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Gosto muito de ti, Billy.
E eu de si, mamã.
Boa noite.
Dorme bem.
Sonhos cor-de-rosa.
Até amanhã.
Adoro-te.
Vão promover-me a director artístico
assistente. O meu amigo Kenny diz:
" Com o primeiro ordenado,
compra um casaco Burberry.
Se vais trabalhar na Madison Av.,
tens de vestir como eles."
Então, num sàbado à tarde saio
e estava muito frio
e vou a uma loja da Burberrys.
Entro e digo que quero
um casaco curto, tamanho 37.
Vestem-mo e fica-me a matar.
Olho-me num espelho triplo,
e digo: "Tudo bem, vou comprar",
e, nesse momento, começo a suar.
Saco do livro de cheques e começo
a assinar um, mas a minha mão treme
porque tenho tanto medo
do que estou a fazer.
-Boa noite, rapazes.
-Para onde vais?
-Tenho de ir para casa.
-Céus, tenho de ir!
Mas deixa-me acabar.
Portanto, assino-o
e a minha mão começa a tremer...
Quem era? O Danny, não é?
Tàxi!
-Anda, quero contar-te uma coisa.
-Não posso. Tenho de ir para casa.
Ouve, quero falar contigo
sobre algo importante.
Vais ficar encarregue
do cliente Mid-Atlantic, Ted.
Até ao final do ano, eles chegarão
aos 1 0 milhões, certo?
Se esta campanha funcionar
como eu sei que funcionarà,
vão oferecer-me sociedade.
Nunca me disseste isso.
Isso é formidàvel!
Quando isso acontecer,
quero que saibas que trago-te comigo.
Isso é formidàvel!
Joanna...
Cheguei!
Esqueci-me das chaves. Tenho de ligar
para o escritòrio antes que ele feche.
Vais ficar muito orgulhosa de mim.
Tenho boas notícias.
-Ted...
-Um segundo. Deixa-me sò fazer isto.
Sabes o Jack Edwards da contabilidade?
Suicidou-se.
Olà. Fala Ted Kramer.
Quero as fotos do retocador
amanhã de manhã, està bem?
-Vou deixar-te.
-Por favor, querida. Não ouço.
Està bem. Para ti também.
Muito obrigado. Até amanhã.
Jà comeram?
Ted, vou deixar-te.
Aqui estão as minhas chaves.
Aqui està o meu cartão de crédito,
o cartão do Bloomingdale's,
o meu livro de cheques. Tirei 2 mil
dòlares da nossa conta-poupança,
porque era isso que eu tinha no banco
quando casàmos.
-Isto é alguma brincadeira?
-Os talões da limpeza e da lavandaria.
Podes ir buscà-los no sàbado.
-Tens de ir buscà-los.
-Diz-me o que se passa, Jo.
Paguei a renda, a electricidade
e o telefone, por isso...
Não hà dùvida de que escolheste
a altura ideal para...
Desculpa ter chegado atrasado,
mas estava ocupado a ganhar a vida.
Và là! Jà podemos parar com isto?
E està tudo.
Chega, està bem?
Que estàs a fazer?
Aonde vais? Diz-me sò o que eu fiz
de tão terrível.
-Não és tu...
-Então o que é?
Sou eu, a culpa é minha.
Casaste com a pessoa errada, é sò.
-Não fui feita para isto.
-Està bem. Vamos entrar, por favor.
Não consigo. Tentei.
Lamento.
Joanna, por favor...
Desculpa.
-Por favor, não me faças entrar.
-Sò quero conversar.
Se o fizeres, juro-te que um dia...
-...salto pela janela.
-Ora, por favor!
Và là! E o Billy?
Não o levo comigo.
Não presto para ele.
Sou péssima com ele.
Não tenho paciência.
Ele fica melhor sem mim.
Por favor, Joanna.
E jà não te amo.
-Para onde vais?
-Não sei.
Olà, Margaret. Fala o Ted.
A minha mulher està aí?
A Joanna foi aí?
Tivemos uma discussão hà umas horas e
pensei que ela talvez tivesse ido aí.
Se ela for aí, diz-lhe para vir cà
ou então para me telefonar.
Não me preocuparia com isso. Ela
não levou a mala. Não vai para longe.
Tenho muito trabalho. Se ela aparecer,
diz-lhe para me telefonar.
Jà não era sem tempo...
Joanna, foi a coisa mais insensível
que... Olà, Margaret.
-Ela fez a mala?
-Não é nada de grave.
Ela disse-te para onde ia?
-Diz-me tu.
-Como hei-de saber? Não estava cà.
Tu e a minha mulher têm tido inùmeras
conversas sobre os meus defeitos,
que nunca chegaram
ao meu conhecimento.
Adorava ficar aqui a falar contigo,
mas tenho uma apresentação importante
de manhã
e tenho de acabar o trabalho,
por isso, por favor, deixa-me fazê-lo.
Ted, pareces não perceber
que estamos face a um grave problema.
Vai, Margaret! O problema é meu.
Tudo o que tens de fazer
é sair porta fora, descer as escadas
e voltar para a cama.
-O facto é que a Joanna...
-Nos ùltimos seis meses,
tenho feito das tripas coração para
conseguir um dos maiores clientes
e hoje, às 1 7h,
conseguimos esse cliente.
Ás 20h, o vice-presidente disse-me
que serei o pròximo director criativo.
Entrei por esta porta
para partilhar com a minha mulher
o que vai ser um dos melhores cinco
dias da minha vida, e ela olha para mim
e diz-me que jà não quer
viver comigo!
Não compreendes
o que ela me fez?
Sim... Estragou um dos cinco
melhores dias da tua vida.
Ès formidàvel. Bolas, és...
Muito obrigado, a sério.
A irmandade.
Agradeço-te por vires até aqui
animar-me, mas...
Não vim cà animar-te.
Vim porque estou preocupada
com a Joanna.
Talvez possas preocupar-te
na privacidade da tua pròpria casa.
A Joanna e eu nunca tivemos problemas
até tu e o Charlie se separarem.
Ès incrível!
Faz-me um favor.
Diz-me sò a verdade, està bem?
Foste tu que levaste
a minha mulher a fazer isto?
Não, não levei a Joanna
a fazer isto.
-Não lhe vieste com conversa de vigor?
-Não.
A Joanna e eu conversamos imenso
e ela é uma mulher muito infeliz.
Foi preciso muita coragem
para ela abandonar tudo isto.
Quanta coragem é preciso para
abandonarmos o nosso pròprio filho?
Onde està a mamã?
-O quê?
-Onde està a mamã?
Que horas são?
O ponteiro pequeno està no sete e o
grande està no nove. Onde està a mamã?
Meu Deus! Està bem, vou dizer-te.
Queres saber onde està a mamã?
-Ela ficou de me levar à escola.
-Ela disse-me para levar-te eu.
Tudo bem. Vou dizer-te exactamente
aonde ela foi.
Sabes como às vezes tu e os teus
amigos não se dão bem e têm uma briga?
E queres ir embora
e estar sozinho algum tempo?
Bom, às vezes a mamã e o papà
também não se dão bem
e um deles quer ir embora
e estar sozinho algum tempo.
-Quando volta a mamã?
-Brevemente. Muito brevemente.
Agora vamos tomar
o pequeno-almoço, sò tu e eu.
-Que queres comer?
-Uma rabanada.
Se é uma rabanada que queres,
é isso que teràs.
Põe um pouco de àgua ao lume
para o papà beber um café.
Quantos ovos temos nòs?
Dois para ti e dois para mim.
Temos leite,
temos manteiga
e temos cinco dòlares.
Eu tenho cinco dòlares.
Senta-te aqui.
Muito bem...
Ès o meu ajudante nùmero um.
Olha sò... Com uma mão.
Cà vai.
Sabias que todos os melhores
cozinheiros são homens?
Isto não é formidàvel?
Temos de fazer isto mais vezes.
-Deixou cair casca là dentro.
-Não faz mal.
Fica mais estaladiço assim. Gostas da
tua rabanada estaladiça, não gostas?
Bate-os,
enquanto eu preparo o resto.
-A que horas tens de estar na escola?
-Ás 8h30.
Vamos là fazer isto. Tenho de tomar um
***, fazer a barba e lavar a cabeça.
Tenho reuniões.
