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MÁ ADOLESCĘNCIA
Oi, Fabrizio. - Oi.
Viu que este ano também fui pontual. Fiz de tudo para que pudesse vir.
É mesmo? Muito bem.
A escola fechou desde ontem. Férias.
Ok, agora vamos.
Tive medo de năo te achar ou que esquecesse o nosso encontro.
Já faz um ano desde que nos encontramos.
Esperei muito por isso. Năo esqueci um só dia que teríamos este encontro.
Mas por que năo fala comigo? Por que năo responde?
Olha! Ainda funciona...
Pára com essa besteira!
Vamos!
Fiquei muito nervosa ao encontrar Fabrizio de novo.
Meu coraçăo batia forte, como nunca havia feito antes.
Me dava prazer vę-lo... contemplá-lo.
Ele me olhava de longe,
de uma maneira distante.
Eu estranhava o seu silęncio,
pois năo conseguia entender o que é que ele pensava.
Mas fiquei contente de tę-lo encontrado na nossa floresta,
para de novo nos entregarmos a todo tipo de brincadeiras.
Todo ano, quando as férias acabavam e chegava a hora de partir...
...nos juntávamos para guardar todas as nossas coisas.
Antigamente nosso esconderijo era ao lado de um tanque,
mas agora năo tinha mais água.
Fabrizio disse que o lago tinha misteriosamente surgido da montanha.
As pedras tinham se tornado brancas, o limo cobria todo o bosque.
E ŕ noite, até a madeira ficava pesada e úmida.
Estava feliz por encontrar as coisas como tínhamos deixado.
Fabrizio até sorria como antes.
Ele me olhava doce e sério.
Mas me olhava de maneira estranha.
Parecia quase como se năo me conhecesse
E ŕs vezes parecia que sabia tudo sobre mim.
Tínhamos crescido juntos.
De repente, pensei...
...que gostaria de ser adulta.
Mas năo sabia por quę.
Onde está o Iro?
Foi dar uma volta... Mas ele vai voltar... sempre volta.
Quieta!
Quando Fabrizio me deixava só,
ficava assustada e năo conseguia me mover.
Para mim a floresta năo era como para Fabrizio.
Ele a conhecia: os sons, os animais, os caminhos...
o mágico silęncio do bosque.
A floresta era seu mundo,
mas eu me sentia só.
O tempo todo tinha medo de ser atacada por algum bicho selvagem.
Idiota! Fez com que a presa fugisse...
Já te disse para ficar quieta!
Vamos! Tenta me pegar!
Fabrizio! Cadę vocę?
Volta aqui!
Fabrizio!
Vou contar sobre meu sonho,
um sonho que tive essa noite!
Por favor, volte aqui!
Volte aqui, Fabrizio! Năo tem graça!
Sabe com que sonhei?
Estava num barquinho no rio.
Primeiro estava só, e de repente vocę apareceu.
O barco estava no meio da água e năo havia mais nada.
Só vocę, só havia vocę.
Eu havia dormido no fundo do barco.
Dormia, mas via tudo.
E enquanto dormia...
notei que vocę se aproximava,
e logo parecia tocar em mim.
Mas năo era vocę, na verdade...
Fazia muito frio...
O lago estava completamente gelado.
O barco também estava congelado...
Tăo gelado que năo eu năo podia sair.
Entăo acordei.
Como é grande... Amanhă vamos subir a montanha.
Era um sonho de Fabrizio escalar a "Montanha Azul".
E de lá dominar toda a floresta.
Escalar até o topo, para ver os rios, campos e árvores.
No dia seguinte começamos a subir a Montanha Azul.
Quanto mais subíamos, mais denso e obscuro ficava o caminho.
Tinha uma vegetaçăo muito estranha, que dificultava caminharmos.
Dificultava o caminho.
Mas Fabrizio năo se rendia.
Deu-me ordem para continuar.
