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Uma função que geralmente associamos ao governo é a regulação de monopólios.
Pensamos por exemplo em leis antitrustes como uma forma de controlar monopólios,
poder de mercado, e a possibilidade de uma empresa dominar o mercado.
O histórico desses tipos de regulações nos ensina muito sobre o processo econômico
que guia a inovação e a atividade econômica e se essas regulações de
monopólios naturais realmente beneficiam os consumidores.
Tomemos como exemplo o setor de energia elétrica.
Em 1980 ela começa realmente a crescer, principalmente em grandes centros como Nova Iorque e Chicago.
No começo havia muita competição.
Várias empresas entraram no mercado para oferecer energia elétrica e competir umas com as outras.
As inovações ocorridas nessa indústria foram de grande escala:
enormes geradores, vários e compridos cabos que os conectavam em lugares
como as Cataratas do Niágara até cidades como Nova Iorque.
Isso alterou a estrutura dos custos da indústria.
Os custos para se construir esses geradores eram muito, muito altos,
mas o custo para se atender um cliente a mais era muito, muito baixo.
Isso significava que o custo médio por unidade de eletricidade que eles vendiam e o
custo médio por cliente caia e caia enquanto atendiam um grande número de consumidores.
Na economia chamamos isso de economia de escala, e em grandes tecnologias e
grandes indústrias como a de eletricidade a economia de escala torna muito
difícil existir uma grande concorrência.
Em Chicago, por exemplo, no fim da decada de 1890 existiam por volta de uma
dúzia de empresas provendo energia elétrica no mercado, mas, ao longo do tempo,
elas competiram tanto entre si, que de tanto diminuirem seus preços não
conseguiam mais pagar os custos fixos da construção dos geradores.
Nem todas as empresas conseguiram se manter no mercado.
Esse processo, ao longo do tempo, levou à fusão, em cidades como Nova Iorque e
Chicago, de várias empresas em uma única grande empresa.
Essa empresa poderia, como um monopólio, cobrar um alto preço dos consumidores.
Essa foi certamente uma dos motivos do interesse público pelas regulações,
essa desconfiança da era progressista sobre a atividade de grandes corporações,
suspeita de grandes empresas, e a crença progressista na habilidade do governo de
garantir a competição e corrigir as imperfeições que eles acreditam existir.
Existe também uma motivação do tipo escolha pública,
obsevando os incentivos e os interesses dos políticos e das empresas.
Eles têm um incentivo a apoiar regulações, pois regulações criam uma barreira de entrada que garante,
em um determinado território, que você será a única empresa que poderá oferecer
energia elétrica à população dessa região, e ninguém mais terá essa permissão.
Em troca da proteção do governo ao seu monopólio,
nós iremos regular os lucros e o preço que você pode cobrar aos consumidores.
Faremos isso tentando manter os preços por volta do custo médio por unidade de produção
para tentar manter os preços tão baixos quanto possíveis no longo prazo,
mas ainda permitindo que a empresa faça investimentos, e tenha um retorno sobre eles.
Essa é a promessa da regulação, e esse é um dos motivos pelo qual
a indústria de fato apoiou a regulação no setor elétrico.
Uma das suposições em que se baseia as regulações é que
a indústria é estável, que nós temos um ambiente estático.
Assim, essa é a estrutura dos custos nessa indústria, boom.
Esses são os tipos de investimentos que a empresa irá fazer, boom.
E assim nós poderemos definir quais serão os lucros e os preços corretos.
As informações necessárias para se saber isso corretamente são, eu diria, impossíveis de conhecer.
Eles apenas imaginam "tudo bem, existe essa demanda por eletricidade e nós temos que atendê-la".
Mas agora, especialmente com ar condicionados,
nós vemos a demanda flutuar dramaticamente durante o período de um dia.
E mesmo assim nós pagamos essa taxa média fixa que não nos dá incentivo nenhum de mudar
nosso comportamento mesmo às 17:00 quando está 35°C numa tarde de agosto.
Eu diria que hoje - no início do século 21 -
é que nós estamos realmente vendo os custos das regulações, o quanto atrasam a inovação.
Eu atribuo isso ao mal entendido no fim do século 19 e início do século 20 sobre o que os
processos competitivos realmente significam, o que os guiam e o que eles criam.
E onde estamos agora é tentando lidar com problemas que as regulações do último século não resolveram,
que elas não se adaptaram, não evoluiram com a forma com que usamos a eletricidade,
as novas formas de geração de eletricidade, incluindo renováveis.
Não se desenvolveu para levar em conta o crescimento das tecnologias digitais que nós
podemos usar para programar e monitorar nosso próprio uso da eletricidade e
responder automaticamente às mudanças de preços.
É onde eu acho que estamos agora, à beira de perceber as consequências das regulações.
Nos preocupamos por muito tempo nos benefícios aos consumidores de ter
preços baixos, estáveis e fixos e serviço universal.
Mas agora esses preços baixos, estáveis e fixos estão nos levando à um grande
consumo de eletricidade nos horários de pico onde é realmente caro fornecer.
E também sobre preocupações com o meio ambiente, está gerando muitas emissões no caminho.
Então esses são os desafios do século 21.