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COLABORADORES DO NAZISMO: O Grande Mufti
Beirute, 1974.
Uma multidão entusiasmada de árabes ajunta-se para o funeral de um dos seus ex-líderes.
Mohammad Amin Al-Husayni foi uma figura controversa durante sua vida.
Um homem cujas decisões fundamentalmente afetaram a vida do seu povo.
Com somente 26 anos, ele se ergueu para obter o título de Grande Mufti,
líder espiritual de centenas de milhares de árabes palestinos.
É um personagem que, mesmo hoje, divide opiniões
particularmente entre judeus e árabes.
Para muitos judeus, ele foi o homem que colaborou com os nazistas,
e demonstrou claramente que todos os árabes, no fim das contas, o desprezavam.
Ele claramente apoiou a extermíno de milhões de judeus.
Em próprias palavras , falou:
"Mate os judeus, onde quer que os encontrarem.
Isso agrada a Deus, a história, e a religião."
Ele chegou ao ponto de recrutar muçulmanos para formarem uma divisão especial nas SS.
- O Mufti alegou claramente, em suas memórias,
que estava perfeitamente consciente do genocídio.
Ele estava totalmente consciente do fato que os nazistas
estavam conduzindo e realizando um genocídio de judeus europeus.
Mas para os árabes,
ele era um homem que buscava simplesmente proteger os direitos do seu povo sobre um território
que agora já não lhes pertence.
De fato, para muitos, ele era um profeta,
que previu a destruição de sua pátria, e que somente queria defendê-la.
Então, quais foram os seus motivos?
O quanto ele realmente apoiou Hitler e as intenções nazistas para com os judeus?
Não é somente uma questão de história,
visto que as ações e influência do Grande Mufti têm um impacto significante no Oriente Médio de hoje.
A história de Mohammad Al-Husayni tem origens num periodo no Oriente Médio,
entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial.
Al-Husayni nasceu numa família de fazendeiros ricos, no sul da palestina,
perto da cidade santa de Jerusalém, com uma longa e orgulhosa história.
No começo do século XX, toda a região estava sob o controle muçulmano,
com cerca de quatrocentos mil muçulmanos, e não mais do que vinte mil judeus.
O território fazia parte do massivo Império Otomano por cerca de quatrocentos anos.
Mas durante a Primeira Grande Guerra o império foi dividido,
e a palestina foi controlada pelos britânicos.
- Os britânicos ocuparam a palestina durante a Primeira Grande Guerra.
Não existia como uma entidade política sob o período Otomano.
Mas os britânicos decidiram, no final da Primeira Grande Guerra, que iriam desmembrar o império Otomano.
E era bem claro para eles que a palestina tinha uma importância estratégica tremenda,
em termos da necessidade de proteger o Egito e o Canal do Suez de qualquer potencial agressor.
Durante a Primeira Grande Guerra, os britânicos fizeram promessas explícitas para os árabes no Oriente Médio,
de que queriam uma nova era para o povo árabe.
Eles mesmos enviaram panfletos em árabe,
proclamando que suportavam totalmente a idéia de que os árabes deveriam possuir seus próprios países.
Para Al-Husayni a nova política motivou os palestinos,
o que significou que estavam mais do que dispostos em ajudar a causa britânica.
Então, em Novembro de 1917, os britânicos fizeram uma jogada política que tem repercussões mesmo hoje.
O assunto se tornou conhecido como a DECLARAÇÃO DE BALFOUR.
Nela constava que o Império Britânico
agora prerrogava o assentamento na Palestina, de uma pátria para o povo judeu.
Então, em outras palavras, a declaração apoiava a idéia de um país para os judeus.
Não há sequer qualquer referência aos árabes.
Para Al-Husayni, a Declaração de Balfour era uma notícia devastadora.
E foi isso que o conduziu ao caminho
que posteriormente iria conduzi-lo a colaborar com os nazistas.
Ele não estava preparado para ficar parado e ver o seu país ser entregue pelos britânicos.
Ele decidiu lutar.
