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O encontro do G8 aconteceu em Gênova de 20 a 22 de julho de 2001
Em uma cidade vigiada pela policia 300 mil pessoas protestavam contra o encontro
2 dias de confrontos, 200 prisões, 1000 feridos e 1 manifestante morto
A sede do Fórum Social de Gênova, que coordenava
as associações que promoviam os protestos era a escola Diaz.
22 de Julho: a polícia identifica essa escola como a base do Black Bloc,
considerado responsável pela devastação durante o G8.
O relatório investigativo nos permitiu
dividir os manifestantes em grupos, com base em suas características ideológicas
e focar nossa atenção no grupo mais perigoso, o Black Bloc,
composto por cerca de 500 italianos e 2000 estrangeiros.
Com base no que aconteceu no começo das manifestações
e nos confrontos seguintes causados pelos supostos Black Bloc,
algumas coisas precisam ser consideradas.
O Black Bloc viaja de forma anônima
eles nem sempre têm uma base, não fazem encontros regulares
mas eles vem de todo o mundo para participar de eventos importantes
com um perfeito entendimento do território
e técnicas de ataque.
BERLIM
A verdadeira ocupação das casas aconteceu até 1990.
Todas as casas que têm contrato agora
eram ocupações antes da reunificação alemã.
MULI, 31 anos
Quando eu era jovem, em 94-95 não se ocupava mais nada.
Durante minha fase louca de punk-rock, nós ocupávamos apartamentos
ou casas que já estavam ocupadas.
Mudei-me para a casa em que moro agora em 2002, depois de Gênova,
No começo foi uma guerra entre os que queriam negociar e os que não queriam.
Algumas pessoas disseram: "Vamos ocupar, não queremos contratos,
é nosso direito, todos têm o direito de possuir a casa que habitam
e nenhum proprietário tem o direito de existir,
para tomar dinheiro como aluguel."
Outros disseram: "Isso seria certo politicamente
mas no mundo em que vivemos é uma utopia."
Estou feliz em morar em uma casa que, graças a negociações,
está agora nas mãos de uma cooperativa
e foi portanto removida do mercado especulativo.
Eu nunca conseguiria ser aquele que segue a multidão.
Talvez seja por isso que me tornei um punk quando tinha 13 anos.
Sou um caso atípico,
Eu tive uma boa infância e pais fantásticos.
O momento chave foi quando eu estava na escola, com 14 anos.
E havia uma mentalidade muito competitiva lá:
todos contra todos.
Todos tinham que criar seu próprio espaço para ter sucesso.
Mas eu não consegui fazer isso.
Não era o mundo que eu imaginava e nunca achei meu espaço.
Pensei: "Eu não me importo"
e então eu parti.
Fui para um dos campos ocupados por caravanas, chamado "East Side".
Quase mil pessoas viviam lá,
das cenas mais extremas, a maioria punk-rock.
E me senti em casa imediatamente.
Estar junto...
era diferente do que eu já havia experimentado.
Diferente de como era na escola ou de como eram os fãs de futebol.
Eu não quero ser influenciado pela sociedade, eu quero influenciá-la.
Até em um nível emocional eu sinto
que minha vida não pode ser baseada nessa sociedade consumista.
Eu não quero viver assim.
Porque eu vim para Gênova?
Porque quando coisas importantes são criticadas,
quando você participa...
É claro que protestos sempre podem ser ignorados,
Eu posso correr nas ruas gritando que o capitalismo é uma merda.
A questão é: "Quem se importa? Quem irá me ouvir?"
É um problema que os jovens enfrentam: quem irá ouvi-los?
É por isso que em Praga eu fiquei feliz de poder participar diretamente,
de que nós conseguimos interromper o encontro.
Era o encontro do Fundo Monetário Internacional.
E isso me motivou.
Então eu queria ir à Gênova a todo custo.
Tenho muitas memórias.
Fiquei impressionado em ver pessoas diferentes se unirem.
Acho que é uma rara experiência de vida.
Nunca vivi isso novamente: estar com milhares de pessoas
totalmente diferentes com motivações políticas diferentes,
de grupos diferentes, com objetivos diferentes.
A forma como entraram em contato, a interação que se deu,
o interesse recíproco e a curiosidade...
Fazendeiros protestavam sobre a política agrícola
e ficaram lado a lado com anarquistas e punks
e foi um encontro pacífico.
Eles não se mostraram agressivos uns com os outros.
A mudança
aconteceu muito rápido, pelo que eu vi.
Já havia muita tensão naquela manhã quando tudo começou.
O ataque da polícia ao grupo Tute Biache
aconteceu de repente, sem aviso.
A quantidade de gás que usaram contra as pessoas
não te dava chance de escapar.
O terror puro explodiu.
Nunca tinha visto algo assim acontecer
e nunca mais quero ver.
Não foi uma intervenção policial comum.
Para mim era como uma intervenção militar
e como muitos outros, eu temi pela minha vida.
