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Nós viemos para Freiburg na Alemanha Ocidental onde
eu irei conversar com o homem que em torno de
meio século tem sido uma das influências
dominantes no pensamento ocidental. Ele é filósofo,
político teórico, economista, lógico,
e agora largamente creditado a ser a inspiração
atrás da Mrs. Tatcher e seu governo.
Ele é o professor Friedrich von Hayek.
Professor Hayek, eu tenho certeza que você tem noção
que a maioria das pessoas na Grã-Bretanha e particularmente
os esquerdistas o acham um tipo de bicho-papão.
Acredita-se que você quer demitir as pessoas do trabalho,
mandar crianças para as minas de carvão novamente,
acabar com os pobres em geral.
Eu não acho que você compartilha essa visão de si mesmo,
mas você gostaria de começar nos dizendo como,
o que você obviamente considera como um completo engano
de seu pensamento, surgiu?
Bem, naturalmente eu não compartilho isso mas eu devo dizer que entendo.
Se você dizer para alguém que o seu caminho o tem levado a um atoleiro,
a retirada pode ser ainda mais dolorosa do que continuar onde você está.
Eu admito um desacordo fundamental com a tendência geral,
com a política que tomou conta da última geração,
e eu acredito que as dificuldades atuais são todas devido a isso,
e para curar ou parar o declínio da Grã-Bretanha
requer então não mais que uma completa mudança de curso.
Isso significa que eu não acredito, como muitas pessoas devem concordar,
que o socialismo está meio certo. Eu estou convencido que está totalmente errado
e esse é meu ponto de partida.
O que é a tendência dominante que você falou,
que você pensa que nos levou ao atoleiro?
Que nós NÃO estamos dispostos a aceitar a orientação de um mecanismo de preços,
que sozinho pode permitir-nos criar um sistema de coordenação internacional
em que os esforços dos indivíduos não são guiados por um conhecimento concreto dos resultados
mas onde nós trabalhamos por algo que nós somente aprendemos por sinais abstratos, os preços.
Por que esse é o único mecanismo possível?
Porque nós não possuímos o conhecimento.
O conhecimento dos fatos é altamente disperso,
nós queremos utilizar o conhecimento possuído por milhões de indivíduos,
coisa que eles somente podem ser usados se eles forem alimentados com sinais sobre a situação geral.
Você não pode reverter isso, você nem pode possivelmente concentrar esse conhecimento.
Toda a ordem de cooperação internacional
foi construída nesse tipo de sistema de sinalização,
em que os sinais dizem a você sobre os fatos que ninguém conhece concretamente em sua totalidade
e eu devo acrescentar; tais sinais, você não pode corrigir,
você não pode corrigir sinais que informam você sobre circunstâncias que você não conhece.
E esses sinais que você diz são os preços no livre mercado?
Inteiramente o preço no livre mercado, que sozinho tornou
o nível atual de riqueza possível.
Mas o sistema não é fundamentalmente injusto,
em que, primeiramente, somente recompensa em termos econômicos
e em segundo lugar recompensa pessoas,
de um modo que pode bem ser totalmente desproporcional a seu mérito?
Eu admito ambos mas não pode ser justo.
Um sistema guiado que decide quais coisas acabam sendo
mais importantes para o resto da maioria das pessoas
não pode ter qualquer preocupação com o mérito dos indivíduos,
quer no momento em particular seus serviços são
muito valiosos para seus companheiros ou não,
não depende inteiramente de você.
E o que nós precisamos é que as pessoas sejam compelidas a fazer o que é benéfico para o resto,
independente de que mérito que há por trás ou não.
A idéia toda que a sociedade pode ser feita a se...
comportar de acordo com concepções humanas de morais individuais é um completo engano.
Nós não podemos aceitar isso das sociedades. O que é justo, é um conceito de justiça não aplicável à
sociedade.
Mas certamente não podemos, mesmo que aceitarmos suas premissas básicas,
não podemos premiar as pessoas em nossa sociedade
talvez não de acordo com uma escala de suas virtudes,
mas de, talvez, de acordo com uma escala de suas necessidades,
afinal, todas as necessidades de um indivíduo e outro
não diferem de acordo com sua capacidade de competir no mercado?
Não. O que podemos, mas só pode ser em uma sociedade rica,
é a de assegurar para todos um certo mínimo abaixo que ninguém tem que cair.