Durante o festival muçulmano de Nabi Musa, em Jerusalém,
uma manifestação anti-judaica rompeu em protesto à Declaração de Belfour.
- Este foi o primeiro caso de violência em larga escala entre as duas comunidades.
Al-Husayni depois da manifestação de Nabi Musa,
é acusado, principalmente pelos jornalistas, de orquestrar todo o acontecimento.
A comissão que investigou as causas da manifestação
certamente acreditava que Al-Husayni teve alguma parte nisso.
Logo depois foi sentenciado a dez anos de prisão pelo tribunal militar.
Mas ele evitou a prisão, pois já havia fugido do país.
- Isso desvenda, como parte da larga narrativa, de que era um criador de problemas,
e que os árabes palestinos não se importariam com o sionismo,
se todos esses lideres nacionais extremistas palestino-árabes, como Al-Husayni,
que ameaçava a Declaração e continuamente os guiava em direção ao extremismo,
e violência contra os sionistas.
Então em Julho de 1920, os britânicos fizeram uma jogada que daria esperança a Al-Husayni.
Eles nomearam o seu primeiro alto comissário para a Palestina,
o Sir Herbert Samuel.
Era uma escolha interessante.
- Ele era um liberal, foi o primeiro membro judeu do gabinete britânico,
sendo um politico de alto escalão.
E durante a Primeira Grande Guerra, ele foi a primeira pessoa a submeter
uma proposta ao gabinete britânico, apoiando a idéia do estabelecimento de um Estado judeu.
Apesar de suas credenciais sionistas,
Samuel deixaria isso de lado para provar aos árabes de que apesar de judeu, era acima de tudo... justo.
Então ele declarou uma anistía para todos os palestino-árabes
que anteriormente tinham sido sentenciados pelos militares britânicos.
Ainda em exílio nessa época, Al-Husayni agora poderia retornar a sua pátria.
Então apareceu outro evento que mudou a vida de Al-Husayni.
Seu meio-irmão, Kamal, morreu de repente.
Ele era o Mufti de Jerusalém,
o lider espiritual dos muçulmanos palestinos.
O seu funeral foi um evento extravagante, atendido por milhares.
Sua morte deixou uma séria ausência de poder em Jerusalém.
Era uma situação a qual os britânicos precisavam resolver rapidamente.
Samuel compreendeu que se havia qualquer chance para criar estabilidade na região,
então a pessoa certa deveria ser indicada como sucessor do Mufti.
Samuel não perdeu tempo ao selecionar Mohammad Amin Al-hHusayni para ocupar o cargo.
Para desenvolver a autoridade do seu escolhido,
os britânicos de repente lhe impuseram com um título inédito.
Não somente ele iria ser o Mufti de Jerusalém,
ele iria ser o 'Grande Mufti da Palestina'.
Isso não significava somente ser o grande líder espiritual de Jerusalém, mas de toda a Palestina.
Era um trabalho em que ele mal estava qualificado.
- O tipo de indicação que seria relevante para o posto de Mufti
era uma indicação religiosa, ou teológica.
E ele não alcançou isso.
Ele começou, mas depois interrompeu para servir no exército na Primeira Grande Guerra.
E nunca resumiu essa indicação como alguém que era especialista na teologia básica.
Certamente esse não foi o caso para Al-Huseyni.
Essa pessoa que tinha sido apontada como o Mufti de Jerusalém,
e Grande Mufti da Palestina pelas autoridades britânicas em 1921,
nem tinha 27 anos, sendo então uma pessoa muito nova para o trabalho.
Ele era uma decisão tão pouco provável,
que mesmo o seu próprio povo não o achava adequado para o cargo.
- Ele nem sequer fazia parte das três pessoas que eram selecionadas segundo o procedimento normal,
pela comunidade de pessoas religiosas.
E a Palestina ultrapassava a responsabilidade.
Então ele foi somente selecionado pelo Alto Comissário Britânico da Palestina, Herbert Samuel,
que por acaso era um sionista, na verdade.