Tenho de pôr o pão na mesa...
...e também preparà-lo.
Estamos a divertir-nos!
Onde é que a mamã guarda a...
-No forno.
-...frigideira. No fogão.
A primeira coisa que precisamos
é de um belo lume.
Não, não, não estàs a fazer bem.
Dà cà.
Tens de ser mais ràpido.
Vês? O pulso.
Para dissolver bem a gema.
Depois, pegamos no pão e...
...e...
...dobramo-lo, é isso que fazemos.
Dobramos a rabanada...
-Acho que se esqueceu do leite.
-Não esqueci. È a ùltima coisa.
Quando estamos a divertir-nos,
esquecemo-nos do mais importante.
Sò queria ver se estavas
com atenção.
È divertido! Quando foi a ùltima vez
que a mamã te deixou entrar na cozinha?
Não gosto da rabanada
aos bocados.
A rabanada sabe igual quer em bocados
quer inteira. Pão é pão, percebes?
Aliàs, o que não sabias é que
a rabanada é sempre dobrada.
Se fores aos melhores restaurantes
do mundo, veràs rabanadas dobradas.
Come-se melhor, não é?
Enquanto està a fazer,
o papà vai fazer um café para ele.
Estàs a divertir-te? Estàs?
Não me lembro da ùltima vez
em que me diverti tanto.
O papà vai fazer um café
para ele.
-Isso é café a mais.
-Não, não, gosto dele forte.
A mamã fà-lo sempre
demasiado fraco.
Posso beber sumo de laranja?
Sumo de laranja? Certo...
Um sumo de laranja vai jà.
Papà, està a queimar!
-O quê?
-Està a queimar!
Raios! Raios a partam!
Merda!
Tem calma. Està tudo bem.
Estamos òptimos.
Apenas...
Basta ter calma. Ter calma.
Não se passa nada.
-Que foi?
-A sua mão està toda suada.
-Quando volta a mamã?
-Brevemente. Jà te tinha dito.
-Ela vai buscar-me à escola?
-Talvez. Se não for, vou eu.
-E se se esquecer?
-Não me esquecerei.
-E se for atropelado e morrer?
-Então a mamã irà buscar-te.
-Pode ajudar-me? Em que classe estàs?
-Na primeira.
Este é o Billy Kramer.
Està na primeira classe.
Tome conta dele. Tenho de arranjar
um tàxi. Estou atrasado. Tàxi!
Tàxi!
-Parabéns pela Mid-Atlantic.
-Obrigado, Norm.
-Parabéns, Mr. Kramer.
-Aquelas coisas voltaram do retocador?
-Que excelente notícia, Ted.
-Muito obrigado.
Bom dia. Ás 1 1 h tem uma reunião
com a Airwick...
-Onde està o material do retocador?
-Aqui mesmo.
-A minha mulher telefonou?
-Não.
Cancele a reunião com a Airwick
às 1 1 h30, està bem?
Ela nunca foi tão longe,
mas, no passado,
sempre soube
quando ela estava chateada
porque fica muito calada e...
O que costuma acontecer é eu
perguntar: "Querida, que se passa?"
e ela fica a pensar.
Mas nas ùltimas duas ou três semanas,
talvez nos ùltimos dois meses,
desde que este cliente nos pôs doidos,
tenho estado distante.
Não reparei nos sinais,
portanto ela ficou...
Acho que isto foi uma forma de me
fazer parar, olhar, observar e dizer:
"Sou tão importante
quanto o teu trabalho."
Hà outro homem?
Acho que não.
Ela não é desse estilo.
Ela tem uma amiga no andar de baixo,
a Margaret,
e acho que talvez cozinharam isto,
percebes?
Resultou!
Estou a ficar louco!
Não te preocupes.
Ela voltarà.
Não sabia que podia acontecer-me.
Não te deixes ir abaixo, miùdo.
Não, eu sei que ela voltarà.
Estou estupendo, a sério.
-Mas tens um problema.
-Sim? Qual?
Que vais fazer acerca do Billy?
Isto sò aconteceu ontem à noite.
Sei que quando a Joanna voltar...
Não é da minha conta.
Jà não me meto mais.
Não, não.
Quero saber o que pensas.
Agradeço-te por teres dispensado
tempo para falar comigo.
Està bem, mas pode parecer
um pouco duro.
Acho que deves mandar o Billy para
casa de familiares por uns tempos.
Até a Joanna voltar?
E se a Joanna não voltar?
Caramba, não sei...
Ouve-me, Ted.
Disse aos chefes que ias tratar
do cliente Mid-Atlantic.
Uma oportunidade destas sò aparece
a cada cinco ou seis anos.
Hà gente nesta agência a roer-se
de inveja porque dei a conta a ti.
Isto é importante.
Não faças asneira.
Tenho de poder depender de ti,
de contar contigo a 1 1 0%,
sete dias por semana, 24 horas
por dia. Tenho de ter isso, Ted.
Não quero pensar que estàs
preocupado com um miùdo ranhoso.
Antes de mais, podes contar comigo
25 horas por dia, 8 dias por semana,
porque não sou um perdedor
e tu sabes disso, Jim.
Nunca deixei que a minha vida
familiar afectasse o meu trabalho.
Pediste-me para desabafar contigo
e fi-lo aqui nesta sala.
Quando sair, estou a par de tudo
e quero que saibas isso.
Sou um sobrevivente.
Deste-me uma oportunidade
e não vou deixar nada prejudicar isso.
Està bem?
Vamos tomar um copo mais tarde.
Estou bem, a sério.
Tenho de dar graxa ao Airwick.
Tenho uma reunião às 1 1 h.
Estou bem!
Não te preocupes.
Obrigado.
Adoro-te, seu filho da mãe.
Papà?
Papà?
Espera um segundo, querido.
Deixa-me sò acabar esta ideia.
Deixa-me acabar esta prova
e jà te falo.
Que horas são quando um elefante
se senta na nossa vedação?
Horas de comprar uma nova vedação.
Não faças isso, querido.
Deixa-me sò acabar esta frase.
Papà!
Raios!
Levanta-te, vai para ali, senta-te
naquele sofà e não te mexas!
Raios, Billy!
Eu sabia que isto ia acontecer.
Quem te mandou beber isto aqui?
Devias bebê-lo na mesa de jantar.
-Lamento.
-Pois, lamentas.
Disse-te para não tirares esse sumo
da sala de jantar!
Desculpe.
Quem te levou ao parque
e deu-te tudo o que querias?
-Quem te comprou um gelado?
-O papà.
E quem prometeu ao papà que, em casa,
iria deixà-lo trabalhar?
-Està arruinado. Não dà para remediar.
-Desculpe.
Jà passa da hora de ires para a cama.
Por que não vais dormir?
Lava os dentes
e puxa o autoclismo.
-Temos toalhetes de papel. Que mais?
-Precisamos de detergente.
Està bem. Vamos.
Não. A mamã compra sempre
o que tem círculos cor de laranja.
-São iguais.
-A mãe disse que era o melhor.
-Vamos!
-Compre o cor-de-rosa.
Està bem, anda.
Pronto, jà està. Olà.
Precisamos de flocos.
De que cor?
Billy!
Bem te disse que a mamã escreveria
antes da semana acabar.
-Quando volta ela?
-È o que vamos saber agora.
Vamos ler.
" Meu querido Billy..."
Ès tu.
"A mamã foi-se embora.
Ás vezes, no mundo,
os papàs vão embora
e as mamãs criam
os seus meninos,
mas, por vezes, também as mães
podem ir-se embora.
Tens o teu pai para te criar.
Fui-me embora
porque tenho de encontrar
algo interessante para fazer
por mim pròpria, no mundo.
Toda a gente tem de o fazer
e eu também.
Ser tua mamã era uma coisa,
mas também existem outras coisas
e é isto que eu tenho de fazer.
Não tive oportunidade
para te dizer isto
e é por isso que estou
a escrever-te agora.
Serei sempre a tua mamã
e sempre te adorarei.
Sò não serei tua mamã aí em casa,
mas serei tua mamã no coração.
Agora tenho de ir
e ser a pessoa que tenho de ser."
Lemos isto noutra altura, està bem?
Tanto faz.
TED E JOANNA KRAMER
CASADOS 4 DE ABRIL, 1 969.
