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OS QUEEN EM DIGRESSÃO 1 974-75
Fizéramos a digressão como banda de apoio
e, depois, o Mel Bush veio ter connosco.
Era um promotor de topo na altura, que tinha feito a digressão dos Mott.
Disse: "Podem ser a banda principal da próxima digressão."
Ficámos surpreendidos.
Lembro-me de pensar: "Foi rápido."
Porque costumamos apoiar concertos, criar seguidores,
depois, passamos a banda principal.
Mas ele disse: "Não, acho que conseguem, lotarão estes sítios."
Deu-nos uma grande lista.
"Câmara de Newcastle. Câmara de Comércio de Manchester."
Os clássicos concertos que as bandas "rock" dão.
Ele disse: "Vão lotar estes
"e, no final, vamos para o Rainbow."
Dissemos: "Ena!"
Porque o Rainbow era quase o topo.
Bem-vindos ao famoso Rainbow
MEL BUSH apresenta OS QUEEN EM CONCERTO
Não muito antes,
viramos o David Bowie a saltar para a ribalta por ter tocado no Rainbow
e parecia ser muito importante.
Lembro-me de pensar na altura:
"Não seria maravilhoso fazermos isto?"
Acho que foi só um ano depois que demos aquele concerto.
E ao vivo, claro, demo-nos conta rapidamente de termos uma oportunidade.
Por isso, temos de actuar bem e cativar as pessoas.
Temos de comovê-las e envolvê-las.
Dizíamos: "Deixem-nos surdos e cegos
"e a querer mais."
Boa sorte, pessoal!
Que pena.
Tivemos tantos azares em palco.
Os apagões eram habituais.
Digo-vos só que vamos posar e vocês olham para nós.
Quem quiser posar connosco está convidado a subir ao palco.
Vá lá.
Era agradável, a sério,
porque o público era tão amistoso, que não importava.
Eram muito pacientes.
É bom quando entendemos isso.
Porque, quando começamos, pensamos: "O que acontece
"se algo correr mal? Vai tudo por água abaixo."
Mas temos um público excelente
e uma banda que sabe o que faz.
Aconteça o que acontecer, lidamos com isso, de algum modo.
Agora, gostaríamos de tocar "rock and roll" ao estilo dos Queen.
Digo-vos só que é uma faixa do álbum "Sheer Heart Attack",
"Stone Cold Crazy."
Um, dois, três, quatro. Um, dois, três, quatro.
"KILLER QUEEN" AO VIVO NO ***ÃO 1 975
BEM-VINDOS QUEEN
Bem-vindos Queen ROGER TAYLOR
O nosso primeiro álbum teve êxito no ***ão.
O velho cliché, ser popular no ***ão.
ADORO OS QUEEN
Marcámos uma digressão lá.
Chegámos ao ***ão e parecia que era a Beatlemania que conhecêramos.
Havia milhares de jovens.
Foi uma confusão, a partir daí.
Ficávamos em hotéis, escondíamo-nos atrás de cortinas, nos corredores.
Para onde quer que fôssemos, éramos seguidos.
Ficámos extasiados com o que aconteceu desde que chegámos aqui.
Nunca nos aconteceu, em nenhum outro país,
algo deste estilo.
Só quero agradecer a todos por serem fabulosos.
Sentimo-nos em casa. Obrigado pelos presentes.
Obrigado por fazerem muito barulho no concerto
e nos proporcionarem bons momentos.
Acho que nos vamos mudar para o ***ão, está bem?
Gostaria de agradecer a todos por nos irem ver.
Estamos a divertir-nos muito aqui.
É muito divertido.
Obrigado pela grande recepção no ***ão.
Gostámos muito do nosso primeiro concerto no Budokan.
Olá, pessoal.
Esperamos vê-los brevemente.
Olá, rapazes e raparigas.
É muito bom estar no ***ão.
Obrigado pela recepção e pelas espantosas boas-vindas.