Para além disso, devemos usar o sistema de sinalização dos preços
como indicadores do que as pessoas devem fazer,
e que não tem nada a ver com os méritos ou necessidades de indivíduos.
Entretanto, provavelmente irá ajudá-los mais
a satisfazer as suas necessidades, se eles forem constantemente dirigidos
para onde os esforços trazem os maiores benefícios para seus companheiros.
Então, se você tentar avaliar as recompensas de acordo com necessidades,
isso simplesmente não pode ser feito geralmente. Isso somente leva à
algumas pessoas que têm poderes políticos serem privilegiadas.
Mas não é uma filosofia baseada essencialmente no egoísmo,
isto é, pareceu que o único incentivo é o ganho.
E sobre o altruísmo, onde isso entra?
Ele não entra.
Veja, tanto o altruísmo e a solidariedade são instintos muito fortes
que guiaram o homem em pequenos grupos,
nós estávamos servindo outras pessoas conhecidas,
quando os seus esforços foram direcionados para as necessidades de pessoas familiares.
Agora temos crescido tão ricos assim porque temos substituído isso
por um sistema onde nós não mais trabalhamos para as necessidades conhecidas de outras pessoas conhecidas
e não mais utilizamos a assistência conhecida de outras pessoas,
mas onde o nosso esforço é completamente guiado por sinais de preços
que, para o indivíduo significa que devo usar meus recursos
para o sucesso máximo de quais recursos que são sacrificados para o propósito.
Mas a justificação não é o meu benefício, mas que desta forma eu beneficio meu companheiro mais.
Assim acontece que, até onde as atividades comerciais e atividades econômicas dizem respeito,
nós vamos beneficiar mais os nossos semelhantes se nós formos guiados apenas pela luta pelo ganho.
Nós seremos, então, completamente livres para usar o que nós ganhamos
então, é claro, o desejo de ser altruísta vem muito fortemente
mas não no princípio de ordenação (obrigação) da nossa sociedade.
Bem, onde foi que deu tudo errado, quando nós saímos dos trilhos,
porque já houve em algum grau uma aproximação para o que você está falando.
Eu presumo que você concorda que nunca pode ser perfeito.
Nunca poderá haver um sistema de mercado perfeito.
Mas já houve uma aproximação. O que deu de errado?
Bem, eu acho que principalmente no último século duas coisas aconteceram.
De um lado a familiaridade geral com as morais do mercado
que foram inquestionavelmente aceitas por todos os membros de pequenas empresas,
pelo aprendiz, pelo agente, do agricultor e assim por diante,
já não foi naturalmente aprendida por todos à medida que uma grande organização cresceu.
Isso começou a acontecer na produção,
mas agora não é mais somente na fábrica.
É a mesma coisa na organização governamental e assim por diante,
em que milhares de pessoas cresceram sem nenhum contato com o mercado
e suas crianças já não aprenderam isso automaticamente.
Agora isso coincidiu com uma influência filosófica muito profunda.
Eles não somente perderam certas tradições morais.
Eles foram definitivamente informados pelos filósofos
'oh todas essas tradições morais são sem sentido de todo jeito!'
'Elas são tabus superticiosos que você não pode justificar intelectualmente'
e então surgiu um novo movimento
e é isso que eu devo descrever como socialismo, como uma força intelectual
em que as pessoas tentaram inventar novas morais com o objetivo de
auxiliar esses instintos naturais que os homens ainda carregavam de sua vida primitiva.
Instintos que têm sido adaptados à face para enfrentar a sociedade
em que você estava servindo as necessidades das pessoas
e usando os instrumentos que você conhece
e desacreditando todas as regras que tinham feito a maior economia de mercado possível.
Bem, mas as duas partes disso, primeiro o fato que as pessoas estão em grandes organizações
isoladas do mercado de um lado,
e a nova tradição filosófica de outro,
não estão restritas à Grã-Bretanha, estão?
É essa a doença de todo o mundo ocidental?
A Grã-Bretanha está apenas à frente do resto do mundo,
e eu acho que há duas razões para isso.
Uma delas pode surpreender você, mas em certo sentido os principais pensadores britânicos
eram mais intelegíveis que em outros lugares...
Intelegíveis ou inteligentes?
Intelegíveis.
Eu acho que ninguém exceto um fanático levaria Marx a sério.