-Boa noite, Jim.
-Olà, Ted. Entra!
-Toma um copo.
-Não posso. Jà estou atrasado.
Porquê tanta pressa? È uma festa
em honra do Norman. Cinco anos aqui.
Acreditas?
Quem me dera poder ficar, mas estou
atrasado. Tenho de ir buscar o Billy.
Conheces o Jerry Hoover do
Dpt. de Media?
Vou contar-te uma coisa
muito engraçada que lhe aconteceu.
Tenho de ir. Até segunda.
Tàxi!
Tàxi!
-Fique com o troco.
-Obrigado.
Olà, Mrs. Kline.
Desculpe o atraso.
Não faz mal, mas receio que o Billy
esteja um pouco aborrecido.
Como vai isso, campeão?
Tive algumas dificuldades
em sair do escritòrio.
Desculpa. Vamos.
Obrigada por teres vindo, Billy.
Espera um minuto...
-O teu saco das guloseimas.
-Muito obrigado.
-Adeus.
-Muito obrigado.
-Então, divertiste-te muito?
-Està atrasado.
-Não estou muito atrasado. Sò 20 mins.
-Quer apostar?
Todas as outras mães
chegaram antes de si.
Por que estàs a fazer uma tempestade
num copo de àgua? Havia trânsito.
Se queres ser um menino crescido,
tens de aprender que,
quando alguém pede desculpa,
não deves ficar ressentido
e fazê-los sentir mal...
...durante muito tempo depois.
Toma.
Não comas com os dedos.
Và là, Billy!
Sabes como é. Toma.
Usa o garfo.
Và, senta-te direito.
Como correu a escola hoje?
Como sempre.
Os Knicks finalmente ganharam
um jogo. Quem diria!
Não me interessa.
Como assim?
-Gosto de Boston.
-De Boston? Porquê?
Porque a mamã é de Boston.
Senta-te direito e tenta
comer mais um pouco. Và là.
Posso levantar-me da mesa?
Quero ir para a cama.
Comeste bolo de aniversàrio a mais?
Acho que sim.
Desculpe. Com licença.
Louise, và là,
dê-me uma mão com isto.
-Està 1 5 minutos atrasado.
-Eu sei.
-Mr. O'Connor està muito aborrecido.
-Isto é tudo?
-È. Quer o seu correio agora?
-Não tenho tempo. Sò os recados.
Céus! Lembre-me de comprar
uma boneca à hora de almoço.
Està bem.
Desculpem o atraso.
E hà uma reunião de pais na escola,
na terça-feira às 1 6h.
Muito obrigado!
Põe o frango no frigorífico.
Sabes com quem o Charlie anda?
Com quem?
Com uma divorciada com duas filhas
da mesma idade da Kim e do Petey.
-Estàs a brincar?!
-Não.
Como sabes?
Sabendo.
Hà quanto tempo é que tu e o Charlie
se separaram?
Hà um ano e meio.
Hà tanto tempo assim?
Alguma vez te disse
como a Joanna e eu ficàmos com pena
quando vocês se separaram?
Olha sò para aquele rapazinho
engraçado ali.
Achas que voltaràs a casar?
-Refiro-me com qualquer pessoa.
-Não.
Porquê?
Não sei. Talvez seja diferente
se não tivermos filhos, mas...
...mesmo que o Charlie e eu
não estejamos a viver juntos, e...
...se estejamos a dormir com outros,
mesmo que ele voltasse a casar...
...não sei. Ele ainda é meu marido...
...e pai dos meus filhos.
Aquela història do "até que a morte
nos separe" é mesmo verdade.
Digamos que a crise da meia-idade
do Charlie acaba,
que ele se farta das suas aventuras
e bate à tua porta, pedindo perdão.
Que farias?
Acho que,
se ele me amasse mesmo,
não teria permitido o divòrcio.
Ainda pensas nele, não é?
A toda a hora.
-Pensas na Joanna?
-Nunca.
Mentiroso.
Que dupla, caramba!
Não acredito!
-Perdeste a assinatura.
-Lamento.
Tenho de te dizer uma coisa.
Estou a ficar muito nervoso.
Desde que a tua mulher te deixou,
faz oito meses, não é?
Tu não estàs a melhorar.
Estàs é a piorar imenso!
Como assim?
Os teus problemas não podem interferir
com as minhas responsabilidades.
Tenho uma agência a dirigir.
Lamento o sucedido e prometo-te
que não voltarà a acontecer.
Està bem?
Sim?
Um minuto.
-È para ti. Atende na 461 .
-Quem é?
Atende na 461 .
Estou?
Olà, Billy. Que se passa?
Não. A regra é uma hora de televisão
por dia.
Não.
Não me interessa o que fazem
as outras mães. Fizemos um acordo.
Não posso falar contigo agora.
Estou ocupado.
Falamos sobre isso esta noite,
quando eu chegar a casa, està bem?
Gelado com pedaços de chocolate,
eu lembro-me.
Estou a ficar muito nervoso.
Và, pousa isso e come,
està bem?
Que porcaria é esta?
-È bife de Salisbury.
-Odeio.
Não odeias nada. Comeste a semana
passada e adoraste.
Não adorei nada. Odeio esta coisa
castanha. È nojento.
-Isso é cebola e molho.
-Sou alérgico a cebola.
Não és nada alérgico a cebola.
Comeste isso a semana passada.
Disse que era a minha comida preferida
em miùdo e tu disseste: " Minha também."
-Não disse nada.
-Disseste sim.
Pronto, é um hamburguer normal.
Come sò um bocadinho.
È delicioso!
Que se passa agora?
Acho que vou vomitar.
-Não vais nada. Vais comer...
-È nojento.
Não é nada nojento, Billy.
Come!
Lembrou-se de trazer o gelado
com pedaços de chocolate?
Sim, lembrei-me de trazer o gelado
com pedaços de chocolate,
mas não vais comê-lo até comeres
o teu jantar, a tua carne...
Aonde vais? Volta aqui jà!
Ouviste-me?!
È melhor não fazeres isso.
È melhor parares aí mesmo!
Estou a avisar-te.
Ouviste-me?!
Ouve-me...
Não te armes em esperto.
Volta a pôr là isso,
até acabares de jantar.
Estou a avisar-te. Se comeres
um bocado disso, estàs em sarilhos.
Não te atrevas!
Não te atrevas a fazer isso!
Pàra! Fica quieto!
Se puseres esse gelado na boca,
vais estar em maus lençòis.
Não te atrevas a ir mais longe
que isso. Larga jà isso.
Não volto a dizer.
Não volto a dizer. Não...
Està a magoar-me!
Não me dês pontapés!
-Odeio-o!
-Também não és flor que se cheire!
Ès um fedelho mimado!
-Odeio-o!
-E eu a ti, seu merdinhas.
-Quero a minha mamã!
-Eu sou tudo o que tens!
Quero a minha mamã!
Quero a minha mamã!
Quero a minha mamã!
Mamã...
Papà...
Papà?
-Sim?
-Desculpe.
Desculpa também.
Agora quero que durmas
porque é muito tarde.
Papà...
Que foi agora?
Vai-se embora?
Não.
Fico aqui contigo. Não vais livrar-te
de mim com tanta facilidade.
Foi por isso que a mamã se foi embora?
Porque eu me portei mal?
È isso que pensas?
Não.
Não foi por isso, Billy.
A tua mãe gosta muito de ti
e a razão de ela ter ido embora
nada tem a ver contigo.
Não sei se isto vai fazer sentido,
mas tentarei explicar-te, està bem?
Acho que a mamã partiu
porque hà muito tempo
que eu tentava fazê-la ser
um determinado tipo de pessoa.
Um certo tipo de esposa
que eu achava que ela devia ser,
mas ela não era assim. Ela era...
Não era assim.
Acho que ela tentou durante
tanto tempo fazer-me feliz...
...e, quando não conseguiu,
ela tentou falar-me disso,
mas eu não estava a ouvir.
Estava ocupado,
demasiado envolvido
em mim pròprio,
e pensava que bastava eu estar feliz
para ela também estar.
Mas acho que, no fundo,
ela estava muito triste.
A mamã ficou aqui mais tempo do que
queria, porque gosta tanto de ti.
