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O Mercado
Começamos com John Locke.
John Locke introduz o conceito de propriedade
e indica três pré-requisitos para o justo direito à propriedade privada.
Os três pré-requisitos são:
tem de sobrar o suficiente para os outros,
não a devemos deixar estragar
e, acima de tudo, devemos contribuir com o nosso trabalho para a propriedade.
E faz sentido - contribuímos o nosso trabalho para o mundo,
logo, teremos direito ao produto,
e enquanto sobrar o suficiente para os outros,
e desde que não se estrague,
e não deixarmos que nada se desperdice, então está tudo bem.
Locke dedica bastante tempo a isto no seu famoso tratado de governo,
que desde então tem sido o texto de referência
utilizado para a compreensão económica, política e jurídica,
e ainda hoje é o texto clássico que se estuda.
Bem, depois de ele apresentar os pré-requisitos
e de nos deixar a pensar
se somos a favor ou contra a propriedade privada...
depois apresentar uma defesa muito plausível e poderosa
da propriedade privada...
Ele descarta os pré-requisitos!
Sem mais nem menos. Numa só frase.
Ele diz: "Bem, uma vez que a introdução"
"do dinheiro surgiu com o consentimento tácito dos homens" em seguida...
e ele não diz que os pré-requisitos são revogados ou anulados,
mas é isso que acontece.
Então, hoje não temos
bens nem propriedade adquiridos por meio do nosso próprio trabalho,
nada disso, agora o dinheiro compra mão-de-obra.
Já não se tem em consideração
se sobra ou não o suficiente para os outros;
já não se tem em consideração se se estraga ou não
porque ele diz que o dinheiro é como o ouro e a prata, e o ouro não se estraga,
portanto, o dinheiro não pode ser responsável pelo desperdício...
o que é ridículo. Não estamos a falar de dinheiro e de prata,
estamos sim a falar sobre as suas consequências.
São afirmações que não seguem uma linha lógica de raciocínio.
É surpreendente como
através de um malabarismo lógico ele evita a questão,
mas serve perfeitamente os interesses dos donos de capital.
Depois entra Adam Smith
que acrescenta a religião a isto...
Locke começou por dizer: "Deus fez tudo desta maneira, este é o direito de Deus".
Agora Smith vem dizer que "não é só de Deus..."
bem, ele não está realmente a afirmá-lo, mas é isto que está,
filosoficamente, a acontecer. A princípio,
afirma que "não é apenas uma questão de propriedade privada..."
isso agora é tudo "pressuposto" - É dado adquirido.
E que há "investidores que compram mão-de-obra" – dado.
"Não há limite para quanta mão-de-obra de outros homens podem comprar,"
"quanto podem acumular, quanta desigualdade..."
Isso é tudo dado adquirido agora.
E assim, a sua grande ideia é,
que novamente, é apenas introduzida entre parênteses - de passagem...
Portanto, quando as pessoas colocam bens à venda – a oferta
e quando outras pessoas os adquirem – a procura – e assim por diante,
como é que a oferta é igualada à procura ou a procura igualada à oferta?
Como podem entrar em equilíbrio?
E essa é uma das noções centrais da economia,
a forma como é que elas entram em equilíbrio...
Smith afirma que: é a "Mão Invisível do Mercado"
que as coloca em equilíbrio.
Portanto, agora temos um "Deus" realmente iminente.
Não somente deu os direitos à propriedade,
todos os seus recursos e "direitos naturais"
em relação às afirmações de Locke...
agora temos o próprio sistema como "Deus".
Na verdade, diz Smith, quando fala
e temos de ler na íntegra
"Riqueza das Nações" para encontrar esta citação:
"a escassez de subsistência"
"estabelece limites para a reprodução dos pobres,"
"a natureza não sabe lidar com isto de nenhuma outra forma"
"que não seja a eliminação dos seus filhos."
Assim, Smith antecipou a teoria da evolução no pior sentido...
muito antes de Darwin.
E, deste modo, designou-os de "Raça dos Trabalhadores".
Então, podemos constatar: havia inerentemente aqui racismo por construção,
havia uma cegueira inerente para a matança de inúmeras crianças.
Portanto pensou: "é a Mão Invisível a fazer com que a oferta"
"corresponda à procura e a procura corresponda à oferta."
Ora, vês como "Deus" sabe o que faz?
Podemos, assim, ver que muitas das coisas realmente virulentas,
destruidoras de vida e ecologicamente genocidas
que estão a acontecer agora têm, de certa forma,
um "gene do pensamento" também vindo de Smith.