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Porque são importantes os direitos dos animais e o bem-estar animal?
Na minha opinião, pensarmos apenas em nós mesmos e na nossa própria espécie
é uma forma muito pobre de ver a vida.
Não estamos sozinhos no planeta.
Temos de viver com outros seres, e esses seres, os animais,
estão a ser abusados e usados em números incalculáveis,
para vestuário, para carne, para entretenimento, para tudo.
Sem qualquer consideração pelas suas necessidades e interesses.
E eu penso que isso tem de mudar. Somos seres humanos, conscientes,
com consciência, com capacidade de pensar no futuro.
E a forma como tratamos os animais e a quantidade de animais que comemos
é nociva não apenas para os animais mas também para nós, e ameaça o nosso futuro.
E isso tem que ver com as consequências de todo esse abuso dos animais.
Quais os factores mais importantes para a eleição de deputados pelo PvdD?
Alguns factores contribuíram para o sucesso do Partido pelos Animais
na conquista de assentos no parlamento nacional.
E um desse factores, é claro, é que os holandeses já não toleram
a forma como tratamos os animais.
Somos um dos maiores exportadores, o segundo maior exportador do mundo
de produtos de origem animal, mesmo sendo um país tão pequeno.
Vemos muitas doenças nos animais que fazem com que sejam mortos
por causa desses vírus, como o dos porcos e das aves... a gripe das aves.
Por isso o momento era propício para fundar um partido pelos animais.
Embora ao mesmo tempo em que estávamos a fundar o partido
um político importante tenha sido assassinado por activistas pelos direitos dos animais.
E muita gente questionou: "Será boa ideia criarmos um partido pelos animais agora?
As pessoas estão a culpar os activistas pelos direitos dos animais,
a acusá-los de serem agressivos."
Mas a verdade é que fundámos o Partido pelos Animais,
e o que vimos, não apenas em sondagens mas também quando se pergunta às pessoas
o que vêem como mais importante para o futuro,
é que o bem-estar animal é um tema que as pessoas consideram muito importante.
Por isso as pessoas estão sensibilizadas. Na Holanda, estão sensibilizadas.
Outro factor foi que muitos líderes de opinião começaram a apoiar o Partido pelos Animais,
e isso retirou-nos das margens, retirou-nos de...
evitou que fôssemos encarados como a anedota do século.
As pessoas começaram a pensar no Partido pelos Animais a sério.
Bem, para conseguirmos assento parlamentar na Holanda são precisos 0,6% dos votos.
E temos 10 milhões de eleitores, 150 lugares no parlamento.
Temos um sistema pluripartidário, e acho que isso é muito democrático.
As vozes mais diversas
podem ser ouvidas no parlamento, e isso é algo que devemos valorizar.
E também torna mais fácil conseguir um assento do que se tivéssemos outro sistema, claro.
Acho que estes factores foram importantes para o nosso sucesso,
e além disso, o que faltava ao nosso movimento social pelos direitos e bem-estar animal
era um rosto. Alguém... um porta-voz.
As pessoas querem que haja um rosto, alguém que fale pelos outros.
E eu assumi esse papel.
É fácil mobilizar as pessoas para participarem nas actividades do partido?
O Partido pelos Animais é um dos partidos que está a crescer mais depressa
na Holanda em termos de filiados, e isso tem que ver com o facto
de sermos um movimento político novo.
Todos os outros partidos políticos na Holanda vêem o número de filiados a cair,
e nós somos um dos partidos que estão a crescer.
e isso quer dizer alguma coisa. E as pessoas querem ser activas,
não apenas na arena política, mas também como voluntários,
para informarem as pessoas sobre o partido. E isso é muito fácil.
Por exemplo, uma vez o nosso governo cortou o orçamento para a preservação da Natureza.
E as pessoas no nosso país ficaram muito insatisfeitas com isso.
E o que decidimos fazer enquanto partido pelos animais foi juntar essas pessoas.
E lançámos um plano a que chamamos... é uma espécie de crowdfunding.
As pessoas podiam comprar árvores e plantá-las, como um acto de resistência contra o governo.