E a razão pela qual a mãe
não pôde ficar mais
foi porque não me suportava, Billy.
Ela não se foi embora por tua causa,
mas sim por causa de mim.
Agora dorme,
porque é muito tarde.
Boa noite.
-Dorme bem.
-Sonhos cor-de-rosa.
Até amanhã.
-Papà...
-Sim?
Adoro-o.
Eu também te adoro.
FELIZ DIA DAS BRUXAS
-Senhoras e senhores...
-Senhoras e senhores...
Bem-vindos ao nosso teatro
do Dia das Bruxas.
Bem-vindos ao nosso teatro
do Dia das Bruxas.
-Com duendes medonhos...
-Com duendes medonhos...
...e fantasmas fantasmagòricos
e bruxas màs
e sustos de meter medo.
Ambos sabemos que é uma violação
das leis da privacidade.
O nome ou coisas do género
não fazem qualquer diferença.
Não me interessa. Diz-lhes que,
se o querem, terão de pagar por ele.
Està bem. Adeus.
Olà, Kramer.
Verificas o relatòrio da Mid-Atlantic?
Acho que està bem.
Sim.
Sim o quê?
Sim, janto contigo.
Obrigado.
De nada.
Merda!
-Kramer, tenho de ir.
-Que se passa?
Tenho de ir.
-Queres que te chame um tàxi?
-Não, tenho uma reunião às 8h.
-Aonde vais?
-Á casa de banho.
Isso é um armàrio.
A casa de banho é ali.
Tens razão.
Esses cretinos estão a violar
os regulamentos NPC e eu tenho de...
Olà.
-Como se chama?
-Sou a Phyllis Barnard.
Quem?
Sou amiga... colega de trabalho
do teu pai.
Céus!
-Gosta de galinha frita?
-De galinha frita? Gosto muito.
Eu também.
Foi muito...
Foi um prazer conhecer-te e...
-Adeus.
-Adeus.
Kramer, acabei de conhecer
o teu filho.
Não vais conseguir andar,
se não te concentrares.
Và là! lsso mesmo!
Encontra o equilíbrio.
Como te sentes?
Bem.
Continua! Continua!
lsso é formidàvel!
Não pares! Billy, mantém os pés
em movimento!
Isso é estupendo!
Como te sentes?
-Bem!
-Estàs com òptimo aspecto!
Não vàs para muito longe!
E o cão aleijou mesmo o Tom.
E o Tom ficou tão furioso que saltou
para dentro da salada de batata
e virou a mesa.
Sim?
-E depois...
-Deixa-me apertar o sapato.
E depois o que aconteceu?
O cãozinho deixou de o perseguir,
mas o cão grande não, e virou a mesa.
-E caiu tudo ao chão?
-Sim.
E depois o que se passou?
Não quero chegar tarde à escola.
Até logo.
Espera um minuto. Toma là os teus
deveres. Dà-me um beijo.
-Olà, Tommy.
-Olà.
Tàxi!
Olà.
Atendeu a tua babysitter
e não me disse onde estavas.
Và, diz-me onde estavas.
Bom...
O meu professor de Francês
finalmente convidou-me para sair.
-Quando?
-No outro dia.
Tiveste um encontro. Eu sabia!
Sabia que me estavas
a esconder-me algo!
Eu disse-te que o achava
um tipo bastante simpàtico.
Então fomos jantar
e eu descubro que ele é casado.
Ele interessa-se muito
por psicanàlise,
e começa a contar-me
a història da vida dele.
Enquanto estou là sentada,
a ùnica coisa em que consigo pensar
é que estou a pagar $3,25 por hora
a uma babysitter...
...para ouvir os problemas dele.
Papà, olhe!
-Billy, larga isso!
-Eu vou buscar.
Ouviste-me?
Esperem!
Dòi, papà.
Despache-se, papà.
-Não consigo ver, papà.
-Rachaste a cabeça.
Cuidado!
Não consigo ver. Despache-se!
-Estamos quase là.
-È o meu olho.
Deixa-me ver.
Onde são as Urgências?
Por que não me conta
como aconteceu isto?
-Ele caiu da grade.
-Caiu da grade.
Tinha um avião na mão.
Estou quase a acabar.
-Não o magoe.
-Não o magoarei. Por favor...
Mr. Kramer, posso falar consigo
là fora um segundo?
Sim. Ela pode entrar?
Margaret, importas-te de entrar,
por favor?
-Fique, papà!
-Volto jà.
-Fique, papà.
-Estou logo aqui fora.
Està tudo bem, querido.
Vou sò falar com o doutor.
O papà volta jà. Não demora.
Estou mesmo aqui.
Ele vai perder o olho?
Não, mas terà de levar pontos.
Como assim? Quantos?
-Cerca de dez.
-O quê?
Mas não se preocupe
pois a cicatriz não serà grande.
Isto vai demorar cerca de 1 5 minutos.
Não se importa de ir para ali?
Não. Se vai fazer alguma coisa,
quero estar là dentro com ele.
-Não hà razão para estar là dentro...
-Hà sim. Ele é meu filho.
Se vai fazer-lhe alguma coisa,
vou estar com ele.
Bonito menino.
Ès mesmo corajoso, sabias?
Esse foi grande, não foi?
Pare!
Està quase.
Como està ele?
Està bem. Està a dormir.
Eu faço isso.
Lamento tanto, Ted. Sinto-me
completamente responsàvel.
Não sei o que aconteceu.
Um minuto ele estava là e no minuto
seguinte estava estendido no chão.
Ora, Margaret.
Escuta-me... Quero pedir-te
um favor, està bem?
Não é um favor pequeno,
mas sim um grande.
Se algo me acontecer,
não estou a dizer que acontecerà,
mas, se um edifício cair
em cima de mim...
...sò quero saber se considerarias
tomar conta do Billy.
Sò quero que saibas que pensei
bastante nisto...
...e...
...não me lembro de mais ninguém
em quem possa confiar.
Sei que o tratarias bem...
...porque és uma boa mãe.
Mas és péssima a lavar loiça.
-Està bem?
-Està bem.
Estàs bem.
Louise, atendes?
Louise, està a tocar, querida.
Estou?
Sim. Quem fala?
Joanna.
Olà.
-Olà.
-Olà, como estàs?
Estàs com òptimo aspecto.
-Como vai o teu...
-O quê?
-Desculpa. O quê?
-Ia perguntar como vai o teu trabalho.
Bem. Sou vice-presidente de nada.
Não, a sério, vai bem.
-Deseja uma bebida?
-Pode ser o mesmo que ela.
-Vinho branco.
-Óptimo.
-Como està o Billy?
-Està formidàvel.
Teve um pequeno acidente no parque.
Cortou-se.
Foi muito assustador.
Levei-o a correr para o hospital.
Ficou com uma cicatriz minùscula,
mas vai ficar òptimo.
Tenho pensado
que a culpa foi minha...
Não, não faças isso.
Á distância nem se vê. Eu...
Ás vezes sento-me naquele café
à frente da escola dele e observo-o.
Ele cresceu tanto.
Tem-no observado do café?
Hà dois meses que estou em
Nova lorque.
Não sabia.
Enfim...
...foi por isso que quis falar
contigo hoje, porque...
A ùltima vez que me viste
eu estava em...
-Nervosa?
-Estava muito em baixo.
Sim, estava.
Estava.
Agora estàs encantadora.
-Que foi?
-Preparei um discurso.
Fala então.
Toda a minha vida me senti...
...mulher de alguém ou mãe
de alguém ou filha de alguém.
Durante todo o tempo que estivemos
juntos, nunca soube quem eu era.
Foi por isso que tive
de me ir embora.
Acho que me encontrei na Califòrnia.
Arranjei um emprego.
Arranjei um terapeuta,
um muito bom.
Nunca me senti tão bem
comigo pròpria.
E descobri muito a meu respeito.
Como por exemplo?
A sério, gostaria de saber
o que descobriste.
Descobri que adoro o meu menino...
...e que sou capaz de
tomar conta dele.
O que queres dizer?
Quero o meu filho.
Não podes tê-lo.
Não fiques tão defensivo.
Não tentes intimidar-me, està bem?
Não estou a ficar defensivo.
Quem abandonou o lar
hà 1 5 meses?
Não me interessa.
Ainda sou mãe dele.
