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Tradutor: Gustavo Rocha Revisor: Marina Jaskulski
Este é meu avô.
E este é meu filho.
Meu avô me ensinou a trabalhar com madeira
quando eu era bem pequeno,
e me ensinou também que
se você derrubar uma árvore para transformá-la em algo
honre a vida dessa árvore fazendo isso
do jeito mais bonito possível.
Meu filhinho me lembrou
que apesar de toda a tecnologia e todos os brinquedos do mundo,
às vezes, apenas um pequeno bloco de madeira,
se empilhado bem alto,
é, na verdade, algo incrivelmente inspirador.
Essas são as minhas construções.
Eu construo pelo mundo todo
a partir de nossos escritórios em Vancouver e Nova Iorque,
E construímos prédios de tamanhos e estilos diferentes
e materiais diferentes, dependendo de onde estivermos.
Mas a madeira é o material de que mais gosto,
e vou contar uma história sobre a madeira.
E um dos motivos pelos quais gosto dela é que sempre
que as pessoas entram em uma construção de madeira que eu fiz,
percebo que elas reagem de forma completamente diferente.
Nunca vi alguém entrar em um de meus prédios
e abraçar uma coluna de aço ou concreto,
mas já vi isso acontecer em um prédio de madeira.
Já vi como as pessoas tocam a madeira,
e penso que há uma razão para isso.
Assim como flocos de neve, não existem dois pedaços de madeira
idênticos em lugar nenhum da Terra.
Isso é maravilhoso.
Eu gosto de pensar que a madeira
faz com que a Mãe Natureza tenha impressões digitais em nossos prédios.
São as impressões digitais da Mãe Natureza que fazem
nossos prédios nos conectarem à essência do ambiente construído.
Eu moro em Vancouver, próximo a uma floresta
que atinge uma altura de 33 andares.
Aqui na costa da Califórnia, a floresta de sequóias
chega a uma altura de 40 andares.
Mas as construções em madeira que conhecemos
são de apenas 4 andares, na maioria dos lugares da Terra.
Até os códigos de construção limitam a possibilidade de construírmos
acima de 4 andares em muitos lugares,
e é assim aqui nos Estados Unidos.
Bem, há exceções,
mas é preciso existir exceções,
e as coisas vão mudar, espero.
E a razão por eu pensar assim é que
atualmente, metade de nós mora em cidades grandes,
e esse número vai aumentar para 75%.
As cidades e a densidade significam que nossas construções
continuarão a ser grandes,
e acho que existe um lugar para a madeira nas cidades.
E sinto isso pois 3 bilhões de pessoas
no mundo hoje, e nos próximos 20 anos,
precisarão de um novo lar.
40% do mundo vai precisar
de um prédio novo feito para eles nos próximos 20 anos.
Uma em cada três pessoas que vivem nas cidades atualmente,
na verdade, mora em uma favela.
Um bilhão de pessoas no mundo vivem em favelas.
Cem milhões de pessoas no mundo não tem moradia.
O desafio para os arquitetos
e para a sociedade lidar com as construções
é encontrar uma solução para abrigar essas pessoas.
Mas o desafio é, ao mudarmos para as cidades,
que são construídas com esses dois materiais:
aço e concreto, e eles são materiais excelentes.
São os materiais do século passado.
Mas são também materiais que consomem muita energia
e emitem gás de efeito estufa em seu processo.
O aço representa cerca de 3%
da emissão humana de gás de efeito estufa,
e o concreto acima de 5%.
Então, se pensarmos nisso, 8%
de nossa contribuição para o efeito estufa atualmente
vem só desses dois materiais.
Não pensamos muito sobre isso, e infelizmente,
nem pensamos sobre as construções,
como deveríamos.
Esta é uma estatística dos Estados Unidos sobre o impacto do efeito estufa.
Quase metade dos gases de efeito estufa estão relacionados à indústria da construção,
e se observarmos a energia, é a mesma história.
Notaremos que o transporte está em segundo dessa lista,
mas essa é a conversa que mais ouvimos.
E mesmo que grande parte dela seja sobre energia,
é também bastante sobre carbono.
O problema que vejo, principalmente,
é o conflito na resolução desse problema
de atender aos três bilhões de pessoas que precisam de moradia,
e a mudança climática, são uma colisão de frente
prestes a acontecer, ou já acontecendo.