Mas quando H. G. Wells e Bertrand Russel e Bernard Shaw
explicaram isso, isso teve uma enorme influência
e eu acredito que uma grande parte do público britânico
estava pensando em termos socialistas como um resultado de sua educação.
O segundo fator que é também especificamente britânico
é a grande simpatia que o grande público tinha com os sindicatos
permitiu-lhes de certa forma perturbar o sistema de mercado
que não foi possível em nenhum outro lugar somente por que os sindicatos
não compartilhavam essa simpatia do público.
Eu acho que eles ainda são o maior obstáculo à uma reforma real.
A ilusão que você pode induzir pessoas a quem têm sido concedido privilégios especiais,
e isso é verdade para os líderes dos sindicatos,
a abdicarem deste privilégio com uma agradável conversa é um absurdo.
Eu acho que o principal problema da Grã-Bretanha neste presente momento
é liberar o caminho para novos desenvolvimentos
reduzindo o poder coercivo dos sindicatos,
que não são o resultado de dar a eles o direito comum
mas conferindo privilégios a eles,
e então restituir o mercado que nós essencialmente precisamos,
a reforma monetária - o fim da inflação.
Não devemos esquecer que nosso atual sistema é constantemente tão obstruído
que na verdade nós provavelmente só podemos mantê-lo pela inflação.
Então nós precisamos primeiro liberar o mecanismo de preços
então restaurar a moeda corrente
e então não há motivo para que a Grã-Bretanha não deva retornar para sua antiga prosperidade.
Mas, você vê, isso me leva a outra acusação frequentemente levantada contra você,
que isso é tudo muito bonito na teoria,
mas como você efetivamente traz isso à prática,
no mundo real em que todos nós vivemos.
Você falou sobre os privilégios dos sindicatos muito bem.
Como você faria para reduzí-los
se você acha que isso é um elemento vital para nosso progresso?
É vital, significa que nós temos que tomar medidas que
em primeira instância serão extremamente dolorosas,
e essa é a razão pela qual eu não tenho certeza de que
as coisas não possam ter que ficar muito piores
antes de nós estarmos dispostos a nos dar conta do que é realmente necessário.
Ambos, parar a inflação e restituir o mercado funcional
irão causar uma grande quantidade de desorganização adicional
como vemos agora um aumento do desemprego
que será temporária, mas que não é um objetivo da política, é claro,
mas um resultado inevitável se você parar a desorientação dos recursos,
que era o efeito da inflação no passado.
Por isso temos que nos confrontar com dificuldades muito graves
se queremos voltar a esse sistema automático de auto-direção,
o único que pode restaurar a prosperidade britânica,
mas nós...
e não é só eu costumo dizer, que a inflação apenas,
que nenhuma estabilização nunca foi conseguida sem o que chamamos de crise de estabilização
mas na Grã-Bretanha, significa muito mais,
significa não só parar a inflação, está ligada a trazer
um processo muito desagradável de desemprego, de falências e assim por diante,
que é necessário muito mais.
Agora meu ponto é sobre toda a coisa, particularmente inflação
que você não pode arrastar este processo vagarosamente.
Nenhum governo pode suportar uma política que pode causar
miséria por 3 ou 4 anos. Você deve acabar com isso em relativamente poucos meses
e a ideia que você pode fazer isso vagarosamente e ainda com sucesso é uma completa ilusão.
Eu acho que devo acrescentar, eu acho que em sua observação inicial.
Eu quero deixar bem claro que eu nunca teria a pretensão de aconselhar a senhora Thatcher
e eu não tenho nenhum contato nesse sentido.
Estou naturalmente muito satisfeito ao ouvir que ela geralmente acredita no meu tipo de filosofia,
mas eu não tenho esse conhecimento especial sobre o que é politicamente possível,
ela sabe, eu espero que as medidas corretas já são politicamente possíveis,
mas, possivelmente, como eu disse antes, as coisas podem ter que ficar muito piores antes de se tornarem possíveis.
Não há outra solução para isso?
E quanto a alguma forma de cooperação geral, as pessoas entendendo o problema
e sem a dor que você descreve ao resolver os nossos problemas,
por que isso não pode ser feito?
E se todos os homens de boa vontade, e há uma abundância deles por aí mesmo depois de tudo,
se todos os homens de boa vontade colaborarem juntos?