Sim, a 5 mil Kms,
e, sò porque mandaste alguns postais,
não te dà o direito de voltares...
Mas nunca deixei de o querer.
Que te faz pensar
que ele te quer a ti?
Que te faz pensar
que ele não me quer?
Jà vi que vamos ficar aqui
a discutir isto inutilmente.
-È tal e qual os velhos tempos.
-Não podes negar-me...
Não me digas o que posso
e não posso fazer.
-Não me fales assim.
-Jà previa isto.
Tu tens de fazer o que tens de fazer
e eu o mesmo.
Lamento muito isto,
porque...
Faz o que tens a fazer,
està bem?
Não conheço a terminologia legal
para isso, mas acho que é abandono.
Não quero ensinar-lhe o seu trabalho,
mas é um caso ganho.
Antes de mais, não existe isso de
"caso ganho" no que toca à tutela.
Aposto que a sua ex-mulher
jà encontrou um advogado
e ele aconselhou-a a voltar para
N. Iorque para estabelecer residência.
Cabe-nos a nòs o ònus de provar
que a sua ex-mulher é uma mà mãe
e isso significa que terei de
jogar duro. E se eu jogar duro,
pode crer que eles também o farão.
Aguenta isso, Mr. Kramer?
Aguento.
E vai custar-lhe 1 5 mil dòlares.
Isso se ganharmos.
Se recorrermos,
custar-lhe-à ainda mais.
Entendo.
Que idade tem a criança?
O meu filho tem 7 anos.
-Isso é mau.
-Porquê?
Quando a criança é tão nova, o
Tribunal tende a ficar do lado da mãe.
Mas ela entregou-me a tutela...
Não estou a dizer que não teremos
hipòteses, mas não vai ser fàcil.
Mr. Kramer, faça-me um favor,
està bem?
Hà algo que considero muito ùtil
em casos destes.
Sento-me e escrevo os pròs
e os contras de um assunto.
Escrevo-os e olho para eles.
CONTRAS:
Dinheiro
Quero que faça isso, está bem?
Depois disso...
...se estiver mesmo certo
que quer manter a tutela do seu filho,
entraremos ali
e daremos cabo deles, está bem?
" Contras: falta de privacidade,
trabalho, falta de vida social..."
Gosto muito de ti, Billy. Sei que
estàs a dormir e que não me ouves.
Adoro-te com todo o meu coração.
Jà almoçaste, Teddy?
Olà, Jim. Não sei...
Estava a tentar elaborar esta ideia...
Óptimo. Venho buscar-te às 1 3h.
Tudo bem, està combinado.
No outro dia,
estava ao pé do frigorífico,
a preparar o Billy para a escola.
Estava sò de cuecas e ele reparou
que eu tinha emagrecido.
Ele entrou e deu-me umas palmadinhas.
Ele chega-me mais ou menos aqui.
E diz: " Papà, perdeste mesmo
muito peso."
Ele olhou para cima, para mim, e disse:
" E subiu-lhe todo até ao nariz."
Ele foi tão engraçado.
Os miùdos são assim.
Isto é delicioso. Queres provar?
-Estou cheio.
-È bom.
Ouve, Ted...
Recebi um telefonema de um amigo meu
de outra agência.
A Mid-Atlantic convidou-os
para tratarem da campanha deles.
Porquê?
Pelos vistos não estão satisfeitos
com o nosso trabalho, não sei.
È melhor marcares uma reunião com eles
e eu dou-lhes uma cantiga.
Não, deixa estar.
O Norman està a tratar disso.
O Norman?
Estàs a retirar-me esse cliente?
Jà não gostas de mim?
Não é assim tão simples.
Acho que teremos de proceder
a algumas alterações.
Estàs a despedir-me?
Sim, estou a demitir-te.
Porquê?
Isto é muito doloroso para mim.
Não sabes como me sinto mal,
mas tenho sido muito pressionado
pelos chefes
e nada mais pude fazer.
Pensei muito nisto
e é mesmo melhor assim.
Se eu te despromovesse,
se te desse...
...um cliente insignificante, irias
odià-lo e odiar-me-ias por fazer isso.
Assim, o corte é radical
e acredita que é a melhor coisa.
Sabes que estou a lutar com
a minha mulher pela tutela do Billy.
Sabes que vamos ao Tribunal.
Sabes quais são as minhas hipòteses
se eu estiver desempregado?
Entendo que estejas aborrecido,
mas por amor de Deus...
Não quero implorar, mas estou
a pedir-te por favor, como amigo.
Estou a pedir-te.
Ès um homem extremamente inteligente.
Tens um grande talento.
Vais sair-te bem. Vais dar a volta
por cima. Vais sobreviver.
Teddy, olha...
Sei que podes estar com falta
de dinheiro no momento.
Não tenhas pressa em mo devolver.
Devias ter vergonha.
Papà, o telefone!
-Mr. Kramer?
-Sim?
Um momento.
Mr. Shaunessy deseja falar-lhe.
Olà, John. Como està?
Que se passa?
Jà marcaram a data da audiência.
Soube hoje. È a 9 de Janeiro.
Està bem. Tenho uma coisa
para lhe dizer. Fui despedido hoje.
Sim, ainda estou aqui.
Não vou mentir-lhe, Ted.
Não temos hipòteses algumas de ganhar
a tutela, se você estiver desempregado.
Diga a essa...
Diga a essa parte
e ao advogado dessa parte
que eu quero um adiamento
da audiência.
Lamento, Ted,
mas é tarde de mais.
-Pronto, terei um emprego em 24 horas.
-Como diabo vai fazer isso?
Terei um emprego em 24 horas.
Compreende que é a pior altura
do ano para procurar emprego.
È Natal. Teremos algo para si
por volta de meados de Fevereiro...
-...ou o mais tardar em Março.
-Não posso esperar.
Estamos a 22 de Dezembro.
Por favor, consulte os seus cartões.
Eu aceito qualquer coisa.
Talvez haja algo na Norman, Craig
e Kummel, mas não tenho a certeza.
O que é?
Algo no Departamento de Arte.
-Terà de voltar ao quadro.
-Não faz mal.
È uma despromoção, e no salàrio
perderà umas 5 mil por ano.
Decerto que ficarà mais satisfeito
se esperar até depois do dia 1 .
Telefone-lhes e marque-me
uma entrevista para hoje às 1 6h.
È sexta-feira antes do Natal.
Eu sei, mas ainda é
um dia de trabalho. Por favor.
Ninguém vai querer...
Ou lhes telefona você ou telefono eu.
Se for eu,
não receberà uma comissão, certo?
Mas que valentão que somos!
Pois somos.
-Boa tarde.
-Sou Mr. Kramer. Tenho uma marcação.
Fiz toda a reprodução nessa.
Foi a campanha publicitària
mais bem sucedida que tiveram.
Fiz o esboço e a maior parte
da reprodução desta.
Devo dizer que isto é muito
impressionante, Mr. Kramer.
Depois digo-lhe qualquer coisa.
Hà alguém com quem eu deva falar,
antes de tomar a sua decisão?
Mr. Spencer,
o nosso director criativo.
Por que não me deixa falar com ele
imediatamente?
Ele vai partir de férias, mas marco
algo para si assim que ele regressar.
-Acho que...
-Feliz Natal e digo-lhe que...
Gostaria de o ver imediatamente,
antes de ele partir.
-Bom, Mr. Kramer...
-Quero muito este cargo.
Espere aqui.
Mr. Kramer, Mr. Spencer.
-Como vai?
-Muito bem, tem dez minutos.
Sabe que o salàrio é menos $4800
do que antes ganhava?
Sim, sei.
Por que està interessado num cargo
para o qual tem qualificações a mais?
Preciso do emprego.
Deixe-me pensar no assunto. Informarei o
Jack e ele entrarà em contacto consigo.
Não. Isto é uma oferta de um dia,
meus senhores.
Viram o meu portfolio
e sabem que posso fazer o trabalho.
Têm de me dizer hoje e não amanhã,
nem no fim das férias.
Se realmente me querem,
terão de decidir agora.
Mr. Kramer, importa-se
que falemos em particular?
Á vontade.
Mr. Kramer, o emprego é seu.
Parabéns.
A sério?
-Ele està a brincar?
-Não. Bem-vindo a bordo.
