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(CBS) Assange não é o um jornalista ou publisher comum,
e algumas pessoas inclusive afirmam
que ele sequer é jornalista.
Ele é um ideólogo anti-establishment com visões conspiratórias.
Ele acredita que instituições do governo usam a confidencialidade
para esconder a verdade e ele desacredita na mídia mainstream
como contrapeso.
Algumas pessoas o chamaram de anarquista, o que ele nega.
Assange prefere ser chamado de libertário,
e acredita que as únicas pessoas que podem vigiar apropriadamente o sistema
são aquelas de dentro que estão em posição
de perceber o abuso e soar o apito.
Enquanto a maioria dos repórteres se orgulha em juntar informações
e interpretá-la para uma vasta audiência,
o modelo do WikiLeaks é diferente -
ele prefere pegar os dados crus, disponibilizá-los
e deixar que os outros decidam qual é o seu sentido.
Independente de você concordar ou não com essa idéia,
ela é muito próxima à própria idéia da Internet,
e de uma geração jovem, que percorre a própria vida de Assange.
Trazido a você por WikiLeaks Brasil http://wikileaksbrasil.org
fight the powa!
Kroft: Você obviamente tem uma cisma com autoridades.
De onde vem isso?
Assange: Eu acho que vem
da minha experiência com vários tipos de autoridades.
Assange dá um exemplo da sua infância,
uma história sobre ele e sua mãe Christine,
que esteve presente em uma de suas audiências.
Ela era uma ativista política que ajudou cientistas a angariar informações
sobre *** nucleares
realizados pela Inglaterra no interior da Austrália.
Ele se lembra deles terem sido parados uma noite
e questionado pelas autoridades, sendo que uma falou:
Assange: Veja bem, senhora,
você está fora de casa às duas horas da madrugada com o seu filho ...
poderiam suspeitar que a senhora não é uma boa mãe.
Eu sugiro que se afaste da política.
O que ela fez pelos próximos dez anos
de forma a garantir que nada acontecesse comigo.
Portanto este é um caso bastante prematuro de abuso de poder e de sigilo que eu vi em minha vida.
A sua infãncia foi pouco convencional e um pouco tumultuada às vezes
na qual ele foi frequentemente desenraizado e movido pelo país.
Ele frequentou 37 escolas diferentes.
Kroft: Então você sempre foi um pouco excluído?
Assange: Eu fui certamente, quando era uma criança,
indo de uma escola para outra,
você é o excluído quando começa e então precisa conquistar o seu espaço.
Mas na maioria dos lugares onde eu fiquei tempo o suficiente, eu consegui encontrá-lo.
Um dos primeiros lugares onde Assange encontrou o seu espaço
era povoado por adolescentes e computadores.
E ele aprendeu a programar bem antes da maioria das pessoas pensar em adquirir um.
Kroft: Você começou a se envolver bem cedo com computadores? Com hacking?
Assange: Bem,
Eu comecei a me envolver com computadores quando eu tinha uns 13 anos.
E eu era incomumente adepto
e vi uma espécie de oportunidade intelectual
em entender como programar,
em entender como essas máquinas complexas trabalham.
E aquilo era parte de uma cultura de quebrar códigos
para provar que você era capaz.
E isto é algo que na verdade é bastante normal e saudável
entre rapazes.
Você vê isso em skatistas quando competem entre si
para mostar que são capazes de aprender as melhores manobras.
Kroft: E os seus truques eram como
entrar em computadores do Departamento de Defesa
e do Laboratório Nacional de Los Alamos, NASA e NORTEL, alguns bancos canadenses.
Assange: Sim. Tudo isso aconteceu.
Aos 20 anos, Assange foi preso pela Polícia Federal da Austrália
e consequentemente considerado culpado de múltiplas acusações de crimes digitais.
Ele conseguiu se livrar da cadeia por que o juiz concluiu que Assange
não havia roubado informação ou causado qualquer prejuízo.
Kroft: Você ainda possui essas habilidades?
Assange: Na verdade não.
Infelizmente, eu fui meio que, você sabe,
promovido à gerência, então eu não tenho mais feito isso.
Mas eu conheço o terreno o que significa que sei o que é possível.
Quero dizer, Bill Gates poderia programar mas ele com certeza não programa mais.
Mas ele sabe o que é possível às outras pessoas fazerem.
Exceto que Assange não é Bill Gates e o WikiLeaks não é a Microsoft.
A linha mestra da operação que criou toda esse massacre
não possui escritório permanente e é dirigida
de onde Assange acontecer de estar.
