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Oi. Bem, tudo que sei sobre o que significa ser amadurecido
aprendi com adolescentes.
Sou uma psicóloga que trabalha com adolescentes
e fazer esse trabalho me ensinou tanto sobre amadurecer.
E quando digo amadurecer, não quero dizer apenas envelhecer a caminho da idade adulta,
muitas pessoas fazem isso. Quero dizer amadurecer como um verdadeiro adulto.
Agora, todos nós estamos conectados a adolescentes,
sejam eles os nossos ou de outra pessoa.
Então, vou compartilhar o que aprendi sobre as diferenças
entre pessoas que são meramente adultos e pessoas que são realmente amadurecidas,
e vou fazer isso para esclarecer como todos nós nos encaixamos
nesse processo de ajudar pessoas jovens a amadurecer.
Agora, vou contar algumas histórias do meu trabalho com adolescentes,
e não compartilharei os detalhe da vida de qualquer pessoa,
mas compartilharei o que são, de fato, amálgamas de muitos momentos
que passei com adolescentes ao longo dos anos.
Certo, então vamos trabalhar.
A primeira diferença que observei entre pessoas que são adultas,
mas não realmente amadurecidas, e pessoas que realmente amadureceram
tem a ver com a avaliação de risco.
O que quero dizer é: como nos decidimos sobre quais oportunidades pegar?
A forma como vejo isso é que as pessoas que são meramente adultas,
que não amadureceram realmente, avaliam risco em termos de possibilidades
de serem apanhadas envolvidas em comportamento de risco. (Risadas)
Em contraste, pessoas que são realmente amadurecidas
avaliam risco em termos de possibilidades,
em termos de consequências reais dos comportamentos
que estão considerando.
Então, usando isto como um exemplo,
vemos sinais como este o tempo todo.
Então, pessoas que não são amadurecidas
veem um sinal como este e pensam:
"É. Mas quais são as chances de haver um policial ao fazer a curva?"
Pessoas que são amadurecidas veem sinais como este e pensam:
"Bem, claro que você tem que diminuir para fazer uma curva.
Você não pode fazer uma curva com segurança a toda velocidade."
Agora, a questão da avaliação do risco é especialmente crítica quando falamos sobre adolescentes.
Se olhamos para dados como estes com relação à aceitação de risco sobre a expectativa de vida,
você vê este grande pico na adolescência.
O fato é -- adolescentes aceitam mais riscos do que deveriam.
E, como consequência, eles realmente têm taxas de acidentes mais altas que qualquer outro grupo.
Então, eis aqui uma história de meu trabalho
que realmente esclarece toda essa questão sobre avaliação do risco.
É uma tarde de quinta-feira e uma garota de 17 anos vem a meu consultório,
está de ótimo humor e ela diz:
"Puxa! Mal posso esperar para lhe contar sobre meus planos para o fim de semana."
Então o plano para o fim de semana é
que ela vai dormir no barco de um amigo.
E ela vai passar essa noite com um garoto que ela não conhece muito bem.
E -- a jogada, claro?
Ela vai fazer tudo isso sem que sua mãe saiba onde ela está.
(Risadas)
Então, ela está me contando a história e diz:
"Está certo. Já pensei em tudo. Tenho tudo planejado."
E ela prossegue descrevendo o que tinha pensado,
e tudo que tinha pensado é
como não vai ser apanhada pela mãe, certo?
Ela está me contando isso e, claro, isso significa
que ela vai dizer à mãe que vai dormir na casa de uma amiga,
e essa amiga ligará para minha cliente, caso sua mãe ligue para a casa dela.
Estou ouvindo isso, certo, e eu devo imaginar algo útil para dizer.
Mas estou ouvindo e tudo que penso é:
"Vou ligar para sua mãe, certo?" (Risadas)
"Quando você atravessar essa porta, estou no telefone com sua mãe, certo?"
Mas, ok. Eis o problema.
Dedar os adolescentes para seus pais não é meu trabalho, certo?
Na verdade, meu trabalho é proteger a confidencialidade deles e ajudá-los a amadurecer.
Então, eu me recomponho e digo:
"Ok. Veja, você e eu sabemos que ser apanhada pela sua mãe
é a coisa menos perigosa que pode acontecer com você neste fim de semana.
E não sei se ela sabia disso,
mas sempre dou o benefício da dúvida e funciona.
Faz a conversação prosseguir na direção correta.
E começamos a conversar sobre os riscos reais
que ela enfrentaria com esse plano perigoso.