- Filme aquilo. - Merda, há um rapaz... Meu Deus!
Assassinos! Assassinos!
Só quando cheguei no estádio Carlini descobri
que perto de nós Carlo Giuliani tinha sido morto.
No dia seguinte, quando começaram a jogar o gás novamente,
Eu não pude continuar.
Havia um protesto à beira mar.
Comecei a ter dificuldade em respirar.
Então o pânico se espalhou pela multidão, que começou a recuar.
Eu estava preso na multidão, não podia me mexer,
não podia nem andar.
Estava tão esmagado que se tivesse levantado o pé, não teria caído.
As pessoas estavam tão apertadas que o gás ricocheteava
sem nem mesmo tocar no chão.
Em Gênova, depois do segundo dia, a atmosfera era..
Um policial na rua era o suficiente para criar energia negativa.
Ninguém tinha coragem de ficar a menos de 50 metros dele.
E estavam certos, na minha opinião.
Eles eram como um exército hostil, um exército inimigo.
Eu estava mentalmente perturbado e exausto.
Eu nem queria voltar para o estádio.
Era muito grande, caótico e perigoso para o meu gosto.
Em retrospecto, foi a decisão errada.
Eu estaria mais seguro no meio de 10,000 pessoas.
Então fui para a escola,
também porque, como muitos outros eu queria sair da cidade.
LENA, 34 anos
Nós estávamos muito chateados com o que tinha acontecido.
Então decidimos não sair naquele dia
e passar a noite em algum lugar na praia.
Mas então decidimos ir para a escola Diaz
porque descobrimos que poderíamos dormir lá.
NIELS, 34 anos
Estacionamos quase na frente dos portões da escola.
Lena e eu entramos
e procuramos um lugar onde pudéssemos ficar sozinhos.
Não queríamos muitas pessoas em volta,
queríamos descansar depois do que aconteceu.
MINA, 37 anos
Estacionamos o carro.
Stefania e Valeria dormiram logo.
Eu também estava me preparando,
Estava falando com alguns amigos, esperando para usar um computador.
MICHAEL, 46 anos
Eu estava num bom café na esquina,
com duas garotas belgas,
lembro que eram professoras e que falávamos sobre teatro.
Era ao redor de 11 horas da noite,
e tivemos uma boa conversa,
eu cometi um erro porque elas ofereceram outra cerveja
e eu recusei, dizendo que estava cansado.
Foi em 5 minutos, se eu tivesse tomado outra cerveja,
eu não estaria nos espancamentos da escola Diaz.
DAN, 46 anos
Nós visitamos o Centro de Mídia antes,
Sabíamos que em frente havia uma escola onde se podia dormir.
Pensamos que era um lugar seguro,
porque é perto de um centro de mídia,
então nada irá acontecer sob os olhos da mídia.
Achamos um quarto no andar de cima que tinha mais espaço,
não dava para entrar lá pela porta porque o prédio estava em reforma
e a porta não tinha uma maçaneta.
Tivemos que subir um andaime e entrar pela janela.
Estávamos só eu, o Sam
e o Norman nesse quarto e..
comemos uma pizza com uma taça de vinho tinto
sentados no andaime, como uma sacada,
olhando toda a cidade.
CHABI, 46 anos
Depois de tudo que passamos
tivemos a impressão de que aquele seria um final
tranquilo e confortável.
Então, de repente,
ouvimos alguém gritando: "Polícia! Polícia!"
Eu estava com minha escova, esperando para escovar os dentes,
e ouvi alguém gritando: "A polícia está na frente da porta!"
E eu pensei: "De novo não!"
Você fica com um sentimento:
"Calma gente, já acabou."
Então eu não fiquei tão preocupado.
Eles diziam: "Olha lá fora! Há muitos policiais!"
Eu pensei: "Está bem, vou olhar."
Vi centenas de "Robocops", que é como os chamo,
Corri imediatamente para o 1º andar, onde estavam as minhas coisas.
Foi uma reação causada pelo pânico
Pensei: "Vou pegar as minhas coisas e fugir".
"Se a polícia entrar, eu não quero estar aqui".
"Quero tentar fugir".
No exato momento em que eu ia pegar a minha mochila
eu vi uma van policial batendo contra o portão de entrada.
O pátio encheu de policiais que entravam pelo portão,
correndo para a porta da escola que estava trancada.
Os policiais corriam para as janelas como cães raivosos.
Eles quebraram as janelas com seus cassetetes.
Nessa hora eu fiquei em pânico
e sabia que precisava me salvar.
Estavam quebrando a porta, então eu percebi
que dezenas de policiais estavam entrando
e pensei com minha escova: "Preciso correr!"
Muita gente ficou assustada, foi caótico.
Uma multidão de pessoas apavoradas correndo.
E havia aqueles que acabavam de acordar
e ainda estavam meio dormidos em seus sacos de dormir,
tentando entender o que estava acontecendo.