E só selecionou o Husayni designando para esse trabalho,
que os britânicos tinham renomeado 'Grande Mufti da Palestina',
de forma a apontar o fato de que esta era a mais alta autoridade espiritual no território do seu mandato.
Mas apesar da sua falta de qualificações Al-Husayni entrou para o cargo, em 8 de Maio de 1921.
E a partir daí, o seu poder e autoridade continuaram a crescer.
E em menos de um ano, ele foi eleito presidente do Conselho Muçulmano.
Com somente 26 anos, era agora tanto um líder religioso quanto político, entre a comunidade árabe na Palestina,
o que o tornou uma peça muito importante para a política do Oriente Médio.
Em princípio, o que parecia uma indicação arriscada, realmente pareceu funcionar.
Al-Husayni se esforçou para manter a paz.
Durante o fim dos anos 20, houve regulares confrontos violentos entre árabes palestinos e judeus.
Propriedades judias, e mesmo sinagogas, foram atacadas e destruídas.
Mas o Grande Mufti era geralmente visto para restaurar a ordem durante a violência.
E apesar de suas tentativas de manter a paz,
cedo surgiria uma mudança dramática de eventos que o colocaria de novo em rota de colisão com os britânicos.
Esses eventos... ocorreram na Alemanha.
Em Maio de 1933, o apoio a Adolf Hitler estava crescendo com uma rapidez imparável.
Ele se ergueu para tomar o controle total sobre o país.
Ele eliminou a democracia,
e agora, pela primeira vez como ditador, virou a sua atenção para o seu ideal e principal ambição:
a destruição dos Judeus.
Em 1933, o número de judeus na Palestina chegou a duzentos e nove mil.
- Isso era uma explosão de imigração sionista,
no começo dos anos 30.
Isso conduziu, como resultado, à explosão da raiva e ressentimento dos árabes palestinos.
Isso foi um real desafio para Al-Husayni e outros líderes árabes daquele tempo.
E a medida que a reclamação dos árabes palestinos se radicalizou,
por causa da situação na Palestina, nos anos 30,
em meios dessa década, as coisas realmente ficaram fora do controle para a liga de palestinos árabes.
Em 1937, o número de judeus cresceu novamente.
As estimativas eram agora de trezentos e noventa e seis mil.
Mas em vez do Mufti culpar os alemães por esse influxo,
o Consul Geral da Alemanha na Palestina, Hendrik Wolff,
informou o Fürer que os muçulmanos palestinos estavam se erguendo em favor ao Regime Nazista.
Novas comunidades judaicas, com programas extensivos de construção, continuavam populares na Palestina.
Mas as notícias para a população árabe iriam se tornar ainda piores.
Em Londres, o governo britânico rejeitou uma exigência imposta por Al-Husayni e outros líderes árabes:
Um Concílio Oficial, desenhado para lhes dar mais controle sobre a sua Terra Santa.
Foi um golpe que ressentiu em suas esperanças de formar um grupo que representava
as idéias de uma larga população de árabes-palestinos.
- Os membros do Parlamento que rejeitaram a proposta de um Concílio Legislador,
fizeram-no por medo de que isso fosse diminuir o compromisso britânico em relação ao sionismo.
E havia um consenso alargado, no Parlamento, que o sionismo era uma boa coisa em si mesma.
Os membros do Parlamento continuavam a acreditar que a velha narrativa
de que a migração europeia, sobre a forma de migração sionista,
iria elevar os padrões de vida dos árabes palestinos,
de que os sionistas estavam a civilizar essa região do Oriente.
Esse foi o entendimento que os guiou à sua decisão.
Os líderes árabes e palestinos, agora apelavam para uma greve geral.
Isso significou a total recusa de pagar impostos,
e uma greve geral no país de trabalhadores e negócios árabes.
A líderança árabe rapidamente se organizou para coordenar mais demonstrações políticas e greves.
Eles formaram a Alta Comissão Árabe.
E o seu papel: fazer exigências ao governo britânico durante a agitação.
