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Uma outra questão, por último, que diz respeito a que tipo de conflito está em curso hoje no mundo
e, tendo em vista que as grandes forças hoje que se opõem ao Ocidente são os movimentos muçulmanos, fundamentalistas, e nós podemos ver dentro do próprio Ocidente também
movimentos fundamentalistas (isso nos EUA é muito forte) de natureza cristã, que também se voltam contra as estruturas laicas, democráticas e liberais representativas
que são a essência do Ocidente,das estruturas sociais do Ocidente nos últimos dois séculos.
então há um grande combate que lembra um pouco o último combate, da II Guerra Mundial, que foi um combate basicamente
contra, por parte das nações democráticas e da URSS contra formas muito arcaicas e pré-liberais de organização da sociedade
hoje também há um conflito entre formas democráticas liberais e representativas e pluralistas de organização da sociedade
e movimentos que de alguma forma, e de diferentes formas, acreditam que essa forma democrática, plural representativa não é interessante
e deve ser superada ou destruída e com isso tanto fundamentalistas religiosos quanto os órfãos do regime socialista se unem nessa operação
muitos analistas tem sinalizado que esse confronto ele deixa de ser um confronto apenas do mundo muçulmano passa a ser um confronto mundial
e assim como em determinado período da história, a II Guerra Mundial, por exemplo, ***ão (que era um regime no qual o Imperador era Deus)
e o nazismo, que era um regime no qual o liberalismo era absolutamente condenado, e a pluralidade negada e etc.
se uniram, e o seu projeto era a destruição das democracias liberais representativas ou da URSS, que não era uma democracia liberal, mas
a URSS era fruto também das revoluções liberais, o que estava por trás da URSS em última análise era o Iluminismo
Esse tipo de conflito que se avizinha hoje é também um conflito de dimensões ideológicas, há quem tenha dito que o conflito de Gaza
sua gravidade, a sua importância, vai muito além das questões locais. Não tem nada a ver com isso. Ele é o primeiro sinal
de um conflito de maiores proporções que tem dimensões regionais, ou seja, quem vai mandar na área, e que tem também dimensões mundiais
ou seja, quem vai dominar a ordem política internacional no momento em que os EUA e a Europa não conseguem manter essa ordem.
foi muito interessante, apenas para concluir, a votação do Conselho de Direitos Humanos [da ONU]. No qual Israel foi condenado,
há coisa de três ou quatro dias atrás, é muito interessante você observar que todos os países votaram contra Israel, sendo que os países europeus se abstiveram
e um voto contra [a resolução de condenação], o do Canadá. Então ali ficou muito claro que os países europeus por mais que em outras épocas
tenham tido relações bastante complexas com Israel, especialmente a França, eles marcham cada vez mais para um entendimento que aquele conflito tem outras implicações
o que está em curso ali não é propriamente Israel, é outra coisa. Tanto que eles se abstiveram. "Nós não estamos dispostos
a votar a favor de Israel, mas nós não podemos votar contra Israel". Sendo que o Canadá, corajosamente, votou a favor [de Israel] ele não condenou
isso sinaliza sim, alguma coisa. Aliás, isso é muito claro na evolução da política européia, especialmente da política da França
A gente não sabe o próximo governo [dos EUA]. O Sami aqui um dia apresentou uma tese interessante de que os EUA vai se retirar daquela região
essa é uma tendência clara. Os EUA estão falidos. O déficit é tremendo, a manutenção do exército americano no Iraque é uma coisa astronômica
então a tendência dos EUA é se retirar militarmente. O que provavelmente pode, se isso se verificar, ampliar a crise local.
agora eu tenhoa a impressão que os EUA e a Europa Ocidental estão amrchando para um entendimento para a gravidade dessa crise, dessa crise específica,
e tendem sim a manter seus interesses globais estratégicos. Agora, os tambores de guerra eles estão rufando em escala mundial
se isso vai marchar para uma III Guerra Mundial, uma grande conflagração, é difícil saber. Porque para isso acontecer, é preciso que o Paquistão se defina mais claramente
porque quando houve os atentados de Mumbai, todos acompanharam, se você pegasse os jornais indianos, dos dias seguintes, os editoriais eram muito claros:
"Bomba no Paquistão". A opinião pública indiana queria que naquele momento a Índia lançasse bombas nucleares sobre o Paquistão.
Bombardear com bombas atômicas. Desse uma solução final ao problema paquistanês. O que a Índia sofre é muito parecido com o que Israel sofre diante de seus adversários.
São governos que dizem sempre que nunca tem nada a ver Paquistão diz sempre assim "não tem nada a ver", mas as operações militares terroristas surgem ali.
então a oportunidade para isso pode se dar no futuro, mas jamais numa escala exclusivamente regional, mas no âmbito, se isso algum dia se tornar inevitável
no âmbito da tentativa ocidental européia e hindu de resolver de vez o problema do fundamentalismo muçulmano e resolver aí a estabilidade da ordem internacional.