Foi uma mistura de
quebra quebra e gritaria,
tudo junto e muito alto,
e permaneceu alto.
Era como se tivessem ligado uma máquina muito barulhenta.
Corríamos sem destino pela escola.
Tentamos sair pelos andaimes,
mas era impossível então continuamos correndo pra cima e pra baixo.
No terceiro andar encontramos um armário perto do banheiro
e pensamos em nos esconder lá para que não nos achassem.
Ficamos no quarto e a porta estava fechada, sem maçaneta.
Nós apagamos as luzes e nos escondemos em baixo da mesa,
porque talvez eles não notassem que estávamos ali.
Então juntamos umas mesas no canto.
Três homens adultos se escondendo em baixo da mesa no escuro,
escutando algo horrível ocorrendo lá fora,
esperando que eles não nos achassem.
Por um instante me encontrei sozinho em frente a essa porta.
Não havia ninguém, ninguém corria,
o ginásio estava calmo.
Pensei que todos
estavam escondidos esperando o que ia acontecer.
Não se ouvia gritos nem outros barulhos,
a não ser a polícia tentando arrombar a porta.
Então eu vi
o primeiro policial.
Ele devia ser o primeiro que entrou na escola Diaz.
Ele entrou com uma exalação...
bufando ódio,
com uma ansiedade para nos eliminar que surpreendia.
Ele se aproximou
e pegou uma cadeira.
Quando eu já estava sentando no chão
ele arremessou a cadeira em nós.
Eu ouvia as botas da polícia subindo as escadas
e sabia que iam nos atacar.
São momentos muito longos,
você sente exatamente
que algo irá acontecer com você.
Eles conseguiram nos encontrar,
e começaram a chutar a porta.
Foi um momento ruim.
E eles demoraram para derrubar a porta,
porque estavam colocando novas portas e era uma porta de qualidade.
Acho que estávamos totalmente congelados,
petrificados, sem saber o que fazer.
E quando entraram no quarto foi algo muito forte porque
estávamos no escuro total e eles tinham luzes,
então tudo que vimos foi uma silhueta,
como uma imagem gráfica.
Apenas o formato escuro das linhas de um policial,
capacete e cassetete.
E por alguma razão
eu me levantei e pensei...
algo passou pela minha mente:
"É melhor eu dizer algo agora,
porque se não pode ficar violento."
Levantei e mostrei as mãos, me rendendo,
e disse: "Calma."
Eles abriram a porta e nós levantamos as mãos.
Eles arrastaram Niels para fora e começaram a espancá-lo.
Então começaram a me bater e chutar
até que eu caí no chão, no corredor.
Mal vi Lena ser levada.
Eu também fui arrancada do armário.
Tinha um semicírculo de policiais na minha frente.
Entre oito e onze policiais.
Eu mantinha minhas mãos erguidas e eles me acertaram na cabeça e ombros.
Depois dos primeiros golpes eu caí no chão,
e tentei proteger minha cabeça,
então acertaram minhas costelas e me chutaram nas costas.
Senti imediatamente que minhas costelas tinham quebrado.
Tinha um cabideiro na parede,
e me jogaram várias vezes contra os ganchos.
Eu me levantei com dificuldade, eles chutaram minhas pernas
e eu caí novamente.
Então me pegaram e jogaram contra o cabideiro de novo.
Eles me empurraram pelo corredor com um pau
até uma pequena escada com três degraus.
Eu estava deitada, com o rosto no chão, e eles me jogaram escada abaixo.
Eu usei minhas mãos para me proteger
e o policial bateu nos meus dedos e me chutou na cabeça.
E então
um deles me pegou pelo cabelo me arrastou escada abaixo
enquanto os outros me acertavam pelas costas
e me chutavam pelos lados.
Eram mais ou menos 5 policiais,
que por um bom tempo, enquanto eu estava no chão,
me chutaram e me bateram com cassetetes.
O tempo todo tentei proteger minha cabeça com os braços,
e então eu me enrolei para evitar tantas pancadas,
então a maioria dos golpes foram chutes nas costas.
Depois de um bom tempo os policiais saíram e me deixaram lá.
deitado numa poça de sangue no corredor.
Uns minutos depois outro policial chegou.
Ele pegou um extintor que estava perto de mim
e espirrou sobre o meu corpo inteiro.
Minha cara estava coberta de sangue e tinha muitas feridas abertas,
o pó do extintor causou uma dor infernal.
Eu só tive a chance de dizer: "Calma, calma."
Eu estava com as mãos levantadas.
E o cara na frente, lembro que ele
levantou o cassetete sobre a cabeça o mais alto que podia
e bateu na minha cabeça,
batendo o mais forte que podia.
O que eu quero dizer é..
Era inacreditavelmente forte e doloroso.
E eu perdi a consciência por um momento,
eu acho que apaguei.
E eu caí no chão...
na verdade eu caí em cima do Norman,
e ele sempre foi grato por isso,
porque eu cai sobre ele então eu fui mais espancado.