E o cabeça dessa nova organização... seria o próprio Grande Mufti.
O Grande Mufti declarou que a greve continuaria, até que toda a imigração judia na Palestina parasse.
Durante o Verão de 1936, as greves tornaram a região num deserto.
Lojas e negócios foram forçados a fechar por toda a Palestina.
Intermitantemente alcançou uma larga escala de pausas.
E quando rompia a violência, a infra-estrutura do país era destruída.
As ligações de caminhos de ferro eram sabotadas.
As tropas britânicas eram enviadas para controlar a violência crescente.
Eles apontavam para gangs árabes que estavam atacando comunidades judaicas indiscriminadamente.
Foi o início dos longos três anos de banho de sangue, conhecidos como 'As revoltas árabes'.
Em Junho daquele primeiro Verão, milhares de acres de plantações judias foram destruídas.
Os britânicos tentaram, em vão, manter a paz.
E por volta de Outubro de 1936, tendo a revolta cerca de 6 meses,
foi estimado que cerca de treze mil pessoas foram mortas.
Os britânicos organizaram e enviaram uma comissão para a região,
conhecida como o Comissão Peel.
Sua tarefa era investigar as razões das greves e aparecerem com soluções.
Mas as suas recomendações iriam tornar as coisas piores para os palestinos.
- A Comissão Peel chegou à conclusão, incluindo a recomendação,
que estava claramente desenhado de acordo com os desejos do movimento sionista,
que era a partilha da Palestina.
Esse foi o primeiro pronunciamento claro de uma fonte oficial britânica,
sobre a questão da divisão.
E isso era veementemente rejeitado pelos palestinos,
incluindo o Mufti.
O novo mapa dava aos judeus sua própria terra ao norte,
com os britânicos retendo a área em volta de Jerusalém.
Temendo que seu país estivesse prestes a ser moldado,
a violência novamente se deflagra na região.
Em 1937 Al-Husayni foi deposto do cargo de presidente do Supremo Conselho Muçulmano,
pelas autoridades britânicas,
e a Alta Comissão Árabe foi declarada como ilegal.
"Agitação na Palestina".
"Suspeitando que a Alta Comissão incitou líderes a iniciarem uma Guerra Santa contra o Governo Britânico,
a polícia pilhou os quartéis secretos de assassinos e rebeldes.
Muitas prisões foram realizadas.
O Grande Mufti de Jerusalém, chefe do Concílio Supremo Muçulmano, foi destituído do gabinete.
As fronteiras são guardadas com vigilância especial,
e todas as ruas que conduzem à Jerusalém têm patrulhas.
O Governo Britânico está determinado a fazer parar o terrorismo".
Mandatos para a detenção dos líderes da Comissão foram promulgados.
mas o Grande Mufti escapou para Bahran, a área sagrada da cidade santa.
Mas ele era intocável para os britânicos.
Depois de três anos escondido, ele fugiu do país,
e começou a caminhada para uma viagem, que terminou no coração do Regime Nazi.
"Ele se assentou na Síria, o Grande Mufti de Jerusalém."
"À frente do problema palestino,
ele iludiu os britânicos e escapou para a Mesquita de Omar".
Agora exilado na Síria, ele continuou a dirigir a guerra contra os britânicos.
Os números do exército britânico eram demasiado pequenos para controlar a revolta.
Ataques, sabotagens, assassinatos, e confrontos com guerrilhas,
continuaram sem descanço.
A presença militar britânica era pequena comparada com as forças árabes palestinas.
Eles tinham um excedente.
Então o primeiro-ministro, Neville Chamberlain, encontrou uma nova forma de liberar uma tropa extra.
Ele assinou um pacto com Hitler, cedendo parte da Checoslováquia.
Alegadamente isso fez a Europa ficar salva da ameaça de guerra.
Com mais de vinte mil tropas, três esquadrões da ARF e quatro mil policiais,
os britânicos agora começavam a esmagar o fôlego da revolta árabe.
O responsáveis proíbiam dar abrigo à rebeldes árabes, sobre a pena de terem suas casas explodidas.
