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>> Quando és uma criança, a tua imaginação é louca e é para isso que tens de voltar quando treinas parkour,
porque a sociedade ensina-nos que isto é apenas um caminho pedestre, serve apenas para descer as escadas a pé. Tens de usar a tua imaginação para dizer que isto não são apenas escadas.
Sem imaginação estarias a fazer apenas o que a sociedade te diz, mas a sociedade nem sempre está certa.
A imaginação é tudo.
Tens quatro membros, dois braços, duas pernas, pés e mãos.. e para que os usas?
Para andar ate estação de comboio? Escrever no teclado?
O que é isso? Tens todo este potencial e não o usas, então o que nós fazemos é olhar para as pernas e perguntamo-nos: “o que será que sou capaz de fazer com o que me foi dado?”
É isto, é mesmo respeitar o nosso corpo mais do que a maioria das pessoas.
A maioria das pessoas que conheci desde que pratico “free-running” são as pessoas mais sensibilizadas que conheço.
Não somos estúpidos e penso que temos a responsabilidade de sensibilizar as crianças, que também querem praticar, a não serem imprudentes e tentar as coisas mais perigosas, mas sim a respeitar o ambiente e as pessoas que nos rodeiam e a progredir ao ritmo certo.
Eu consigo saltar nove a dez pés entre dois passeios a nível do chão. Mas quando o faço a trés metros do chão, é aquele controlo da mente que nos diz:
“se consigo a nível do chão porque não haveria de conseguir fazê-lo nesta situação?”
É a mente que nos ajuda a controlar o corpo de modo a saltar e a repetir o mesmo cenário que ao nível do chão. Pensando: “se num milhão de vezes não caí, porque haveria de cair uma só vez aqui?”
A mim, isto ajudou-me a aceitar melhor as coisas, em vez de dizer:
“Oh isto é mau, isto é um problema na minha vida.”
Agora digo: “está bem, é isto que me foi dado, agora sigo em frente. Tenho este muro aqui, o que posso fazer?”.
Se não posso fazer o movimento que queria fazer, então penso e faço outra coisa. É ter uma mentalidade positiva, se consegues ter isso na vida é capaz de mudar tudo.
Há um estereótipo que as notícias e os jornais descrevem às pessoas de nós sermos imprudentes e estúpidos, que a cada salto que fazemos estamos a arriscar a nossa vida, mas isso não é a verdade.
Nunca faria algo se pensasse que estava a tomar um risco, seria estúpido e eu nao acho que seja estúpido.
Mas as pessoas contínuam a dizer: “sai de cima desse muro, és estúpido.”
Não sou estúpido, pode ser perigoso para vocês mas para mim não é. Se eu estiver a olhar para um salto e sentir o meu coração acelerado, eu não tenho prazer nessa sensação.
Eu aprecio estar a frente de um salto e permanecer calmo, é aí que acerto.
Agora estou a um bom nível, consigo olhar para este salto e permanecer completamente calmo, vejo em mim mesmo que o consigo fazer e salto.
É assim que consegues actuar ao teu melhor nível.
Acho que a semelhança entre mim e os meus amigos é crença. Conseguimos chegar onde chegamos por caminhos completamente diferentes, mas acreditámos na mesma coisa.
Acreditamos que “eu consigo fazer este movimento, eu consigo continuar em frente e progredir.”
Pensei para mim: “isto tem imensa piada, quero contínuar a fazê-lo.”
Foi este pensamento que me levou ao que sou hoje, aquela paixão e amor que consegue fazer com que qualquer um consiga chegar onde quiser na vida.
Acho que a paixão e a crença são as duas coisas que te levam a qualquer lado.