Por sorte, ele não foi espancado.
Então eles começaram a chutar e bater com o cassetete.
Não foi a primeira vez que me bateram,
e eu costumava praticar boxe,
Já estive em situações onde as coisas ficaram meio duras.
Então eu não estava completamente chocado.
Mas depois de alguns segundos em que nos bateram no chão,
algo mudou, não era como se estivessem tentando
nos bater ou provar que estavam certos...
Era só um cara e ele estava me acertando de verdade
Como se não fosse parar até quebrar a minha cabeça,
ele queria quebrar minha cabeça.
Eu fiquei do lado de um aquecedor
e havia muita gente ao meu redor.
Eu estava bem protegida.
Em certo momento levantei os olhos
e meus olhos cruzaram com os de um policial
que começou a me bater
Tentei me proteger com meus braços como pude
e ele me bateu nas costas.
Ao meu redor havia gente sangrando.
Havia uma italiana muito jovem
que estava totalmente histérica e gritava.
A polícia entrou correndo
e pegavam logo a primeira pessoa e a acertavam na cara
com o cassetete.
Pareciam um bando de javalis descontrolados.
Foi um espancamento com golpes constantes.
Acho que não durou mais do que 30 segundos
de outra forma eu não teria conseguido sobreviver.
A única cena que eu consigo lembrar
é de um policial que continuava me chutando nas costelas e no estômago.
Eu não conseguia respirar
e eu achei mesmo que iria morrer por falta de oxigênio.
Uma surra selvagem.
A pior da minha vida, sem dúvida.
Toda a minha habilidade de resistir foi empregada naqueles minutos
e eu não sabia quando tempo conseguiria suportar.
Então os golpes pararam.
Eu abri meus olhos,
e a cena era dramática.
Então tudo que eu sei é que havia sangue por todos os lados,
em cima, na minha frente...
Nunca vi tanto sangue em toda minha vida
e nunca mais quero ver.
Pensei que a pessoa na minha frente estava morta.
Tinha uma enorme piscina de sangue saindo da cabeça dele
e estava ficando maior.
As únicas coisas que disse para a mulher ao meu lado foram:
"Ele está morto, não está?"
Eu pensei: "nada importa agora,
eles vão me matar de qualquer forma."
Eu já tinha aceitado o fato de que eu não iria sobreviver.
Então eles me jogaram em cima de duas pessoas
que estavam caídas no chão, cobertas de sangue,
e lembro de ter me perguntado se estavam vivos ou mortos,
porque eles não se moviam e nem falavam.
E eu não conseguia nem sair de cima deles.
meu braço estava apertando minhas costelas quebradas
e era quase impossível me mexer.
Notei que minhas pernas estavam se mexendo sozinhas.
Vi que alguém no corredor estava tendo as mesmas convulsões,
e então eu me acalmei,
porque pensei que deveria ser normal naquelas condições.
Aos poucos os policiais começaram a descer as escadas
e começaram a ir para os outros andares.
Então eu pude ver o resto do corredor.
Era uma cena realmente devastadora,
havia pessoas no chão por todo lado, cobertas de sangue.
Havia um garoto atirado no chão,
havia...
Eles nos fizeram descer ao térreo.
Com seus cassetetes eles nos empurraram até o térreo.
Eles continuavam nos insultando, dizendo que iriam nos matar.
Então os policiais deixaram a escola.
Conforme passavam alguns cuspiam em mim.
Outros tiravam o capacete para mirar melhor o cuspe.
Naquele momento eu pensei, por mais que a comparação soe estúpida,
"Isso é como no Chile ou Argentina."
Era como as imagens que vi em filmes.
A polícia toda nas escadas cuspindo em nós.
Um policial no térreo estava acertando as pessoas que passavam.
Então fui para o ginásio e aquilo era..
era além do imaginável,
porque estava cheio de pessoas sangrando
e aterrorizadas, e o que pareciam ser corpos.
Eu não tinha certeza se aquelas pessoas estavam vivas,
porque estavam estiradas no chão pareciam totalmente destruídas,
e as pessoas em volta delas pareciam totalmente histéricas.
E um pensamento me veio naquela hora.
Eu venho de uma família meio judia.
Ao menos meu pai vem, a mãe dele era judia.
E há uma coisa na cultura judia que é dizer: "Nunca esqueça."
Não esqueça o que aconteceu na 2ª Guerra e no nazismo.
É uma transmissão de memória.
E uma dessas memórias que ele contou, foi ter
levado botas nazistas na cara.
E eu tinha essa ligação na minha cabeça.
Isso é uma situação nazista.
Uma palavra veio em minha mente: "Sobreviver."
Nada mais, você tem que sobreviver.
Eu levei uma grande pancada
no lado da minha cabeça, que sangrava muito,
e..
acho que uma das coisas mais assustadoras para mim
era ver esse sangue sair da minha cabeça
porque não era como sangue normal,
sabe...
você se acostuma quando se corta e começa a sangrar,
mas isso era como uma geleia.