Felizmente, ela acabou decidindo cancelar o plano.
Bem, se você é pai ou mãe e está pensando:
"Ok, bem, como consigo que meu adolescente faça isso?
Como consigo que meu adolescente comece a pensar de forma mais madura?"
Acho que você pode orientá-lo.
Então se seu adolescente diz coisas como:
"Ei, o que você faria se me pegasse enviando mensagem de texto enquanto dirijo?"
Penso que deveríamos resistir ao primeiro impulso de dizer coisas como:
"Colocaria você de castigo até os 45 anos! Tomaria seu telefone."
Penso que poderíamos dizer coisas como:
"Eu ficaria tão feliz por ter apanhado você,
antes que você machuque ou mate a si mesmo ou outra pessoa."
Em outras palavras, quando estruturamos as consequências em termos de ser apanhado,
acho que realmente passamos ao adolescente a mensagem errada.
Quando estruturamos as consequências em termos
dos perigos reais que eles estariam enfrentando,
acho que começamos a ajudá-los a ir em direção ao amadurecimento.
Ok, eis o segundo. Pontos malucos.
Isso é o que chamo de pontos malucos em qualquer avaliação.
Acho que tenho más notícias para todos sobre este aqui.
Todos nós temos pontos malucos.
E o que quero dizer quando falo em pontos malucos é que
todos nós temos aspectos de nossa personalidade que são completamente irracionais.
E que as pessoas ao nosso redor --
as pessoas ao nosso redor não deveriam tornar isso pessoal. Ok?
Agora, o que isso tem a ver com adultos e amadurecidos?
Bem, as pessoas que são realmente amadurecidas aprenderam
e aceitaram que seus pais tem pontos malucos, ok?
Em outras palavras, eles aprenderam e aceitaram
que seus pais têm aspectos de suas personalidades
que não são bem adequados à paternidade.
E isso não precisa ser considerado pessoal.
E isto é duro, porque penso ainda que
todos nós meio que sabemos que pais são apenas pessoas que têm filhos, certo?
E mesmo que saibamos --
todos meio que sabemos que todos os pais vêm com limitações.
Sabemos disso e ainda assim meio que desejamos que isso seja verdade apenas
para os pais de outro alguém, certo? Não para meus pais.
E quando nos deparamos com as limitações de nossos pais,
penso que levamos para o lado pessoal.
Então, um passo enorme no amadurecimento é parar de levar para o lado pessoal
tudo que seus pais fazem.
Então, quando adolescentes vêm para meu consultório e fazemos um trabalho juntos
eles reclamam de seus pais que,
sem surpresas, é algo sobre o que conversamos.
Nunca questiono as reclamações deles,
nunca peço detalhes sobre elas.
Ao contrário, digo coisas como: "Ok, agora sei que isso incomoda você
a respeito de sua mãe, mas o que você acha que é isso para ela?"
Tento fazê-los ver isso sob uma nova perspectiva.
Tento fazê-los passar do tipo de visão do mundo egocêntrica e infantil com que começaram
para uma visão em que eles possam ver seus pais como tendo uma personalidade livre.
Uma personalidade já localizada muito antes que aquela criança nascesse
e uma personalidade que vai permanecer muito depois que aquela criança tenha partido.
Agora, a capacidade para fazer isso, a capacidade de pensar dessa maneira,
não se torna possível antes da adolescência.
Há 70 anos, Jean Piaget, o psicólogo do desenvolvimento,
falou sobre o surgimento do que ele chamou de "operações formais",
que é a capacidade de ter raciocínio abstrato, pensar sobre o pensamento.
O que é surpreendente é que a moderna neurociência, na verdade, tem apoiado
tudo o que ele descreveu nessa área.
Costumávamos pensar que o cérebro parasse de se desenvolver com a idade de 10 ou 11 anos,
mas o que sabemos agora é que há um desenvolvimento incrível
no cérebro durante toda a adolescência.
E você vê isso aparecer especialmente na área que está em vermelho,
que é o lobo frontal, onde
todo o pensamento muito sofisticado acontece.
Então, esse pensamento sofisticado faz com que coisas surpreendentes possam acontecer.
Aqui, lembro de uma garota de 15 anos com quem trabalhei,
que realmente vivia numa contenda com o pai sobre dinheiro.
Ela reclamava para mim que ele fazia coisas como
exigir que ela usasse seu próprio dinheiro para comprar o uniforme da escola,
e dizia para ela: "Não tenho dinheiro para isso."
Então, alguns dias depois ele chegava em casa
com um carro novo.