Aqueles árabes acusados de fazerem parte da luta apanhavam, ou eram fuzilados.
Milhares de homens eram algemados e aprisionados em campos de detenção, sem julgamento.
Pelo menos cento e doze árabes foram enforcados, por fazerem parte da rebelião.
De acordo com os dados oficiais, pela Primavera de 1939,
quando a revolta terminou efetivamente,
os britânicos mataram mais de dois mil árabes.
- Os britânicos esmagaram a revolta árabe,
que foi o desafio mais significante entre os anos 30.
E um testamento para o movimento nacional palestino daquele tempo.
Mas por causa do grande número do exército britânico na supressão dessa revolta,
e da brutalidade desse evento contra o povo árabe-palestino,
terminou-se com a formação do movimento palestino-árabe
depois da revolta, até a Segunda Guerra Mundial.
E os movimentos de Al-Husayni, depois da revolta,
são um testemunho vivo da formação desse movimento árabe-palestino,
que tinha saído perdedor após a revolta, depois de terem sido esmagados pelos britânicos.
Mas em Maio de 1939,
O governo britânico fez uma fantástica volta atrás.
Com a Europa agora à beira da guerra,
eles se aperceberam que não tinham homens e máquinas o suficiente,
para defender o Canal do Suez.
E a pressão por campos de petróleo: Iraque,
e Pérsia;
assim como lutar contra rebeldes árabes, na Palestina.
A opinião pública árabe no Oriente Médio precisava ser apaziguada.
Então eles produziram um artigo alegando limites para a imigração judia,
e a criação de um estado Palestino independente por volta de 1939.
Aqui estava uma oferta que parece dar a Al-husayni e seus soldados, tudo o que queriam.
- A emenda de 1939 foi vista por muitos nacionalistas palestinos,
incluindo alguns nacionalistas radicais,
como uma real conquista
da luta que tinha sido travada pelos palestinos,
desde o inicio na grande revolta em 1936.
- Foi um duro corte da imigração judia.
Iria ser limitado a setenta e cinco mil nos próximos cinco anos.
E também o compromisso de que nos próximos dez anos
haveria um Estado Palestino independente.
- Eles realmente viram nesse artigo,
o resultado desses anos de luta e de elevado
custo que tiveram que pagar por isso,
em vidas, na repressão, e tudo mais.
Essa era uma chance real para o Mufti obter aquilo que ele queria.
Seu ódio pelos britânicos era tal,
que ele dispensou essa tentativa, procurando conquistá-la.
Ele rejeitou as recomendações do artigo,
e foi muito além.
Ele proclamou o fim do mandato britânico na Palestina.
Ele queria os britânicos expulsos, e a criação de um único Estado árabe.
As forças que o levaram a colaborar com os nazistas,
eram agora inevitáveis.
Ele tinha suas próprias ambições egoístas,
acima de qualquer real consideração aos interesses do seu povo.
Eu digo isso novamente, porque muitos líderes nacionalistas
dos palestinos, consideraram que o artigo deveria ser aceito,
e na altura estavam a favor de expressa aprovação
do artigo, e viam nele uma vitória do movimento.
Agora o Grand Mufti estava efetivamente em guerra com os britânicos,
e ele precisava desesperadamente de aliados.
Ele deu uma clara indicação de quem estes seriam.
Al-Husayni é responsável por ter dito:
"O que nos importa quem nos defende? Ou com que nos alinharemos?
Desde de que nos ajudem a chegar ao nosso objetivo.
Nós temos inimigos iguais: os britânicos e os judeus."
Assim que a guerra começa na Europa,
Al-Husayni está deteriorando as relações com a autoridade síria,
forçando-o a mudar-se de sua base em Damasco.
Desta vez ele foi para o reino do Iraque.
Em Bagdad, ele continuou sua agitação política,
e em 1941 esteve envolvido numa revolta contra os britânicos.
Da sua base no Iraque, ele emitiu um edital (fatwa),
para uma guerra santa contra a Grã-Bretanha.