Era vermelho mas era grosso como geleia.
Eeu não sabia o que pensar mas parecia algo do meu cérebro,
não apenas sangue.
Então eu estava ficando muito preocupado,
e aí o Norman disse,
basicamente: "Que merda, você parece estar muito mal."
A partir daí...
médicos apareceram,
de ambulâncias, não sei... simplesmente apareceram.
E esse cara estava deitado lá sem consciência,
então eu percebi que havia uma saída.
E eu olhei para frente e vi um cara
de cabelo comprido sangrando e eu pensei: "Se eles voltarem,
eles vão tirar esse cara." Se eu fosse médico eu levaria ele.
O que aconteceu foi que veio um médico,
pegou o braço direito daquele rapaz,
e eu levantei e peguei o braço esquerdo dele,
e fiz como se eu estivesse ajudando ele a sair.
E na minha frente a polícia abre caminho...
eles abrem, abrem... e chegamos na rua.
Fomos empurrados para a rua, o que foi uma experiência surreal,
porque parecia um teatro gigante.
Havia multidões em todas as janelas,
eu via rostos em toda parte luzes disparando,
e pessoas gritando
coisas como: "Assassinos!"
Havia muito barulho e gritos.
Nós passamos por um corredor de pessoas,
com multidões dos dois lados.
E logo tinha muita gente em volta: Rádio, TV, pessoas me fazendo perguntas...
E vieram...
um ou dois advogados, um era Massimo Pastore.
E me disse: "Calma,
se você estava lá dentro, está pronto pra testemunhar?"
Pelo menos eu estava entrando em uma ambulância,
e isso parecia para mim uma forma de salvação.
E Norman continuava comigo,
porque ele disse no colégio: "Aconteça o que acontecer,
eu não vou te deixar,
não vou te deixar sozinho."
Então ele foi na ambulância conosco,
e nós partimos nesse passeio maluco pelas ruas de Gênova.
Bem, então eu me apresentei na manhã seguinte,
às 7 da manhã me encontrei com os advogados,
às 8 tomamos um rápido café,
e fomos para a delegacia.
Eu estava com 2 advogados, um de cada lado, porque eu tremia.
Eu estava encarando
a polícia italiana para denunciar a polícia italiana.
Eu me senti estranho,
e eu pude ver nos olhos deles
que eles não queriam acreditar em nada do que eu dizia.
"Você é o que nós mais odiamos.
Você é um terrorista, você destrói nossa cidade,
você mente para nós."
No hospital havia esse longo corredor meio tortuoso
e havia uma maca atrás da outra, cheia de pessoas da escola Diaz,
e todos muito machucados,
alguns inconscientes, alguns andando,
mas a maioria deitada nas macas, parecia um hospital de guerra.
Eu tentei levantar.
Consegui ficar em pé por um momento,
eles tinham me acertado forte na cabeça.
Eles quebraram meus dedos, nariz e costelas.
Meu lado direito estava preto e azul de tantos machucados.
E na sala de emergência,
eu vi o Niels novamente.
Ele me viu e se aproximou da minha maca.
Ele parecia um zumbi,
seu rosto estava machucado e inchado e seus olhos cheios de sangue.
Lena não conseguia falar, só conseguiu mexer o braço.
Ela fazia ruídos estranhos, como grunhidos.
Eu falei com ela mas ela não respondeu. Ela sentia uma dor terrível.
Então um médico veio e me disse
que ele iria fazer um corte sob meus seios
para inserir um tubo que permitiria que meu pulmão respirasse.
Eles tinham sido perfurados pelas costelas quebradas
e eles precisavam drenar o sangue.
E pensei: "Isso é exatamente o que precisava acontecer agora".
Então eles nos colocaram em outro andar ou em cadeiras de roda,
onde as pessoas que haviam sido presas estavam.
Na porta uma placa dizia: "Posto da Crise",
era uma ala fechada do hospital, no porão.
Lá a tortura começou novamente.
Nós fomos levados nas cadeiras de roda...
Os "policiais carcerários" eram como uma gangue de Rambos,
com coletes a prova de bala e todo equipamento que tinham.
Eram musculosos como fisiculturistas.
E havia um cara pequeno, numa camiseta azul, um policial comum,
que era como um ditador. Ele gritava e nos estapeava.
Então me levaram para outro quarto
onde eu tive que tirar a roupa devagar.
Com cada peça que eu tirava, eles me batiam.
Então tive que fazer flexões e a cada uma eles me batiam
e então chegamos no banheiro.
No chuveiro alguns policiais me intimidaram
e eles estavam excitados como se quisessem me comer vivo.
Eles me cercaram e me empurraram, gritando para ir logo.
Eles espirraram desinfetante na minha cabeça.
O chuveiro estava todo vermelho, com o sangue dos dia anterior.
