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global oneness project
[ruído urbano]
Não vejo quaisquer terras ou campos.
Não há nada.
Estas pessoas vivem em superfícies de betão.
[♪música suave♪]
Existem dois mundos:
o natural
e o manufacturado,
o antigo
e o moderno.
[♪♪]
Durante os últimos 200 anos,
estes mundos têm estado em colisão,
e os últimos bastiões dos modos antigos
estão à beira do desaparecimento.
[♪♪]
O Vale de Rift é conhecido por ser o berço da nossa espécie.
As densamente populadas Terras Altas do Gamo, no sudoeste da Etiópia
continuaram um santuário para a diversidade e para a agricultura orgânica.
desde começo da era agrária, há 10.000 anos atrás.
Aqui, a civilização humana e o mundo natural
ainda são interdependentes e estão intimamente ligados.
É nesta harmonia frágil que os povos do Gamo
podem conter a chave da nossa própria sobrevivência.
No mundo moderno, tornámo-nos "deuses" que controlam a natureza.
[Mary Evelyn Tucker - Autora, Professora em Yale Divinity School]
E, em larga medida, foi por isso que apenas num século passámos de 2 biliões para 6 biliões de pessoas.
Tornámo-nos uma presença enorme no planeta.
[explosão]
E de repente, pensamos ser invencíveis.
Somos omnipotentes.
E a tecnologia sem limites empurrou-nos para este precipício de auto-destruição.
porque olhámos a natureza apenas como algo a ser usado pelos humanos para atingirem crescimento económico e poder.
[♪♪]
A Thousand Suns [Mil Sóis] - um filme de Global Oneness Project
Parte Um: As Terras Altas do Gamo
Como ecologista,
[Leah Samburg - Ecologista, Especialista em Biodiversidade do Gamo]
ouve-se frequentemente falar de uma oposição entre paisagem selvagem e paisagem humana.
E uma das razões pelas quais me senti tão atraída para o Gamo
foi o facto de os residentes terem singrado juntamente com a paisagem durante tanto tempo
o facto de ser uma paisagem onde os humanos fazem parte da natureza.
[♪♪]
Quando cheguei ao Gamo, a grande surpresa foi encontrar uma paisagem tão pouco alterada pelo último século.
Entrevistámos agricultores com 100 anos
e perguntavamos "Qual a maior mudança que presenciou ao longo da sua vida?"
E eles olhavam-nos com estranheza e diziam "Mudança? O quê?"
o que, neste séculos, é muito confuso.
[♪♪]
Sou Kapo Kansa, aqui no sul das Terras Altas do Gamo.
Sabem, nem tudo no mundo é explorado.
Sabem que existe espiritualidade.
As pessoas pensam que o ar não está a falar, que o solo não está a falar, que o céu não está a falar.
Mas existe uma espiritualidade específica quando o céu
e a chuva se aproxima, e as nuvens sobem.
Nisso há um espírito.
[♪percussão e canção tradicional♪]
Fundamentalmente, história religiosas e cosmologias em particular
ajudaram a enraizar os humanos neste imenso universo
e dão-nos uma sensibilidade tremenda para a vitalidade do mundo à nossa volta
- no mundo animal, no mundo vegetal -
começando, claro, nas tradições indígenas que sabiam isto de uma forma fundamental.
[♪percussão e cantares♪]
[ruído urbano]
As pessoas acreditam ser parte da natureza
e não pensam em ser dominantes
e podem explorar tudo o que existe no ambiente.
Elas querem coexistir com a montanha, com o rio, com o caminho.
E em prece elas agradecem sempre ao seu criador.
E de seguida agradecem à montanha.
E oferecem gratidão ao caminho que as levou até casa.
E à floresta que atravessaram
Isto mostram que são amigas do ambiente.
No Gamo, existe um sistema de leis chamadas Wogas
que foram desenvolvidas ao longo de milhares de anos para assegurar a sobrevivência.
Um ancião local mantém e reforça cada Woga.
Há um Woga para abençoar uma plantação e para agradecer uma colheita.
Há uma Woga onde os animais podem
Há uma Woga onde as árvores podem ser cortadas
e Wogas que governam as relações sociais, como o casamentos ou as disputas.
[♪♪]
São representados rituais para agradecer à terra os recursos que providencia.
Para o povo do Gamo, o equilíbrio delicado com a natureza é assegurado por estas leis e rituais.
Se um aspecto for negligenciado, todo o sistema ficará em risco.
[♪♪]
Parte Dois: Vem a Jesus
[♪música espiritual♪]
Algumas organizações evangelicais da Igreja Protestantes instalaram-se
e criaram um tumulto nesta região.
Construíram igrejas freneticamente.
Todas as comunidades têm uma igreja Protestante,
não num estilo tradicional - apenas construídas apressadamente.
Basicamente, estas organizações têm feito o que os missionários Cristão fazem melhor,
que consiste em entregar muitas Bíblias, distribuir sementes e comida,
e está a funcionar, pois muitas pessoas estão a converter-se, especialmente jovens.
