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O movimento skinhead existe há quase 40 anos.
Toda vez que os skinheads são mencionados nas notícias,
estão relacionados com violência, ódio, fascismo.
Mas de onde eles vêm? Quem são eles realmente?
Com este filme quero contar a verdadeira
história desse movimento...
e de seus paradoxos.
É bom estar aqui nesta noite!
Para aquelas pessoas lá fora que não sabem:
isto é ska!
Para mim o skinhead está aqui dentro, antes de tudo.
Em primeiro lugar, para ser um skinhead você deve
amar o seu Dr. Martens...
deve amar o ska...
deve ter a atitude correta...
ter a atitude correta do coração e da cabeça...
deve gostar de futebol...
deve gostar de dançar mais forte do
que qualquer outra pessoa de qualquer subcultura...
e, acima de tudo, penso que deve ser anti-racista.
Eu me chamo Karole, tenho 22 anos.
Sou uma skinhead há 3 ou 4 anos.
Para mim, o skinhead é um modo de vida...
amar a música, beber cerveja com os amigos, o visual...
ter a aparência de alguém que tem classe.
É parte de todo um mito do qual somos nostálgicos,
e do qual queremos conservar o espírito.
Quando conheci Karole, ela acabava de retornar do Alaska,
onde esteve trabalhando de au-pair por um ano.
Ela estava desempregada e tinha o tempo livre.
Karole é claramente uma skinhead de hoje em dia...
Chegou ao movimento aos 18 anos, depois de um período no punk.
E sua história é a mesma de muitos skinheads tradicionais:
pertence a classe trabalhadora e rejeita o extremismo.
Ela é uma skinhead, apesar do peso
dos clichês e das idéias pré-concebidas.
É claro que as pessoas fazem perguntas...
Nem todos encaram bem.
Alguns lhe dizem: "Eu sei mais sobre os skinheads que você..."
"eu vi na televisão... são neo-nazis..."
"vestidos em uniformes militares, sempre gritando 'Sieg Heil!'..."
Outros, no entanto, se mostram interessados,
surpresos, e escutam você.
A verdade é que cansa ter sempre que se justificar,
dizer que não, não é uma neo-nazi...
que não tem uma suástica tatuada...
Eu sou tradicional, uma skinhead tradicional...
Gosto de ska, gosto de reggae...
Sou nostálgica da época do começo do skin,
entre o fim dos anos 1960 e início dos 1970.
Entre os músicos havia Symarip, o Laurel Aitiken...
havia rude boys, skinheads negros, brancos...
isso não tinha importância...
Não havia o medo de se misturar.
Sim! Sou um skinhead, tenho orgulho disso.
Vim para a Inglaterra em 1960...
e decidi dar um impulso à minha carreira.
Vinham muitos skinheads às minhas apresentações...
para escutar e dançar a minha música.
Eu tocava a música que eles queriam ouvir...
que era...
o skinhead-reggae ou o ska.
Eu era um skinhead, com meu chapéu de Popeye,
minhas roupas e tudo mais.
Sim, havia muitos skinheads negros.
Alguns deles conheço, outros não...
Alguns deles estão muito velhos,
outros vão à igreja agora...
Alguns deles morreram...
Mas havia muitos skinheads negros.
Mas eles nunca brigavam com os skinheads brancos,
porque naquela época as pessoas iam apenas para dançar,
para se divertir...
para dançar até a manhã chegar.
O ska veio do boogie de New Orleans, nos EUA.
Então começamos a experimentar,
fazendo coisas diferentes com o boogie,
e assim surgiu o ska.
Se escutar... provavelmente você seja muito jovem...
mas se escutar algo do velho rhythm and blues dos EUA,
ouvirá uma guitarra...
um "shuffle", um "shuffle" de guitarra...
Isso é ska!
O ska começou na Jamaica.
Era uma bela mistura de duas influências...
havia o rude boy e havia a classe trabalhadora,
que tanto duro dava e que estava crescendo.
E o que surgiu das duas foi o skinhead!
E havia brancos, havia negros...
Os dois se enfrentavam apenas na pista de dança,
e apenas para coisas boas.
Eu nunca vi qualquer tipo de discriminação entre os dois.
É algo tão contagioso que ninguém pode parar.
Você os escuta no fundo e tem que se mexer...
simplesmente tem que... tem que curtir!
É contagioso! É como uma espécie de doença
que se espalha muito rápido pela Terra.
Eu adoro... me faz regressar à infância novamente...
Clubes escuros...
onde você não vê nada além de movimento...
sem muita luz, apenas movimento!
Em seus primórdios, o movimento não era racista.
Ainda que houvesse violência,
não era ainda politicamente motivada.
A imagem que temos dos skinheads é a dos neo-nazis...
mas, no começo dos anos 1970, os skinheads de extrema-direita
ainda não haviam surgido na cena inglesa.
No fim dos anos 1970, com a crise econômica
e o nascimento do movimento punk,
os garotos das ruas tornam-se mais radicais.
Eram atraídos pelo rebelde e pelos aspectos
provocativos do skinhead.
Uma nova geração emerge.
Eu estava contente em ser um suedehead, mod, skinhead,
uma mistura dos três...
Porque os suedeheads conseguem mais garotas,
porque têm mais classe e se vestem melhor.
O skinhead era mais "Eu estou encarando você"...
ser provocativo.
E o mod era "Eu tenho uma scooter,"
"mas ainda tenho os mesmos ideais..."
"e danço a mesma música", que é o reggae
e o som da Stax e da Motown.
Três culturas diferentes.
Quando jovem eu era bem magro e fraco.
Também não era um cara durão, mas queria ser.
E a imagem perfeita de um cara durão era um skinhead.
E naquela época não havia muitas pessoas
de cabeça raspada.
As únicas pessoas de cabeça raspada
eram os que estavam no exército...
ou criminosos!
Eu tinha um corte que era, basicamente,
espetado aqui em cima e comprido dos lados.
Era como um corte de hooligan...
E eu tive um, por um tempo, e então raspei todo.
Foi a primeira vez que fui parado pela polícia!
Ia com minha bicicleta... tinha por volta de... uns 13 anos...
Carregava minha irmã atrás e a polícia nos parou.
Fui revistado, tive meus bolsos esvaziados, essa coisa toda...
Até então nunca um policial tinha sequer falado comigo!
