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Era só mais um dia nos anos setenta.
Vai saber? creio que o senhor já tava nos trinta.
Recebeu um aviso, totalmente imprevisto.
No semblante indeciso, se abriu um sorriso.
Um anúncio: de uma vida a mais que chegava.
Você ficou sem saída, em meio ao sol que brilhava.
Com andar radiante alegrando as calçadas.
A sonhar o futuro em seu conto-de-fadas.
Mas peraí! Outra surpresa?! Quem podia esperar?
O futuro já brilhava, não podia evitar.
Uma notícia ofuscou ainda mais o olhar.
O doutor falou que eram dois que estavam pra chegar.
Subiu contagiado a R. Zuquim buzinando.
Fazendo o V da Vitória, minha avó só olhando.
Sem saber da história, nunca imaginando...
... que o sinal indicava que eram gêmeos chegando.
Aqui estão Christian e Caio, vindos em Março - não Maio.
Pouco me importa o mês nessa alegria em que saio!
Nesse mundo zuado que nunca me abriu porta...
... um portal iluminado se abriu sobre minha horta.
Meu pai, meu amigo, meu querido exemplo.
Deixaste - ou deixaram? - ruir o teu templo!
Por displicência, orgulho, ingenuidade, paixão.
Mas tudo tem o seu tempo, saiba: não foi em vão!
Hoje te escrevo um poema: sem trocadilhos... dilema...
Embora a minha mão trema com o nó feito no coração.
Te agradeço por tudo, meu refúgio do sistema.
Tenha certeza, PAI: você é meu grande amigão.
Em 11 de setembro de 2010.
Uma torre desabou entre os arranha-céus.
Sustentada por pernas feridas pelo tempo.
Um coração explodiu em milhares de fragmentos.
De repente o sol se fazia mais claro.
De repente a metrópole não era trabalho.
De repente sua voz doce silenciou de vez.
No meu peito metade da cidade morreu.
Não há tristeza em dizer que te amo.
Dizíamos sempre; nas palavras, no engano.
O pedaço de ti que sempre houve em mim não morreu.
Ecoarei pelo mundo este sorriso que é teu.
Homenagem dos filhos de Zezinho Soares.
Versos criados por Cribba Soares, adaptados e recitados por Guto Soares.
Para sempre te amaremos.