Mas logo, de repente,
encontramos algo que nunca tínhamos imaginado.
O que é isso? - Vamos dar uma olhada.
É fantástico!
Uma cidade mágica construída nos confins da floresta.
Torres altas cercadas por árvores escuras.
A cidade estava tomada por mato e árvores.
Uma cidade de verdade, com praças e escadas,
e muitos becos.
Fora das janelas se viam as plantas:
cresciam nas paredes entre as pedras.
Caminhávamos prendendo a respiraçăo.
Parecia que tínhamos entrado num lugar proibido...
...e que alguém iria aparecer a qualquer momento
e nos castigar por termos entrado ali,
naquele lugar secreto.
Vamos em frente. Fique atrás de mim.
Espera, Fabrizio!
Mas năo será perigoso? - Que nada!
Espere, aonde vai?
Por favor, năo vá. É muito escuro. Vamos embora!
Voltaremos depois.
Será a nossa cidade secreta.
Olha só, năo consegue voar...
Acho que caiu do ninho.
Năo gosta dele?
Toma! Coma!
Vamos!
É bom, sabe? Vamos, coma!
Assim, muito bem.
Me ajuda a consertar o alçapăo?
Por quę? Isso é com vocę.
Fabrizio estava muito agressivo e irritável.
Me dizia que era muito criança
e que năo se divertia comigo.
Năo o compreendia. Parecia que estava se divertindo ao me magoar.
Muitas vezes escondia-se atrás das árvores só pra me assustar.
Fabrizio, năo se esconda!
Espere!
Laura!... - Fabrizio!
Vem me pegar?
Caiu na minha armadilha! Venci!
Oh, năo!
É minha prisioneira! Vai fazer o que eu quiser!
- Năo! Só eu vou poder te soltar!
É minha prisioneira! - Năo! Me solta!
Năo adianta resistir!
Já tenho vocę!
Me deixa ir, já chega!
É inútil, grita se quiser. Ninguém pode te ouvir.
Me deixa!
Por favor, me deixa!
Fabrizio, fica quieto!
É inútil resistir, eu sou mais forte.
Mas o que quer fazer comigo?
Năo, por favor! Năo me amarre.
Ai, Fabrizio! Fabrizio!
Fabrizio!
Fabrizio!
Tem uma cobra aqui!
Fabrizio! Fabrizio!
Fabrizio, me ajuda!
Por que sempre me machuca? Está escuro, meus pais văo brigar!
Sempre quer voltar pra casa! Nunca podemos brincar!
Mal começamos algo, sempre pára de brincar para voltar pra casa.
Por favor, entenda! Eles estăo me esperando. Me leva pra casa!
Năo quero te levar pra casa! Vá com o cachorro!
O cachorro? Eu tenho medo do cachorro!
Por favor, Fabrizio, năo posso!
Năo posso atravessar a floresta sozinha a esta hora!
- Por favor,me acompanhe! - Năo! Te disse que năo!
- Fabrizio! - Droga! Vai embora!
Năo é justo! Vocę năo deve fazer assim!
Pega ela!
Veja como é perigoso ir pra casa sozinha.
Vou ficar aqui pra sempre! Nunca mais vou voltar!
Fabrizio! Fabrizio!
Por que năo queria que te encontrasse?
Porque năo. Vocę năo merecia.
É inútil tentar me seguir. Năo te quero mais. Está claro?
Por que năo me entende? Disse pra ir pra casa quando escurecer!
Vocę é um idiota!
Laura... Laura, me ajude!
Fabrizio!
Laura... Laura, me ajude!...
Estou aqui. Estou ferido! Me ajude!
Fabrizio!
Fabrizio, onde está vocę? Fabrizio!
Estou ferido. Corre, Laura, venha logo!
Fabrizio!
Rápido, venha aqui!
Laura, me ajude. Eu te suplico.
Fabrizio! Onde vocę está?
Por favor, Laura!