Em meu nome e dos rapazes dos Queen, muito obrigado.
"Sayonara."
Foi uma boa experiência
e ainda me recordo da primeira vez que tocámos no Budokan, em Tóquio.
O barulho era ensurdecedor
porque os lugares atrás de nós também estavam ocupados.
Quando entrámos, gritavam e atiravam presentes para o palco.
"Bohemian Rhapsody" foi um risco.
Estávamos muito confiantes.
Éramos rapazes precoces. Sempre achámos que éramos espertos.
Não escutávamos ninguém.
Estabelecemos isso, no início, com a empresa discográfica,
que disse: "Está bem."
Mas a empresa discográfica veio ter connosco e disse:
"Não façam isto, é demasiado longo, ninguém vai reproduzi-la.
"Não nos obriguem a pôr 'Bohemian Rhapsody' como 'single' neste disco.
"Ou então, vamos editá-la."
Na verdade, o John entregou-a já editada.
Não sei se isto é conhecido.
O John Deacon eliminou toda a parte de ópera.
Não soava bem, todos diziam que não soava bem
e: "Tu consegues" e assim.
Eu estava errado.
Eu disse: "Ou é tocada na totalidade ou não é tocada de todo."
TRABALHAR EM CONJUNTO
Fazemos já alguma coisa?
Vemos se o monitor funciona?
VERIFICAÇÃO DO SOM HOUSTON 1 977
A melhor coisa para nós foi fazermos sempre a verificação do som.
Fazíamos longas verificações do som todos os dias.
Acontecia tanta coisa nesses momentos.
Falávamos uns com os outros, olhávamos uns para os outros, discutíamos.
Era sempre muito democrático.
Todos davam a sua opinião.
Havia aqueles momentos, sim.
Toco como sempre toco!
Toco como está no disco, Fred.
-Tocas mais devagar. -Porra para isso.
As discussões eram óptimas, depois, tornavam-se pessoais.
Claro.
Esperas que todos sejamos perfeitos
-antes de sequer tentares fazer... -Não, digo...
Não sejas ridículo.
Como o vais tocar?
Toca mais baixo.
Não, não toques mais baixo!
-Está bom. -Quero ouvir!
No início, não me envolvia nas discussões.
Os três discutiam sempre como loucos.
Eu costumava...
Diziam: "Vá lá, John, porque não te juntas a nós?" Eu dizia...
Não me queria envolver nas discussões.
Tivemos muitas discussões.
Eu e o Brian discordávamos das coisas
e alguém batia os pés durante dois dias.
Depois, o Fred achava isso engraçado e divertido
e punha água na fervura, acalmava os ânimos, gozando com aquilo.
Coisas ridículas.
Nós os quatro nunca nos zangávamos no estúdio naquele tempo.
Mais tarde, talvez,
mas, no início, éramos bons a inspirar-nos uns aos outros
e a receber aquelas vibrações mágicas.
Fazemos uma lista. "Vamos fazer isto." "Sabes que mais?
"Podíamos fazer isto e aquilo!"
"Depois, podíamos fazer isto e..."
Sentimo-nos bem, quando criamos música.
Por acaso, ficámos muito unidos até ao fim.
Acho que isso não mudou muito.
Claro que havia grandes egos,
mas nenhum era grande demais para a banda.
Sobretudo o Freddie, que todos pensavam ter um ego enorme,
mas não tinha.
Sempre soube a importância do grupo e de ficarmos juntos.
ABANDONAR O JOHN REID 1 978
Nos primeiros três anos, estivemos com uma empresa chamada Trident, certo?
Que era gestora, empresa discográfica, tudo.
Fomos muito mal geridos.
Não mal geridos, não. Fomos...
Fomos mal geridos.
Mal livrámo-nos dela, certo?
Assinando com um tipo chamado John Reid.
Contratámo-lo por três anos, não foi? O que está a chegar ao fim...
O contrato termina em Setembro do próximo ano.
O que prevemos, a partir daí, é cuidarmos de nós próprios
e sermos independentes.