Fiquei aborrecido com aquilo, mas também estava orgulhoso,
porque pensei "Oh, meu Deus, de repente você se tornou adulto..."
"até a polícia agora se interessa por você!"
- Uma iniciação. - É, foi uma iniciação!
O que mais gostava, pensando agora, eram os laços que tínhamos,
porque éramos tão odiados... éramos odiados por todos.
Pelos professores, por nossos pais,
pelas autoridades de todo tipo...
As garotas amavam você, porque éramos os caras maus...
Mas não podiam levá-lo pra casa
pra conhecer papai e mamãe,
porque papai e mamãe iriam proibi-las de sair,
porque estariam conosco!
Todo mundo tinha uma opinião a nosso respeito.
Em 1980, todos os dias você tinha nos jornais:
"Skinheads roubam velhinhas", "Skinheads batem em negros",
"Skinheads provocam tumulto em tal lugar"...
Qualquer um que infringisse a lei, ou coisa parecida,
imediatamente se tornava um skinhead.
Algumas pessoas nos amavam, algumas pessoas nos odiavam...
mas sempre...
chamávamos a atenção!
E isso dava uma sensação incrível, você tinha um poder!
No princípio do movimento a violência era entre as gangues...
entre caras que procuravam confusão na rua...
queriam marcar sua presença, serem respeitados.
Hoje em dia a violência é entre grupos de skins,
muitas vezes entre racistas e anti-racistas.
Agora a imagem do skin é a do neo-nazi,
e quando aparece o termo "skinhead"
as pessoas na querem se relacionar ou...
simpatizar conosco.
Meu nome é Gavin Watson.
Tornei-me um skinhead aos 14 anos de idade.
Ao mesmo tempo passei a me interessar muito por fotografia.
E...
O interesse pela fotografia, e, claro, o fato de ter completado
14 anos, marcou minha passagem à vida adulta.
Comecei a fazer fotos de meus amigos
e de minha família. Dos 14 anos até agora.
Tinha que ter muito cuidado com meu trabalho, porque...
como você acabou de dizer...
a idéia de um skinhead é apenas, para a maioria das pessoas:
racista, nazista.
Se fizer uma busca na internet, tudo que vai encontrar é:
"Skinheads atacam sérvios ou romenos"... "Skinheads..."
...e isso é tudo.
E há uma cultura muito mais vasta que isso!
Esta é a capa do livro...
é bem famosa agora.
Este era o nosso lugar preferido para brincar, não é?
Isto era um transformador, sempre subíamos ali.
Tínhamos uma boa vista dali.
Havia cercas em toda a volta.
Spency sempre saltava de lá.
Isto é na casa do Spency.
Não era fácil, de 1980 a 1981, em Piccadilly.
Eu estou muito elegante, saí na foto
só para poder abraçá-la.
- Beverly. - Funcionou?
Não.
Mais tarde, à noite, nós dois fomos atacados...
Roubaram a Crombie dele!
É! Malditos... era meu primeiro casaco de marca!
Eu economizei por ele, até minha babá me deu dinheiro...
- Era meu primeiro de marca! - Ele estava muito orgulhoso!
Oito skins abusados e "pam"... já era sua Crombie.
Um tinha uma suástica tatuada no dorso da mão,
"NAZI" nos dedos, e 5 pontos aqui.
Ele era dos Blackies.
Depois disso, toda vez que eu ia a uma apresentação
eu procurava por aquele porra; nunca o encontrei.
Esta eu adoro, marcou toda a controvérsia
sobre "oh, nazistas!"...
mas é, basicamente, Melvin dando uma de palhaço.
Eles não eram nazis, não é mesmo?
Não. O caso era que...
Melvin era bem punk, e toda essa imagem de nazista
vinha do Sid Vicious, não é?
Andava com uma camiseta com uma suástica...
"*** off", o gesto do "V", tudo isso... não significava nada.
Mas nossos pais estiveram em guerra com os nazis,
nossos avós morreram na Europa combatendo os nazis.
Então isso era uma rebelião contra os pais,
contra a geração anterior.
Eu me chamo Fred.
Estou no movimento há mais de 20 anos, desde 1978.
Era realmente um movimento de jovens.
Todos vínhamos do punk, cabelo colorido e tudo mais...
Queríamos nos divertir, desopilar...
Depois de um tempo estávamos fartos
de ser tomados sempre por palhaços.
Queríamos algo que,
culturalmente, funcionasse como o punk,
mas que fosse mais discreto e, sobretudo, mais combativo.
Foi ótimo!
O passo até a radicalização deu-se muito rapidamente.
Alguns skinheads, sobretudo na Inglaterra,
deram a tudo isso um acento patriota.
Você pode ver isso nos jogos de futebol,
os hooligans são bem conhecidos.
Do patriotismo à xenofobia
foi só um pequeno passo mais.
Paradoxalmente, além do ska,
os skinheads não tinham sua própria música.
Seguiam escutando punk.
Mas o punk canta a anarquia. Não tinham uma música própria.
Havia música antiga, revisitada, mas não havia música própria.
Então apareceram algumas bandas, criaram o Oi!,
e essa é a música dos skinheads.
Finalmente tinham sua música.
Finalmente tinham uma música com letras adequadas.
E quando uma banda como o Skrewdriver
tocou esse som com excelência,
todos skinheads a seguiram.
Não era uma banda política.
Que posso dizer? Um álbum incrível!
Mas então as letras começaram
a ser inteligentemente reorientadas.
Nada muito firme, nada anti-semita,
nada pró-violência, nada muito patriota.
Pequenas críticas à Justiça...
Pequenas reflexões... e se nos equivocamos em 1940?
E tudo isso ao som de uma música absolutamente forte.
Um continua, outro segue...
Então aparecem letras muito radicais:
"White Power", poder branco, etc.
Mas agora já é tarde...
Alguns decidem cair fora...
mas outros seguem em frente, porque a coisa vai muito bem.
Sou o único homem na Terra
que visitaria aos campos de concentração da Alemanha.
Eu sou britânico, mas estou orgulhoso
de estar aqui na Alemanha,
e estou orgulhoso pra cacete de estar em frente a alemães...
E quero dedicar a próxima música a todos vocês,
porque sem vocês, não existiria Skrewdriver...
porque sem a Alemanha, sem o nacional-socialismo,
o Skrewdriver jamais teria existido.
Skrewdriver, uma banda inicialmente punk, provoca o cisma.
