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REINO DE TIGRES, URSOS E VULCÕES
RÚSSIA
O maior país da Terra.
As montanhas do Cáucaso.
Os Urais.
A extensão infinita da Sibéria.
10 mil km - tão longo como a remota península de Kamchatka.
Um mundo implacável de neve e gelo num inverno sem fim.
Um vôo sobre a Sibéria ao mais distante ponto deste grande império,
onde o extremo-oriente da Rússia encontra o Oceano Pacífico.
Esta é a última chance de ver os maiores gatos do mundo.
Os tigres de Amur lidam bem com temperaturas extremas,
mas não tão bem com a presença humana.
Restam apenas 500 em estado selvagem.
Apesar das armadilhas, caça e envenenamento, esses animais são encontrados em toda Rússia,
especialmente na Sibéria.
O inverno é a época do lobo.
Eles podem farejar animais mortos a quilômetros de distância.
Enfiando seus focinhos na neve, eles sentem o aroma
Este lobo está perseguindo uma trilha muito especial.
Uma das mais valiosas pedreiras no planeta.
É um sabre.
Ele vai estar seguro em sua toca.
As florestas orientais são tão vastas que escondem muitas visões raras.
Um cervo com dentes de vampiro, o cervo almiscarado.
Ele se alimenta principalmente de líquens, e isso exige muita mastigação.
É difícil imaginar um inverno russo sem corvos.
Essas aves inteligentes ficam entediadas facilmente, sempre buscando algo novo.
Neve, um declive, o que você pode fazer com isso?
Um tobogã, estilo corvo.
A prática leva à perfeição.
Ah, aqui está um especialista, ele testa primeiro a inclinação.
Esse vai fazer uma tentativa.
Não pode ser tão difícil.
Ok, tentando de novo.
Isso é o bastante por hoje.
Além das florestas intermináveis, mais ao norte, fica o Ártico russo.
Há vida aqui, também.
Uma insistente foca bebê.
Os filhotes são desmamados em apenas 12 dias.
Os filhotes estão sempre famintos e sempre procurando por suas mães.
E não admira, nestes 12 dias eles precisam triplicar seu peso.
O leite de suas mães é puro creme, 40 por cento de gordura.
O gelo em breve vai começar a romper,
as focas só têm umas poucas semanas para aprender a nadar.
Os ursos polares agora estão em seu elemento.
Eles podem farejar focas a mais de um quilômetro.
No gelo os filhotes são alvos fáceis.
O filhote estaria a salvo na água.
É tarde demais.
Mas ele particularmente não gostou de seu banho cedo.
Abaixo, as focas têm o mar polar para elas mesmas.
Mais ao sul, na costa do Pacífico.
Logo chegamos a uma península poderosa,
o reino dos vulcões no fim do mundo:
Kamchatka.
A águia marítima de Steller, a mais pesada águia do planeta.
Uma águia dourada, uma parente mais leve.
As aves de rapina se reunem na base do vulcão para a colheita farta.
Salmão.
Os últimos fragmentos do outono são agora altamente disputados.
O calor dos vulcões significa que o Lago Kurile nunca congela completamente.
Precioso refúgio de inverno para as aves de rapina.
As águias marítimas maiores e as águias douradas mais escuras são rivais.
A águia dourada parece estar perdendo.
Mas ela pode baixar e mergulhar.
O jogo ainda não acabou.
Kamchatka tem mais de 160 vulcões, 29 dos quais ativos,
a maior concentração no planeta.
Ao lado dos vulcões há os gêiseres e as águas termais.
A área toda parece borbulhar,
mesmo nas profundezas do inverno.
Esses vulcões nunca descansam.
Esse Tetrão-de-bico-preto está procurando uma companheira.
A dança de cortejo real inicia com o nascer do sol.
A luz suave da aurora mostra a plumagem do macho em toda sua glória.
A raposa caça tetrões-de-bico-preto e tetrões-de-lagoa.
Deixemos a caçada começar.
Você tem que ter asas.
Logo que a temperatura sobe e descongela, o terreno se transforma.
E não há tempo a perder.
É todo vapor à frente nos campos de gêiseres exuberantes.