Obrigado. Muito obrigado.
Obrigado.
Feliz Natal.
Vamos!
-Que achas?
-È giro.
-Bem te disse.
-Onde està toda a gente?
Hoje é sàbado. Pouca gente vem
trabalhar porque é o seu dia de folga.
Carrega no "Subir" .
Carrega no botão de cima.
Và, salta.
-Olha sò!
-È fixe.
Não sabias que estavas
tão no alto.
Que edifício é aquele? Aquele que tem
aquela coisa pontiaguda no topo?
-È o Chrysler.
-È giro.
-Tens orgulho de mim?
-Tenho.
Como arranjou este emprego?
Disse-lhes que o queria.
Que diz isso?
Diz " Kramer" .
Kramer. Quem é?
-Somos nòs.
-Exacto.
Queres ver?
Uau!
-Isto é ***!
-Gostas?
Cuidado, cuidado.
-Estou bem.
-Assustaste-me.
Que edifício é aquele
ao pé da àgua, papà?
È o edifício da ONU
e ali é o East River.
E olha para ali. Vês?
È Queens, e ali em baixo,
bem là em baixo.
-Sabes o que é?
-O quê?
-Brooklyn.
-Não viveu aí quando era miùdo?
Exacto, e aqui é onde eu trabalho.
-Isto é mesmo a sua secretària?
-È.
Vai voltar a casar?
Não sei. Não pensei no assunto.
Vai casar com a Phyllis?
Não. Somos apenas bons amigos.
O pai e a mãe vão voltar a casar?
Não. Nunca voltaremos a casar.
Aposto que, se ela visse isto,
voltaria a casar consigo.
Ès mesmo um trapaceiro, sabias?
Fizemos um acordo, não foi?
O acordo foi que tomavas
um banho todas as noites
e que lavavas esse cabelo seboso
duas vezes por semana.
-Certo?
-Sim.
Està bem.
Promete-me,
senão não entras aí.
Não tinha de lavar a cabeça 2 vezes
por semana, quando a mãe estava cà.
Não me interessa o que tinhas
de fazer quando a mamã...
Tinha, papà?
Papà, està a ouvir-me?
Falamos nisso hoje à noite,
quando eu chegar a casa, està bem?
Vem cà e dà-me um beijo.
-Que foi?
-Ès um miùdo formidàvel.
" Ele disse, olha, là està o unicòrnio.
Ele põe-se debaixo e diz:
'Bolas, que està a acontecer?
O oxigénio acabou.
Tufões trovejantes! Que estão aí a
fazer em vez de estarem a bombear?'
'Nòs? Estamos a descansar.
È um trabalho cansativo."'
Papà, quando é que acaba o oxigénio?
Quando tens dois tanques às costas
e não recebes ar,
podes afogar-te, portanto ele tem
de ter aquilo para respirar.
Fala John Shaunessy.
Olà, John. Que se passa?
O advogado da sua mulher ligou.
Ela quer ver o miúdo.
-Ela quer o quê?!
-Ela é mãe dele,
o que significa
que tem o direito legal.
-Como sei que ela não vai raptá-lo?
-Acho que ela não se daria ao trabalho
de pedir a tutela,
se ia raptà-lo.
Espere aí um minuto. Não estou certo
quanto à saùde mental dela.
-O que quer dizer com isso?
-Ela consulta um psicòlogo...
...ou um psiquiatra.
Jà a viu a falar para as paredes?
Não, estou apenas a dizer isso.
E eu sò estou a dizer
que não tem alternativa.
Leve o Billy ao lago dos barcos
no Central Park, no sàbado às 1 0h.
-Tenho mesmo de o levar?
-Tem.
Muito obrigado.
Papà, vem acabar a història?
Vou jà!
O que acontece se ele se afogar?
Como o encontram?
Acho que, quando se morre,
aparecem umas bolhas à superfície.
Onde fiquei?
Aí mesmo.
"Tufões trovejantes!
Que estão vocês dois..."
Tem uma pista de obstàculos...
-Os carros andam muito depressa.
-Quanto é?
È muito fixe.
È fixe.
Anda cà. Quero que estejas...
Trago-o de volta às 1 8h!
Estàs tão bonito, Billy.
Lembre-se do que falàmos. Mantenha
as respostas curtas e sucintas.
Diga apenas a verdade
e tudo correrà bem, acredite.
-Ela veio.
-Sim, eu sei. Vi-a.
Tente não ser emotivo,
seja o que for que o homem lhe disser.
Vai ouvir coisas que o aborrecerão.
Não quero que reaja.
Quem tem assuntos a tratar com o
Supremo Tribunal de Nova lorque,
jurisdição especial, Parte Cinco,
avancem e serão ouvidos.
Esta sessão declara-se aberta.
Preside o Juiz Atkins. Levantem-se!
-O advogado da requerente està pronto?
-Estou, Dr. Juiz.
Como primeira testemunha,
gostaria de chamar Joanna Kramer.
Maternidade. Directo.
Entra logo a matar.
Jura dizer a verdade, toda a verdade
e nada mais do que a verdade?
Juro.
Importa-se de dizer ao Tribunal
quanto tempo esteve casada?
Oito anos.
Descreveria esses anos como felizes?
Os primeiros dois, sim,
mas, depois disso,
tornou-se cada vez mais difícil.
Mrs. Kramer, tinha emprego
antes de casar?
Tinha. Depois de me licenciar
da Smith,
trabalhei no Dpt. de Arte da revista
Mademoiselle durante vàrios anos.
Continuou a trabalhar
depois de se casar?
Não.
Desejava tê-lo feito?
Sim, mas sempre que falava
com o Ted,
o meu "ex-marido", sobre isso,
ele não ouvia.
Recusava-se a discuti-lo seriamente.
Uma vez ele disse que eu provavelmente
não arranjaria um emprego
onde ganhasse o suficiente para
contratar uma babysitter para o Billy.
-Està empregada no momento?
-Estou.
Sou estilista de roupa desportiva
para a Selco aqui em Nova lorque.
E quanto ganha actualmente?
Ganho 31 mil dòlares por ano.
Mrs. Kramer, gosta do seu filho?
Gosto muito.
E no entanto optou por abandonà-lo.
Sim.
Durante os ùltimos cinco anos
do nosso casamento,
eu estava cada vez mais infeliz,
cada vez com mais problemas.
Precisava mesmo
que alguém me ajudasse,
mas quando me virava para o Ted,
ele não estava là para me apoiar.
Então, distanciamo-nos
cada vez mais,
ficamos mais e mais separados.
Ele estava muito envolvido
na sua carreira.
Por causa da atitude dele
para com os meus receios
e a incapacidade dele de lidar
com os meus sentimentos,
a minha auto-estima
era quase inexistente.
Estava com medo
e estava muito infeliz.
Na minha mente, a minha ùnica
alternativa era ir-me embora.
Quando parti, senti que havia algo
de muito errado comigo
e que o meu filho ficaria melhor
sem mim.
Foi sò depois de chegar à Califòrnia,
depois de fazer terapia, que percebi que
eu não era assim uma pessoa tão terrível.
E que, sò porque precisava
de um objectivo emocional
que não era o meu filho,
isso não fazia de mim uma mà mãe.
Gostaria de apresentar como prova um
relatòrio do terapeuta de Mrs. Kramer,
a Dra. Eleanor Freedman.
Protesto, Dr. Juiz!
O relatòrio é irrelevante e imaterial
e não tem ligação com o requerido.
Indeferido.
Mrs. Kramer, pode dizer ao Tribunal
por que està a pedir a tutela?
Porque ele é meu filho
e porque o adoro.
Sei que deixei o meu filho...
...e que foi um acto terrível.
Acreditem que tenho de viver com isso
todos os dias da minha vida,
mas, para conseguir abandonà-lo,
tive de acreditar que era a ùnica
coisa que eu podia fazer...
...e que era o melhor para ele.
Eu era incapaz de funcionar
naquela casa.
Não sabia...
...qual seria a alternativa,
por isso achei melhor não o levar.
Porém, procurei ajuda...
...e esforcei-me muito para tornar-me
num ser humano completo...
...e acho que não devo ser punida
por isso.
E acho que o meu menino
também não deve ser punido.
O Billy sò tem 7 anos.