Viu? Se suicidou!
Idiota! Foi vocę!
Te odeio!
Impossível brincar com vocę, eu sabia.
Está começando um temporal.
O que está esperando?
Vem!
Venha, se mexa. - Me solta!
Vamos! Vamos nos abrigar aqui!
Onde está indo? -Cala a boca!
Que incrível! - Onde vai dar esse subterrâneo?
Parece uma casa de gelo.
Vamos, Laura. Talvez a gente ache uma saída.
Estou com medo, Fabrizio! - Fique calma.
O que houve agora?
A lanterna está ficando sem bateria.
O que vamos fazer agora?
Espere aqui. Vou procurar uma saída.
Năo, espera! Năo me deixe!
Tenho medo. Eu quero voltar pra casa!
Năo tenha medo, vou descobrir a saída.
Năo tenho medo quando vocę está perto de mim.
Tem certeza de que achará uma saída?
Vamos esperar que a chuva pare.
Pode ter certeza de que logo te levarei para fora daqui.
Confie em mim.
Está frio.
Te disse que estou com frio! O que quer fazer?
Abrace-me e ficaremos quentinhos.
Năo tenha medo. Năo vou te machucar.
Só quero ver teu corpo.
Deixa eu te abraçar.
É bonito aqui! Me agrada.
Me beija... pőe tua boca na minha.
Estou com vontade...
...de fazer xixi.
Estou mal.
Por favor, toque aqui.
Me toque assim.
Espera!
Năo, assim me machuca, me machuca.
Comporte-se. Me Deixe.
Me deixa... quero entrar dentro de vocę.
Olá, está aí?
Que cinto lindo! Dę para mim!
Pegue!
Vamos, Fabrizio!
Vamos! Dá aqui!
Fabrizio, me dá e vamos brincar.
Por que está subindo mais?
Fabrizio! - Vamos, tenta pegar o cinto!
Escute essa história:
havia um jovem rei que um dia...
...começou a andar sobre as árvores.
- Um rei muito estranho? - Năo. Era só um rei cansado de sua cidade!
Seu sonho era construir outra, no meio da floresta.
Ele queria morar nela.
Eu também encontrei minha cidade e quero fazer como esse rei.
Eu quero ser a rainha.
E vocę vai ficar comigo até que seja noite?
Vocę sabe que năo posso. Năo me deixariam sair.
E daí năo poderia brincar com vocę.
Năo volte pra casa. Assim poderíamos ficar brincando sempre juntos.
Mas é impossível...
Ok, esqueça, entendi.
Ŕ noite quando eu voltava para casa,
Fabrizio ficava sozinho explorando a floresta.
E queria ficar com ele.
Por isso năo conseguia dormir.
Sentia-me toda agitada por uma sensaçăo estranha.
Parecia que Fabrizio esperava por algo que iria acontecer.
Năo sabia exatamente o quę.
Quando descobriu essa enorme cidade deserta no bosque năo me disse nada,
embora o tivesse impressionado muito,
porque năo se imaginava que nomeio da floresta pudesse viver alguém...
ou que alguém tivesse vivido antes.
E pensar nisso o deixava maluco.
Mas ele queria guardar segredo só para ele.
Eu o tentava bastante, para que voltasse a ser amável comigo.
Viu, Tigre? Essa garota quer viver em nossa cidade...
E quer se tornar rainha!...
Está me ouvindo, Tigre? O que acha disso?
Querer ser rainha? Que piada! Nunca! Nunca!
Nunca poderá ser uma rainha, porque tem que voltar para tua casa.
Năo, essa cidade năo é tua!
Fabrizio, me escuta... - Me deixa em paz.
Mas é importante pra mim. Vocę sabe que eu adoro ficar com vocę.
Quando vocę me faz mal, quero fugir rapidamente.
Mas logo quero voltar. Năo consigo ficar longe de vocę.
Mas ŕ noite é impossível eu ficar.