As coisas correram bem com o John Reid, no início,
mas as coisas começaram a dar para o torto. O John...
Como era habitual, acho que o John se dava mais com o Freddie do que connosco.
A sua organização, como um todo, costumava
centrar-se no Freddie, o que é algo que criava divisões.
Ele foi colocado sob uma pressão enorme
por outro seu artista, o Elton John, que achava naturalmente...
Estávamos a ter muito êxito
e acho que o Elton se sentiu ameaçado
pelos outros clientes.
Não éramos os únicos, mas éramos os únicos a ter muito êxito.
O Elton era muito popular na altura,
por isso, acho que chegámos à conclusão
que, para ambas as partes, seria uma boa ideia separar-nos.
O Jim Beach veio ter comigo e disse:
JOHN REID AGENTE 1 975-1 978
"A banda não está descontente com o que fizeste,
"fizeste um bom trabalho.
"O contrato está a chegar ao fim.
"Futuramente, eles pensam ser capazes de se gerirem."
Achei que fora uma maneira
muito simpática
e correcta de me dizer.
Nunca tive problemas com eles.
Esta foi a separação das partes mais gentil
que tive no meu trabalho.
Assinámos o contrato de rescisão
JIM BEACH AGENTE DOS QUEEN
no jardim do Roger, em Surrey.
O Roger tinha comprado um enorme e bela mansão,
que estávamos convencidos de não ter meios para isso,
e insistiu que gravássemos
o vídeo promocional de "We Will Rock You" no seu jardim.
Estava um dia muito frio e estávamos ali todos
e o Freddie surpreendeu todos ao chegar no seu Rolls-Royce novinho em folha,
que também achávamos não ter meios para isso.
O Freddie insistiu para assinarmos os contratos juntos, no banco de trás do carro,
porque era o seu primeiro Rolls-Royce.
Lembro-me de que o Freddie não estava sóbrio.
-Um... -Não, ele está fora do tempo.
Pois está.
Está fora do tempo.
É difícil, porque não estamos a contar.
Não vamos cortar aquilo.
Não... Não se preocupem.
Podem pedir ao Freddie para ter atenção ao modo como canta?
Está desafinado e fora do tempo.
Boa! Adoro.
Acho que vomitou por cima dos rododendros.
"Don't Stop Me Now' é uma cena completamente diferente.
É um bom trabalho do Freddie.
É muito concentrada... Não tem muitos ritmos de guitarra.
Lembro-me de haver um momento em que me chateei por isso,
porque achava que a faixa
ficava muito leve sem a guitarra e inseri só um ritmo forte.
"DON'T STOP ME NOW" VERSÃO COM GUITARRA
Lembro-me de ele tentar inserir um ritmo forte de guitarra,
que não funcionou.
O Fred queria que ela fosse acompanhada ao piano.
É a lei implícita. Quem apresenta a canção é quem decide, no fim.
Então, ficou sem ritmos de guitarra.
Mas, ao vivo, soava mais pesada.
Mas pude tocar um solo, que o Freddie adorou.
É uma das nossas canções mais populares, hoje em dia.
Acho que é uma canção muito divertida e alegre.
Foi eleita a melhor canção para ouvir no carro.
Vamos fazer um "take". Silêncio, por favor, filme a rodar.
COMEÇAR FILME
Verificar auscultadores. Estamos em espera.
Começar a gravar.
Klytus, estou aborrecido.
Que brinquedo me podes oferecer hoje?
Um corpo desconhecido no sistema S-K, Majestade.
Os seus habitantes chamam-no planeta Terra.
"Flash Gordon" foi peculiar.
Foi um projecto esquisito.
Muito divertido. Andávamos na brincadeira, eu tinha um sintetizador,
que começávamos a tocar
e andávamos a brincar com ele e a divertirmo-nos.
Ironicamente, por ser um filme "kitsch", tínhamos carta-branca.