O WikiLeaks é uma pequena organização sem fins lucrativos
com um punhado de funcionários anônimos,
um quadro secreto de programadores internacionais,
e uma legião de voluntários espalhados pelo mundo.
(CBS) Suas finanças são administradas pela Fundação Wau Holland
sediada em Berlim que leva o nome de um hacker famoso.
De acordo com os livros-caixa
o WikiLeaks recebeu 1.3 milhões de dólares em doações no ano passado,
e teve dívidas de aproximadamente 500.000 dólares.
Kroft: Para uma pessoa que detesta segredos, você toca uma organização bastante secreta.
Assange: Isto não é verdade.
O que nós queremos é transparência governamental e não pessoas transparentes.
Nós estamos em uma organização em que um dos objetivos principais
é manter algumas coisas em sigilo
para manter a identidade das nossas fontes em segredo
portanto a confidencialidade é uma parte inerente da nossa operação.
Kroft: O Departamento de Estado poderia utilizar os mesmos argumentos.
Eles estão ... fazendo um trabalho bastante sensível, tentando alcançar a paz
e negociar situações ao redor do mundo. Muito delicadamente.
É muito importante que eles façam isso em segredo. Qual é a diferença?
Assange: Nós não dizemos que
o Departamento de Estado não deveria ter segredos.
Não é isto que estamos falando.
Ao invés, nós dizemos que
se existem pessoas no Departamento de Estado
que dizem que existe algum tipo de abuso sendo cometido,
e não existe um mecanismo apropriado
para a prestação de contas interna ou externa,
eles devem ter um canal para divulgar essa informação ao público.
E nós somos esse canal.
Dada toda a atenção que Assange tem recebido,
nós ficamos curiosos sobre como ele achava
que as pessoas dos Estados Unidos viam ele.
Ele disse que não teve muito tempo
para pensar nisso.
Kroft: Você quer que eu lhe dê
o meu resumo sobre o que eu acho que as pessoas pensam?
Assange: É claro.
Kroft: Misterioso. Um pouco estranho. Uma figura meio cultista. Um pouco paranóico.
Assange: Bem, você está reproduzindo todos os ataques ad hominem
feitos pelos nossos críticos.
O meu papel quando eu faço algo como falar sobre algo como termos descoberto
a morte de 109.000 pessoas no Iraque,
15.000 baixas civis que nunca foram relatadas em lugar algum,
esse é um assunto muito sério.
Este não é um papel onde posso me dar o direito de ser engraçado.
Portanto eu não estou acostumado a aparecer diante das câmeras.
E vou aprendendo isso enquanto o tempo passa.
Kroft: Você demonstrou uma boa quantia de desprezo
pela mídia mainstream ao passar dos anos.
Por que você decidiu, como você mesmo falou, estabelecer uma parceria com elas,
em algumas das divulgações mais recentes?
Assange: Nós somos uma organização pequena.
Estamos em uma posição, com o Cablegate,
onde temos 3.000 volumes de material que é importantes que sejam divulgados
ao público de maneira responsável que tem
potencial para grandes mudanças - por exemplo,
essa revolução recente na Tunísia.
É logisticamente impossível,
portanto ao invés disso nossa organização delegou o seu excesso de material
para outros jornalistas, o que irá causar um maior impacto.
Que irão fazer um melhor trabalho.
Kroft: Existem um sentimento por parte da imprensa, a maior parte da mídia mainstream
que não quer vê-lo tendo que responder processo judicial,
por que isso poderia afetar a maneira como eles realizam suas atividades.
Mas existe também um sentimento dentro da comunidade
de que você não é um deles, já que você joga um tipo diferente de jogo.
Assange: Nós realmente jogamos um tipo diferente de jogo. E eu espero que nós representemos uma nova era.
Kroft: Onde eles querem chegar é que você não é - que você ...
é um publisher, mas também é um ativista.
Assange: Espere, uau. Nós somos um tipo específico de ativistas.
Dentro do contexto dos EUA,
aparentemente existem ativistas comunistas ou algo do gênero, portanto
Kroft: Certo. Agitadores.
Assange: Essa palavra é um tabu nos EUA.
Kroft: Realmente é um tabu. E as pessoas pensam que
o que você está tentando fazer
é sabotar o trabalho do governo.
Assange: Não. Nós não somos este tipo de ativistas.
Nós somos pró-liberdade de imprensa. Não é para salvar as baleias.