Eu não conseguia ver mais nada.
O cara que estava comigo vestia roupas pretas,
tinha tatuagens e parecia um punk.
Então o que fizeram comigo foi só pra esquentar.
Ele foi espancado por todos.
Eles abriram todas as suas feridas novamente.
Ele tinha que limpar seu sangue do piso.
Foi uma experiência realmente desagradável.
As próximas 24 horas na cama do hospital foram horríveis.
Nós esperávamos o pior.
Quando algo assim acontece você não sabe o limite deles.
Eu acordei e vi um policial na minha frente, tocando seu saco
e conforme ele me insultava, outro engatilhou sua arma.
E com o cara na cama ao lado foi pior, faziam jogos com ele.
Um policial fingia que ia atirar nele enquanto outro o parava.
É claro que agora eu sei que era só uma cena
mas naquela situação eu acreditei.
No começo eu não consegui entender tudo com isso.
Por anos eu não lembrei das cenas após o chuveiro.
Só quando eu encontrei o cara que esteve lá comigo
que eu lembrei que não tinha sido espancado novamente no hospital
mas foram horas de puro terror.
Basicamente, um trauma ocorre por um evento que você não consegue entender.
É claro que é causado por situações violentas.
Os sintomas típicos são a insônia, pesadelos recorrentes.
Ansiedade também, a sensação de estar em perigo constante.
Sua adrenalina está sempre alta.
E por isso, as vezes você se desconecta da sociedade.
Então fui levado para outro quarto para ser examinado.
Havia um médico lá.
Ele me perguntou algumas coisas me pediu para fazer uns exercícios.
Disse que se eu pudesse andar, poderia sair do hospital.
Em um dado momento, eles nos levaram para fora.
Nos colocaram em uma viatura policial
e nos levaram.
E nós atravessamos Gênova durante a noite.
E a única parte que eu lembro bem
é que de cima de uma colina, consegui ver
o porto, onde os barcos estavam,
e era como se eles estivessem cobertos de luzes mágicas,
estava brilhante e cintilante e bem branco.
Mas nós iríamos para outro lugar, era como um pesadelo,
e eu acho que eu não pensava claramente,
logicamente, nada disso...
mas eu pressentia que algo muito ruim iria acontecer.
Ainda pior do que o que tinha passado.
E pelo que ocorreu a polícia teria que encobrir tudo,
e parecia que seríamos considerados culpados.
Isso era o que parecia,
que nós éramos os responsáveis,
nós éramos os bandidos.
Nesse momento pensei que minha vida tinha acabado.
Eu precisava desistir de tudo.
Depois de um tempo chegamos em uma vila antiga estilo Mussolini.
Estávamos em Bolzaneto,
mas ninguém nos disse isso.
Acho que ninguém sabia da existência desse lugar até esse dia.
Era um centro de detenção e punição,
antes da prisão.
Eles nos fizeram sair da viatura e nos colocaram contra a parede.
Os policiais nos cercaram,
gritando e nos insultando.
Eu estava tremendo.
O policial que parecia estar no comando
tinha uma caneta na mão
e ele fez uma cruz na minha bochecha.
Como se fôssemos gado.
Eles estavam nos marcando.
Eu estava gritando de dor, não podia nem levantar
então eles chamaram um suposto médico
ao menos é o que disseram apesar dele estar com uniforme policial.
Ele tocou minhas costas e perguntou onde estava doendo.
Logo ele encontrou uma grande contusão lá.
Ele perguntou se era ali que eu sentia dor e eu disse que era.
E ele fez cair bem naquele ponto.
Eu caí no chão com muita dor.
A cela fedia a sangue estragado.
Pessoas ainda tinham feridas abertas.
Pela janela da cela
os policiais nos insultavam e riam de nós.
Então me levaram para outra sala para ser revistado.
Havia uma mesa lá com um policial atrás,
enquanto os outros ficavam em volta
E o policial começou a me revistar, era a terceira vez que eu era revistado,
mas essa vez foi totalmente diferente das outras.
Eu tive que ficar nu.
O policial passou um detector de metal nas minhas roupas.
Eles viram que eu estava com tanta dor, que mal podia me mexer direito,
então me obrigaram a fazer flexões nu,
em frente aos policiais, que desfrutavam da cena.
A dor era enorme, eu não aguentava mais,
mas tive que continuar.
Estava claro que nós não tínhamos direitos nesse lugar.
Nós não podíamos fazer ligações ou ver um advogado.
Eu lembro que nós pedimos mas era tudo muito surreal.
Era uma situação...
na qual você sabe que está fora da legalidade.
Havia pessoas bem jovens lá, particularmente uma garota
que tenho quase certeza que era italiana.
E eu me sentia mal por ela porque estava totalmente perdida.
Ela não tinha ideia do que estava acontecendo, ela estava de joelhos,
como na igreja, e ela implorava
aos guardas pelas grades.