Este velho urso sabe e adora esses prados quentes que vêm cedo do ano.
Kamchatka é um mundo vasto e único por si só.
Voando sobre as montanhas e geleiras de Kamchatka,
e seguindo, são 8 mil km para o oeste através da Sibéria.
Para o alto do Cáucaso,
montanhas com mais de 5 mil metros de altura.
O monte Elbrus, a 5.640 metros, é maior que o Mont Blanc.
A montanha mais alta da Europa é também uma das mais nevadas.
E a primavera é a época das avalanches.
Há raros animais nessas montanhas, como o cabrito caucasiano ou Tur.
Os jovens machos lutam pela supremacia.
Só poucos milhares desses animais majestosos permanecem,
um pequeno grupo, cercado pela paisagem de tirar o fôlego.
Há algo de mágico sobre o Cáucaso.
6.500 espécies de plantas vivem sobre essas encostas.
Um Jardim do Éden esquecido.
E outro animal raro é encontrado aqui.
Esta é a primeira vez que ele é filmado.
O maior mamífero da Europa,
o bisão das terras altas.
No século vinte foi extinto da natureza.
Ulguns animais em cativeiro foram liberados na floresta.
Hoje eles têm crescido em rebanhos.
Um desses plácidos colossos pode pesar até uma tonelada.
Uma imagem de esperança.
Longas colunas de bisões das terras altas vagueiam pelos pastos caucasianos,
como faziam há milhares de anos atrás.
O Cáucaso é uma das regiões mais úmidas da Europa.
Nuvens do noroeste batem contra os montes altaneiros e se dissolvem entre os picos.
No flanco oriental, o Cáucaso mostra sua outra face.
O deserto.
A vasta coluna de dunas de Sarykum, em Dagestan, 260 metros de altura.
Um habitat para especialistas.
O ouriço-orelhudo não apenas ouve bem,
mas suas orelhas regulam sua temperatura corporal.
De madrugada ele sai, caçando insetos.
Quando as sombras recuam e os raios do sol aquecem a areia,
O ouriço-orelhudo volta para seu porão frio.
Hoje há um outro motivo para ficar embaixo:
uma tempestade de areia.
Esse episódio horrível passa tão rápido quanto veio.
Um lagarto-cabeça-de-sapo.
Pés fortes para caminhadas e um talento para a dissimulação.
Ele não apenas oscila, ele pode correr, também.
As gramíneas verdes exuberantes na baira das dunas atraem mais répteis tranquilos.
Uma tartaruga fêmea de esporão do pacífico trabalhando.
E este é o macho da espécie, procurando um acasalamento.
Começa uma perseguição emocionante.
Primeiro o macho bate no casco da fêmea.
Ela resiste por um tempo.
Até que as preliminares do macho a convencem.
Êxtase em sua forma primitiva.
Ela podia ao menos ser agradecida.
Além do Cáucaso, olhando a oeste, pântanos sem fim, estepes e florestas.
Uma cadeia de montanhas divide o continente:
Os Urais.
Nessa natureza quase desprovida de humanos, alces podem ter seus filhotes sem perturbação.
Essas são imagens raras.
Após semanas com o leite da mãe, esse filhote precisa do alimento adulto:
cascas, brotos e folhas caídas.
Nada mau, em?
Uma ursa fêmea com seus bebês.
Um macho adulto é o perigo maior para os filhotes.
Não é o momento para ficar por aí.
Há um lugar misterioso nos montes Urais - Manpupuner.
Uma lenda diz que essas rochas eram uma bela moça e seus 7 irmãos.
Congelados de medo pela eternidade enquanto fugiam de seus inimigos.
De fato, os elementos criaram este monumento neste lugar único.
Centenas de milhares de anos de chuvas incessantes expuseram esses sentinelas.
As florestas dos Montes Urais são tão vastas e impenetráveis
que lobos e ursos ainda conseguem caçar aqui sem serem perturbados.
Os predadores são atraídos por uma grande carcaça, mas quem vai pegá-la?
Sem o grupo, o lobo não tem chance.
Nos Urais tem um animal que nunca foi filmado na natureza.
Ele parece ter saído de um conto de fadas.
Este é um Desmana Moschata.