Esse desafio significa que precisamos começar a pensar em novos meios,
e penso que a madeira será parte dessa solução,
e vou contar-lhes a história disso.
Como arquiteto, madeira é o único material,
grande material, com o qual posso construir
que já cresceu sob a energia solar.
Quando uma árvore cresce na floresta e libera oxigênio
absorve dióxido de carbono,
morre e tomba no solo da floresta,
ela devolve esse dióxido de carbono à atmosfera ou ao solo.
Se ela queima em um incêndio florestal, ela libera esse carbono
de volta à atmosfera.
Mas se você pegar essa madeira e usá-la em uma construção
em um móvel ou em um brinquedo de madeira,
ela realmente tem uma capacidade fantástica
de armazenar o carbono e nos prover com um sequestro.
Um metro cúbico de madeira armazenará
uma tonelada de dióxido de carbono.
Bem, nossas duas soluções para o clima são obviamente
para reduzir as emissões e buscar armazenamento.
A madeira é o único grande material de construção
com o qual posso construir que realmente faz essas duas coisas.
Portanto, acredito que temos
uma ética de que a Terra fornece nosso alimento,
e precisamos avançar para uma ética neste século
de que a Terra deve fornecer nossas moradias.
Agora, como faremos isso,
se nos urbanizamos tanto
e pensamos em construções de madeira com apenas quatro andares?
Precisamos reduzir o concreto e o aço e precisamos
crescer mais, e temos trabalhado
em prédios de 30 andares feitos de madeira.
A parte de engenharia tem sido feita com um engenheiro
chamado Eric Karsh que trabalha comigo nisso,
e estamos fazendo esse novo trabalho porque
há novos produtos de madeira no mercado para usarmos,
chamados de painéis de madeira maciça.
Esses são painéis feitos de árvores jovens,
pequenas árvores , pequenos pedaços de madeira
colados juntos para fazer painéis enormes:
2,5 metros de largura, 20 de altura, e de várias espessuras.
O melhor jeito que encontrei para descrever isso, é dizer
que todos nós já usamos construção dois por quatro
quando pensamos sobre madeira.
É o que as pessoas se apressam em concluir.
Construção dois por quatro é mais ou menos
como os oito pontinhos do Lego com os quais todos nós brincamos quando criança.
e dá para fazer todo tipo de coisa legal com o Lego
de todo tamanho, e do dois por quatro.
Mas vocês se lembram de quando eram pequenos,
e iam remexendo as coisas no porão,
e encontravam aquele bloco grande de Lego de 24 pontos,
e você ficava assim,
"Legal, isto é bacana. Eu posso construir uma coisa muito grande,
e vai ser fantástico."
Essa é a mudança.
Painéis de madeira maciça são essas pecinhas de 24 pontos.
Eles estão mudando a escala do que podemos fazer,
e o que desenvolvemos é algo que chamamos de FFTT,
que é uma solução Creative Commons
de construir um sistema muito flexível
de construir com esses painéis grandes que nós inclinamos
seis andares de uma vez se quisermos.
Essa animação mostra a vocês como o prédio é feito
de uma forma bem simples, mas esses prédios estão disponíveis
agora, para arquitetos e engenheiros construirem
para culturas diferentes no mundo,
estilos e características arquitetônicas diferentes.
de maneira que possamos construir com segurança,
colocamos engenharia nesses prédios,
para funcionar em um contexto de Vancouver,
onde somos uma zona de alta atividade sísmica
mesmo em prédios de 30 andares.
Obviamente, toda vez que levanto este assunto,
as pessoas, mesmo aqui na conferência, dizem,
"Sério? 30 andares? Como será isso?"
E me fazem muitas perguntas ótimas
e perguntas importantes em cujas respostas
passamos um bom tempo trabalhando ao juntar
nosso relato revisado por colegas.
Eu irei apenas focar em algumas delas,
e vamos começar com o fogo, porque, penso que o fogo
é provavelmente a primeira que vocês estão pensando agora.
É justo.
E o jeito que descrevo isso é o seguinte.
Se eu pedisse a vocês para pegar um fósforo, acendê-lo
e segurar um toco de madeira e tentar pôr fogo nele,
não conseguirá, certo? Sabemos disso.
Mas para fazer um fogo, começamos com pedaços pequenos
de madeira e vai crescendo
até que enfim você pode pôr a tora no fogo,
e quando você pôr a tora no fogo, claro,
ela vai queimar, mas queima devagar.