Mas somente uns dias depois, as tropas britânicas invadiram o Iraque,
e Al-Husayni foi forçado a mudar-se, mais uma vez.
Desta vez ele foi para a Itália fascista,
onde se encontou com o ditador do país: Benito Mussoline.
Na itália, o Grande Mufti preparou uma declaração
confirmando seu apoio às forças do Eixo.
Ele estava declarando oficialmente sua aliança com os Nazistas e seus aliados.
Dentro de dias, seria enviado à embaixada alemã em Roma.
E no dia 6 de Novembro de 1941,
o Grande Mufti entra em Berlim pela primeira vez,
para confirmar diretamente com representantes alemães.
- Quando o Mufti chegou em 1941 em berlim,
ele foi, claro, saudado por muitos representantes nazistas,
especialmente por aqueles...
que já tinha contatado consigo,
e responsáveis por operações no Oriente Médio.
Responsáveis políticos e estratégicos da Alemanha no Médio Oriente.
Mas ele, claro, pediu para ver o Führer.
Ele acreditava que sua posição significaria que
tinha que conhecer pessoalmente o chefe dos nazistas.
Mas Hitler não estava muito entusiasmado com a idéia,
de encontrar uma pessoa como essa.
Embora relutante de encontrar-se pessoalmente com o Grande Mufti,
os conselheiros de Hitler lhe disseram
que poderia ser útil convencê-lo a ajudar a Alemanha
a conquistar a população árabe no Oriente Médio.
Então em 28 de Novembro de 1941,
O Grande Mufti foi condizido a uma sala privada,
na Chancelaria de Hitler,
rodeado de dignatários nazistas.
Ele finalmente encontrou-se com o Führer.
Não foi um encontro longo,
mas Al-Husayni aparentemente conseguiu obter o que queria.
- Hitler estava dizendo: "Me dê algum tempo".
Deixe-nos desenvolver nossa estratégia militar
e a posição militar, dominando essa parte do mundo.
E nós cumpriremos os seus desejos de independência.
Mas até lá tenho considerações políticas,
então tens que aceitar o meu pacto." E foi isso.
Esse foi o único encontro que Hitler concedeu ao Mufti.
O acordo era claro:
para que os nazistas reconhecessem a independência da Palestina,
Hitler tinha planos de lidar com os judeus que se estabelecessem no país.
E então começou a relação de 4 anos do Mufti com os nazistas.
Durante seu tempo na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial,
Al-Husayni parecia gozar um relacionamento de trabalho próximo
com alguns nazistas de alto escalão.
Nas memórias do Grande Mufti, publicados em 1999,
ele discute abertamente a sua relação próxima
com o chefe das SS, Heinrich Himmler,
o homem que foi o arquiteto da exterminação dos judeus.
De acordo com seus relatos, se encontravam regularmente para o chá.
Numa dessas ocasiões, o Grande Mufti tirou uma foto com ele,
que continha um sinal de dedicação de Himmler:
"Para sua eminência, o Grande Mufti."
Uma recordação.
Essa não foi a única troca de presentes entre Husayni e os líderes nazistas.
O Grande Mufti chegou até ao ponto de dar uma tapeçaria persa
especialmente feita para o próprio Führer.
Do seu departamento em Berlim,
ele também planejou uma série de gravações de rádio para o Oriente Médio.
Sua primeira apareceu em Dezembro de 1941.
E ele continuou a gravar durante toda a guerra.
Então o seu envolvimento com os nazistas se tornou mais profundo,
e mais ***.
Em 1942, o número dois de Himmler, Reinhard Heydrich,
convocou uma reunião de oficiais nazistas.
E se encontraram aqui, em Wannsee, perto de Berlim.
Na reunião, a hierarquia nazista
lançou o seu projeto para lidar com os milhões de judeus da Europa.
Eles criaram o projeto que se tornou conhecido como:
'SOLUÇÃO FINAL PARA O PROBLEMA JUDEU',
que significava a sistemática agregação de judeus
e sua exterminação em campos de morte por toda a Europa.