Ian Stuart, o vocalista, que é um extremista nacionalista, cria o racha.
Nasce o white noise, com seu estilo fascista,
jaquetas pretas, cabeças raspadas, suásticas,
brutalidade e violência extrema.
O skins nazis nasceram... e os netos de Rudolf Heß
se espalharam por toda a Europa.
Era música...
Era centenas de skinheads se juntando e se divertindo.
Tinha uma parte política...
as canções eram políticas... muitas delas...
As canções sobre ser branco,
ser da classe trabalhadora, sobre ser oprimido.
Eram todos esse pensamentos dos quais não se falava
vindo à tona.
Na primeira vez que vi Ian Stuart
eu estava viajando em um metrô e começamos a conversar...
acho que o encontrei novamente tempos depois,
mas sempre recordei aquele encontro,
porque Ian era uma pessoa tão carismática...
Tinha uma tal personalidade
que podia facilmente lhe ganhar.
Ainda que falasse com você apenas alguns minutos,
você jamais esqueceria esse encontro.
Ele fazia você sentir que queria fazer alguma coisa.
Meu nome é Derick O'Connor,
tenho 42 anos agora,
tenho sido sempre um skinhead em meu coração desde 1978.
Eu acredito que seja uma atitude frente à vida,
algo que está em seu coração e você sempre sentiu...
Para algumas pessoas, ser um skinhead tem a ver com moda,
ou música, ou política...
Para mim tem a ver com tudo.
É toda minha vida... tem sido toda a minha há 22 anos.
White Power para mim significa
crer de todo o coração que somos diferentes,
que merecemos sobreviver como raça.
Eu ando pela rua e posso olhar as pessoas ao meu redor
e me sentir diferente.
E eu acredito que é importante se sentir diferente das outras pessoas,
das ovelhas e da multidão.
Faz você se sentir alguém.
Alguns dos skinheads se tornam combatentes racistas.
As energias se concentram na política.
Partidos de extrema-direita se utilizam da música.
O British National Party e o National Front
dão apoio ativo ao Skrewdriver.
Brigas acontecem em cada apresentação.
Ian Stuart e sua banda são banidos da indústria musical.
Ele cria um movimento, o Blood and Honour,
financiado com a venda de discos e camisetas.
O white power faz seu nome na cena internacional.
Para os skinheads, nada mais seria o mesmo.
Ian Stuart Donaldson, que morreu há duas semanas em um
acidente de carro, foi enterrado na última segunda-feira.
Seis meses atrás traçamos o perfil do neo-fascista,
como parte de nosso debate sobre o racismo.
Esta é a cara do rock fascista. Ian Stuart Donaldson
quer os imigrantes expulsos da Europa,
acredita que os deficientes mentais devem ir à
câmara de gás, e tem Hitler como um herói.
Sua banda, o Skrewdriver,
é uma das mais infames bandas neo-nazis.
Um skinhead extremista...
Isto não posso responder.
Pela simples motivo de que, para mim,
um skin de extrema-direita não é um skinhead...
porque é uma contradição em termos, que seja racista...
Pessoalmente, não escuto RAC...
não gosto nem mesmo de Oi!, então não vou escutar RAC...
Não ignoro o fato de que exista, mas não é a minha...
Não me vejo indo a apresentações desse tipo.
Não podemos nos iludir, não há porque ser hipócrita...
Eu sei pelo que luto, e eventualmente
escutei algumas dessas bandas.
Porque, como skinhead, em algum momento
você irá se deparar com elas,
com bandas que têm letras ambíguas, ou abertamente racistas.
Mas eu não gosto.
Bem, meu nome é Roddy Moreno, sou o
vocalista do The Oppressed, banda Oi! de Cardiff.
Somos uma banda skinhead anti-fascista,
não por escolha, mas porque, frente aos skinheads fascistas,
fomos forçados a marcar nossa posição anti-fascista.
Querem entrar?
Este sou eu, meu irmão, Dominic,
Duncan, que agora vive na Nova Zelândia,
Amid, um cara sensacional,
meu outro irmão, Adrian, e este é Mac,
ele era o mais velho, tocava saxofone muito bem.
Nós fizemos três ou quatro apresentações...
- Só? - É... e nos separamos.
Em uma de nossas primeiras apresentações
alguém começou a gritar "Sieg Heil!".
Então paramos a música e lhe dissemos:
"Pare com isso... Não faça isso..."
"Não somos fascistas... odiamos racistas..."
"Vocês estão avisados!"
Depois, durante a canção seguinte, a mesma coisa: "Sieg Heil!"
Então deixamos o palco para ter uma conversa reservada com eles...
os garotos nos seguiram,
e a conversa subiu de tom...
E a partir daquele momento marcamos nossa posição:
não vamos ter racistas em nossas apresentações,
não vamos ter pessoas gritando
"Sieg Heil!" em nossas apresentações...
Era nossa forma de deixar que todos soubessem que
o The Oppressed é uma banda skinhead anti-racista.
Para nós, o skinhead era,
simplesmente, sobre ser da classe trabalhadora,
ter orgulho de si mesmo e saber de onde você veio.
Então, quando mais tarde políticos de extrema-direita
começaram a seduzir jovens skinheads mais impressionáveis,
aquilo não fazia sentido para nós,
e é por isso que não queríamos ter nada a ver com aquilo.
Se você é um racista, você não poder ser um skinhead...
porque os skinheads não existiriam sem a Jamaica!
Então negar esta cultura...
É por isso que, eventualmente, nós
os chamamos de boneheads, porque eles não são skinheads.
Eles são boneheads, nós somos skinheads.
Nós os vemos como algo completamente diferente...
Mas obviamente o mundo lá fora pensa que somos todos iguais.
É por isso que, quando encontrei
esse panfleto SHARP em Nova Iorque,
voltei à Grã-Bretanha
e decidi usar meu... renome, se assim quiser chamar,
entre os skinheads pelo mundo, conhecido como era...
Mandei todos os logos e panfletos para todos que pude lembrar...
Fui a apresentações para distribuí-los...
As pessoas começaram a me escrever de volta.
Eu respondia: "Use o logo SHARP..."
"Se fizer uma apresentação, faça dela uma apresentação SHARP..."
"Se fizer um disco, faça dele um disco SHARP..."
"Então as pessoas poderão ler:"
"'Skinheads Contra O Preconceito Racial'..."
"e isto as fará parar pra pensar."
A política invade o movimento.
