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É uma história de amor banal, entre um nobre e uma garota burguesa
que não pode se casar
e então, por magnanimidade pura, renunciam ao amor de um pelo outro.
De fato, eu não me lembro da história.
Enfim, eu me lembro que eu fique completamente transtornado quando saí
e que precisei de algum tempo para me acalmar.
Obrigada.
No quintal da casa, onde minha avó morava,
havia um garoto na janela, que me perguntou de onde eu viera.
Era poucos anos mais velho do que eu,
era um babaca e que, claro, queria me impressionar.
"Do cinema", eu lhe disse.
Por estar muito orgulhoso de minha avó ter me dado dinheiro para ir ao cinema.
"O que você assistiu?"
Comecei a contar-lhe a história
e conforme falava, a emoção voltou.
Não queria chorar em frente àquele cara, mas era impossível.
Estava lá, em lágrimas, no quintal, e lhe contei todo o drama até o final.
E então? Como ele reagiu?
Não tenho ideia. Provavelmente riu-se de mim.
Não me lembro.
Não me lembro do filme, tampouco. Mas me lembro dos sentimentos.
Tinha vergonha de chorar.
Mas ao contar-lhe os sentimentos, as lágrimas recomeçaram,
por serem mais forte do que quando eu estava assistindo ao filme.
Não conseguia parar.
É lindo. Por que nunca me disse isso?
Há muitas histórias que eu ainda não lhe contei.