perfumes, eu sinto a fragrância e a conheço e gosto dela.
A destilação me intoxicaria também, mas eu não deixo.
A atmosfera não é um perfume, não tem sabor de destilação, é inodora,
é para sempre para a minha boca, estou apaixonado por ela,
irei ao banco, na selva, sem disfarces e sem roupas,
estou louco para que ela entre em contato comigo.
A fumaça do meu próprio hálito, ecos, ondulações, sussurros e zumbidos, raiz do amor, fio de seda, forquilha e videira,
minha respiração e inspiração, a batida do meu coração,
o passar do sangue e do ar pelos meus pulmões,
o cheiro das folhas verdes e das secas, e da praia e das escuras rochas marinhas, e do feno no celeiro,
o som das palavras bafejadas da minha voz soltas nos redemoinhos do vento,
alguns beijos leves, alguns abraços, um afago dos braços,
o jogo de luz e sombra nas árvores quando os maleáveis galhos balançam,
o prazer de estar sozinho ou na pressa das ruas, ou entre os campos e encostas de colinas,
a sensação de estar saudável, a vibração do meio dia, o canto sobre mim se levantando da cama e encontrando-se com o sol.
Já considerou mil acres o suficiente? Já considerou a Terra o suficiente?
Já praticou o suficiente para aprender a escrever? Já se sentiu orgulhoso de entender poemas?
Pare esse dia e noite comigo e você possuirá a origem de todos os poemas,
você possuirá o bem da Terra e do Sol (há milhões de sóis restantes),
você não mais tomará as coisas de segunda ou terceira mão,
ou olhar nos olhos dos mortos, ou alimentar-se dos espectros nos livros,
você não mais olhará nos meus olhos também, ou tomar coisas minhas,
você ouvirá todos os lados e filtrá-los por conta própria.
Eu ouvi o que os falantes falavam, a conversa do princípio ao fim,
mas eu não falo do princípio ou do fim.
Nunca houve mais incepção do que há agora,
ou mais juventude ou velhice do que há agora,
e nunca haverá mais perfeição do que há agora,
ou mais paraíso ou inferno do que há agora.
Impulso e impulso e impulso, sempre o impulso procriador do mundo.
Do oposto escuro, iguais avançam,
sempre substância e aumento, sempre um elo de identidade,
sempre distinção, sempre uma criação de vida.
Elaborar não é uma vantagem, sentimentos aprendidos e desaprendidos é que são.
Certo como a mais completa certeza, prumo na vertical, bem guiado, acolhido nos raios,
Forte como um cavalo, aficcionado, desdenhoso, elétrico, aqui estamos eu e esse mistério.
Limpa e doce é minha alma, e limpo e doce é tudo que não é minha alma.
Se falta um, falta o outro, e o não visto é provado pelo visto, até que isso se torne não visto e receba sua prova, em contrapartida.
Mostar o melhor e dividí-lo do pior,
idades irritando idades, conhecer o encaixe perfeito e a igualdade das coisas,
enquanto eles discutem estou calado, e banho-me e me admiro.
Bem vindo é qualquer órgão e atributo meu, e de qualquer homem jovial e limpo,
nem uma polegada nem uma partícula de uma polegada é má, e nenhuma deve ser menos familiar que o resto.
Estou satisfeito - Eu vejo, danço, rio, canto;
enquanto Deus vem como o amado companheiro de cama que dorme do meu lado
toda a noite, e sai ao raiar do dia, deixando-me cestas cheias de toalhas brancas
enchendo a casa com sua fartura,
Deverei adiar minha aceitação e descoberta e grito aos meus olhos,
que eles desviam do olhar depois e mais embaixo da estrada, e imediatamente cifram e me mostrar uma moeda,
exatamente o valor de um e exatamente o valor de dois, e qual está à frente?