Bem, painéis de madeira maciça, estes novos produtos
que estamos usando, são como a tora.
é difícil de começar um incêndio com elas, e quando começa
eles de fato queimam de forma extraordinariamente previsível,
e podemos usar a ciência do fogo para predizer
e fazer estes prédios tão seguros quanto concreto
e tão seguros quanto aço.
O grande problema a seguir é a devastação florestal.
18% de nossa contribuição
para o efeito estufa no mundo
é resultado do desmatamento.
A última coisa que queremos fazer é derrubar árvores.
Ou, a última coisa que queremos fazer é derrubar as árvores erradas.
Há modelos para florestamento sustentável
que nos permitem cortar árvores adequadamente,
e essas são as únicas árvores adequadas
para o uso nesses tipos de sistemas.
Bem, eu realmente penso que essas ideias
mudarão a economia do desmatamento.
Em países com problemas de desmatamento,
precisamos encontrar um jeito de dar
um valor maior às florestas
e realmente incentivar as pessoas a ganhar dinheiro
através de ciclos bem rápidos de crescimento --
árvores de 10, 12, 15 anos que fazem esses produtos
e nos permitem construir nessa escala.
Estamos calculando um prédio de 20 andares:
Cultivaremos madeira suficiente na América do Norte a cada 13 minutos.
É esse o tempo que leva.
Essa história do carbono é muito boa.
Se construirmos um prédio de 20 andares de cimento e concreto,
o processo resultaria na fabricação
desse cimento e 1.200 toneladas de dióxido de carbono.
Se fizéssemos em madeira, nessa solução,
nós sequestraríamos umas 3.100 toneladas,
para uma diferença líquida de 4.300 toneladas
É o equivalente a 900 carros
removidos das ruas em um ano.
Pense novamente naqueles três bilhões de pessoas
que precisam de um novo lar,
e talvez isto contribua para reduzir.
Estamos no início de uma revolução, espero,
no jeito que construimos, porque este é o primeiro jeito novo
de construir um arranha-céu em provavelmente 100 anos ou mais.
Mas o desafio é mudar a percepção de possibilidade da sociedade
e isso é um desafio enorme.
A engenharia é, verdadeiramente, a parte fácil disso.
E a forma que eu descrevo isso é essa.
O primeiro arranha-céu, tecnicamente --
e a definição de um arranha-céu é de 10 andares, acredite ou não --
mas o primeiro arranha-céu foi este aqui em Chicago,
e as pessoas ficavam aterrorizadas de andar embaixo desse prédio.
Mas apenas quatro anos depois ,
Gustave Eiffel construía a Torre Eiffel,
e a medida que construía a Torre Eiffel,
ele mudou as linhas do horizonte das cidades do mundo,
mudou e criou uma competição
entre lugares como Nova Iorque e Chicago,
onde desenvolvedores começaram a construir prédios cada vez maiores
e rompendo barreiras mais e mais para o alto
com uma engenharia cada vez melhor.
Construímos este modelo em Nova Iorque, na verdade,
como um modelo teórico no campus
de uma universidade técnica que logo será inaugurada,
e a razão de escolhermos este lugar
para mostrar-lhes como estes prédios podem ser,
porque o exterior pode mudar.
É da estrutura na verdade que estamos falando.
A razão de escolhermos ele é porque é uma universidade técnica,
e acredito que madeira é o material
tecnologicamente mais avançando com o qual posso construir.
É simplesmente a Mãe Natureza que detém a patente,
e nós não nos sentimos confortáveis com isso.
Mas é como deve ser,
as impressões digitais da natureza no ambiente construído.
Estou esperando esta oportunidade
de criar um momento Torre Eiffel, como chamamos.
Prédios estão começando a ficar mais altos pelo mundo.
Há um prédio em Londres de nove andares,
um predio novo que ficou pronto agora na Austrália
de 10 ou 11 andares, acredito eu.
Estamos começando a subir a altura desses prédios de madeira,
e esperamos, e eu espero,
que minha cidade natal, Vancouver, de fato potencialmente
anuncie o prédio mais alto do mundo de uns 20 andares
num futuro não muito distante.
Esse momento Torre Eiffel vai romper o teto,
esses tetos arbitrários de altitude,
e permitir que prédios de madeira entrem na competição.
E eu acredito que a disputa já começou.
Obrigado.
(Aplausos)