A rivalidade recrudesce entre anti-racistas e racistas.
Como reação ao Blood and Honour, os anti-racistas se mobilizam.
Cada grupo tenta varrer o outro para fora da cena.
Cada um de seu respectivo bunker.
"PODER BRANCO"
"A voz revolucionária do nacional-socialismo"
"Nós ODIAMOS Nova Iorque!"
Benvindos à Suécia democrática,
onde todos podem dizer o que quiserem,
desde que não falem contra a porra dos judeus!
Os skinheads SHARP devem morrer!
Os skinheads SHARP devem morrer!
Os comunistas... caralho!
Nós somos o povo! Sieg Heil! Povo branco!
A música white power, para nós,
é uma reação contra essa música de merda
que vem dos EUA, que é produzida na Europa,
o assim chamado "techno"...
e contra toda a influência dos negros,
e todas as influências étnicas na música.
Nossa música é puro rock n' roll, entende?
Você não precisa ser bom para tocar...
trata-se apenas de pôr para fora toda
a raiva, o ódio e a frustração, entende?
É uma espécie de dinamite musical.
Está é uma situação desesperadora...
Somos apenas 6% ou 8% da população mundial,
os assim chamados "brancos".
Pessoas como eu perderam suas esposas,
seus empregos, suas vidas sociais... tudo.
E foi o governo que causou isso.
Ele me criou como sou hoje...
Porque eu não sou livre para falar, dizer o que quero...
Se isto é uma democracia,
estou contente pra cacete em ser um nacional-socialista,
e quero matar e destruir esta sociedade!
Eu odeio a democracia!
O Sham 69 estava fazendo uma apresentação,
e havia skinheads fascistas gritando "Sieg Heil!".
Eu ria! Eles sabiam que pra mim era sério.
Não era um cara lá dizendo: "Não, não devem fazer isso!".
Era eu dizendo: "Vocês me parecem extremamente estúpidos,"
"porque o que estão fazendo é um retrocesso em algo..."
"que era puro, e que vocês macularam para sempre."
"Vocês fizeram com que todo skinhead agora pareça,"
"não importa se é realmente ou não,"
"uma parte fascista do sistema."
Demonizados pela mídia, em uma sociedade que se globaliza,
os dois seguimentos do movimento skinhead continuam
se desenvolvendo no underground.
De leste a oeste, a subcultura skinhead
é objeto de oposição, ódio e rejeição...
marginalizada ao extremo, em algum lugar entre punk e paria.
A próxima canção é dedicada a quem vocês são:
skinheads anti-fascistas!
Skinheads gordos, às vezes ainda mais gordos,
mas sempre anti-fascistas!
Nós levamos adiante
a nossa luta contra toda forma de racismo
e contra a globalização capitalista, que está em curso.
Como skinheads, como banda, como Los Fastidios,
nós apoiamos o SHARP e o RASH,
que estão espalhados por todo o mundo.
Apoiamos a fim de que
o movimento skinhead volte a ser forte...
mas eu acredito que já é forte...
Eu acho que os skinheads são gente boa,
mas os nazis não...
Não podemos identificar os boneheads como skins,
pois são nazistas, não verdadeiros skinheads.
Os boneheads não conhecem as raízes do movimento skinhead.
Nós gostamos muito dos skins tradicionais.
Eu acredito que o mais importante é a tolerância.
Os punks polacos nunca gostaram do nazismo,
e unidos punks e skins vencerão.
Vejam o que está acontecendo...
uma provocação da polícia!
Eles não querem mais apresentações punks.
Nunca... nunca houve tantos policiais
como há hoje aqui!
Não sei por que.
Mas escutem... Vejam aquilo...
Vejam o que está acontecendo!
Esta canção é dedicada a Carlo Giuliani,
assassinado pela polícia italiana.
E esta canção é também dedicada aos rapazes
que foram presos, que foram encarcerados hoje.
Contra a brutalidade da polícia!
Os skinheads de esquerda se encontram engajados
em um campo de luta política mais amplo.
Unindo-se à oposição contra a globalização,
eles também sofrem a repressão.
ELES TÊM UMA BALA PARA CADA UM
† 02/03/72- Thomas Weissbecker, 23 anos.
Morto a tiros pelo Comando de Operações Especiais da Bavária.
† 20/07/01- Carlo Giuliani, 23 anos.
Morto a tiros por um recruta em serviço na polícia.
† 04/12/71- Georg von Rauch, morto há 30 anos.
SEM PERDÃO! FODA-SE A POLÍCIA!
Ser skinhead é...
uma reação contra o sistema...
contra aquilo que nos impõem, contra a música
que nos impõe, contra as roupas que nos impõem...
contra o tipo de relação que nos impõem,
para com o dinheiro e para com as pessoas.
Partilhamos os valores da amizade,
da solidariedade, do orgulho.
Nós viemos das...
classes sociais mais desfavorecidas e...
marginalizadas da sociedade.
Vivemos em um sistema onde somos ensinados a
termos vergonha de quem somos.
Tudo que conta é ter dinheiro, ter um carro grande, e...
e nós rejeitamos isso.
Essa é a idéia de "sucesso", que não compartilhamos.
Porque somos diferentes...
não queremos ter um carro grande,
não queremos uma casa com piscina.
Não desejamos nada disso.
Viemos da Bavária,
de um lugar que é o cú da Alemanha...
Bem, um dia decidimos formar uma banda.
Primeiro fazíamos punk, depois incluímos o ska,
e da combinação dos dois saiu o street-ska.
SKINHEADS CONTRA OS NAZIS
Na Alemanha existem as duas cenas skinheads,
em oposição uma à outra,
mas é difícil dizer qual é maior, porque
cada um se envolve apenas em uma delas.
Ou seja, não poderia dizer quantos
skinheads fascistas existem na Alemanha...
mas, até onde sei, por minha experiência,
diria que está de alguma maneira equilibrado...
Não é que não existam mais nazis...
De maneira alguma, mas creio que haja mais do nosso lado.
Mas há muitos skins apolíticos,
que não se posicionam politicamente.
Acredito que uns 60%,
ou pouco mais de 50% dos skins não são nazis.
Há mais skinheads de esquerda,
ou ao menos apolíticos, do que nazis.
Isto é o mais triste, que apesar disso
todos os skinheads sejam demonizados como nazis.
Devo dizer que o movimento skinhead
apolítico também não me vai muito bem...