Ela se magoava com isso, estava confusa com isso.
Isso a incomodava muito.
Ela não entendia: "Por que ele pode ser generoso com ele, mas não comigo?"
Então, mais ou menos uma semana depois do Dia de Ação de Graças, ela chega ao meu consultório
e diz -- ela conta esta história incrível.
Adoro a forma como adolescentes falam.
Ela diz: "Oh, meu Deus! Sabe --
minha avó veio para o Dia de Ação de Graças.
A mãe do meu pai veio para o Dia de Ação de Graças.
E enquanto ela estava em nossa casa, pude entreouvi-la conversando com meu pai.
Ficou claro na conversa
que ela tinha prometido dar a ele um cheque pelo aniversário,
mas que ela tinha mudado de ideia e ia ficar com o dinheiro.
E ouvi meu pai falando com ela,
estava claro que ele realmente queria o dinheiro,
mas ele não queria ter que mendigar esse dinheiro para sua mãe.
E fiquei pensando: Oh, meu Deus! É por isso que meu pai é tão esquisito com dinheiro!
Porque minha avó é tão esquisita com dinheiro.(Risadas)
Certo? Eu os adoro. Eu os adoro.
E aqui está o que é surpreendente.
Quando um adolescente dá esse passo, duas coisas incríveis acontecem.
Primeiro, toda essa energia é liberada.
Toda a energia que essa jovem estava gastando
na luta com seu pai, tentando mudar seu pai,
sentindo-se magoada pelo pai, tentando entendê-lo,
ela pôde canalizá-la em uma direção mais proveitosa.
A outra coisa, e esta é a parte de que mais gosto, na verdade.
Eles se tornam mais afetuosos para com seus pais,
e se tornam mais afetuosos exatamente na mesma questão
com a qual ficavam tão irritados com seus pais.
Então, essa garota ainda se sentia magoada com o pai por causa do dinheiro de vez em quando,
mas ela pode também, ao mesmo tempo, sentir alguma compaixão por ele,
porque ela sabia que para ele essa era uma área em ele realmente se debatia.
Então, quero colocar algumas ressalvas aqui.
Uma é, quando se trata de chegar a um acordo com os pontos malucos dos pais,
acho que para a maioria de nós isso começa na adolescência,
mas continua por muitos e muitos anos depois disso.(Risadas)
Penso que a outra, sabem --
penso que todas as pessoas que conhecem pessoas concordariam que --
se as limitações dos pais são grandes,
se os pais têm muitos e muitos pontos malucos
chegar a um acordo com eles não é tão fácil.
Então, isso é meio que um plugue para a psicologia e a psicoterapia. (Risadas)
Ok, você pode estar ouvindo isso e pensando:
"Hum. Isso é bem interessante, mas como se encaixa em pais?"
Eis como quero que você pense sobre isso.
Se você é um pai e quer tentar estimular esse amadurecimento em seu filho,
você poderia ter seus pontos malucos, certo?
Sei que é uma tarefa bem difícil.
Mas, se você é o pai que acabei de descrever, poderia dizer algo como:
"Ei, tenho boas e más notícias para você:
A má notícia é: não controlo dinheiro muito bem.
Essa não é uma área muito confortável para mim.
A boa notícia é: isso é assunto meu, não seu.
Isso não é algo que você precisa encarar como pessoal.
Você tem que lidar com ele, você que trabalhar ao redor dele,
mas você não precisa encará-lo como pessoal.
Agora, se você está pensando: "Ah! Isso é tão engraçado, sabe?
Eu realmente não tenho nenhum ponto maluco. (Risadas)
Estou pensando nisso, e não tenho. (Risadas)
Ok. bem, tenho boas e más notícias para você, certo?
A má notícia é: você realmente tem pontos malucos.
Todo mundo tem pontos malucos.
A boa notícia é: se você quer saber quais são,
pergunte às pessoas que amam você, certo? (Risadas)
Voce pode perguntar aos filhos, pode perguntar ao seu sócio,
pode perguntar aos amigos, eles dirão a você.
Ok. Finalmente, uma outra diferença entre pessoas que são adultas,
meramente adultas, e pessoas que são realmente amadurecidas
tem a ver com o que chamo de orientação para um objetivo.
Todos conhecemos pessoas que não têm uma orientação para objetivos.
Elas meio que flutuam de uma coisa para outra.
Podem até fazer um plano, mas assim que surge alguma coisa
ou algo atrapalha, elas desistem.
Em contraste, pessoas que são amadurecidas definem e buscam propósitos significativos.