Entăo, vá pra casa!
Por favor, entenda, viriam me buscar e entăo tudo acabaria.
Năo me deixariam mais vir. No me permitiriam te ver.
Eu năo quero que tudo isso acabe.
Me espera! Năo faça isso!
Me ouve, Fabrizio, por favor!
Vocę tem que me escutar!
Quero ficar com vocę de novo, como fizemos na caverna.
Nunca mais fizemos, desde aquele dia.
Gostei tanto quando vocę me beijou.
Quero que me beije de novo.
Por favor, vamos fazer de novo!
Por favor, năo fique mais chateado. Faço o que quiser.
Mas ŕ noite tenho que voltar pra casa.
Tudo o mais, eu faço.
Fabrizio, me diga o que quer e eu farei por vocę.
Deixe-me ver esses!
Vamos, tire pra fora!
Quero sugá-los, como quando se suga o leite.
Vę como vocę năo quer fazer o que te digo?
- Sim, eu quero. - Vamos ver.
Năo, năo. Assim me machuca.
Me deixe!
Me deixe!
Já que năo quer, também năo quero mais nada com vocę!
Está tudo acabado!
E năo me siga, entendeu?
- Eu disse pra năo me seguir. - Năo faça isso. Por que me trata assim?
Sabe quem mora na casa?
Năo, nunca tinha visto essa casa antes.
Tem uma garota naquela casa ali.
- Oi. - Oi, quer vir brincar com a gente?
Năo!
Qual o problema, Fabrizio? Por que năo quer brincar?
Cala a boca! Vocę năo entende nada.
- Se está triste, também estou. - Vocę me aborrece.
De noite, quando todo mundo dorme,
eu vou ŕ janela e vejo no bosque onde vocę está.
E eu, em troca, năo quero nem te ver!
Talvez seja a sua idiotice que está me deixando triste!
Năo me siga! Já disse que năo quero te ver mais!
Se assustou de verdade?
Năo vou te machucar mais.
Vá embora, fera! Volte pra casa, vai!
Năo apareça mais aqui. Năo quero que venha!
Está contente agora? Năo fique mais com medo.
Năo deve mais se comportar como uma garotinha.
Iro năo vai voltar mais aqui.
Espantei Iro por sua causa! Iro é meu melhor amigo!
Só por causa do seu medo eterno!
Vocę sempre tem medo de tudo. Te odeio, te odeio, te odeio!
Mas estou disposto a te perdoar, mas só com uma condiçăo.
Vocę vai me trazer aqui aquela garota.
- Já estamos aqui. Satisfeito? - Salve!
- Bem-vinda! Este é o meu reino! - Como é grande!
Meu nome é Sylvia.
Vocę deve ser Fabrizio, o "Rei".
Ótima flechada!
Ei, atençăo que ele escapa!
Năo vai escapar, está amarrado.
Atire! - Bravo!
Vocęs estăo loucos, completamente loucos!
Acertou bem no meio!
Vocęs săo Fabrizio e Sylvia! Reconheci vocęs.
Fabrizio, Fabrizio...
Fabrizio, Fabrizio, Fabrizio...
Fabrizio, por favor! Chega!
Basta, por favor por favor, Fabrizio!
Fabrizio, me deixa ir!
Ok, se é assim que quer.
Vamos, tire a máscara.
Viu, Fabrizio? Ela năo quer mais brincar com a gente.
Vamos, se mexa! Brinca!
- Nunca mais vou brincar com vocęs! - Mas como?
Năo se faça de tonta!
Vamos, venha brincar conosco! Vamos, vem!
Năo faça essa cara.
Pára de chorar! Acaso năo podemos mais brincar com vocę?
Olha, Fabrizio! Estou ferida!
O que vocę fez, Sylvia?
Năo seja maricas! Năo machucou nada.
Quanta história por um arranhăo...
Assim năo sinto mais nada, Fabrizio.
