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Pudemos ver o processo por trás
de um bom vinho, porém, hoje em dia, somam-se
novas técnicas y filosofias na produção do vinho, seu
trabalho, a relação com o meio ambiente e as pessoas que o cercam.
Isso é a sustentabilidade.
A Viña Cono Sur esteve profundamente motivada
pelo desenvolvimento das suas políticas relacionadas ao meio
ambiente, acreditando firmemente que a produção do vinho de alta
qualidade pode e deve andar de mãos dadas com
as práticas ambientalmente corretas.
Maximiliano Erlwein, Gerente de Exportação da Viña Cono Sur
vai nos explicar com detalhes.
Max, o que significa um cultivo orgânico?
A administração orgânica em vinhedos é uma
produção de uvas na qual você não está autorizado a aplicar
nenhum tipo de pesticida, herbicida ou
controle químico, seja para plantas ou para insetos.
Em um manejo tradicional, eu não quero ver nenhum
tipo de inseto, nada. Se alguém vir uma borboleta voando,
se desespera. Mas uma praga, por definição técnica, é uma espécie
de inseto que tem um maior desenvolvimento do que outra, e
que causa dano econômico. O que é que fazemos aqui? No Chile temos
a Brevipalpus Chilensis, que é uma aranhazinha vermelha.
Então, a cada duas fileiras plantamos flores, para quê?
Justamente o contrário ao que se faz no manejo tradicional,
convidamos mais insetos. As flores são muito mais atraentes em
quanto à cor e aroma para os insetos. Então, os insetos vem.
Se você vier em setembro ou em outubro, isso aqui
está cheio de insetos, moscas, todos voando.
Porque quando você convida mais insetos, você está convidando
os inimigos naturais da aranhazinha vermelha.
Um ecossistema é um sistema que está em equilíbrio. Quando você
tem o inimigo e tem o inimigo do inimigo e assim sucessivamente,
todo mundo come tudo, então é como no Rei Leão, onde cada um se
alimenta do outro, como no ciclo da vida.
Vale mencionar que no Chile é muito fácil fazer o cultivo
orgânico, pois ao norte temos o Deserto da Atacama,
ao sul os campos de gelo, ao leste a Cordilheira dos Andes e ao oeste
o Oceano Pacífico. Então, estamos completamente isolados.
Temos muito poucos inimigos naturais. No Chile não há
filoxera, não há mildiu. Veja um exemplo, temos uma praga que
se chama burrinho da videira, que é um coleóptero.
O inseto sai do solo e sobe pelo tronco até chegar
aos brotos quando estes são muito pequenos. E morde o broto.
Se nós olharmos, em cada tronco das
parreiras há uma faixa de cartolina amarrada.
Coloca-se gordura e alho nessa faixa em setembro.
Então, o burrinho ao subir sente o cheiro do alho e volta,
porque não gosta do alho, ou então fica
grudado na gordura. É quando lançamos
os nossos melhores trabalhadores, os gansos.
Aqui no campo temos cerca de 1000 gansos.
Os lançamos e eles arrasam com os burrinhos da videira.
A bicicleta transformou-se em um ícone que representa uma homenagem
aos seus trabalhadores,ao compromisso do Cone Sul com o
desenvolvimento de uma viticultura de excelência e respeito pelo
meio ambiente.
Passeando pelo vale, tive a sorte de ver um improvisado cartaz
"carreira à chilena" e não poderia deixar passar a oportunidade de
presenciar esta antiga modalidade chilena.
As corridas à Chilena são praticadas desde a Colônia;
dois cavalos correm por 200 metros aproximadamente em um terreno
cercado. Uma característica é que quase sempre são acompanhadas de
outras brincadeiras, comidas e também apostas;
Por causa deste último item estiveram proibidas no século XVIII.
Outro expoente de sustentabilidade é a Viña Montes. Seu enólogo e
presidente, Aurelio Montes, vai nos mostrar o seu compromisso
com o meio ambiente.
Um tema que é bastante escutado
nos últimos anos é todo este tema orgânico,
e especificamente o tema da sustentabilidade.
Nós estamos sumamente comprometidos com o conceito de
sustentabilidade. Temos um programa em ação com a
Universidade Austral de Valdivia, no qual estamos fazendo um
programa de proteção à biodiversidade nesta área.
Como você pode ver neste campo, temos vinhas e há uma quantidade
importante de montes com bosques nativos e naturais.
O que este programa pretende é preservar a
flora e a fauna o mais intocada e natural possível.
Nós estamos muito envolvidos na comunidade em si.
Temos um programa em ação com a escola no qual nós proporcionamos
fundos para fazer a capacitação do professorado em um programa
que já tem 10 anos, e no qual
conseguimos resultados muito interessantes.
Somos um poder importante de mão de obra e de trabalho para a região.
Temos uma oficina para as mulheres dos nossos trabalhadores que foi
aberta para a comunidade, e portanto senhoras da comunidade
estão vindo a esta oficina de artesanato onde aprendem alguma
habilidade manual. Existe um compromisso com a comunidade.
O vinho está muito relacionado com as pessoas. Com um ambiente
agradável de trabalho, com música como colocamos aos barris,
com uma adega iluminada, as pessoas se sentem seguras, se
sentem felizes e trabalham melhor.
E aproxima as pessoas da terra, e elas pegam muito carinho pela
terra. Tudo isso está relacionado com a felicidade das pessoas.
Gente feliz faz bons vinhos.
A Viña Montes foi reconhecida pela Global Reporting Institution, que
avalia as organizações em assuntos de sustentabilidade a nível mundial.
Visitamos a Viña Santa Rita e o seu projeto de Pumanque.