Não sei o que ela dizia,
mas havia um espanhol que entendia.
Ele disse que ela pedia
para que seus pais fossem avisados.
Ela pedia: "Por favor, por favor,
tenho que voltar para minha mãe, minha mãe me espera,
me deixe ir."
Eles a desconsideraram completamente.
Me senti mal, porque eu nem mesmo conseguia falar com alguém,
mas sentia que alguém deveria confortá-la
e dizer: "Não se preocupe, estamos juntos nessa.
Nós vamos conseguir."
Foi tudo muito assustador.
Algumas pessoas não são imediatamente afetadas pelo trauma sofrido.
Eles continuam como antes.
Talvez tenham a sensação de ter um antes e um depois.
A vida é dividida entre um antes e um depois.
Uma sensação de: "Encarei a morte e agora tudo mudou."
Você perde parte de você mesmo.
Dois dias depois,
duas noites depois,
eles começaram a...
tudo isso... sem saber.
Agora eu sei que me levavam à prisão,
mas na hora eu não sabia para onde ia.
Eles me levaram, em um ônibus com outras garotas expulsas,
para a prisão em Voghera.
Com correntes e algemas, me colocaram no ônibus,
para uma viagem turística por Pavia,
pela área rural.
A prisão de Voghera... foi como chegar em um hotel.
Pela primeira vez comemos um prato quente,
havia muito tempo que não comíamos nada quente.
Era como um tipo de férias, podíamos sentar na cela e comer sanduíches.
Eu pensava: "Ao menos voltamos ao processo legal,
vamos ver o que acontece."
Havia TV na cela
e comecei a ver imagens nos noticiários.
Vi as primeiras manifestações
e eram manifestações por nós.
Foi um momento muito emocionante,
ver que tinham grandes cartazes onde escreveram "Diaz".
No fim, saber que alguém estava pensando em você fora da prisão.
É claro que meu irmão soube de tudo na Alemanha.
Foi muito complicado.
Minha família tentou descobrir o meu paradeiro.
Eles ligaram para a embaixada em Roma, ligaram para todo mundo.
Meu irmão procurou por todo lado, sem nos encontrar
e..
Desculpe mas essa é a pior parte para mim.
Meu irmão, sem saber..
Desculpe...
Meu irmão simplesmente pegou o carro e veio me buscar.
Ele descobriu onde eu estava e veio para a delegacia.
Eu estava dentro e vi ele lá fora.
Nós tocamos nossas mãos mas não foi fácil por causa das grades.
Eu não tive nenhum contato com as pessoas que eu amo por quatro dias.
Eu estava...
Me sentia completamente sozinho,
eu nem sabia o que tinha acontecido com a Lena.
Eu estava perdido, a mercê da polícia e dos guardas da prisão.
Por anos eu não consegui dormir, tive pesadelos.
Eu não conseguia esquecer o que aconteceu.
No fim percebi que eu estava sofrendo um "trauma".
Eu aceitei esse fato pela primeira vez em 2004
quando li um folheto de um grupo.
O folheto descrevia a síndrome pós-traumática,
e seus sintomas.
Acho que eu chorei durante a noite toda.
Estava tão aliviado que alguém
havia descrito minha situação.
Eu percebi que eu não estava completamente louco,
que eu não era fraco nem maluco,
que tive uma reação normal para um evento anormal.
Então, depois de 5 anos, comecei a sentir esperança,
quando voltei para Gênova para os julgamentos.
E então comecei a viver novamente.
Eu tive que superar sozinho.
E foi por aí que comecei.
GÊNOVA
Após depor em Gênova
comecei a ver um psicoterapeuta
que me ajudou muito.
Começar de novo foi muito importante
porque depois de Gênova eu dei uma longa pausa.
Não fiz muito politicamente.
Sentia como se eles tivessem tirado a minha capacidade de agir.
Logo que via um grupo de policiais, eu começava a suar.
Até participar de protestos normais ficou difícil.
Eu nunca analisei totalmente.
Conheci pessoas que tiveram experiências similares a minha,
pessoas que vinham do ativismo político de esquerda
e cada uma teve sua própria experiência para superar.
E nós criamos um grupo que lida com esse tipo de coisa.
É chamado "Apoio ao Trauma de Ativistas".
Eles trabalham um pouco como os paramédicos em protestos.
A tarefa deles é tratar ferimentos físicos.
Enquanto nós estamos lá para tratar feridas mentais.
No G8 na Alemanha nós provemos esse apoio psicológico,
de oferecer ajuda e informação às pessoas.
Foi uma boa forma que encontrei para voltar a participar da resistência política.
O G8 virou uma espécie de símbolo.
Nós também vamos tentar barrar o próximo G8.
Mas quero continuar nessa direção porque vivi isso.
Então por 3 anos fiz um curso alternativo de medicina.
Ele te permite trabalhar na área médica sem ser médico.
Depois desse curso inicial
tive a oportunidade de continuar meus estudos.