Năo foi nada! Só fez isso pra me fazer sentir mal!
Fez de propósito!
"Fabrizio, sonhei que estava num bote que andava sobre a água... "
"... Eu dormia e logo vocę veio, Fabrizio...
"Năo sabe o que aconteceu?"
"... Eu dormia, Fabrizio. Mas podia sentir tudo... "
"Depois, năo sei o que aconteceu. "
"... O bote ficou completamente gelado... "
"Está ouvindo, Fabrizio, sabe o que aconteceu?"
"Eu dormia, dormia, Fabrizio. "
"Posso te perguntar, Fabrizio: O que houve enquanto eu dormia?"
Que garota mais chata!
Vamos amarrá-la fazer com que as saúvas a comam.
Năo. É melhor estrangular ela com um lenço de seda, como faziam os tugs.
Por favor, me deixem em paz!
Estou cansada.
Se quer voltar a ser livre, deve fazer uma penitęncia.
Verdade, Sylvia?
Estamos dispostos a te perdoar, se vocę sofrer um castigo.
Eu gostaria de matá-la. Ela realmente é insuportável.
Desta vez seremos magnânimos.
Neste caso deve ser uma penitęncia com fogo, ou a matamos.
Năo, se a matarmos, năo vamos ter mais ninguém para nos divertirmos.
Bom, vejamos... Eu te direi o que ela deve fazer.
Ela deve nos mostrar como faz para fazer xixi.
Um dia, escondido, eu a vi lá na cachoeira.
Achava que estava sozinha e baixou as calças.
Vamos Laura, mostre como vocę faz xixi. Eu também quero ver.
Faça, igual como lá na cachoeira, como se estivesse sozinha.
Vamos nos esconder e ficar te vendo.
Vamos! É o único modo de vocę se salvar.
Se tentar fugir, ninguém poderá te ajudar!
- Vocę năo terá escapatória. - Vamos, o que está esperando?
Levante! Vamos!
Se mexa!
Tira as calças e me deixa te ver.
Năo resista ou será pior.
Fabrizio, estou com vergonha. Diga pra ela me deixar em paz.
- Năo estou com vontade! - Vamos! Estou perdendo a pacięncia!
Disse para se apressar!
Năo acredita? Vamos te matar!
Fabrizio, fez pipi lá de cima!
Nossa criada foi despedida, mas năo pôde ir embora.
Suplicou ficar conosco.
E dada a nossa magnanimidade, nós consentimos.
Mas a criada tem que obedecer todas as nossas ordens a partir de hoje.
Vamos! Passe o símbolo do poder para a Rainha!
Posso pentear seu cabelo?
Que cabelo lindo.
4,5,6,7,8,9 e 10. Tua vez.
Tenho certeza que năo vai nos achar.
- Ok, mas năo văo muito longe! Se năo, năo vale.
Năo pode olhar.
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10!
Onde estăo? Fabrizio? Sylvia? Saiam!
Estou cansada de procurar!
Saiam!
Fabrizio!
Năo tem graça! Saiam.
Muito bem. Ganhou. Encontrou a gente.
Me diga: Năo é verdade que gostaria também de ser beijada por ele?
Năo, năo se mexa! Deve ficar aqui nos vendo.
Já dissemos que vocę deve obedecer todas as nossas ordens.
Venha aqui! Deve fazer tudo que te dizemos! Vocę jurou obedecer.
E se for embora, năo te deixamos voltar.
Aonde vai? Venha aqui!
Tem que ficar neste tronco, nos olhando.
Veja que alto estamos! Imagine cair lá embaixo!
Dá medo só de olhar.
Vem, Sylvia.
Laura, canta alguma coisa pra gente...
"Na cidade encantada havia uma linda menina. "
"E o Rei que a olhava... " - Chega!
Vamos matá-la! - Por quę?
Năo gosto dela. - Muito menos eu.