Viajantes e questionadores me abordam,
pessoas que conheço, o efeito sobre mim da minha tenra idade ou do bairro e da cidade em que vivo,
ou a nação, as mais recentes notícias,
descobertas, invenções, sociedades, autores velhos e novos,
meu jantar, roupa, sócios, aparências, negócios, cumprimentos, débitos,
a indiferença real ou buscada de algum homem ou mulher que eu amo,
a doença de um de meus amigos ou minha, ou maus tratos,
ou perda ou falta de dinheiro,
ou depressões ou exaltações,
esses vêm a mim em dias e noites, e vão de novo,
mas eles não são o meu eu mesmo.
Separado das pressões e trações está o que sou,
está entretido, complacente, compadecente,
ausente, unitário. Olha para baixo, está ereto,
dobra um braço num impalpável descanso certeiro,
olha com a cabeça curvada para o lado, curioso do que acontecerá em seguida,
ao mesmo tempo dentro e fora do jogo e olhando-o e se maravilhando com ele.
Voltando atrás eu vejo em meus próprios dias em que suei pelo nevoeiro com linguistas e contensores,
não tenho piadas ou argumentos, eu testemunho e espero.
Eu acredito em ti, minha alma, à outra não devo depreciar a você,
e você não deve ser depreciada à outra.
Relaxe-se comigo na grama, solte o nó na sua garganta,
não são palavras, música ou ritmo que quero,
nem costumes ou lições, nem mesmo as melhores,
apenas o canto eu quero, o murmurar de sua voz arfada.
Lembro-me de quando nos deitamos numa manhã transparente de verão,
você colou sua cabeça na direção contrária aos meus quadris e gentilmente se virou contra mim,
e rasgou a camisa dos meus ossos do peito, e colou a língua em meu coração recém-desnudo,
e subiu até sentir minha barba, e desceu até segurar meus pés.
Rapidamente subiu e me envolveu na paz e sabedoria que passa toda a arte e os argumentos da Terra,
e eu sei que a mão de Deus é a minha própria mão,
e eu sei que o espírito de Deus é o meu próprio irmão,
e que todos os homens já nascidos são também meus irmãos,
e as mulheres, minhas irmãs e amantes, e que uma quilha da criação é o amor,
e sem limites são o farfalhar das folhas ou o cair nos campos, e formigas marrons nos pequenos poços juntos a elas,
e traços lodosos da cerca de vermes, pedras empilhadas, fruto de sabugueiro, ervas e uva-de-rato.
Uma criança disse: "O que é a grama?", dando-a a mim com mãos cheias;
Como poderia responder à criança?
Eu não sei o que é mais do que ele sabe.
Acho que deve ser a bandeira à minha disposição, de esperançosas coisas verdes entrelaçadas.
Ou eu acho que é o guardanapo do Senhor,
um presente cheiroso que alguém designadamente deixou cair,
Trazendo o nome do dono em algum lugar nas rebordas, que podemos ver e lembrar, e dizer "De quem?
Ou acho que a grama é por si só uma criança, o bebê nascido da vegetação.
Ou acho que é um hieroglifo uniforme,
e significa, crescendo disforme em grandes e estreitas zonas,
crescendo entre povos negros e povos brancos,
canadenses, Tuckahoes, políticos, braçadeiras, eu dou-os algo, eu recebo o mesmo.
E agora parece para mim o belo cabelo não cortado dos túmulos.
Docemente eu usarei você, grama curva,
pode ser que você transpire dos peitos de homens jovens,
pode ser que se eu os tivesse conhecido, tivesse-os amado,
pode ser que você seja das pessoas idosas, ou das mulheres,
ou da cria tirada muito cedo dos colos das mães,
e aqui você é os colos das mães.
Essa grama é muito escura para ser das cabeças brancas de mães velhas,
mais escura que as barbas incolores dos homens velhos,
escura demais para vir de debaixo dos céus fracamente vermelhos das bocas.
Oh, eu percebo afinal tantas línguas impulsivas, e eu percebo que elas não vêm dos céus das bocas por nada.
Feito. Alicia, Folhas de Relva...
Oh, olá...
dirigido por clayton cubitt - legendas por kylmer sebastian