Essa toupeira da água vive numa toca.
Com seu focinho longo e móvel, ele fareja pequenas presas na lama.
Como seus primos em terra firme, seus olhos são atrofiados.
Apenas 200 toupeiras da água ainda vivem nos Urais,
mas há mais delas no Volga.
Quase cegas, elas usam os longos bigodes em seu focinho
para detectar caracóis e camarões, e mesmo peixes e anfíbios.
Solstício de verão no sul dos Urais, alta temporada para as raras abelhas da floresta.
Apicultores penduram troncos escavados nas árvores como colméias rudimentares.
Os ursos filhotes e sua mãe encontraram um.
Tudo que precisam é descobrir como chegar ao mel.
Os filhotes são leves, podem subir.
Nada aqui.
O tronco inteiro de 200 quilos vem abaixo.
Essa é a parte fácil,
o tronco pesado é vedado, defendido por seu próprio exército.
E se não bastasse, o grande macho está de volta.
Ele está feliz em tomar conta.
Mas ele pode abrir o tronco?
Ele tem a força,
mas as abelhas sabem seu ponto fraco:
seu nariz sensível.
Ninguém podia contar com isso.
Tudo livre para os filhotes.
Eles não são perturbados pelas abelhas famintas.
Esse foi um dia e tanto.
Além dos Urais está a maior extensão de floresta do mundo.
Esta é a Sibéria.
E bem no meio dela está o Lago Baikal.
O mais antigo e profundo lago na Terra, um mar secreto.
Dizem que focas aneladas chegaram até aqui vindas...
do oceano há mais de meio milhão de anos atrás.
Elas se transformaram em uma espécie distinta.
A água é gelada, mesmo no verão, então ficar ao sol é muito procurado.
As focas Baikal podem mergulhar por até meia hora,
num mundo estranho que desce a até 1600 metros.
Esponjas de Baikal, elas poderiam ser corais.
Este é um crustáceo.
Com 10 centímetros, ele é um gigante do gênero.
Dois terços de todos os animais de Baikal vivem só neste lago ancestral.
As focas passam muitas horas tomando banho de sol.
Retardatários não são bem vindos.
Mais ao norte, as vastas planícies da tundra russa.
Manadas de renas enormes vagueiam, como fazem desde a era do gelo.
Gansos da neve.
Os recém-chegados à colônia deviam olhar melhor.
Há uma raposa ártica por perto.
E ela farejou seu rastro.
É um lêmingue.
As crias não terão muito tempo para descansar.
Quando têm só poucos dias de vida, eles precisam mudar para a tundra mais plana.
Lá há lagos rasos para nadarem, onde estarão a salvo de predadores.
O breve verão setentrional está chegando ao fim.
Mais sobreviventes da era do gelo: os bois almiscarados.
Em setembro, os machos batalham pela supremacia.
O duelo libera enorme quantidade de energia.
Crifres sólidos, um acolchoado de fibras ocas por baixo, e um crânio muito grosso.
Dois bois de 200 quilos colidem a até 50 km/h.
As áreas machucadas se mantêm.
As estacas ficam mais elevadas.
Aquele da esquerda dá um descanso.
As fêmeas receptivas vão para o vencedor.
Na verdade, os bois de almíscar são animais dóceis
e muito preguiçosos.
Eis como sobreviveram à era dos mamutes
com sua escassez de alimentos e os inversos árticos da Rússia.
De volta, mais uma vez, sobre a Rússia, para o extremo oriente e a costa do Pacífico.
Esta paisagem não se parece nada com a taiga siberiana.
Ussúria tem uma variedade de espécies não vista em nenhuma outra floresta do norte.
São os maiores campos de lótus de toda a Ásia.
O lago é lar de animais exóticos, também.
A garça não consegue entender.
É uma tartaruga de casco mole chinesa.
Bons lugares para tomar sol aqui também são disputados.
No curto verão russo, esses visitantes exóticos, comumente vistos nos trópicos,
têm que aproveitar o sol tanto quanto possível.
O banhista está dando nos seus nervos.
Este lugar é meu, e não é negociável.
Não muito longe, um rebanho de sikas.
Por algum motivo, elas continuam descendo ao oceano.