Pude ir para a universidade e estudar psicologia
e finalmente serei capaz de oferecer terapias para traumas.
Eu continuo ativo politicamente.
Tento fazer coisas além do meu trabalho diário
O que mudou na minha vida depois de Gênova
é que eu faço coisas num nível mais pessoal.
Quando eu era jovem, a política consistia em grandes manifestações,
ação direta, encontrar pessoas.
Mas agora a política influencia minha vida diária.
Eu tento viver o que eu penso que pode e deve existir em larga escala.
É por isso que eu luto.
Mas apenas uma revolução conseguiria isso, eu não acho que irá acontecer.
Mas é assim que eu quero viver, é meu modo de lutar pela causa.
Eu ainda acho que o que fizeram conosco na Escola Diaz,
considerando o que aconteceu, foi um ato de repressão forçada.
Eles quiseram nos mostrar o que pode ocorrer quando você incomoda quem está no poder,
quando você se aproxima demais deles.
O fato de terem nos espancado até ficarmos pretos, azuis e roxos
era o objetivo deles e eles conseguiram isso.
Quando eu voltei para Berlin, as pessoas me abraçavam chorando.
Eles choravam, não eu, apesar de eu ter passado por isso.
Eu acho que o objetivo foi traumatizar o movimento
com o que eles fizeram conosco.
Muitas coisas aconteceram comigo em minha vida.
Gênova foi uma experiência poderosa que me marcou profundamente
e a única coisa que a polícia não conseguiu foi me fazer desistir.
Podemos dizer que eles conseguiram o oposto.
Eu não posso, e nem quero me aposentar e levar uma vida burguesa.
Não quero fazer isso.
Talvez eu não esteja mais na linha de frente de muitos protestos.
Mas continuo fazendo o que eu quero.
Eles falharam em quebrar o meu espírito naquela escola.
Depois do ataque, a polícia prendeu as 93 pessoas que estavam na Escola Diaz.
Elas foram acusadas de formação de quadrilha, vandalismo, roubo,
resistência à prisão e posse de armas.
Após 3 anos de investigações, as acusações foram arquivadas.
Com os depoimentos dos ativistas 29 policiais foram investigados
e levados a julgamento por agressão e falso testemunho.
Com o recurso, 25 policiais foram condenados a um total de 85 anos de prisão
e desqualificados para cargos públicos por 5 anos.
Os manifestantes receberam um milhão de euros em compensação.
Aguardando o Tribunal de Cassação,
os policiais mantiveram seus empregos ou receberam promoções.
O ex-chefe de polícia, De Gennaro, foi condenado a 1 ano e 4 meses
por induzir falso testemunho no julgamento da Escola Diaz.
Atualmente, ele é chefe do Departamento de Informação para a Segurança,
órgão que supervisiona o serviço secreto italiano.
Ulrich Reichel "Muli": Depois dos eventos traumáticos de 2001,
Ulrich começou seu treinamento como terapeuta alternativo.
Pai de uma filha de 1 ano,
ele ocupa uma casa em Berlim com sua namorada italiana,
e deseja se formar em psicologia.
Michael Gieser: Empreendedor, ele mantém sua atividade de
facilitador multilíngue em métodos criativos de aprendizagem.
Ele mora no sul da França com seus 2 filhos, de 3 e 5 anos.
Daniel Mc Quillan: Em 2001, após fundar a Multikulti,
um site internacional para desabrigados e refugiados,
conheceu e se casou com Njomeza, uma refugiada de Kosovo.
Pai de duas crianças de 3 e 7 anos,
é agora instrutor em uma universidade.
Ele organiza "dias de hack" internacionais
para criar inovações usando tecnologias digitais.
Niels Martensen: Um Vegan desde antes de 2001, tem sido ativo
na defesa do meio ambiente e das árvores particularmente.
Hoje, Niels é um arboricultor, fundou e dirige, ao lado de Lena,
uma cooperativa Arborista que emprega 15 pessoas.
Ele vive em um trailer na cidade de Hamburgo.
Chabi Nogueras: Vive em Saragoça e é um objetor da consciência,
antes mesmo do G8 atuava na Alternativa Antimilitar.
Trabalha na Pantera Rossa, um centro social independente.
Em alguns meses, sua filha irá nascer e ele sonha voltar a Gênova com ela.
Mina Zapatero: Ao completar seus estudos em Árabe
mudou-se para Beirute em 2002.
Agora vive em Paris onde é ativa no Centro de Mídia Independente
com o coletivo "Regarde à vue".
Lena Zuhlke: Em 2001 estudava Indologia na Universidade de Hamburgo,
está escrevendo sua tese de doutorado e também trabalha com Neils em arborismo.
Vive em uma comunidade com 30 pessoas.
Atua pela ecologia e especialmente na luta antinuclear.
Entrevistas realizadas e organizadas
com a colaboração de Mina Zapatero
Revisão e correção das legendas: Tamino