Queríamos fazer a banda sonora de uma banda desenhada.
Ninguém, mas ninguém,
morre no palácio sem ordem do Imperador.
O Brian disse: "É a primeira banda sonora estilo 'heavy metal'." Não havia nenhuma.
Ninguém pensava em pôr uma canção de "heavy metal" num filme, na altura.
Actualmente, todos os filmes que vemos têm os AC/DC ou algo do género.
Coisas da pesada.
Levem a mulher da Terra!
Esqueça, Ming!
Isto é um anúncio público.
O terráqueo, Flash Gordon, será executado,
às 29:1 5, hora Mingo.
Não o mate ainda, pai.
Eu quero-o.
O Flash Gordon ainda está vivo.
O filme teve muito êxito na Europa, mas foi um fracasso nos EUA.
Isso foi um fracasso, mas vocês foram um sucesso.
Sim. Foi bom.
REALIZAÇÃO DE VÍDEOS
ANOS PREFERIDOS
Os vídeos dos Queen merecem ser discutidos
PAUL GAMBACCINI LOCUTOR DE RÀDIO
à luz do seu papel histórico
nos vídeos musicais.
Posso ver o que vais fazer, lentamente?
FILMAGENS DE "WE ARE THE CHAMPIONS" 1 977
Essa posição. Levanto-me e vou em frente.
-Todos... -Certo...
-Separo-me aqui. Entendes? -Dás a volta...
O movimento para a frente é muito lento, não é?
-Será, no fim. Se eu começar... -O teu movimento é muito lento.
É muito lento, não é?
Porque é assim... Vou em frente e tenho de fazer isto.
Sempre tivemos os créditos do primeiro vídeo promocional, "Bohemian Rhapsody".
Fizemo-lo numa altura em que isso não existia,
mas, claro, de repente, a geração MTV cresceu
e o vídeo tornou-se importante para vender música.
Troquem!
Desde aí, os vídeos tornaram-se muito populares.
Vemos os vídeos elaborados que se fazem
e o dinheiro gasto na sua realização.
Acho há um longo caminho pela frente.
Detestei aquele vídeo.
Ele era um realizador que eu admirava.
Mas achei que ele estava a brincar connosco.
Não sei porque concordámos em vestir aqueles fatos ridículos.
O Freddie adorou.
Com todos a fazerem vídeos, temos de tentar algo diferente
e o Freddie tinha ideias fortes
e, na ausência de outras boas ideias,
alinhamos com aquilo.
Não gostei do processo de realização dos vídeos.
Parecia que...
Olhava em redor da sala, contava 1 20 pessoas e pensava:
"Que estão a fazer?"
Precisamos de quatro pessoas para fazer isto e mais nós os quatro.
Sentimo-nos figurantes no nosso próprio filme.
Estamos sentados a pensar que perdemos o controlo
porque o tipo da iluminação trata de algo e o do som...
Torna-se frustrante...
Rudy, estás pronto para o nosso "take"?
Eram muitíssimo aborrecidos
e pareciam demorar mais tempo do que era necessário.
Vou brincar com a tua gravata,
mas não sei se... Cada "take" será diferente.
FILMAGENS DE "I'M GOING SLIGHTLY MAD" 1 991
Então, o que faço é...
Essa é a tua posição.
Depois de fazer a tua cena, sento-me aqui ao lado do Roger,
que está sentado aqui, e o Roger vem para aqui.
Em termos de vídeos, agora, gosto de me divertir,
porque, se fizermos isso, isso é transmitido
e as pessoas ligam-se a isso.
E sou apenas eu a divertir-me.
Fá-lo por mim, sim.
Depois, tenho de passar...
Podíamos brincar assim.
E movimentos subtis. Não é muito jocoso. Todas as graçolas que fizemos.
Acabo aqui, ligeiramente maluco, aqui.
Fim da sessão.
GUERRAS DE SCRABBLE
Se um dos outros estivesse a fazer algo, eu e o Fred jogávamos Scrabble.