Está bem, vamos jogá-la.
Năo, nem tente escapar!
- Fica quieta. - Năo. Que fazem? Me deixem.
Seja boazinha e comporte-se!
Fabrizio! Está me machucando!
- Me deixem. - Vamos, seja boazinha!
Năo, por favor, me deixem.
O que eu fiz para vocęs?
- Năo estamos brincando. - Por favor, estăo me machucando.
Sylvia... Sylvia, me ajude.
Quanto vai demorar pra morrer?
Vai ser uma queda muito demorada! Vai sofrer.
Năo, năo quero!
Essa é uma execuçăo justa. Vocę foi condenada faz tempo,
pelas leis do meu Reino... e devemos executar a sentença.
Prepare-se. Um abismo profundo.
Calculo pelo menos 50 metros.
Vocę vai bater nas pedras e morrer.
Vou contar até 10 agora.
Năo!
Rápido, vamos!
Năo me faça perder a pacięncia! Anda!
1,2,3,4,5,6... 7,8,9... - Năo gosto desse jogo.
Quando entender que năo é nenhum jogo, vai gostar mais ainda.
- Por favor, năo! Agora está na beira do abismo!
- Adeus, Sylvia. - Adeus.
- Adeus. - Adeus.
E vocę? O que está esperando? Por que năo vai embora?
É tarde, e deve voltar para casa, certo?
Sylvia também vai pra casa a esta hora.
Quer que eu fique com vocę?
- Por quę? Quero ficar sozinho. - Entăo, tchau.
Por que dorme aqui fora ŕ noite?
É mais bonito e eu gosto.
Que gosto estranho vocę tem!
Prefiro minha cama quente e um bom banho quente ao acordar.
Eu me lavo sempre no lago.
Vocę é estranho. Nunca conheci ninguém como vocę.
Um dia notamos que o Outono começava.
A floresta começava a mudar de cor.
As plantas começavam a secar...
e no céu se viam nuvens de chuva.
Logo tudo havia acabado e deveríamos partir.
E agora, quando o Verăo terminava, Fabrizio ficou mais fechado e preocupado.
Parecia que sofria.
Desaparecia por longo tempo.
Năo ria nem brincava mais.
Năo parecia sentir-se ŕ vontade entre nós.
Que pena! Logo as férias văo terminar.
Sinto tanto, porque a gente se divertiu muito.
Como eu tinha dito! Está chegando o Outono.
Năo volte pra tua casa. Fique aqui comigo, na floresta.
Năo diga bobagem!
Estou falando sério. É verdade, quero que fique comigo aqui.
Bom, vou pensar.
Vou te dar minha resposta talvez essa noite ou amanhă.
E entăo? - E entăo o quę? - Qual é a tua resposta?
Qual é a tua decisăo?
Só estava brincando. Tchau!
Tchau, Fabrizio!
- Como é tarde... Tchau! - Tchau!
Meus pais querem ir embora amanhă.
Temos que estar na cidade antes de domingo.
- Que tristeza ter que voltar ŕ escola! - Estava tăo legal aqui...
Entăo...
...é o último dia
e nem sequer escalamos nossa montanha...
a Montanha Azul.
Podemos subir agora! Ainda temos tempo.
Vamos! Rápido!
Tem muitas nuvens na montanha... Năo vamos chegar nunca.
Parece que ameaça um temporal.
- É muito longe, estou cansada. - Venha, vamos!
Vamos nos refugiar na cidade secreta!
Rápido! Ou o temporal vai nos pegar!
Espera, năo agüento mais - Está vindo um dilúvio!
Espera, Fabrizio!
Rápido! Entrem!
Que estranho é tudo isso! Parece um labirinto.
Năo vamos mais continuar. Está muito escuro.
Gosto, mas é muito tarde e tenho que voltar.
Verdade. É tarde e tenho que ir pra casa.
Impossível. Já é noite e está muito escuro lá fora.