Compreender o problema mostraria a eles que isso significa
adaptações a fatos que ninguém pode possivelmente saber
que, para esta finalidade, temos de voltar a um sistema automático
que traz sobre isto, o qual leva em conta muito mais do que ninguém sabe
que envolve todas essas mudanças na atual estrutura
que as pessoas odeiam tão intensamente e ao menos que você tome
o poder deles para evitar as coisas que eles odeiem
você nunca vai conseguir o ajuste que é necessário.
Como você vai tomar o poder para impedir as pessoas de
obstruir os desenvolvimentos que eles odeiam?
Porque as pessoas têm um monte de poder enraizado afinal de contas numa sociedade como a Grã-Bretanha.
Como você diminui o poder?
Receio que terá de começar por diminuir os poderes do parlamento.
Eu acho que é o parlamento que confere todos esses poderes
e o faz toda vez que todos reclamam, e ele recebe um novo poder
para se proteger contra outras coisas.
Agora as coisas realmente começam com a idéia de uma legislatura ilimitada
chamado poder legislativo que, na verdade pode encomendar qualquer medida administrativa específica que goste.
Uma ditadura eletiva, como agora chegam a chamar.
Mas a minha sugestão condensada sobre isso foi a de dividir a verdadeira legislação,
o estabelecimento de regras gerais, e
o governo entre dois diferentes órgãos eleitos democraticamente
onde um estabelece as regras gerais
e o outro governa sob estas regras gerais.
Mas isso significa, eu acho, uma recuperação de velhas ideias políticas,
uma concepção do que a lei significa que irá levar um tempo muito longo.
Tenho vindo a trabalhar sobre isso, mas não há...
Eu não tenho nenhuma ilusão de que isto pode ter qualquer efeito na solução das crises atuais da Grã-Bretanha.
Bem, se você acredita que uma das coisas temos que fazer
é diminuir o poder do parlamento, para torná-lo menos absoluto,
desde que somente o Parlamento pode legislar sobre isso
você está pedindo às pessoas para fazer a única coisa
que a história parece sugerir que ninguém fez,
voluntariamente abrir mão de um poder que eles têm.
Você espera que o parlamento irá se mexer para fazer isso?
Bem, se for verdade, que eu não tenho certeza,
mas eu espero, que o poder definitivo é o poder do povo
não do parlamento, eles podem muito bem fazer isto se as pessoas descobrirem que elas
têm dado poderes ao parlamento que elas não querem realmente que ele exerça.
Bem, eu acho que primeiro você tem que convencer o povo.
Eles podem limitar os poderes do parlamento,
e então um novo parlamento pode agir de maneira mais sensata...
bem... pode estar em uma posição para agir mais razoavelmente
que o parlamento atual está.
Os políticos são altamente guiados pelo nosso sistema para fazer grandes bobagens.
Não que eles são estúpidos, eles não podem fazer o contrário.
Agora, tudo isso precisa, supostamente em sua filosofia
ser direcionada a um fim. Não são ganho e melhoramento material
não são, eu imagino, fins em si mesmos.
Eles são um fim, um fim importante, mas não pode parar por aí.
O que está além deles para você?
Bem, isso depende dos indivíduos.
Nossa missão é, a missão comum é fornecer meios
para a maior variedade de propósitos e eu quero deixar isso para as pessoas
terem um máximo de meios disponíveis para seus propósitos individuais.
E eu acho que isso implica que ninguém mais decide por eles
para que fins estão a usá-lo.
Mas que a organização comum, bem, não a comum,
elas podem ser organizações comuns para propósitos ideais
mas os poderes compulsórios do governo são exclusivamente dirigidos
para fornecer meios ao povo que possam usar para seus próprios propósitos.
Esse é o meu conceito fundamental.
Você diria que a sua própria ideia de liberdade, que obviamente é a estrutura
no qual você pensa e age provém primeiro de qualquer maneira
da liberdade econômica em um sentido que tudo paira sobre essa?
Bem, eu não colocaria bem assim.
Eu certamente passei a entender o que liberdade significa estudando economia.
Que liberdade não é uma liberdade natural no sentido de Rousseau
mas algo que a lei nos dá, nos protegendo
contra a violência de outros, incluindo o governo.
Mas eu acredito que, o que era originalmente para mim uma abordagem econômica
resiste aos *** de sua validade geral.
É mais fácil de ver no campo econômico
e no presente momento nós temos o fenômeno muito curioso no mundo
que é o renascimento do liberalismo clássico que não começou entre os economistas,
é agora devido aos economistas.