Eram jogos de Scrabble muito intensos.
Chamávamos-lhe "Scrabble Mortal".
O Brian tem a maior pontuação de Scrabble para uma palavra que já vi.
-Qual era a palavra? Sabes... -Era "lacas".
-Sim. -Valia 1 68 pontos, o que era impressionante.
Porque era uma palavra tripla e não havia mais peças.
Sacana!
-O Freddie ficou chateado com isso. -Sim.
O Freddie nunca me perdoou por isso.
Porque o Freddie costumava pôr uma peça...
"Se eu puser esta peça aqui, tenho isto e isto..."
Dizíamos: "Fred, isso não é uma palavra."
Mas ele dizia: "Sim, 'eme'. Claro que é uma palavra."
-E ele... -"É uma medida tipográfica."
O Freddie estudou "Design" Gráfico em Ealing, não estudou?
Um dos seus projectos era sobre publicidade.
Tinham de criar "slogans".
De certo que foi o Freddie a surgir com um produto,
um produto fictício e o lema era: "Dá laca aos seus tomates."
-"Laca dos tomates." -É isso mesmo!
-"Dá lustre ao seu cacho." -Exacto!
-Sim. Já me tinha esquecido. -Era isso.
As emoções do "rock and roll".
As emoções da estrada. O perigo.
DE "MAGIC" A "MIRACLE" 1 986-1 989
ÚLTIMA ACTUAÇÃO DE FREDDIE KNEBWORTH AGOSTO 1 986
Se virem a última parte das filmagens de Knebworth,
o John atira o baixo, violentamente, contra o amplificador.
Acho que o John passava por um mau bocado na digressão.
Acho que era sobretudo por razões pessoais.
Ele era muito imprevisìvel.
Madrid foi o resultado disso.
Era muito sedento.
O John tinha um barzinho de "cocktails" atrás do seu amplificador.
Um autêntico bar de "cocktails".
Tinha sobretudo vodca.
Tinha... O seu "roadie" preparava-lhe "cocktails" durante o espectáculo.
Logo, no final do espectáculo, estava bêbado.
Acho que devido à loucura da nossa vida pessoal
e devido ao facto de estarmos saturados do nosso ofício, se quiserem,
estávamos completamente imersos nos Queen naquela altura.
Levou-nos a ser excepcionais.
Mas, de certo modo, pagámos um preço.
As nossas vidas pessoais estavam numa confusão.
Aguentámos as digressões e ficámos sãos durante muito tempo,
mas os pequenos problemas tornavam-se finalmente maiores
e os nossos casamentos desfaziam-se.
Foi um período terrìvel para mim,
ao longo desta loucura dos Queen,
a minha prioridade na vida fora ser um homem de família
e os meus filhos e o meu casamento eram tudo para mim.
Os outros é que se divorciavam.
Mas quando me apaixonei por uma mulher que não era a minha esposa,
não podia vacilar de nenhum modo.
A Anita foi e é uma força espantosa que entrou na minha vida.
Ela foi ao Estádio de Wembley ver-nos
e, claro, a minha relação com ela tinha de ser secreta naquela altura,
o que não é nada agradável.
Mas ela veio, foi para o seu lugar
e grande parte do público levantou-se e aplaudiu-a.
E ela disse-me: "Eu quero isto. Quero fazer isto."
E disse-me: "Quero tudo e quero-o agora."
E algo se acendeu aqui.
FILMAGENS DE "BREAKTHRU" 1 989
É o vosso primeiro álbum de estúdio desde 1 986, porque esperaram?
Esperámos desde 1 986, acho eu, depois de fazermos a digressão,
porque estávamos exaustos e não queríamos
trabalharjuntos nem nos vermos durante algum tempo.
Por volta do final desse segundo ano,
encontrámo-nos e o Freddie sugeriu que trabalhássemos um pouco em estúdio.
Estávamos revigorados, parámos dois anos, e isso ajudou-nos a começar bem o álbum.