Então o que o Grande Mufti realmente sabia sobre os planos nazistas?
- O Mufti, como ele mesmo reconheceu
caramente em suas memórias,
estava perfeitamente consciente do genocídio.
Ele estava perfeitamente consciente do fato de que os nazistas estavam
conduzindo, perpetrando um genocídio
de judeus europeus.
Ele mesmo conta, em suas memórias,
do seu encontro em Julho de 1943 com Himmler,
durante o qual Himmler lhe disse
que a Alemanha estava no processo
de exterminar os judeus, e que já haviam matado três milhões deles.
A medida que a Segunda Guerra progredia,
e a Alemanha começava a sofrer derrotas,
as tropas se tornaram cada vez mais apertadas.
Uma área de conflito, onde havia a necessidade desesperada de apoio,
eram os Balcãs.
Lá os partisans comunistas cresciam em força.
Os Alemães precisavam de mais recursos urgentemente.
Especialmente soldados.
Uma solução possível era o recrutamento de muçulmanos bósnios.
Mas eles tinham sido proibidos por líderes islãmicos
de colaborar com os nazistas.
Então as autoridades alemãs olharam para o seu muçulmano de confiança,
o Grande Mufti,
para exercer pressão entre os gestores da região.
Na primavera de 1943,
o Mufti conseguiu convencer os muçulmanos bósnios,
a ignorar os cléricos.
Fazendo-o, ele teve um importante papel
em estabelecer uma nova unidade das SS,
a mais temída e fanática secção das forças nazis.
Foi a SS a responsável por uma das mais brutais
e horrendos crimes praticados na escuridão da guerra.
A unidade do Grande Mufti ajudou a formar
a que ficou conhecida como a 13ª Divisão de Montanha Waffen das SS
e era consistida quase inteiramente por muçulmanos.
Mas novamente não existem evidências
que essa unidade esteve envolvida em qualquer atividade anti-judia.
Mas o Grande Mufti foi mais além.
Escreveu cartas para líderes europeus
encorajando para não somente pararem de enviar judeus, para a Palestina,
mas para redirigi-los ativamente para a Polônia.
- Ele sabia que haviam lá campos de concentração.
Isso era reconhecido publicamente.
Então ele advogou que judeus fossem enviados para campos de concentração,
em vez de serem enviados para a Palestina.
Podemos ver aqui a diferença qualitativa
entre um líder nacional palestino que iria dizer para qualquer governo:
"não enviem os vossos judeus para a Palestina".
Isso é uma coisa.
E um líder palestino que diria:
"Não enviem vossos judeus para a Palestina,
mas enviem-nos para a Polónia, aos campos de concentração".
Aqui já se muda
daquilo que pode ser visto como um posicionamento legítimo nacionalista,
para uma declaração criminosa.
E realmente o Mufti, por causa do papel que assumiu naqueles anos,
não existe forma de alguém querer desculpá-lo por isso,
ou encontrar qualquer justificação.
A justificação do Mufti foi provavelmente conseguir ajuda
para seus esforços para atacar os britânicos na Terra Santa.
Pediu aos lideres nazistas para organizarem missões de sabotagem
contra os Aliados, no Oriente Médio.
Seus pedidos tiveram algum sucesso.
Equipes de sabotadores paraquedistas foram lançados
para o Iraque, Jordânia, e Palestina.
E eles visavam instalações Aliadas, como linhas telefônicas,
canalizações, pontes, e estradas-de-ferro.
Mas quando ele pediu para o comandante da aéronautica
para conduzir maiores ataques na costa palestina e em Telaviv,
ele não foi tão bem sucedido.
Hermann Göring, o cabeça das Luftwaffe, rejeitou o plano dizendo
que não tinha homens e máquinas suficientes para deslocar da Europa.
Mas apesar de não ter sido atendido pela hierarquia nazi,
aos quais tinha confiado,
ele continuou a enviar suas forças sem eles saberem.