Sebastián Warnier, seu gerente agrícola, vai nos explicar sobre
a sua administração sustentável e o processo de poda. Tivemos que
esperar o inverno para poder ver de perto este processo que é tão
importante como os outros que já vimos.
Nesta etapa define-se como a parreira crescerá no ano seguinte,
por isso representa um momento
crucial no processo da produção do vinho.
Estivemos vendo o tema da sustentabilidade em outras vinícolas.
O que vocês fazem na Santa Rita para ter uma administração sustentável?
Dentro da sustentabilidade é possível fazer muitas coisas, mas
em termos de coisas simples e divertidas, por exemplo, tivemos
plantações de bosques nativos como este que estamos vendo aqui
à direita. São quillayes. A idéia é ter diferentes áreas com
diferentes bosques para poder proteger o ecossistema.
Também repor parte do que foi tirado em diferentes setores de
tal forma que possamos ter, no dia de amanhã, bosques nativos de
diferentes espécies em diferentes pontos do campo.
Outra coisa divertida é que nesta época estamos no inverno e chove,
e então as ervas daninhas começam a crescer.
Temos 2.000 ovelhas no intuito de reduzir e controlar as ervas
daninhas, a fim de não utilizar herbicidas que podem ser daninhos
para as napas. Vão entrando e produzindo um certo dano
e a idéia é ter as ovelhas que comem a erva daninha.
- Sebastián, qual é a importância da poda? - A poda é o início do processo
e do que vai acontecer mais para frente, e obviamente é
muito relevante, pois a gente define tudo o que vai acontecer.
Define a carga, a quantidade de vegetação,
a quantidade de fruta que vamos obter,
porque escolhemos os sarmentos, escolhemos a quantidade de botões
que vai deixar, e isso define a quantidade de fruta que obteremos
de cada parreira. Dependendo do tipo de vinho que queremos obter,
obviamente é fundamental.
Se você prestar atenção, o que temos que selecionar são
os sarmentos. Neste caso, deixamos dois sarmentos,
um para cada lado, que se chama poda do carregador.
Os franceses chamam de guyot. Guyot simples ou guyot duplo.
Guyot simples é um carregador, e guyot duplo são dois carregadores.
E o mais relevante é que você tem que selecionar os dois
carregadores para cada lado que sejam o mais homogêneos possíveis.
- Nem sempre o mais forte. - O mais equilibrado. Claro.
- A fruta está aqui nesses botões. Aí está a fruta. - Certo.
E nestes sistemas de vinhos Premium tentamos deixar entre
6.000 e 7.000 quilos por hectare,
portanto, deixamos carregadores com cerca de 6 a 7 botões.
- Quando você seleciona o carregador, você corta. - É muito difícil?
- Não. Tenta procurar o carregador que seja similar ao outro. - Esse é um botão?
1, 2, 3, 4, 5 e 6 e você corta aí. Pronto. Perfeito.
A Viña Santa Rita conta com vinhedos em diversos vales
vitivinícolas do Chile, chegando até zonas pré desérticas
como o Vale do Elqui.
Para terminar o meu recorrido pelo vale, acho que darei um merecido
descanso em Matanzas. Aqui a geografia está marcada por grandes
quebradas que permitem avistar o Oceano Pacífico em sua plenitude.
Nas redondezas há bosques de pinheiros e de
Logo chegamos até Matanzas, que é um pequeno povoado
com uma rua que chega até a praia
de pescadores. Aqui fica Olas de Matanzas,
camping, cabanas, hotel e restaurante.
Hector Cardone, seu dono, nos mostra este espetacular lugar.
Hector Quanto tempo faz que você está em Matanzas?
Estou aqui em Matanzas desde antes de nascer. Estou aqui em Matanzas
desde que era um projeto de Deus. Amo Matanzas, adoro este lugar.
Muitos anos na verdade.
Sempre que venho para cá percebo que tem um clima muito legal.
É como se fossemos um grupo de amigos que se conhecem desde
sempre. Me conta se é assim ou como aconteceu.
É, é assim. A verdade é que a maioria dos que vem
para cá entram na água. Praticam surf, windsurf ou kitesurf
e ficamos muito tempo interagindo por causa do esporte,
então nos conhecemos e fomos
compartilhando as diferentes etapas da vida.
- Também parece muito familiar. - OMZ é ideal para vir em família.
Temos todo tipo de atividades para as crianças.
Granjas de animais, aulas de surf, passeios a cavalo.
- A verdade é que as crianças se divertem muito aqui. - A comida é incrível.
Me conte um pouco sobre qual é a influência do
restaurante, que tipo de comida fazem? Me conte um pouco sobre isso.
Este restaurante é de comida com influência italiana,
com uma mistura com produtos do mar.
- As minhas raízes são italianas. Os meus avós eram da Sicilia. - Que susto.
É, a coisa é um pouco mafiosa né?
E como estamos aqui do lado do mar os
peixes e os mariscos fazem parte do dia a dia.
Tudo é espetacular.
O restaurante deste lugar se chama Marvento, e além de ter uma
excelente comida, o atendimento e o ambiente são incríveis.
Dá para perceber a hospitalidade e a amizade
entre os moradores do balneário e os seus visitantes.
Minha viagem pela rota do vinho do Colchagua terminou,
espero que vocês tenham desfrutado como eu.
Conhecer lugares tão incríveis e recônditos e conhecer as pessoas
e os seus costumesfoi uma experiência que não esquecerei.
Além do mais, aprender sobre os vinhos e o seu processo,
todo o trabalho e a paixão que estão por trás de cada taça de
vinho que tomamos, realmente me deixa apaixonado por este vale.
Vou embora feliz, mas também me pergunto: quando voltarei?