Estes são os nossos melhores momentos em estúdio.
Tomámos a decisão de que todas as canções escritas teriam os créditos de todos.
Então, isso liberta alguma energia positiva em nós.
Eles ficaram cada vez mais unidos, sem dúvida,
e a partilha dos créditos das letras foi um grande feito.
"GOING SLIGHTLY MAD": FILMAGENS DE "INNUENDO" - 1 990-91
Senhoras e senhores, a melhor banda dos anos 80 são os Queen.
Gostaria de dizer que, após estes anos, ao contrário do que pensam,
ficamos muito agradecidos por ainda gostarem de nós
e esperamos realizar mais milagres para vocês, brevemente,
em 1 990 e depois disso. Muito obrigado.
Com "Innuendo", alguém sugeriu que deviam tocar ao vivo
DAVID RICHARDS PRODUTOR
e eles pensaram que era uma boa ideia, por isso, foram para o Casino.
O próprio estúdio tinha 54 ligações de microfone
e podíamos gravar grupos ali.
Na verdade, eles criaram uma canção ao vivo, improvisando até a conseguirem criar.
Foi assim que começou.
Trabalhávamos novamente fora, nos estúdios de Montreux.
Acho que o Freddie decidira que adorava a Suíça
e não queria que o estúdio fosse debaixo do lago,
onde queria que fosse anteriormente.
Há bom material em "Innuendo" e foi criado praticamente ao vivo.
Acho que um estúdio maior é bom para nós.
Havia a ideia de explorar de novo a nossa juventude, quase,
que enterrada ali, algures.
Foi divertido.
Trabalhávamos arduamente nas ideias de todos
e não éramos possessivos.
Havia muita liberdade ali.
Acho que todos dávamos ideias diferentes
e havia mais trabalho de equipa.
Mas as pessoas ainda levavam muito a peito as canções que criavam.
O Freddie cantava ali, ao vivo, com eles,
e nunca me deu a mínima impressão de que ele pudesse estar doente.
Ele estava enérgico e fartava-se de cantar.
EM 1 991 , O "SINGLE" E O ÁLBUM "INNUENDO"
ENTRARAM NAS TABELAS DO REINO UNIDO COMO NÚMERO 1
O novo álbum é espantoso, acho que é o melhor desde há muito tempo.
Não contém nada de que me envergonhe.
Muitas vezes, lançamos um álbum e pensamos:
"Preferia que tivéssemos feito isto."
Em relação a este, estou contente e ouço-o sem problemas.
Gosto muito dele.
Por acaso, tivemos momentos fantásticos.
Acho que ultrapassámos a fase estúpida de estar sempre a sair.
Éramos um grupo muito unido, como uma família,
e trabalhávamos no estúdio até... Normalmente, até o Freddie se cansar.
Será que nos pode dizer agora, se haverá outra digressão dos Queen?
Não posso responder. É preciso que quatro pessoas concordem com isso
e, neste momento, só três é que concordam.
Quando os quatro concordarem, haverá, espero eu, outro espectáculo dos Queen.
Assináramos recentemente um acordo com a Hollywood Records na América.
Foi um grande acordo, a Hollywood pertence à Disney.
O Freddie não estava nada bem
e eu estava muito preocupado
por termos de dizer à empresa discográfica na América
que o Freddie estava a morrer.
Só existem dois bastiões do antigo império britânico.
Um é o Queen Mary, onde dão esta festa,
e o outro somos nós que vocês acabaram felizmente de comprar.
Estamos empolgados por trabalhar convosco e esperamos ter um futuro brilhante
sob o signo da Disneylândia, ou melhor dizendo, da Hollywood.
-Boa sorte, Hollywood. -Certo.
-Adeus. -Adeus.
Talvez mais uma vez?
Bolas. Aquelas baboseiras, novamente?
Eu e o Mack fomos convidados para uma festa dos Queen no Queen Mary.