E ficando mais e mais nervosas ao se aproximarem da praia.
O som do mar parece exercer uma atração mágica.
É isto que elas estavam procurando: algas marrons.
A alga é cheia de sal que o cervo precisa bastante.
Eles até mesmo lambem o sal em seu pelo.
Eles ainda estão inquietos, mal ousando comer.
É disto que eles estão com medo: o tigre de Amur.
Ele retornou da matança da noite passada.
Esta pode ser a primeira e a última imagem deste animal no Oceano Pacífico.
Os abutres estão à espera.
Na verdade, ele está cansado, mas nunca repartirá com abutres ou corvos.
Mesmo esta magnificiente criatura
pode ter certeza que a próxima caçada será bem sucedida,
então ele come tudo que pode.
Ele sabe que, assim que sair, os carniceiros vão limpar os ossos.
Parece que ele está satisfeito.
Não, não os corvos!
Isso é demais.
Mas ele não está mais com fome.
Os problemas de um predador de ponta.
Fim de noite de verão no Lago Khanka.
Hora de uma apresentação muito especial.
Miríades de Efeméridas saem dos ovos, como se num sinal secreto,
e começam sua dança de acasalamento,
o último e mais importante dia de suas breves vidas.
Ao mesmo tempo, no distante Kamchatka, outra multidão está em movimento.
Agora tudo ainda está tranquilo.
Aqui estão elas finalmente.
Salmões, 6 milhões migrando do oceano para os rios.
Os ursos pardos de Kamchatka esperam pacientes por haver salmões bastantes.
Então, está aberta a estação.
O salmão gordo ajudará os ursos a sobreviver no longo inverno,
e o inverno está chegando.
As poucas semanas do outono inundam toda a paisagem num mar de cores.
Então, durante a noite, ribeirões e regatos são cobertos com uma fina camada de gelo.
A princípio, a vida continua, selada por um caixão de vidro.
O sopro gelado do inverno começou o seu trabalho.
As primeiras nevascas cobrem a terra e tudo comestível.
Os alces estão acostumados a essas condições, são muito frugais,
eles não precisam de muita comida agora.
A 30 graus negativos, as árvores ficam rachadas -
um concerto de percussão oriental.
Parece haver árvores para comer mais do que o suficiente,
mas esses alces ainda disputam as mais saborosas,
gerando um surpreendente grau de paixão.
Esse urso ainda não está hibernando.
Ele pode derrubar o alce num ataque de surpresa?
Talvez ele devesse se abrigar do inverno.
As longas pernas dos herbívoros podem ser feitas para trotar pela neve profunda.
Toda a Sibéria agora está num sono profundo,
por sete meses.
No extremo norte, o inverno nunca vai embora, mesmo no verão.
Entre as rochas geladas, uma ninhada de aves marinhas.
Este pode ser o norte inóspito,
mas as gaivotas ficam bem protegidas dos ladrões de ninho em terra.
O Puffin de chifre aninha aqui, também.
Este par está ainda se dedicando às preliminares.
A prole do guillemot está completamente desenvolvida, mas ele ainda não pode voar.
Ele tem que alcançar o mar primeiro.
A camada de gelo veio cedo este ano, ela bloqueou o caminho deles.
Bem o que a raposa ártica estava esperando.
Mas ela tem medo da água.
Ela não pode continuar sem molhar seus pés.
Mas ela pode voltar?
Um mergulho não planejado na água congelada.
Este jovem guillemot enfrenta a vida num dos climas mais severos da Terra.
Um mundo em constante mudança.
Mais e mais blocos de gelo vêm do norte em direção à terra,
tendo uma pesada carga do Círculo Polar Ártico.
Ursos polares, os maiores predadores terrestres no planeta.
Os soberbos nadadores deixam o gelo cobrir o último pedaço de si mesmos.
Agora eles estarão sem comida em terra, até que o mar congele em novembro.
Só então a caçada pode ser retomada.
Em breve, o sol não aparecerá mais acima do horizonte.
Rússia, o maior país do mundo.
De muitas maneiras, uma terra ainda desconhecida,
vasta, cheia de maravilhas.
Esperamos que possa ser preservada para as gerações seguintes, assim como é agora.