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A escolha desta obra de 1925 de Querubim Lapa terá possivelmente também motivações muito pessoais.
Ao tratar-se de uma obra feita com azulejos de aresta, vidrados, monocromaticamente verde,
não posso deixar de recordar um pavimento sevilhano colocado num convento do Funchal, em Santa Clara,
que está feito exactamente com a mesma técnica. E resulta-me curioso
como um azulejo sevilhano, colocado em território português, terá inspirado muito provavelmente
o Querubim Lapa a realizar este painel, que é tão delicado, e no qual mistura também
dois emblemas de caráter bastante nacional, pelo menos um nacional e outro local, de Lisboa.
O título da obra O cais das colunas faz precisamente alusão às duas colunas que temos frente
ao Terreiro do Paço, e também à esfera armilar que remete para os azulejos produzidos
em Sevilha no séc. XVI, encomendados por D. Manuel para decorar, precisamente, o seu
palácio de Sintra. Quiçá por estas razões, nas quais se misturam apreciações estéticas
e também circunstâncias bastante pessoais, e muito subjectivas, é que esta obra de Querubim Lapa
sempre me chamou a atenção.