Elas deixam de lado gratificações de curto prazo,
conseguem lidar com obstáculos
para obter uma recompensa maior no final.
Agora, pensamos: "Ok, isso parece ótimo.
Isso é o que queremos para os adolescentes. Como fazê-los chegar lá?"
Esta é uma área da qual os adolescentes se beneficiam tremendamente
com conselhos e orientação de pessoas amadurecidas ao redor deles.
Lembro de um jovem com o qual trabalhei
que estava realmente arrumando problemas para si mesmo.
Estava mexendo com drogas,
começou a faltar às aulas no ensino médio.
Estava arriscando não terminar o ensino médio.
De alguma maneira, no meio disso, ele conseguiu um emprego
como ajudante de garçom em um pequeno restaurante
e o proprietário do restaurante gostou dele,
o dono do restaurante estabeleceu uma ligação com ele.
E quando abriu uma vaga na cozinha, ofereceu-a ao rapaz.
O jovem começou a trabalhar na cozinha
e se apaixonou pela culinária.
E estava claro, do que ouvia da história,
que o dono do restaurante estava cultivando
o romance entre o jovem e a culinária.
E o jovem decidiu que queria ir para a escola de culinária.
Nesse ponto, ele começou a ir às aulas
porque sabia que não poderia ir para a escola de culinária sem o diploma de ensino médio.
No final, ele realmente se tornou um 'chef'.
Mas, mesmo se não tivesse, mesmo que tivesse mudado de ideia,
ele teria mudado de ideia com um diploma na mão,
o que faz toda a diferença.
Agora, você pode ser um pai ouvindo isso e pensando:
"É, parece ótimo.
Adoraria dar conselhos e orientar minha adolescente.
Ela não vai fazer nada do que digo, certo?" E isso é verdade.
Há algo sobre ser um adolescente,
algo durante a puberdade, que parece acontecer
quando os adolescentes têm esse reflexo instalado neles,
se os pais sugerem algo, está completamente fora de questão.
Sabe, e pensamos --
todos já vimos isso acontecer, como
o adolescente que está indo pegar um casaco num dia frio,
e sua mãe diz: "Você deveria se agasalhar!"
Ele dá meia volta e sai da casa sem o casaco de propósito.
Agora, os psicólogos evolucionários dizem que isso é uma boa coisa.
Dizem que é bom para os filhos porque rejeitar o conselho
dos pais provavelmente contribuiu para toda essa inovação
na cultura ao longo dos anos.
Sei que isso é um conforto pequeno para os pais,
mas, ao mesmo tempo, se pensarmos sobre isso como:
"Ok, quem descobriu o fogo, certo?"
Tenho certeza de que foi um adolescente das cavernas que estava à toa. (Risadas)
Então, onde isso nos coloca?
Bem, felizmente os adolescentes não rejeitam conselhos de todo mundo,
na maioria das vezes apenas dos pais.
De fato, todo adolescente que conheço quer ser levado a sério,
quer ser tratado como alguém que vai chegar a algum lugar.
E acho que todos podemos nos lembrar de alguém que fez isso por nós, certo?
Alguém que olhou para nossa juventude ou talvez nossa bobeira
e se comunicou de uma maneira ou outra:
"Vejo que você tem uma contribuição a fazer,
sei que você está destinado a alguma coisa."
Então, isso significa que devemos rodear os adolescentes
com professores devotados, treinadores, chefes,
amigos da família, tias e tios.
Precisamos mais -- menos pessoas que digam:
"Ih. Adolescentes."
E mais pessoas que entendam que é o trabalho de toda a comunidade
ajudar jovens a amadurecer.
Então, deixarei vocês com isto.
Trabalhar com adolescentes pode ser realmente muito estressante.
E acho que é porque ser um adolescente pode ser muito estressante.
Realmente conheço alguns adolescentes que basicamente funcionam como amadurecidos,
mas a maioria dos adolescentes ainda está traçando seu caminho.
Porque há tanta coisa em jogo neste ponto do desenvolvimento.
Realmente obtemos muito mais controle se tivermos mais compreensão
e menos apreensão sobre os adolescentes.
Acho que minha esperança é que afastar-se
do torvelinho do desenvolvimento adolescente
e analisar o exato tipo de amadurecimento que realmente queremos ver nesses anos.
Minha esperaça é que tenha ajudado a orientar todos nós
sobre como nos encaixamos nesse processo de ajudar
jovens a amadurecer e não apenas chegar à idade adulta.
Obrigada.
(Aplausos)