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É engraçado, parece brincadeira
Tem mulher com pedigree me querendo na coleira
Mas não rola, é que eu não rolo por conforto
Quando elas me dão ordem, eu me finjo de morto
Ora bolas, eu preservo minhas bolas
Elas dizem corta essa, eu fujo bem depressa
Mas não late, eu não ligo pra quilates
Sim, você é uma gata, mas eu sou um vira-lata
Eu sou da raça vira-lata
Mas nunca me faltou um osso
De que adianta usar gravata
E estar com a corda no pescoço?
Se você se acha esperto com a dona do seu lado
Melhor sentar e ficar quieto
Disso eu já sou vacinado
Já digo na lata, lata
Eu sou vira lata, lata
Que vira pro lado e dorme na rua
Já digo na lata, lata
Eu sou vira lata, lata
Me viro, me escapo,
Me viro, me escapo,
Me viro, me escapo e uivo pra lua
Tudo começou porque eu quis fazer a música "Charme",
e aí pra chamar atenção pro samba rock, que até então o samba rock no Sul era considerado pagode,
e pagode era considerado uma coisa chula. Mas não a dança "chula", não sei.
É chulo?
No Sul, né?
E aí eu quis mostrar que samba também era legal, que samba também podia ter atitude,
que samba não era só bunda.
Saquei.
E aí eu comecei a fazer versões samba-rock das músicas que tu gostava. E se tu é roqueiro, fazia música rock.
Deu certo.
Mas isso de gostar também tem uma coisa meio perigosa, eu acho, cara, de tu endeusar alguém,
de ter aquele ídolo, de ter tudo que o cara fala é lei.
Eu acho que toda vez que tu tem um ídolo, a palavra "ídolo" já é feia.
A palavra ídolo pra mim passa uma coisa católica…
No momento em que tu tem um ídolo, tu já te posiciona abaixo,
então o máximo que tu vai conseguir é ficar abaixo dessa pessoa, e essa pessoa faz cocô como tu.
E tu falou legal também, cara,
tu falou e me lembrou de religião também. Eu acho que é interessante questionar toda a ideia pronta,
desde o enlatado musical, desde a ideia do pecado mesmo, do certo/errado.
É importante questionar, né, cara?
Eu questionava com amigos meus que eram amigos teus também,
que os caras faziam músicas lindas, mas pareciam que eram um amontoado de partes outras músicas. Sabe?
Uma frase tu pegou do Lulu Santos, e eu já ouvi aquela sequência harmônica no fulano.
Aí no final é um amontoado de, uma pessoa culta que fez um quebra-cabeça, mas até então…
Ideia prontas…
Até então ele não fazia nada, não era nada parecido com ele.
E semana que vem se a tendência musical mudar, ele vai pesquisar a bagunça musical e fazer outra coisa.
Por isso a gente fez aquele "E Se", questionando tudo, banda, crença, esse tema.
Misturando com a ideia de fazer uma mistura de músicas,
porque tudo começou através da "What If" do Jason Derulo,
e aí através daquele refrão dele que falava "E Se",
mas a letra dele era uma merda, só o refrão era legal.
Eu acho que a evolução do teu trabalho como versão samba-rock, o mashup e o mashup co-autoral, né?
Acho que é uma boa ideia…
É, é difícil de explicar.
Vamo mandar então, vamo exemplificar através da "E Se". Toca aí!
But we can't, we can't tell the future, no.
But that's just the beauty of the world we know
So Imma say do do do do do do do do
Baby, what if?
We all can say do do do do do do do do
E se eu mudasse o mundo a cada rima, será que o futuro também mudaria?
E se Einstein fosse lá de Hiroshima, a bomba ficaria só na teoria?
E se Dalai Lama fosse Che Guevara, monges barbudos fariam uma revolução?
Mas e se Che Guevara fosse Dalai Lama, Fidel se renderia à meditação?
But we can't, we can't tell the future, no. But that's just the beauty of the world we know
So Imma say do do do do do do do do
Baby, what if?
We all can say do do do do do do do do
Diz aí.
E se Jim Morrison fosse Bill Gates, faria o próprio site pra lançar os seus singles?
Mas e Bill Gates fosse Jim Morrison, teria uma banda chamada "The Windows"?
Mas e se Bob Marley fosse Jesus Cristo, o papa escutaria reggae de joelhos?
E se Jesus Cristo fosse Bob Marley, seus olhos azuis seriam, então, vermelhos?
Ah, mas esqueça teorias, monges, bandas, crenças, Allah, Siddhartha, Clapton ou outro deus qualquer.
Pra realmente um dia fazer a diferença,
E se você fosse apenas quem você é?
Ah, mas esqueça teorias, monges, bandas, crenças, Allah, Siddhartha, Clapton ou outro deus qualquer…
Ou outro deus qualquer.
Pra realmente um dia fazer a diferença, e se você fosse apenas quem você é?