Na minha opinião, todos deveriam ao
menos tomar um posicionamento político.
Não compreendo o ser skinhead apenas por ser.
Há uma bonita frase que diz:
"O fascismo não é uma opinião, o fascismo é um delito."
Ser apolítico, em si, não é um problema, mas...
fraternizar com a extrema-direita é...
Isto já não se pode tolerar, há que ser claro e dizer:
"Com você não se tomam cervejas..."
"Com você no máximo trocamos algumas pancadas."
SKINHEADS CONTRA O RACISMO
O movimento skinhead é machista,
assim como todos os demais ambientes...
Também existem poucas meninas...
então as necessidades sexuais são
maiores no movimento skinhead.
Muitos caras só querem
se relacionar com meninas skinheads.
Mas, como mulher, você deve mostrar quem é,
fazer-se valer. Mas eu creio que na sociedade
em si a mulher precisa fazer-se valer.
Há babacas na mesma proporção em toda parte!
É de se pensar às vezes que entre os
skinheads se alcancem níveis extremos, mas...
É seu ponto forte!
- Olá. - Olá.
- Olaf. - Nicolás.
- Olá. - Como se chama?
- Karole. - Karole?
Prazer em conhecê-lo.
De onde são? França?
Eu estive em Paris uma vez...
- Ei, Paris é bacana! - Alguns anos trás.
Gosto muito da cena skinhead alemã,
porque eles são freqüentemente tradicionais.
Algumas bandas têm suas raízes no Oi!, outras no ska...
mas, em sua forma de pensar, são tradicionais.
Estão retomando as origens do movimento.
Eles gostam quando vem alguém de fora,
e que tem a mesma forma de pensar.
Eu gosto dessa fraternidade,
que na França os skins perderam.
As pessoas vêm de diferentes culturas e origens,
mas eles não dão importância a isso,
são gentis, abertos, e isso me toca.
Eles mantiveram esse senso de fraternidade
que eu pensava ter desaparecido,
que tivesse se perdido.
Não quero nada com a imprensa!
Eu filmei esses membros do Blood and Honour Alemanha
em julho de 2000, na Suécia.
Algumas semanas mais tarde o
Blood and Honour foi proibido na Alemanha.
Passaram então a se esconder.
Essa apresentação aconteceu perto de
Berlim, alguns anos atrás.
Juntou britânicos, canadenses e suecos, na Alemanha.
Encontros como este continuam sendo
organizados, mas é impossível filmá-los.
O movimento segue se desenvolvendo em segredo...
longe das câmeras
ou de testemunhas de fora do movimento.
Graças a suas leis mais liberais,
os países escandinavos estão se
tornando refúgio para neo-nazistas
britânicos e alemães.
Alguns se exilam na Dinamarca e na Suécia.
O Blood and Honour Escandinávia está aumentando sua influência.
Surpreendo-me com uma nova geração de skinheads racistas,
reconstruindo a herança de Ian Stuart.
É fora das grandes cidades que esses grupos se desenvolvem
e recrutam um número crescente de jovens,
atraídos por sua postura radical.
All Cops Are ***! A.C.A.B.!
All Cops Are ***! A.C.A.B.!
- Skinheads SHARP... - Skinheads SHARP são uma escória...
Eles são desprezíveis!
Quero matá-los!
Se você está andando pela rua
e não é nazi, é apenas um skinhead,
então aparecem alguns negros e o cobrem de pancada...
"Eu não sou nazi! Eu não sou nazi!"
E seguem insistindo nisso, que não são nazis!
É doentio!
- Sieg... - Heil!
Sieg Heil! Sieg Heil! Sieg Heil!
Ele não precisa mais de dentista, depois disso!
Foda-se o sistema judeu!
- Foda-se o mundo inteiro! - Fodam-se os judeus!
Esmaguem-se os judeus de merda!
Eu diria que esquerda e direita
são as mãos de um mesmo corpo de Frankestein.
Todas as boas idéias, todas as idéias saudáveis
para a raça branca devem ser aceitas.
De forma que não somos de esquerda ou de direita,
somos racistas.
Sei lá... eles são perdedores e nós vencedores...
Perdedores não são atrativos aos vencedores...
É isso... eles são uma piada!
Eu resisto contra aquelas pessoas
que estão tentando destruir o futuro
para minha raça e para o nosso destino...
simples assim!
Conhece algum deles?
Eu creio que certamente uma guerra racial vai
estalar na Europa, estou inteiramente seguro disto.
Irá acontecer daqui a 15 ou 20 anos.
Porque, se prestar atenção ao caso da Inglaterra...
têm acontecido distúrbios raciais há muitos anos,
e acredito que isso irá se espalhar.
Talvez não seja como uma guerra santa racista,
em que você sai à rua com uma M-16, atirando nas pessoas,
mas você verá certamente um aumento dos
distúrbios raciais entre brancos e imigrantes.
Com certeza, estou realmente muito certo disso.
Ser um skinhead white power, para mim,
é algo que desenvolvi desde os 16 anos, agora tenho 30.
Tornou-se o sentido de minha vida, ser assim...
E para mim o propósito da vida é engajar-se nessa luta.
Em geral não é a mim que os fascistas atacarão...
Preferirão atacar um grupo de skins...
Em geral preferem assoviar ao verem uma menina.
Eu topei com alguns recentemente,
perto da casa de meus pais.
Vieram falar comigo e deixei claro que
não ando com fascistas.
Eu tento me convencer de que
"Não tenho medo! Não tenho medo!",
mas toda vez que há uma briga
a adrenalina sobe e faz com que você...
bem, que sinta medo,
porque você não sabe quem está enfrentando,
o que está carregando...
Se você pode evitar, você corre e evita.
E, sobretudo se você é uma garota,
se um bonehead grandão a incomoda, tudo que pode
fazer é dar-lhe um chute no joelho e correr muito.
Mas quando há realmente uma briga entre dois grupos,
pode ser muito assustador, sobretudo quando você está
em um grupo de apenas dois meninos e duas meninas
e se depara com cinco gorilas...
É claro que você prefere se esconder a enfrentá-los.
Bem, mas...
eles levam as suas também!
Não somos os mais fracos!
No começo os skinheads brigavam nas ruas,
mas logo a violência neo-nazi se politiza
e retira-se ao underground.
Na Grã-Bretanha, no início dos anos 1990,
é fundado o Combat 18.