Nós Cristãos
[Samuel Otto - Pastor Protestante no Gamo]
estamos empenhados em obedecer aos ensinamentos da Bíblia.
Vemos que as pessoas veneram outras entidades que não Deus, mas isso é ignorância.
Refutamo-lo quando compreendemos o Evangelho.
No passado, a igreja não era tão arrogante,
mas a igreja Protestante pretende aumentar o seu número de membros.
Quando pregam, fazem os líderes tradicionais sentirem-se envergonhados.
Chamam-lhes pessoas demoníacas.
Pois estão convencidos que seguir a tradição é algo que os levaria ao inferno.
Tu tens um carro.
Esse carro não é deus para ti.
Então as árvores, os animais, a água e o rio não são deus.
Temos de venerar Deus.
Temos de usar o mundo para nosso proveito.
Deus criou-o para nós.
[♪música tradicional♪]
Isso opõe-se tacitamente a muitas crenças religiosas sobre como devemos tratar a paisagem
e como devemos viver a vida,
opõe-se vocalmente a muitas dessas coisas.
Os nativos cantam canções belíssimas durante as colheitas, enquanto trabalham,
e muitos destes grupos religiosos proibiram essas canções.
Constroem igrejas em paisagens sagradas.
São incrivelmente disruptivos não apenas para a vida espiritual destes povos
mas também para o seu trabalho e para a sua comunidade.
O desafio, é claro, consiste no facto de os povos indígenas
[Mary Evelyn Tucker - Autora, Docente na Yale Divinity School]
terem esta visão única da vida no universo.
As tradições monoteístas - as tradições abraãmicas
do Judaísmo, Cristianismo e Islamismo, sugerem que Deus está acima do mundo,
um deus transcendente, um deus criador, que ordena e tem uma presença
mas está retirado do mundo.
A remoção de Deus da natureza, muitos dizem, dessacralizou o mundo
e por isso abriu-o ao consumo, ao abuso e à exploração.
Há alguma verdade verdade definitiva nisso.
Nas nossas vidas a maximização está sempre presente.
A maximização do lucro é vista como um enorme bem,
Parte Três: Colheita Num Tubo de Ensaio
Através da ciências, o mundo industrializado desenvolveu tecnologias para maximizar os resultados da agricultura.
Estes pesticidas e fertilizantes foram usados pela primeira na Revolução Verde dos anos 50 e 60.
Milagres da Agricultura
[narrador] Hipermercado: símbolo de um elevando padrão de vida actual.
Estes produtos vêm de quintas e fazendas apesar da distância e das estações.
São o resultado de uma agricultura miraculosa.
Avanços tremendas nos sistemas de produção e de marketing
criaram este milagre, o milagre que desenvolveu a agricultura de maior forma no espaço de tempo de uma única vida
do que a agricultura mundial em mais de 7.000 anos.
Hoje, a agricultura vai muito para lá da natureza para produzir novos milagres.
para uma vida ainda melhor, ainda mais abundante.
Não estava presente na primeira Revolução Verde,
mas alguns dos meus colegas da Fundação Rochefeller estavam.
E a história que contam fala de um mundo muito preocupado
Focaram-se principalmente em duas culturas: trigo e depois arroz.
Estas culturas desenvolveram-se e efectivamente resolveram, por agora, o problema da população -
alimentaram quantidades massivas de pessoas numa pequena quantidade de terra.
E funcionou. Maximizaram o rendimento.
[Leah Samburg - Ecologista, Especialista em Biodiversidade no Gamo]
Quem propõe esta Revolução Verde em África?
O próprio conceito é estrangeiro.
[♪♪]
Se olhamos o mundo como uma máquina, tornamo-nos também uma máquina.
As Terras Altas do Gamo são consideradas um enorme centro de diversidade de espécies agrícolas.
Claramente, as Terras Altas do Gamo são um ecossistema vital para a nossa sobrevivência.
Mas a sua preciosa diversidade agrícola está intrinsecamente ligada à sua diversidade cultural.
Em apenas 300 quilómetros quadrados existem 54 tribos diferentes,
No Festival das Mil Estrelas.
[♪música e dança tribal♪]
Penso que isso demonstra a conexão de cada grupo ao ambiente, à natureza.
E todos os grupos possuem a sua própria expressão desta conexão com a natureza.
[♪♪]
Existe um limite. Existe um limite.
A agricultura sustentável é holística.
Procuramos uma utilização renovável da terra.
[♪♪]
De muitas formas, a agricultura foi a primeira marca humana deixada no nosso mundo.
É o modo como mais intensamente nos relacionamos com o planeta.
Em 2008,
Aqueles que buscam uma relação entre espiritualidade e ecologia
compreendem que os ecossistemas e a biodiversidade estão a ser destruídos
É muito, muito importante que esse elo, esse relacionamento, seja reintroduzido
entre as pessoas e os ecossistemas.