FRED MANDEL TECLISTA DA SESSÃO
Fomos lá e, creio eu que o Brian estava lá com o Roger.
Normalmente, os Queen estavam sempre juntos.
Liguei ao John para ver o que se passava.
Eu disse: "Passa-se algo com o Freddie?" Ele não me disse.
Olhem para a câmara.
Fui a LA, encontrar-me com o Michael Eisner, o director-executivo da Disney,
e explicar que o Freddie estava gravemente doente.
Foi enquanto estava lá que recebi um telefonema
que parecia dizer que o Freddie estava a chegar aos seus últimos dias
e que aquilo estava a ficar sério.
O comunicado de imprensa com que eu e o Freddie concordámos
que fosse lançado, no último momento possìvel, foi publicado.
De facto, o Freddie morreu 24 horas depois.
Então, o comunicado de imprensa foi publicado, anunciando ao mundo
algo de que muitos suspeitavam,
que ele tinha SIDA,
mesmo na hora H.
FREDDIE, FICARÀS PARA SEMPRE NO MEU CORAÇÃO
Acho que a imprensa teve a sua dose de crítica contra o Freddie naquela altura.
O que é espantoso, ter algumas notícias sórdidas a dizer...
Algumas diziam que ele merecia morrer
por ter tido um estilo de vida promíscuo.
As pessoas escreveram coisas inacreditáveis.
Então, eu e o Roger fomos à televisão para pôr os pontos nos is.
A última semana viu morrer um das mais brilhantes e populares
"TV-AM" DEZEMBRO 1 991
figuras da música "rock", Freddie Mercury, o vocalista dos Queen.
Aqui connosco no estúdio para homenagear e reflectir sobre a sua memória,
pela primeira vez, estão dois membros da banda,
o guitarrista Brian May e o baterista Roger Taylor.
Obrigado por terem vindo.
Todos ficaram peritos na vida e no passado do Freddie Mercury,
quer seja nos jornais ou na televisão.
Em que erraram e em que acertaram nas suas suposições?
Pode falar primeiro.
Tem sido muito perturbador ler algumas notícias dos jornais.
Seria errado não dizermos que ele tem sido descrito, em certos quadrantes,
como um amante selvagem, bissexual e irresponsável que faleceu.
O Freddie que conhecemos não era assim tão promíscuo nem consumia tantas drogas,
nada do que as pessoas dizem.
Tinha uma atitude muito responsável para todos que lhe eram íntimos
e era uma pessoa muito generosa e afectuosa
para todos que entravam na sua vida.
Mais do que isso não podemos exigir.
Sentimo-nos impelidos a defendê-lo
porque ele já não se pode defender.
Acho que não defendemos ninguém
no contexto de ter o Paul Daniels sentado ao nosso lado.
Era fã dos Queen e do Freddie Mercury?
Não, porque nunca fui fã de música.
Concentro-me, imagino que façam o mesmo com a música,
concentro-me na magia.
Que parvalhão!
Digo igualmente que não vou dar lições de magia à família real,
como li esta semana no jornal. Obrigado.
Este prémio é ligeiramente diferente. Não foi eleito pelos membros da BPI,
mas pelos 1 7 milhões de ouvintes da Radio 1 FM nacional.
Havia três "singles" dos Queen nas 1 0 últimas nomeações
e a vencedora é dos Queen, "These Are the Days of Our Lives".
Obrigado. Muitas emoções diferentes passam-nos pela cabeça nestes momentos.
Este é um momento muito especial.
Os prémios são esquisitos. As pessoas têm atitudes diferentes.
Se o Freddie estivesse aqui, diria: "Vai lá buscá-lo, querido.
"Coloca-o por cima da lareira, ao lado do candeeiro Galle."
Mas, mais tarde, diria: "Olhem, mãe, pai,
"vejam o que consegui. Estou orgulhoso."
Estamos muito orgulhosos. Orgulhosos por tudo pelo que o Freddie lutou
e achamos que o espírito dele ainda está connosco. Muito obrigado.