Eles recrutam os skinheads mais violentos:
racistas e hooligans.
Seu objetivo é simples: atacar a democracia
e iniciar uma guerra racial na Europa.
Com o Combat 18 alguns skinheads
transformam palavras em luta.
Palavras são seguidas por ações.
LÍDER DO DEMENTE WHITE WOLVES SE ESCONDE
DESAPARECIDO: O' CONNOR
A razão de o Combat 18 ter sido criado é que
o British National Party precisava
de uma força de segurança.
Então eles juntaram os caras mais violentos na direita...
Não apenas skinheads, mas também ex-skinheads, casuals...
qualquer um que fosse violento e que
se levantaria contra o anti-fascismo...
contra quem quer que fosse!
Meu primeiro contato com eles foi quando saí da cadeia...
Passei a me dedicar mais ao terrorismo,
a ações ilegais.
Creio que pensávamos ser os guerreiros do movimento.
MÁQUINA DE TERROR COMBAT 18
O motivo de termos estado tão quietos ultimamente
é que estivemos ocupados nos reorganizando.
E para aqueles que têm qualquer dúvida
sobre para onde foi seu dinheiro...
foi gasto nisto!
Agora a guerra vai começar!
A GRÃ-BRETANHA EM ESTADO DE ALERTA
Através de apresentações musicais, venda de discos,
extorsões e tráfico de armas,
o Combat 18 se torna o exército terrorista, sonhando com a revolução.
Estabelecem relações com os paramilitares lealistas
da Irlanda do Norte.
Combat 18 se encaminha para a violência extrema...
Campanhas de terror, cartas e carros-bomba,
atentados terroristas e assassinatos.
As autoridades retaliam: muitos membros
são presos e condenados a longas penas.
Eu, pessoalmente, não tinha nada a perder...
se tivesse que passar atrás das grades o resto de minha vida...
o que é realmente muito triste.
Eu creio que muitos pensem assim.
Sentem que não têm nada a perder, que não têm uma vida.
E isso é triste.
Creio que grupos como o Combat 18
se alimentam desse sentimento.
Mas hoje acredito que apenas nos enganamos...
Muita gente fez muito dinheiro com aquilo.
E alguns foram para a cadeia por outras pessoas.
Eu acho que tudo foi muito infiltrado pelo serviço secreto.
Isso foi mostrado algumas vezes...
Só me arrependo de ter ido para a cadeia
sem ter valido a pena.
Todos cometemos erros.
Se se quer entender a quantas anda o
o movimento skinhead hoje, é preciso dar uma olhada nos EUA.
O SHARP nasceu nas cidades grandes do norte,
em oposição ao white power.
Os skinheads nazis se desenvolveram nos subúrbios,
e então se espalharam pelos estados do sul,
onde suas idéias logo encontraram eco
no racismo arraigado na sociedade estadunidense.
Inicialmente, o velho Ku Klux ***
chama os skinheads a preencherem suas fileiras.
O *** e os skinheads nazis compartilham
um ódio comum, marcham juntos, fazem alianças...
É sob a influência da White *** Resistance
que grupos pequenos se juntam sob a bandeira do white power.
Há agora claros laços estabelecidos entre os
nazis europeus e os racistas estadunidenses.
Posso lhe dizer que hoje o movimento skinhead
é muito forte... sobretudo graças à internet.
Converso todos os dias com pessoas da Inglaterra,
Irlanda, Escócia, Alemanha, Espanha, Sérvia,
Itália... tem muitos caras bons na Itália...
França, Bélgica, Rússia, Bielorrússia, Ucrânia...
Tudo em um mesmo dia!
Ah, Jesus Cristo, vamos lá, merda!
O Blood and Honour é o que melhor expressa
o que acredito e como quero fazer as coisas.
O Combat 18 começou no início dos anos 1990...
muitas pessoas só queriam saber de falar...
e o Combat 18 simplesmente decidiu:
"Ei, chega de falar, vamos fazer alguma coisa!"
O "C", obviamente é de "combate",
e o número "18" corresponde a letras do alfabeto:
O "1" corresponde ao "A", e a oitava letra do alfabeto é "H".
"AH", de Adolf Hitler.
Então, juntando tudo fica "Combate Adolf Hitler",
que representa uma força de combate
em nome do nacional-socialismo
e de Adolf Hitler.
Sua forma agora é diferente de quando foi criado...
Ele evolui, está sob uma nova direção...
e hoje é na verdade uma resistência sem liderança,
uma resistência de lobos solitários...
Um grupo secreto de pessoas...
É um movimento que começou na Inglaterra,
mas cresceu muito, está em todos os países agora.
E o C18 é basicamente...
a ala militante do Blood and Honour.
A maioria das seções do Blood and Honour
tem alguma associação ou negócios com o C18...
Mas é algo muito...
Você não vai ver ninguém dizendo:
"Esse é membro desse... esse membro daquele..."
Em 1988 foi quando oficialmente raspei a cabeça
e consegui um coturno,
antes de podermos conseguir Dr. Martens por aqui.
A razão de ter me tornado um skinhead...
Eu era membro do Partido Republicano,
e sempre tive o que poderia ser considerado um ponto de vista
de direita, quanto à política e quanto ao meio social.
E depois de fazer algumas leituras sobre o nacional-socialismo
e começado a andar com outras pessoas,
passei a viver um modo de vida skinhead.
É difícil ser uma menina nazi nos EUA,
é muito difícil mesmo...
Você tem um monte de gente enchendo
o seu saco a respeito da Segunda Guerra Mundial,
e coisas desse tipo.
Eu simplesmente lhes explico que...
estamos nos extinguindo.
A raça branca está se extinguindo,
e eu estou aqui para preservá-la.
Trata-se sobretudo de educação.
Você deve educar a todos a respeito das diferenças,
sobre porque a mestiçagem é má,
porque precisamos manter nossa raça pura,
sobre como criar os filhos...
Eu, sendo uma mulher no movimento,
é muito importante que eu tenha filhos,
e é algo que eu quero fazer... E criar meus filhos...
à maneira branca.
Ser um skinhead é como ser um soldado de tropa de assalto, entende?
É... Somos os membros da melhor raça,
somos o último bastião, cara... somos os brancos...
que viram... que observaram... a realidade racial, cara,
que agora ameaça nosso povo, e...
Você tem que... Nós vemos um trabalho que precisa ser feito...
e faremos todo o necessário para defender nossa raça, cara...