Eu estou tentando manter uma sociedade internacional de estudiosos viva,
que acredita no meu tipo de liberalismo,
que consiste quase que exclusivamente de economistas.
Eles são os únicos que estão começando a ver os perigos que nós estamos nos aproximando.
Claro que o instrumento, tanto quanto eu entendo sua filosofia,
para tudo isso é a lei, não é?, a lei é para você talvez
é o alicerce sobre o qual tudo repousa,
o império da lei.
Certamente.
Entretanto você não concorda que a própria lei pode ser injusta nesse sentido:
que a lei é feita por pessoas, por seres humanos,
e tendem a fazê-la em seus próprios interesses.
As regras do jogo do século XVIII foram concebidas para
impedir que os pobres pegassem os "louros" das pessoas ricas.
Agora, não será sempre assim,
que a lei é feita nos interesses daqueles que a estão fazendo
e o resto é excluído e que, portanto, a proteção da lei é, de certa forma, ilusória?
Eu estou contente que você levantou esse problema porque mostra, de uma bela forma,
como a prevalência de uma filosofia política pode manter a lei no limite certo.
No século dezenove, eu acho, esse conceito
que era apenas a lei que era uma regra geral igualmente aplicável a todos
e dando a todos nós as mesmas chances e vantagens, tornou-se em geral muito difundida.
Foi na tentativa de ajudar pessoas particulares que nós destruímos
esse conceito de lei como uma regra geral.
Então, claramente, preservando esse tipo de lei que eu quero
pressupõe um tipo de filosofia geral
que existe em uma forma imperfeita.
E se você olha nos textos de Tocqueville e até de Burke
ou do Lord Acton, você tem uma base filosófica altamente desenvolvida
para o conceito de império da lei.
Mas embora essas pessoas ainda estão sendo elogiadas elas não são mais lidas.
Acidentalmente eu encontro uma das mais interessantes fontes
da filosofia legal da sociedade livre nos textos de
filósofos legais ingleses do século dezenove.
Pessoas como Maine e Maitland, e *** e Dicey.
Eu acho que lá nós encontramos um entendimento profundo
dos princípios básicos do liberalismo mais que qualquer outro lugar.
Você sabe, parece pra mim, até certo ponto em qualquer grau,
que você está exigindo algo que é impossível.
Que suas convicções, a execução de suas convicções, as soluções para os problemas que você propõe
parecem depender de pessoas em geral
- eu não quero dizer seus líderes mas todas as pessoas -
serem infinitamente mais sábias do que é provável na execução comum da natureza humana.
Não.
Eu acho que você está certo no sentido que
o que eu quero pode ser impossível no estado atual de opiniões
e então eu devo retornar a que eu disse.
Pode acontecer das coisas terem que ficar muito piores antes de nós podermos fazer alguma coisa,
mas não é uma questão de sabedoria.
Em última análise, toda nossa instituição moral, depende
de crenças tradicionais mais ou menos irracionais,
e embora pode ser muito difícil intencionalmente criar tradição,
assim como alguns intelectuais do século XIX e início do século XX
criaram um viés em direção à concepção de socialismo
eu acho que uma mudança de opinião dos intelectuais
pode, sem eles serem compreendidos, novamente criar
um fundo moral de opinião
que é muito favorável à liberdade no meu sentido
mas pode evidentemente significar que o tipo de reformas que eu quero
pode vir apenas em um tempo de cem anos.
É claro, os britânicos não têm exatamente a reputação
de dar grande atenção aos intelectuais, têm?
Não, eles não têm.
Quero dizer, nós gostamos de pensar em nós mesmos como essencialmente um povo pragmático.
Sim, mas eu acho que em um determinado ponto, pouquíssimos, onde John Maynard Keynes
foi muito esperto. Como a maioria dos políticos, em última análise declamam as idéias
dos intelectuais de uma geração ou duas atrás
e esse sentido vale igualmente para a os britânicos
Também é verdade de Keynes e sua influência, devo dizer.
Assim à longo prazo as opiniões estão sendo feitas por pensadores
mesmo se eles não têm nenhuma influência sobre os assuntos atuais.
Agora você está quase que exatamente, você não é da mesma idade do século,
um pouco mais velho - e neste século o mundo chegou perto do fim várias vezes.