E em duas semanas tínhamos mais de 20 mil árvores,
pagas por novos apoiantes do Partido pelos Animais.
A compaixão é capaz de muita coisa.
Que princípios seguem ao votar em assuntos que não tenham que ver com animais?
Muita gente me pergunta: "Ok, sabemos o que vocês pensam
sobre os animais, a natureza, o ambiente, mas e sobre hipotecas,
criação, de emprego... E, claro, os problemas na Síria e em Israel?
Bem, nós temos quatro princípios: compaixão, sustentabilidade,
liberdade individual e responsabilidade individual.
E estes quatro princípios são uma boa base para desenvolvermos os nossos pontos de vista.
E costumo fazer uma pergunta a quem me pergunta isso:
"O que sabe sobre o sentido do voto do seu Partido Trabalhista
sobre uma missão ao Afeganistão? Também não está no programa deles."
O nosso nome, Partido pelos Animais, não abrange tudo o que pensamos.
Temos um programa, claro, e temos estes quatro princípios.
Como têm os outros partidos reagido às vossas ideias?
Quando estamos... Quanto temos um debate, por exemplo,
e aparece a palavra "animal", toda a gente olha para nós. As meninas dos animais.
"Meninas dos animais, ouçam! Eles estão a falar de animais.
Estamos a falar de animais, prestem atenção!"
E por vezes fazem piadas. E não só...
Por exemplo, quando estou a falar na arena política, nem toda a gente está a ouvir.
Mas ao mesmo tempo o que vemos é que os porta-vozes dos partidos maiores
estão a falar de bem-estar animal mais do que nunca.
E adoptam as nossas propostas. E isso é bom.
Queremos mais acção na área do bem-estar animal e direitos dos animais,
não importa que venha de outros partidos políticos.
Aí só batemos palmas e dizemos "bom trabalho!"
Ao concorrer a eleições, consideraram algum tipo de coligação com outros partidos?
Bem, decidimos ser realmente independentes e não fazer parte do grupo
de partidos de esquerda ou partidos de direita.
Qualquer pessoa deve poder interessar-se pelo Partido pelos Animais,
independentemente de ter um background socialista, capitalista, ou o que for.
O Partido pelos Animais tenta chegar a todos os tipos de pessoas,
e temos muito sucesso nessa área.
Por isso somos indepententes, mas claro que juntamos forças sempre que necessário
com qualquer partido que queira honrar os princípios da compaixão, sustentabilidade,
liberdade individual e responsabilidade individual.
Porque são importantes as eleições europeias?
A Europa tem uma influência enorme na nossa vida, nas vidas dos animais e no planeta.
Quando olhamos para a Europa neste momento, parece-nos que é uma causa perdida.
Somos um partido eurocrítico.
E o que queremos prometer a cada eleitor no nosso país é que
queremos ser representantes de todos aqueles que estão preocupados
com o rumo actual da Europa, com mais integração, mais regulamentação de tudo.
O orçamento com subsídios europeus para mais infraestruturas de agropecuária intensiva,
para promover a tauromaquia e protegê-la pela Europa.
Por isso achamos que cada país...
Somos um partido eurocrítico, mas somos a favor da cooperação entre Estados-Membros.
Mas cada Estado-Membro deve ser autónomo, ter a sua autonomia
para criar o seu próprio caminho a nível económico, a sua própria política económica,
em vez de receber ordens da Europa ou de Bruxelas.
E se pudermos cooperar em termos de melhor legislação para os animais e a natureza,
ou para proteger os trabalhadores, é claro que somos a favor disso.
Mas pedimos que se honrem as diferenças culturais e económicas entre Estados-Membros.
Se houver uma crise, os Estados-Membros devem poder resolvê-la eles próprios,
sem que sejam obrigados, por exemplo, a cortar no orçamento porque Bruxelas mandou.
Como é ser mulher e mãe na política?
É sempre agradável quando me perguntam como é ser mulher e mãe na política,
porque essa é uma pergunta que nunca se coloca a um homem.
Como é ser homem e pai na política?
Então é essa a minha resposta.