É assim que pensamos.
Você acha que esse é um bairro agradável?
Não é!
Dois dias atrás eles roubaram uma loja.
Acertaram minha mãe duas vezes de dentro de um carro.
- Eles atiraram naquele carro. - Eles atiraram neste carro.
Estamos aqui para proteger nosso território.
Não é uma vizinhança agradável de Dallas.
- Não somos uma gangue... - ...apenas uma família.
Isto é Dallas, Texas! Meu Deus!
Acho que precisamos fazer as pessoas entenderem que...
Acho que se deve levantar-se e fazer algo
antes que seja tarde demais,
antes que nosso país seja destruído.
Especialmente com os ataques terroristas dos muçulmanos...
Merda...
Odeio muçulmanos!
Os negros nas ruas são um maldito lixo em
nossa vizinhança.
Merdas desse tipo temos que nos unir e expulsar!
Pôr todo o lixo para fora!
A segregação possivelmente seria o bastante se funcionasse,
mas provavelmente não funcionaria,
então porque não pomos simplesmente todos pra fora?
Por que se dar ao trabalho de passar por todo esse absurdo,
"Segreguemos por um tempo e tudo ficará bem...",
se sabemos que em 5 anos de segregação
voltaremos a toda essa merda de guerra civil novamente?
Então por que se dar ao trabalho?
É "Fora do país!" ou uma bomba atômica neles.
Basicamente!
O mesmo vale para gays e lésbicas,
porque só o que fazem é espalhar doenças.
Precisamos nos livrar de todos eles...
Porque minha vida quer ter uma vida feliz...
Eu quero que ela tenha uma vida feliz...
não importa onde ela esteja.
- Conto até três ou... - Não, só atire!
- Pronto? - Sim.
Está engasgada... merda!
Dê-me aqui.
Você puxa aqui...
...e está pronta para atirar novamente.
Atire o mais rápido que puder que ela não engasga.
- Pronto? - Atire.
- Puta merda! - Está engasgada!
Só o que tem que fazer é liberar a trava de segurança...
Sim, já está destravada.
- Pronta? - Sim.
Sua luta está em consonância com as novas idéias
sobre a preservação da raça ariana.
Elas expressam o medo do diferente,
do desaparecimento da raça branca.
No norte dos EUA iria me encontrar com
skinheads da Anti-Racist Action,
o grupo mais ativamente engajado contra os neo-nazis,
mas nosso contato se recusou a aparecer no filme.
Há duas razões para isso:
o medo de ser identificado pelos neo-nazis,
mas também a recusa em aparecer
no mesmo filme com os fascistas.
O filme agora incomoda alguns grupos skinheads,
alguns deles preocupados com a imagem
que daremos ao movimento.
Eles exigem acesso ao material do filme,
o que me recuso a dar.
Peço-lhes apenas que confiem em mim...
Estou tentando fazer o filme tão honesto quanto possível.
Em Chicago os anti-racistas não
compareceram ao nosso encontro.
Eu então peço a Karole que nos acompanhe
para nos apresentar à cena skinhead do Canadá.
No começo o movimento era racista...
Muitos white pride...
Não havia skinheads negros, ou de outras raças,
somente brancos.
Mas eu entrei nisso porque
em minha casa não havia muito uma família...
Eu não tinha uma boa vida familiar,
era violenta e tudo mais...
e o movimento foi uma maneira de sair disso.
Ajudou-me a ter orgulho de mim mesmo.
Acabou com o medo que eu tinha da sociedade.
Eu me disse: "Bem, se sou capaz de enfrentar..."
"quem não gosta de mim por ser um skin,"
"sou capaz de enfrentar quem quer..."
"que não goste mim por eu ser quem sou".
Também me trouxe uma espécie de sentimento familiar.
Porque esse outros eram minha família.
Muita gente me pergunta por que me tornei um skin
se esse é um movimento violento, racista e tal...
Está bem, há violência,
mas a violência está em toda parte.
Você não precisa ser skin para ser violento,
não precisa ser skin para ser racista ou babaca.
A mim fez pensar,
me ajudou a não ser violento,
a cuidar de meus amigos.
Deu-me uma identidade.
Hoje existem aqui os skins white power,
os redskins, os RASH, e aqueles que não pertencem a nenhum grupo.
Mas a maioria dos que não pertencem a nenhum grupo
estão do lado não-racista.
Os skins em Montreal sempre estiveram
divididos em dois grupos:
os skins racistas e os skins que não são racistas.
Dentro do grupo não-racista há duas visões diferentes:
aqueles que são mais politizados
e os que não ligam para a política.
Mas permanecem unidos...
Vão às mesmas apresentações, vão aos mesmos bares...
Montreal é uma cidade pequena em relação à sua cena skinhead.
A violência contra os skins de extrema-direita
é uma resposta à violência deles.
Não vamos permitir que passem por cima de nós,
vamos combatê-los.
Seguimos de pé e lhes mostramos
que não vamos recuar.
No distrito de Saint Deny, em Montreal, o clima é tenso.
Depois de vários confrontos violentos,
os skinheads extremistas estão na defensiva.
No Kaos Cafe os RASH ameaçam quebrar
minha câmera. Não pude filmar.
Como em Chicago, há um clima de intolerância.
Aqui é impossível fazer os skinheads de extrema-esquerda
ou de extrema-direita falarem em frente da câmera.
Ambos os grupos embarcaram
em uma lógica de guerra e conflito,
e os skinheads tradicionais estão
no meio de um fogo cruzado.
Infelizmente, os redskins e os SHARPs estão
se tornando tão extremistas quanto os fascistas.
Tudo o que querem é brigar com os fascistas.
Nós, os tradicionais, não somos politizados, não nos importamos.
Nos sentimos acusados, ou apontados,
porque não estamos envolvidos o bastante
em sua causa anti-racista.
Mas eu, como anti-racista, não sou obrigado a
usar um patch SHARP, ou ser politizado...
Isso é algo que levo dentro de mim.
Eu tenho um "Acabe com o racismo"
tatuado em minhas costas.
Mas não vou sair à rua para gritar
"Ei, aquele cara é racista!",
isto não leva a lugar algum.
Mas os redskins e os SHARPs estão começando
a nos repudiar...
Não gostam da gente porque
"Não fazemos o bastante pela cena"...
"Desculpem-me, eu fiz muito pela cena."