Duas guerras mundiais, o surgimento do totalitarismo moderno,
as atrocidades horríveis que o levaram,
novos barbarismos, às vezes, parecem brotando quase que diariamente em várias partes do mundo.
Você não sente ou acha que, eu quero saber, que o mundo todo
de uma forma ou outra está descendo morro abaixo à alguma forma de extinção?
Não necessariamente extinção nuclear, mas suicídio cultural, extinção cultural se quiser?
Você está pessimista nesse sentido ou otimista?
No todo pessimista, embora a minha regra que já tenho usado muitas vezes:
que se os políticos não destruírem o mundo nos próximos vinte anos
há uma boa esperança.
Porque há em toda parte uma geração jovem brotando entre
não somente pensadores na economia, que vêem a maioria dos defeitos,
e então se sobrevivermos os próximos dez ou vinte anos
eu acho que há uma boa esperança.
Claro que eu estou trabalhando para ter uma chance de sobreviver
mas no tempo que ainda tenho para viver, sou muito pessimista, eu admito.
E quanto sua atitude neste respeito, pessimismo ou otimismo,
sobre a própria Grã-Bretanha?
Você apresentou soluções para nossos problemas, como outros fizeram.
Você acha que na verdade, esqueça o deveria e o não deveria,
mas você acha que na verdade nós vamos resolver os nossos problemas?
É claro que você argumentou que só há realmente uma maneira que temos para resolver nossos problemas
mas você acha que vamos de fato, de alguma forma ou outra, conseguir?
É só mandar ver.
Acredito que se a Sra. Thatcher tiver o apoio total do seu partido
há uma boa chance de que teríamos
não mais do que uma boa chance.
Estou me tornando cada vez mais apreensivo.
Eu acho que está se tornando muito claro
que há pessoas que são conservadoras no velho sentido
com medo de medidas muito drásticas e agora a Grã-Bretanha precisa de medidas drásticas.
A Grã-Bretanha já foi muito longe ladeira abaixo
e a cura deve ser um processo bastante rápido e bastante doloroso.
Não é este argumento fundamentalmente incompatível com a democracia?
Porque no final, em uma democracia o povo irá decidir
e as pessoas não irão, ou talvez, elas irão, mas eu acho que no geral parece que não,
provavelmente não será de bom grado encarar a entrada em uma maior dor,
maior dificuldade, uma maior turbulência, um maior desemprego
todas as pessoas não querem, naturalmente, eles não querem.
Certamente a própria democracia vai atrofiar a sua espera para o avanço.
Bem eu acho que você está muito pessimista sobre as opiniões das pessoas em geral.
Nossa forma atual de democracia que coloca os políticos sob pressão
para satisfazer qualquer número de interesses especiais, eu acho que estou sem esperanças.
Mas no que diz respeito as opiniões das pessoas em geral eu não sou tão pessimista.
Se alguém que tenha poder realmente, para explicar a eles...
Relembre Churchill em 1940.
Ele conseguiu mudar a opinião pública
num momento em que os intelectuais britânicos, se eu posso dizer assim,
estavam em um estado lamentável de colapso total
e ainda um homem pode
conclamar o povo à uma resistência contra algo que eles sabiam
que seria extremamente doloroso.
Teria sido muito mais fácil em 1940 ter cedido para Hitler.
Nada teria acontecido.
Eu acho que no mesmo sentido é concebível
se é que posso falar de uma maneira
no parlamento parece impossível agora para obter uma ação drástica
para privar os sindicatos de seus privilégios.
Eu acho que se você colocar as pessoas em geral em um referendo
com a simples pergunta: os sindicatos estão para serem privados de todos os privilégios especiais,
não concedidos aos demais cidadãos?
Você teria uma maioria esmagadora.
Assim, neste sentido gostaria de apelar para a democracia na solução em vez.
Eu não estou sem esperanças sobre a democracia.
As pessoas podem ser o fim. Será que elas também serão os meios?
Dizer que privando os sindicatos de seus privilégios,
pessoas podem dizer "sim, sim, vamos fazer".
Você acha que as pessoas estão dispostas a enfrentar a agitação do caos industrial
que inevitavelmente irá seguir esta tentativa?
Bem, espero que se o Parlamento possui uma instrução bem definida
a partir de um referendo em termos gerais
pode ser difícil para o parlamento evitar esses deveres, escapar desses deveres.
Muito obrigado.