O que estava à espreita era o material criado com o Freddie,
que não estava terminado, e o que faríamos com isso?
Conseguiríamos fazer um álbum com aquilo?
Algo como "Winter's Tale" surgiu na fase em que ele estava mesmo muito doente.
Foram criadas devido ao tomar de consciência
de o Freddie não viver por muito mais tempo.
Acho que demorei muito tempo.
Acho que passei por uma longa fase de sofrimento
porque não queria falar dos Queen.
Fiz a minha digressão, a digressão a solo,
e, claro, todos só queriam falar
dos Queen e da morte do Freddie.
Não conseguia lidar com isso. E dizia: "Falamos do que se passa agora."
Passei por uma fase de negação
e acho que estava relutante em voltar, abrir aquelas caixas
e lidar com a voz do Freddie ali.
Foi duro, inicialmente.
Eu e o John continuaríamos.
ENTREVISTA COM ROGER TAYLOR 1 993
Com ou sem o Brian, é com ele. Nunca esqueceremos o Freddie,
mas acho que o período do luto já acabou.
Está na altura de ver isso com outros olhos.
O Roger fez as primeiras incursões,
levou algumas fitas para o seu estúdio e começou a trabalhar nelas.
Era a motivação de eu que precisava.
Vejo o que ele fez e digo: "Não, não faças assim, tem de ser assado."
Estava inspirado e mergulhei antes de ter tempo para pensar.
Peguei nalgumas faixas. Era uma tarefa descomunal.
Foi estranho trabalhar com a voz do Freddie a sair dos altifalantes.
Mas, mais uma vez, foi um processo interessante.
Sabíamos que a situação estava a sufocar-nos,
logo, aproveitámos todos os momentos e desfrutámos muito deles.
Eu e o Brian achámos que sabíamos o que o Freddie pensaria.
Parecia que ele estava no canto da sala
e conhecíamo-nos tão bem e há tanto tempo.
Pensávamos: "Ele gostaria dessa parte, mas não daquela."
Fomos em frente e fiquei contente com o resultado.
Gosto muito de "Mother Love"
e tem uma parte de "Going Back" no final,
que é das primeiras coisas cantadas pelo Freddie em estúdio.
De facto, deve ter sido a primeira coisa. Uma canção da Carole King.
Escrevi à Carole King a pedir a autorização para a usar
e ela ficou encantada e apoiou-nos muito.
Disse estar empolgada por acharmos aquilo importante para ser inserida ali.
Todo o álbum é um sonho, porque parece
que estamos ali os quatro a divertirmo-nos e a criar o álbum.
Mas, claro, na maior parte do tempo em que o ouvimos,
isso não acontece.
Foi criado para parecer assim.
Muito amor fui incutido ali.
Há faixas como "I Was Born to Love You" que, claro,
nunca foi uma faixa dos Queen, era a solo.
Que o Freddie criou apressadamente
e nunca se importou com os arranjos,
por isso, retirámos tudo, e afectuosamente e animadamente, editámos a sua voz
e juntámos tudo.
Passei meses e meses a juntar as nossas partes
para parecer que estávamos juntos no estúdio.
Estranhamente, acho que é um dos nossos melhores álbuns.
As boas experiências estão todas ligadas àquele álbum.
Adoro o álbum. Posso pô-lo a tocar a qualquer altura, claro,
houve momentos em que trabalhava nele e ouvia a voz do Freddie
24 horas por dia e isso é duro.
De repente, pensamos: "Céus, não está aqui. Porque faço isto?"
Mas agora, após passar por aquilo, ouço o álbum
e sinto alegria. Acho que era o final adequado.
Era o álbum certo para acabar.
"MADE IN HEAVEN" FOI O ÁLBUM DOS QUEEN MAIS DEPRESSA VENDIDO, COM 605 00:50:41,703 --> 00:00:00,-001 MAIS DE 20 MILHÕES DE CÓPIAS EM TODO O MUNDO �