Precisa de mim.
Não estou a dizer
que não precisa do pai,
mas acho realmente
que ele precisa mais de mim.
Fui mamã dele
durante cinco anos e meio...
...e o Ted assumiu esse papel
durante 1 8 meses...
...mas não sei como alguém
pode acreditar
que tenho menos capacidade
em ser mãe daquele menino Kramer
do que o Mr. Kramer.
Sou mãe dele.
Sou mãe dele.
Obrigado, Mrs. Kramer.
Não tenho mais perguntas.
Mrs. Kramer...
...diz que esteve casada oito anos,
certo?
O seu marido alguma vez lhe bateu ou
abusou de si fisicamente?
Não.
Alguma vez ele bateu ou abusou
fisicamente do filho?
Descreveria o seu marido
como alcoòlico?
-Não.
-Amigo da bebida?
Ele era-lhe infiel?
-Alguma vez lhe faltou com algo?
-Não.
Estou a ver por que o deixou.
Protesto!
Quanto tempo planeia viver
em Nova lorque?
Permanentemente.
Quantos namorados teve...
permanentemente?
Protesto! Demasiado vago.
Permiti-lo-ei.
Não me lembro.
Mais de três e menos de 33,
permanentemente?
-Protesto!
-Indeferido.
A testemunha responderà, por favor.
Algures entre isso.
Tem um amante agora?
Solicito uma resposta directa
a uma pergunta directa.
Ela tem um amante?
Permiti-lo-ei. A testemunha
responderà, por favor.
Sim, saio com uma pessoa agora.
È permanente?
Não sei.
Então não sabemos
se quando diz permanentemente,
planeia viver em Nova lorque
ou até manter o seu filho,
visto nunca ter feito nada na sua vida
que fosse contínuo ou permanente.
Protesto! Solicito que o doutor seja
impedido de intimidar a testemunha.
Deferido.
Então, reformularei o que disse.
Qual foi a relação pessoal
mais longa da sua vida,
sem contar com os seus pais
ou amigas?
Suponho que foi com o meu filho.
A quem viu duas vezes num ano.
Mrs. Kramer, o seu ex-marido...
...não foi a relação pessoal mais
longa da sua vida?
Importa-se de falar mais alto?
Não a ouvi.
Sim.
Quanto tempo foi isso?
Casàmos um ano
antes do bebé nascer,
e depois sete anos depois disso.
Então fracassou na ùnica relação
importante da sua vida.
-Protesto!
-Indeferido.
A opinião da testemunha quanto a isto
é relevante.
Não fui um fracasso.
Então o que o chama? Um sucesso?
O casamento acabou em divòrcio.
Considero que foi mais
um fracasso dele do que meu.
Parabéns, Mrs. Kramer.
Acabou de reelaborar a lei
matrimonial. Ambos se divorciaram.
Protesto!
Quero perguntar em que é que este modelo
de estabilidade e respeitabilidade
foi alguma vez bem sucedida.
Foi um fracasso na relação
mais importante da sua vida?
-A relação não foi bem sucedida.
-Não se trata da relação, mas de si.
Foi um fracasso na relação
mais importante da sua vida?
Foi?
Não.
Isso é um "sim", Mrs. Kramer?
Não tenho mais perguntas.
-Tinha de ser tão duro com ela?
-Quer o miùdo ou não?
Papà?
Papà?
-Sim?
-Que fazia quando era pequeno?
As mesmas coisas que tu, acho eu.
Assistia ao The Brady Bunch?
Não. Não tínhamos televisão.
Não tinham?
Não. Ouvíamos ràdio principalmente.
Que mais não tinha,
quando era pequeno?
Não tínhamos muitas coisas.
-Tal como?
-Tal como muitas coisas.
Como o quê?
Vem cà.
Não tínhamos refrigerantes diet.
Tínhamos creme de ovos
que era calda de chocolate
e àgua com gàs
e um pouco de leite.
Era batido, bebido e era delicioso.
Não tínhamos os Mets,
mas tínhamos os Brooklyn Dodgers.
Tínhamos os campos Polo Grounds
e o Ebbets Field.
Esses é que eram bons tempos.
Não tínhamos Volkswagens,
mas tínhamos diferentes tipos
de carros com nomes esquisitos.
Não tínhamos o Burguer King
nem o McDonald's.
Tínhamos màquinas onde entràvamos,
inseríamos uma moeda
e compràvamos uma fatia de tarte ou
uma sandes que víamos por uma janela.
Não tínhamos graffiti, mas
tínhamos um tipo chamado Kilroy...
Mr. Kramer é um pai muito dedicado.
Passa muito tempo com o Billy.
Lê muito ao Billy.
Brincam juntos.
Estão sempre a conversar.
Ele é um pai maravilhoso.
Obrigado, Mrs. Phelps.
Não tenho mais perguntas.
Mrs. Phelps, hà quanto tempo
conhece Joanna Kramer?
Hà cerca de seis anos, quando ela
e o Ted foram viver para o prédio.
Com que frequência via Joanna Kramer
e o filho dela?
Claro que jà não os vejo juntos
hà cerca de um ano e meio,
mas naquela época talvez os visse
duas ou três vezes por semana.
Kim, a minha filha mais velha,
e o Billy estão sempre a brincar.
Pode descrever a relação
entre Joanna Kramer e o filho dela?
Era boa.
A Joanna era uma mãe muito boa.
Tanto o Ted como a Joanna
são muito...
Mrs. Kramer discutia consigo
a relação dela com o ex-marido?
Sim.
Pode dizer ao Tribunal
exactamente o que ela disse?
A Joanna era infeliz
por inùmeras razões. Uma delas...
Ela disse que Mr. Kramer era insensível
para com as necessidades do filho?
Importa-se de responder à pergunta,
Mrs. Phelps?
-Desculpe, não a ouvi.
-Sim, mas isso foi antes...
Mrs. Phelps, alguma vez encorajou
Joanna Kramer a deixar o marido?
Não.
Alguns dias antes de ela partir,
não lhe disse:
"Se estàs a sofrer tanto,
deves a ti pròpria ir-te embora"?
-Não pensei que a Joanna fosse...
-Não disse a Joanna Kramer
que se ela estava a sofrer tanto,
devia a ela pròpria ir-se embora?
-Sim, mas ela era minha amiga...
-Não tenho mais perguntas.
Està dispensada, Mrs. Phelps.
Joanna, as coisas mudaram.
O Ted não é o mesmo homem.
Não sabes o quanto
ele se tem esforçado.
È uma maravilha vê-los juntos.
Uma maravilha.
Dr. Juiz,
a testemunha foi dispensada.
Se os visses juntos, Joanna,
talvez não estivesses aqui agora.
È tudo, Mrs. Phelps!
Peço desculpa.
Quando estava a falar...
...quando a minha ex-mulher falou
de ser infeliz no casamento...
...acho que a maior parte
do que ela disse é verdade.
Havia muitas coisas
que eu não compreendia.
Hà muitas coisas que eu faria
de forma diferente se pudesse,
tal como acho que hà muitas coisas que
gostarias de mudar, mas não podemos.
Algumas coisas, uma vez feitas,
não podem ser desfeitas.
A minha mulher...
A minha "ex-mulher", diz que adora
o Billy e acredito que sim,
mas acho que não é isso
que està em causa aqui.
Se bem entendi,
o mais importante é o que é melhor
para o nosso filho,
o que é melhor para o Billy.
A minha mulher estava sempre
a perguntar-me:
" Por que não pode uma mulher ter
as mesmas ambições que um homem?"
Acho que tens razão
e talvez eu tenha aprendido isso,
mas, da mesma forma, gostaria de saber
que lei é essa que
diz que a mulher é melhor progenitor,
simplesmente em virtude do sexo.
Tive muito tempo para pensar
o que faz de alguém um bom pai.
Tem a ver com constância.
Tem a ver com paciência.
Tem a ver com ouvi-lo...
...ou fingir ouvi-lo,
quando jà estamos fartos.
Tem a ver com amor,
tal como ela disse.
Não sei onde està escrito que uma
mulher tem prioridade nesse campo,
que um homem tem menos desses
sentimentos do que uma mulher.
O Billy tem um lar comigo.
Fi-lo o melhor que pude.
Não é perfeito.
Não sou um pai perfeito.