Estive no SHARP, estive nas manifestações,
bati nos fascistas,
tive minha dose de violência...
Mas eu detesto a violência!
A política...
A política confundiu as pessoas...
Para mim, ela só existe para foder as pessoas, cara.
É assim que eu penso.
Ela fodeu, cara, fodeu com o movimento skinhead,
porque as pessoas levam as coisas muito à ponta de faca,
desejam profundamente um mundo perfeito...
Como posso explicar? Não há propósito nisso.
É assim que eu penso.
Eu...
Eu concordo com ele...
Não é por acaso que tão pouca gente nova aparece...
É aquela coisa: "Se você não é RASH ou não é redskin,"
"não está com a gente!",
"Isso não está certo, vocês são lixo!",
"Vocês não são como nós, não são parte da gangue!",
"Vocês são lixo!"...
Não gosto disso!
Eles encaram, são frios com você...
Está ficando difícil.
A espiral de ódio invadiu a internet.
No espírito de tentarem sobrepujar uns aos outros,
os grupos extremistas distribuem fotografias
de seus adversários,
seus endereços, fazem ameaças, inclusive de morte.
Ódio entre irmãos que buscam destruir,
eliminar uns aos outros.
Há fotos minhas em sites de extrema-direita,
com o meu nome e os nomes de meus amigos.
Toda essa gente, os fascistas, compreendem apenas a violência.
Então até mesmo seus sites precisam ser violentos.
"Mate os judeus", "Mate os negros", "Mate..."
Nós os ignoramos.
Eles têm minha foto, sabem quem eu sou,
sabem meu endereço...
Se eles realmente quiserem me machucar,
eles podem vir me procurar...
Eles podem tocar a campainha, eu estarei aqui.
Em 16 anos eles nunca vieram.
Como um eco desse clima de ódio,
no site da Anti-Racist Action
o relato de um acontecimento
testemunha esse ódio profundamente enraizado.
Cinco anos atrás, dois skinheads anti-racistas
foram assassinados no deserto por skinheads nazis.
Um deles eram branco, o outro era ***.
Eles pertenciam ao Las Vegas Unity Skins.
Como aconteceu?
Os dois foram baleados.
Shersty foi baleado perto do carro dele, onde caiu.
Newborn conseguiu correr.
Ele correu uns 200 metros pelo deserto,
provavelmente depois de ter sido baleado,
e/ou foi perseguido e baleado.
Por fim ele morreu,
uns 200 metros adentrando o deserto.
Certo, são US$3.
Sabe onde fica o Tribal Body Piercing?
Tribal Body Piercing? Três casas para baixo.
Lyn Newborn era funcionário meu aqui
na Tribal... era um ótimo funcionário.
Trabalhou aqui durante uns 3 anos...
Era skinhead... Era um skinhead anti-racista.
Sempre usava camisetas
com símbolos nazistas com um risco em cima...
Camisetas anti-racistas.
Ele pregava isso por aqui, realmente acreditava nisso.
Ele teve muitos problemas no passado,
sendo tachado de racista.
Então ele levava isso no coração...
buscava convencer as pessoas a não brigarem,
não usarem drogas, esse tipo de coisa...
Era um cara muito legal.
Todos seus amigos costumavam freqüentar
aqui, inclusive Dan Shersty.
Dan era piloto da base da Força Aérea de Nellis.
Acredito que qualquer um que estivesse com
Lyn naquela noite se converteria em vítima.
Eu penso que Lyn era um troféu, por duas razões:
porque ele era ***,
e porque ele era muito popular,
falava muito abertamente sobre
ser contra o racismo. E eles...
Creio que eles o viram como
um troféu por causa disso.
Por algum tempo quiseram ver Spit morto,
mas, de qualquer forma, ele seguiu em frente,
não conseguia se calar, deixar de falar contra
o racismo.
Spit era conhecido por fazer muito
sucesso entre as mulheres,
de maneira que meninas irem até a loja
e paquerarem ele era bem comum.
E as duas meninas o convidaram a uma festa,
e ele decidiu levar Dan com ele.
E foi assim que os dois foram emboscados
no deserto por, acreditamos, 4 caras e as duas meninas.
Dan foi baleado primeiro,
e Spit tentou correr para a cidade e foi baleado.
Dan e Lyn foram assassinados por vários
membros de um grupo skinhead racista local.
Apenas um deles, John Butler, foi preso.
Condenado à pena de morte, agora espera a execução.
A maioria dos nazis, dos skinheads white power,
deixaram o cabelo crescer e abandonaram o visual,
porque têm medo...
Porque o caso foi bem divulgado na mídia.
No enterro de Spit havia umas 300 pessoas...
Ele era um homem muito querido nesta cidade,
e significava muito para muita gente.
Creio que o choque da morte deles foi como...
Sei lá...
A história de Lyn e Dan, que foram assassinados
por skins nazis de Las Vegas,
me revolta, me irrita, me dá raiva.
Se tivesse acontecido com amigos meus,
imagino que ficaria ainda mais irritada.
Os skins nazis que fizeram isso não são mais que assassinos.
Nunca ouvi que algo assim tenha acontecido na França...
Não ouvi nada assim, a não ser sobre outro
grupo, de Seattle, com histórias similares
de crimes, sangue, tortura e companhia...
Isso não é mais skinhead...
É violência, crueldade...
Não é como as pequenas brigas que tivemos,
quando perseguimos uns aos outros pelas ruas.
Isso ainda era divertido, fazia subir a adrenalina,
muitas vezes você se assusta um pouco,
se abala, mas sempre sai disso e segue em frente.
Mas aqui pessoas morreram...
Essas pessoas morreram por suas idéias anti-racistas,
ou porque eram negros e skins.
Eu penso que isso não é motivo para matar alguém.
Sacrifício simbólico, fratricídio...
Recordo da Bíblia e da história de Caim e Abel,
dos dois irmãos imersos no ódio que impulsiona um
deles a matar, a eliminar o outro.
Em Las Vegas, a cena skinhead anti-racista
não sobreviveu a esse crime.
Muitos membros deixaram o movimento.
Ironicamente, os skinheads white power voltaram à região.
Hoje, na internet, podemos encontrar
um site do Las Vegas Skinheads,
jovens neo-nazis que exaltam o poder branco.
Como na Bíblia, aqui os filhos de Caim retornaram,
enquanto os anti-racistas não deixaram herdeiros.
Legendas por blablebliblobluao.