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E o mundo se vai empobrecendo,
gastando um trilião de dólares por ano em preparativos para a guerra.
E empregando nisso talvez,
metade dos cientistas e grandes tecnologistas do planeta,
em empenhos militares.
Como explicaríamos tudo isto,
a um imparcial observador extraterrestre?
Como fazer um balanço da nossa gestão, da administração do planeta Terra?
Sabemos quais as razões adiantadas pelas super potências nucleares.
Sabemos quem fala em nome das nações.
Mas quem fala em nome da espécie humana?
Quem fala em nome da Terra?
Vista de uma perspectiva extraterrestre, a nossa civilização global,
está claramente prestes a falhar,
na sua missão mais importante:
a preservação das vidas e do bem-estar dos seus cidadãos,
e da futura habitabilidade do planeta.
Mas se estamos prontos a encarar a possibilidade de uma guerra nuclear,
não deveríamos igualmente encarar e explorar vigorosamente,
cada possibilidade de evitar uma guerra nuclear?
Não deveríamos considerar, em cada nação,
as maiores mudanças na maneira tradicional que temos de fazer as coisas?
Uma reestruturação fundamental completa,
das instituições económicas, politicas, sociais e religiosas?
Chegámos a um ponto onde não pode haver mais,
interesses e casos particulares.
As armas nucleares ameaçam cada pessoa na Terra.
Mudanças fundamentais numa sociedade são por vezes etiquetadas,
como impraticáveis ou incompatíveis com a natureza humana,
como se a guerra nuclear fosse uma coisa prática,
ou como se houvesse uma só natureza humana.
Mas é claro que as mudanças fundamentais podem ser feitas.
Estamos rodeados delas.
Nos últimos dois séculos, a escravatura abjecta,
a qual esteve em nós durante milhares de anos,
foi quase inteiramente eliminada,
numa movimentada revolução mundial.
As mulheres, sistemáticamente mal tratadas por milénios,
estão gradualmente ganhando o poder politico e económico,
que lhes era tradicionalmente negado.
E algumas guerras foram recentemente paradas ou abreviadas,
devido à reacção que se fez sentir,
pelas pessoas nas nações agressoras.
Os velhos apelos,
ao chauvinismo racial, *** e religioso,
e ao raivoso fervor nacionalista,
começam a não funcionar.
Desenvolveu-se uma nova consciência, na qual a Terra é vista,
como um único organismo,
e que reconhece que um organismo em guerra com ele próprio,
está condenado.
Somos um só planeta.
Deixem-me contar-vos uma história sobre o começo.
Há cerca de 15 mil milhões de anos atrás,
o nosso Universo iniciou-se,
com a mais poderosa explosão de todos os tempos.
O Universo expandiu-se, arrefeceu e escureceu.
A energia condensou-se em matéria, principalmente em átomos de hidrogénio.
E esses átomos acumularam-se em vastas nuvens,
afastando-se com ímpeto uns dos outros,
e que um dia se iriam tornar nas galáxias.
Dentro dessas galáxias as primeiras gerações de estrelas tinham nascido,
acendendo a energia escondida na matéria,
e enchendo o Cosmos de luz.
Os átomos de hidrogénio produziram os sóis e a luz estelar.
Nesses tempos ainda não existiam planetas para receber essa luz,
nem criaturas vivas que admirassem o brilho dos céus.
Nas profundezas das fornalhas estelares,
a alquimia da fusão nuclear criou os elementos pesados:
o carbono e o oxigénio, o silício e o ferro.
Estes elementos, cinzas do hidrogénio queimado,
foram a matéria prima da qual os planetas e a vida viriam mais tarde a surgir.
No início, os elementos pesados estavam presos nos corações das estrelas.
Mas as estrelas maciças depressa esgotaram as suas reservas de combustível,
e na sua agonia mortal,
devolveram grande parte da sua substância de volta ao espaço.
O gás interestelar tornou-se mais rico em elementos pesados.
Na galáxia Via Láctea,
a matéria do cosmos era reciclada em novas gerações de estrelas,
agora ricas em átomos pesados.
O legado dos seus antepassados estelares.
E no frio do espaço interestelar,
grandes nuvens turbulentas eram reunidas pela gravidade,
e agitadas pela luz estelar.
Nas suas profundezas,
os átomos pesados condensaram-se em grãos de poeira de rocha e gelo,
e em complexas moléculas baseadas no carbono.
De acordo com as leis da física e da química,
os átomos de hidrogénio produziram a matéria da vida.
Em outras nuvens, agregados mais maciços de gás e poeira,
formaram gerações de estrelas posteriores.
À medida que as novas estrelas se formavam,
diminutas condensações de matéria aumentavam nas suas proximidades,
partículas apagadas de rocha e metal, de gelo e gás,
que iriam tornar-se nos planetas.
E nesses mundos, assim como nas nuvens interestelares,
as moléculas orgânicas formaram-se,
feitas de átomos que tinham sido cozinhados dentro das estrelas.
Nas lagoas e nos oceanos de muitos mundos,
as moléculas eram destruídas pela luz solar e reunidas pela química.
Um dia, por entre estas experiências naturais,
uma molécula surgiu, e inteiramente por acaso,
era capaz de fabricar cópias imperfeitas de dela própria.
Com o decorrer do tempo, a auto-duplicação tornou-se mais perfeita.
Essas moléculas que se copiavam melhor,
produziam mais cópias.
A selecção natural estava a caminho.
Desenvolveram-se elaboradas máquinas moleculares.
Lentamente, imperceptívelmente, a vida tinha começado.
Grupos de moléculas orgânicas evoluiram em organismos unicelulares.
Estes produziram colónias multicelulares.
As suas várias partes tornaram-se em órgãos especializados.
Algumas colónias fixaram-se por elas próprias ao solo oceânico,
enquanto outras nadavam livremente.
Desenvolveram-se os olhos, e agora o Cosmos podia ver.
Seres vivos deslocaram-se para colonizar a terra.
Os répteis dominaram durante um tempo,
mas deram o lugar a pequenas criaturas de sangue quente com grandes cérebros,
que desenvolveram destreza e curiosidade por o que os rodeava.
Aprenderam a utilizar instrumentos, o fogo e a linguagem.
As cinzas da alquimia estelar,
tinham-se materializado nas suas consciências.