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(Aplausos)
Está ligado?
Certo. Bem, está sim.
Então, meu nome é Anoop Jain
e estou aqui esta noite para falar a todos vocês
sobre a condição e experiência humana, bastante natural,
que conhecemos como "fazer cocô".
E a razão pela qual quero falar sobre isso
é que, há três anos, eu estava em um vilarejo, na região rural da Índia,
e estava trabalhando lá
e acabei testemunhando cerca de, sabe,
quase mil moradores defecando ao ar livre.
E isso foi algo extremamente perturbador.
Então, comecei a fazer minha própria pesquisa
e rapidamente descobri que cerca de 2,5 bilhões de pessoas no mundo
são obrigadas a defecar ao ar livre diariamente.
E 650 milhões dessas pessoas vivem na Índia.
Então, sabe, ver essas pessoas defecando ao ar livre
e ver essas estatísticas
foi o que realmente me levou a abrir minha própria organização,
que constrói banheiros comunitários
e aproveita fezes humanas na geração de energia.
Mas, na verdade, não estou aqui esta noite para falar disso.
Acho que será muito mais proveitoso, na verdade,
se eu tentar inculcar em vocês o mesmo sentimento de urgência.
Para fazer isso, primeiramente preciso fazer com que vocês se importem.
Então, quero começar com uma pequena pesquisa.
Quantos de vocês não fazem cocô?
(Risadas)
Certo, ótimo.
Então, os dados confirmam a minha hipótese
de que todos, na verdade, fazem cocô. Ótimo.
Então, quero que vocês lembrem disso,
porque isso vai ser importante daqui a pouco.
Então, vamos falar bem rápido sobre outra coisa.
Tenho uma teoria de que
existem dois tipos de pessoas neste mundo.
Existem os que têm e os que não têm.
E os problemas existem neste mundo
porque os que têm não necessariamente entendem os que não têm.
Então, o que acaba acontecendo
é que, quando os que têm tentam ajudar os que não têm,
aqueles se mostram inúteis,
devido à sua falta de entendimento,
ao tentarem realizar qualquer tipo de mudança importante.
E é isso que, por fim, faz com que os problemas persistam.
E o que isso significa no que diz respeito a fazer cocô?
Bem, vocês todos acabaram de admitir que fazem cocô, o que é ótimo.
Então, vocês e outros sete bilhões de pessoas fazem cocô.
Mas existe uma diferença fundamental,
que é o fato de todos nesta sala terem um local para fazer cocô.
Como eu disse antes,
existem 2,5 milhões de pessoas que não têm isso.
Então, essa é a diferença. Vocês estão no grupo dos que têm
e essas pessoas estão no grupo dos que não têm.
Então, acho que todos nós já passamos por situações,
ou experiências na vida,
em que ficamos muito apertados e não havia banheiro.
São situações realmente constrangedoras,
situações realmente complicadas,
e tentamos reprimi-las e esquecer-nos delas,
porque são simplesmente horríveis.
Então... Até aí, tudo bem.
Mas acho que o problema é que...
e se vocês passassem por essa situação todo santo dia?
O que vocês fariam?
Bem, isso afetaria vocês de formas diferentes, dependendo de quem sejam.
Se for mulher, por exemplo,
ou vai tentar ir de manhã bem cedo
ou mais tarde, ao anoitecer,
quando o sol estiver baixo, para resguardar sua privacidade.
Bem, infelizmente isso deixa você vulnerável
tanto a agressões sexuais quanto a estupro.
Se for uma moça... Bem, apenas uma em cada seis escolas
na região rural da Índia de fato possui um banheiro.
Então, se for uma moça que frequente uma dessas
outras cinco escolas e ficar menstruada,
onde vai trocar seus absorventes?
Então, 40% de todas as moças da Índia que abandonam a escola
fazem isso porque suas escolas não têm banheiros.
A Índia está basicamente se privando
de sua futura geração de mulheres em postos de liderança.
E, se for homem... Bem, os homens na Índia são tradicionalmente os que ganham o pão.
E cerca de 10 bilhões de dólares
são perdidos todos os anos na Índia,
por causa da baixa produtividade
devida ao tempo gasto em busca de um lugar para defecar.
Isso chega a cerca de uma hora, todos os dias.
São 10 bilhões de dólares.
Então, além disso, se contarmos toda a família,
bem, se tivermos 650 milhões de pessoas defecando ao ar livre,
temos centenas de milhares de toneladas
de fezes humanas não tratadas
e deixadas ao ar livre todo o santo dia.
Tente imaginar a falta de higiene que é isso
e o que isso causa à saúde da sociedade.
Todos vão ficar doentes, o tempo todo.
Então, evidentemente,
defecar ao ar livre afeta a todos, de diversas maneiras.
Dois de meus melhores amigos, Suzanna e Chandler, estão aqui esta noite.
Eles têm uma cadela.
O nome dela é Annie.
Eu adoro sair para caminhar com Suzanna, Chandler e Annie,
e acho que eles já sabem onde quero chegar com isso.
Mas, a Annie é ótima
e adoro vê-la fazendo cocô, o que talvez pareça esquisito.
Mas, na verdade, é glorioso.
Então, é assim... Quero mostrar pra vocês como é.
Ela fica de cócoras,
e aí, assim que termina de fazer cocô,
ela literalmente voa, o mais rápido que pode, na direção oposta.
Honestamente, acho que isso representa bem
nossa relação com as fezes.
Ou seja, não acho que literalmente voaríamos para fora do banheiro toda vez que fizermos cocô.
Mas acontece que, honestamente, acredito
que temos grande aversão às nossas próprias fezes.
E detestamos falar sobre isso.
E, para ser bem sincero com vocês,
isso é totalmente injusto,
porque 40% do mundo
têm de lidar com isso diariamente.
E eles não podem dar descarga e tirar isso de vista ou da mente.
Então, quero terminar com uma reflexão:
da próxima vez que estiverem no banheiro,
quero que se lembrem de que o que vocês têm
é, de fato, um privilégio,
quando, na verdade, deveria ser um direito.
Obrigado.
(Aplausos)