Se trata de dar às pessoas a informação que elas precisam
para decidir se apóiam ou não a pesca a baleias.
Por quê?
Por que esse é o principal ingrediente necessário
para se construir uma sociedade justa e civilizada.
E sem isso você está apenas navegando no escuro.
(CBS) Existem claros sinais de que Assange
sob a ameaça de um possível processo por parte do Departamento de Justiça -
moderou parte de suas críticas.
Antes do lançamento dos últimos dois lotes de documentos confidenciais,
Assange e seus advogados contactaram tanto o Pentágono
quanto o Departamento de Estado oferecendo uma forma
de minimizar potenciais danos.
Em ambos os casos a sua oferta foi recusada.
Assange reconhece que o seu financiamento foi prejudicado
pelas decisões do Paypal, Mastercard, Visa e Bank of America de
interromperem o processamento de doações.
Mas ele negou relatos de que o WikiLeaks tenha soçobrado em razão de dissensões internas
e deserções em ***.
Assange: Nós estamos falando de Daniel Domscheit-Berg,
que era um representante alemão e tinha um papel limitado na organização.
Nós tivemos que suspendê-lo há cinco meses atrás.
Kroft: Ele o descreve como sendo autoritário, punitivo e cheio de segredos.
Assange: Eu sou o chefe que o suspendeu, isso é verdade.
Kroft: Você não faz questão de explicar melhor?
Assange: Por mim já expliquei o suficiente.
Kroft: Você afirmou possuir esse volume de documentos bastante prejudiciais,
uma espécie de pílula venenosa, que está em vias de ser divulgado
se algo de ruim lhe acontecer.
Assange: Não, isso não é de todo verdade. Esse é um tipo de intriga da mídia.
O que nós possuímos na verdade é um sistema por meio do qual distribuímos cópias criptografadas
de coisas que nós ainda vamos publicar.
Existem backups distribuídos entre muitas, muitas pessoas,
100.000 pessoas e que tudo o que precisamos fazer é lhes fornecer uma chave critpográfica
que lhes permitirá continuar nosso trabalho.
Kroft: A intenção disso não foi fazer algum tipo de chantagem.
Assange: De forma alguma.
Kroft: O que poderia liberar essa chave critpográfica?
Assange: Qualquer coisa que nos privasse de nossa habilidade de publicar.
Não apenas por um segundo, mas nos impedisse de significativamente
sermos capazes de publicar.
Kroft: A sua prisão, por exemplo.
Assange: Se um número de pessoas fosse presa ou assassinada,
nós iríamos pensar que não poderíamos dar prosseguimento e outras pessoas
teriam que continuar o nosso trabalho, assim teríamos que liberar essa chave.
Kroft: Um certo banco, o Bank of America,
sofreu uma queda de 3 a 5% no valor de suas ações por causa de um rumor,
talvez seja apenas isso, talves você saiba mais a esse respeito,
de que você possui o conteúdo de um disco rígido de 5 gigabytes
que pertenceu a um de seus executivos.
Você possui um disco rígido de 5 gigabytes?
Assange: Eu não vou fazer nenhum comentário em relação às publicações futuras.
Kroft: Você certamente também não está negando.
Assange: Você sabe, se eu fizer isso, será feito um processo de eliminação
se nós negarmos algumas coisas e admitirmos outras.
Kroft: Então é possível que não seja o Bank of America
e você apenas vai deixar eles se contorcerem até você estar pronto a ...
Assange: Eu acho isso ótimo.
Nós termos todos esses bancos se remoendo, pensando que podem ser eles.
Kroft: Você parece gostar de fazer rebuliço.
Assange: Quando você vê organizações abusivas
sofrer as consequências do resultado de seus abusos,
e você vê as vítimas serem elevadas, sim, é claro,
se envolver nessa atividade se torna bastante agradável.
Kroft: Você se vê como uma espécie de vigilante do poder
dos Estados Unidos e de outros grandes países do mundo.
E ao fazê-lo, agora quem se tornou poderoso foi você mesmo.
Quem vigia você?
Assange: São os nossos informantes que decidem nos prover
ou não suas informações, dependendo da forma como veem nossas ações.
São os nossos doadores que escolhem nos dar ou não dinheiro.
Essa organização não pode sobreviver mesmo que por poucos meses
sem o apoio contínuo do público.
Acesse 60 minutes overtime.com
Para ouvir como a história do WikiLeaks de Julan Assange
quase não aconteceu.
Trazido a você por WikiLeaks Brasil http://wikileaksbrasil.org
fight the powa!