Em 4 de Março de 1944,
em uma de suas várias transmissões na radio, ele disse:
"Árabes, se levantem como um só homem,
e lutem pelos vossos rituais sagrados.
Matem os judeus onde quer que os encontrarem.
Isso agrada a Deus, a história, e a religião.
Isso salvará a vossa honra. Deus está com vocês!
- Não estamos lidando aqui com, digamos,
um líder comum nacionalista,
lutando pela independencia da sua nação,
ou liberdade da nação,
que esteja disposto a assumir alguns compromissos táticos,
ou alianças para esse propósito.
Não, estamos lidando com alguém que acreditava
na sua verdadeira conversão.
Naquilo que ele representava, e os nazistas, no âmbito do anti-semitismo.
[E a investida prossegue. Hanover está dominada.]
[E civis acenam lenços brancos e se alinham das estradas,]
[para assistir o exército vitorioso penetrando para o Leste.]
A medida que a Segunda Guerra chegava ao fim, na Primavera de 1945,
tornou-se claro para o Grande Mufti que a derrota de Hitler e dos nazistas,
era só uma questão de tempo.
Al-Husayni conseguiu não ser capturado antes,
e estava prestes a fazê-lo novamente.
[Essa é a derrota da Alemanha.]
[Frente a frente do marechal Keitel e o marechal Zhukov]
[está um general alemão vencido.]
[Keitel assina a rendição.]
Somente um dia após a rendição dos alemães aos aliados,
Al-Hussayni comprou um avião da Suíça, que era neutra.
Mas lhe negaram o asilo político.
E foi rapidamente para Paris.
Um anos depois, na Primavera de 1946,
as ações do Grande Mufti durante a guerra
foram examinadas nos Julgamentos de Nuremberg.
- O Mufti não foi colocado
como parte da tribuna de Nuremberg, e tudo mais.
Não haviam evidências suficientes acumuladas contra ele,
apesar dos esforços do movimento sionista.
O fato, claro, é que Hussayni fez tudo o que mencionei,
em termos de contribuição para propaganda.
Ele era um colaborador direto dos nazistas.
Mas não foi ele que esteve diretamente envolvido nos crimes de guerra.
Agora o Grande Mufti mais uma vez venceu em suas tetiradas históricas,
dessa vez para a capital egípcia, o Cairo,
onde finalmente recebeu asílo político, e uma recepção de herói.
Então o se deve dizer do Grande Mufti da Palestina?
Para alguns era somente um dedicado líder religioso.
Alguém que foi guiado para os braços alemães por um insensível governo britânico,
que repetidamente desiludiu a ele e a seu povo.
O vêem como um homem que arriscou tudo aquilo que prometeu ao povo
que iria proteger.
Um homem que caminharia qualquer distância para ver a sua Palestina
permanecer somente na mão dos árabes.
- Algumas pessoas do mundo árabe
tentaram se não justificar,
achar circunstâncias atenuantes,
para a colaboração do Mufti com o nazismo,
através da famosa citação:
"O inimigo do meu inimigo, é meu amigo".
Para outros, o seu relacionamento com os nazistas era maldito.
Se você conhece a natureza da força com a qual estás te aliando,
e essa força está cometendo um crime tão grande contra a humanidade,
então essa citação "inimigo do meu inimigo" não se sustenta como argumento.
A abjeção, e a abominação de ter colaborado com tal regime
é clara.
Mohammad Amin Al-Husayni nunca mais retornou a Jerusalém
depois de sua fuga, em 1937.
O Grande Mufti da Palestina morreu eventualmente no exílio, em Beirute.
em 1974, com 79 anos.
Seu lugar como lider dos árabes palestinos,
foi eventualmente tomado por um familiar,
Mohammed Rahman Abdel Raouf al-Husseini,
mais conhecido como Yasser Arafat.
Em Agosto de 2002, Arafat fez uma entrevista, onde se referiu a Al-Hussayni
como um símbolo da resistência palestino-árabe.
Chamou-lhe simplesmente... de 'um herói'.
Mas não é uma perspectiva partilhada por muitos.