Por vezes, não tenho paciência
e esqueço-me que ele é um miùdo.
Mas estou là.
Tomamos o pequeno-almoço, ele fala
comigo e depois vamos para a escola.
Á noite, jantamos e conversamos.
Leio para ele...
Construímos uma vida juntos,
e adoramo-nos um ao outro.
Se destruíres isso,
pode não ter remédio.
Joanna, não faças isso, por favor.
-Não lhe faças isso duas vezes.
-Obrigado, Mr. Kramer.
Não tenho mais perguntas.
Mr. Kramer, hà quanto tempo
trabalha em publicidade?
Desde que acabei o liceu...
...digo, a faculdade.
Trabalho nisso hà uns 1 0 ou 1 5 anos.
Diria que alcançou uma certa posição
de destaque na sua profissão?
Sim, acho que tenho
uma boa reputação.
Quando trabalhava na Roth, Kane
e Donovan, quanto ganhava?
Acho que por volta de 33 mil dòlares
por ano, quando saí de là.
E agora trabalha na Norman,
Craig e Kummel, não é?
-Sim.
-E quanto ganha là?
Quase 29 mil dòlares.
Podia ser mais específico,
Mr. Kramer?
Ganho 28 200 dòlares.
28 200 dòlares.
È a ùnica pessoa que conheço
que desce a escada do sucesso.
Protesto! Peço que o ùltimo comentàrio
do doutor seja riscado da acta.
Deferido.
Mr. Kramer, não é verdade que foi
despedido do seu anterior emprego?
-Fui demitido.
-Importa-se de dizer porquê?
Havia uma divergência de opinião
quanto à política da empresa.
A sua agência não perdeu um grande
cliente devido à sua negligência?
Protesto!
Estou apenas a tentar estabelecer o
historial profissional da testemunha.
Ele afirma ser apto, quando
nem consegue manter um emprego.
Vou permiti-lo, Mr. Shaunessy.
Na publicidade, não é invulgar que,
no meio de uma campanha,
o cliente mude de ideias
e procure outra agência.
Não abandonou um cliente a meio
de uma apresentação importante,
alegando uma reunião
com uma professora?
O meu filho estava sentado ao lado
de um miùdo que lhe batia e mordia...
-Sim ou não, Mr. Kramer?
-Sim, mas ele mordeu o meu filho.
Na Primavera deste ano,
falhou ou não um prazo
causando um grande embaraço
à sua agência
bem como consideràveis
prejuízos financeiros?
Nesse dia, tive de ir para casa
porque o meu filho estava doente.
Falhou ou não um prazo?
Sim ou não?
-O meu filho estava doente.
-Responda à pergunta, Mr. Kramer.
Estou a tentar responder à pergunta.
Não posso responder sim ou não.
-Mr. Kramer, sim ou não?
-Ele estava a arder em febre!
Estava deitado, a suar!
Fui para casa para estar com ele.
Mr. Kramer, peço-lhe que pare senão
terei de o acusar de desrespeito.
Falhei o prazo.
Diria que tem
um temperamento violento?
-Protesto!
-Retiro a pergunta.
-Considera-se um pai apto e capaz?
-Sim.
O seu filho quase perdeu um olho,
quando estava ao seu cuidado, certo?
-Protesto!
-Indeferido.
Responda à pergunta, Mr. Kramer.
Estàvamos no parque
e ele estava numas grades...
E caiu e quase perdeu um olho,
enquanto estava ao seu cuidado.
Ele caiu e cortou-se.
Não disse à sua ex-mulher
que era responsàvel pelo ferimento que
desfigurou para sempre o vosso filho?
Não lhe disse hà pouco tempo que:
"Quando aconteceu, senti-me culpado.
Senti que a culpa era toda minha"?
-Protesto!
-Não tenho mais perguntas.
Ted?
Ted?
Desculpa. Mencionei-lhe o acidente
hà dois meses.
Nunca pensei que ele fosse
falar nisso. Nunca.
Acredita em mim.
Jamais o teria mencionado, se achasse
que ele se aproveitaria disso assim.
Desculpa...
Eu...
Ted.
-Olà.
-Olà. Deixa-me ajudar-te.
Jà tiveste notícias?
Não deve tardar. O meu advogado diz
que a falta de notícias é um bom sinal.
-Adivinha o quê?
-O quê?
O Charlie e eu estamos a falar
sobre fazermos as pazes.
A sério?
Ele finalmente telefonou-te?
Não, telefonei-lhe eu.
Porquê?
Não sei. O julgamento fez-me pensar
em muitas coisas.
E...
Acho que não darà certo, mas ele
parece querer tentar, por isso...
Isso é formidàvel.
Como te sentes?
Não sei.
Acho que me sinto assustada.
-Olà.
-Olà.
Perdi.
Não posso dizer o quanto lamento.
Que se passou?
O Juiz ficou ao lado da mãe
em tudo.
" È decretado que a tutela do menor
serà entregue à requerente,
com efeito a partir de segunda-feira,
23 de Janeiro.
O requerido pagarà uma pensão de
alimentos de 400 dòlares por mês.
O pai terà o seguinte
direito de visita:
dois fins-de-semana por mês,
uma noite por semana
e metade do período de férias
da criança."
-È isso.
-E se eu contestar isso?
Podemos recorrer,
mas não lhe garanto nada.
Vou arriscar.
-Vai custar-lhe.
-Pago o que for preciso.
Vou ter de lhe dizer uma coisa.
Desta vez, serà o Billy a pagar.
Terei de o pôr a testemunhar.
Não pode fazer isso.
Não quero fazer isso.
Obrigado pelo seu tempo.
Vou dar um passeio.
Sou eu, Ted.
Ted?
Acabei de saber.
Por favor, vai-te embora.
Estàs bem?
Preciso de estar sozinho
um pouco, Margaret.
Não compreendo.
Tanto a tua mamã como eu queremos
que vivas connosco.
Foi por isso que decidimos ir falar
com esse homem, o juiz,
e deixàmo-lo decidir, porque ele é
sàbio e tem experiência nestas coisas.
Falàmos com ele durante alguns dias
e depois perguntàmos o que ele achava.
Sabes o que ele disse?
Ele concordou com a mamã
e achou que era uma ideia maravilhosa
ires viver com ela de ora em diante.
E eu tenho muita sorte porque posso
jantar contigo uma vez por semana.
E duas vezes por mês podemos
passar o fim-de-semana juntos.
Onde vai ser a minha cama?
Onde vou dormir?
A mamã jà resolveu isso tudo.
Teràs um quarto na casa dela...
-Onde ficarão os meus brinquedos?
-Na casa da mamã.
Vamos levar todos
os teus brinquedos para là.
Se te portares bem,
aposto que ela te comprarà uns novos.
Quem vai ler-me as minhas històrias
para adormecer?
A mamã.
Jà não vai dar-me um beijo
de boas-noites, pois não, papà?
Não. Não poderei fazer isso.
Mas posso visitar-te.
Vai correr tudo bem.
A sério.
Se eu não gostar,
posso voltar para casa?
"Se não gostares"?!
Vais divertir-te imenso com a mamã.
A sério. Ela gosta tanto de ti.
-Papà...
-Sim?
Não se esqueça de me telefonar,
està bem?
Vamos ficar bem.
Anda, vamos comer um gelado.
Vamos pôr mãos à obra,
està bem?
Vamos despachar-nos, està bem?
Và, põe a mesa.
Vamos là...
Estàs pronto?
Sim?
Ted, é a Joanna.
Estou cá em baixo na entrada.
Importas-te de descer
e vir ter comigo sozinho?
Olà.
Que se passa?
Diz-me... Que se passa?
Quando acordei esta manhã...
...não deixei de pensar no Billy
e eu...
Pensei nele a acordar no quarto dele,
com as nuvens que eu pintei
na parede...
...e pensei que devia ter pintado
nuvens nesta casa nova, porque...
...ele pensaria
que estava a acordar em casa.
Vim cà para levar
o meu filho para casa...
...e percebi que ele jà està
em casa.
Gosto muito dele.
Não vou levà-lo comigo.
Posso subir para falar com ele?
Sim.
Por que não sobes para falar
com ele? Eu espero aqui.
Como estou?
Formidàvel.
Ripped by thewildbunch22