ŕ noite na floresta, năo vamos nunca encontrar o caminho.
Mas eu tenho que voltar pra casa!
Estamos perdidos e é impossível voltar atrás.
Vamos procurar juntos o caminho, até encontrarmos, por favor, Fabrizio.
Vamos passar a noite aqui. Amanhă voltaremos.
Năo, năo faça isso comigo, por favor!
Meus pais văo me procurar desesperados! Entende?, Entende?
Já te disse!
Năo é possível, porque năo conheço o caminho, Sylvia.
Tenho que voltar, te imploro!
Por favor, me leve pra casa.
Me leve pra casa, por favor, Fabrizio!
Sylvia procurava desesperadamente uma saída.
Corria por entre as enormes pedras da caverna.
Parecia desesperada.
Năo parava de chorar.
Havia perdido sua arrogância e sua impertinęncia.
Era apenas uma garotinha assustada:
Uma garotinha que vinha até mim, como que buscando os braços da măe.
Eu năo ousava me mexer. Era uma situaçăo muito confusa,
embaraçosa e infeliz.
Acariciava seus cabelos, enquanto a estreitava em meus braços.
Mas năo disse a ela que Fabrizio conhecia a saída...
na verdade, eu também poderia tę-la encontrado.
Logo tudo ficou em silęncio.
Nos movíamos sem saber o que fazer.
Eu pensava que gostaria de estar sozinha em minha casa...
...para chorar.
Via Fabrizio e Sylvia como se fossem duas sombras na parede.
Tudo o que acontecia era superior ŕs minhas forças.
Sentia-me cansada e só queria dormir,
esperando que ao despertar tudo fosse muito diferente.
E que sairíamos para fora, no sol,
longe desse labirinto, onde um dia tinha sido feliz...
e agora só havia muita angústia.
Já deve ser dia. É hora de irmos.
Năo é verdade?
Por favor, Fabrizio, me leve para casa.
Năo quero ficar aqui. Tenho medo. Por favor!
Se gosta de mim, me leve pra casa.
Năo, Sylvia. Năo vou te levar.
Vamos ficar juntos para sempre.
- Năo... Năo... Me deixa, me deixa! Năo me toque!
Quero ir embora daqui. Me esperam. Me deixe. Tenho que ir.
Tenho que ir embora! Tenho que ir embora!
Vocę tem que me levar para fora daqui.
Sylvia! Aonde vai?
Năo vai achar a saída!
Só eu sei onde fica!
Năo! Năo! Quero ir embora!
Eu tenho que ir!
Eu quero ir! Eu quero ir embora!
- Quero voltar pra minha casa! - Por favor, Sylvia, pára!
Ficaremos juntos pra sempre. Por que quer ir embora? Por quę?
Eu năo quero te perder! Năo quero!
Me largue! Me Largue! Saia!
Năo se atreva a me tocar!
Sylvia!
Sylvia!
Fabrizio!
Fabrizio!
O que vocę fez? O que vocę fez?
Năo era difícil achar a saída.
Tínhamos passado antes por ali, lembra?
Pegue a lanterna.
Vá agora!
E vocę? O que vai fazer agora?
Vou ficar aqui.
Năo, te suplico, venha!
Venha comigo, lá fora farei tudo o que vocę quiser.
Ficarei com vocę na floresta.
Nunca mais vou voltar pra casa.
Eu te digo, vai embora.
Anda, e năo olhe para trás. Vai.
Mas, por quę? Năo faça isso Por favor, vem comigo!
- Fabrizio, vem comigo! - Vá!
Vai!, Vai! Vá embora!
"Diga-me, quer ser minha companheira de jogo?
Quer sempre, sempre brincar?
Que caminhemos juntos pelo precipício,
que pareçamos importantes, com nosso coraçăo infantil,
que nos sentemos sérios ŕ mesa, e com sabedoria bebamos vinho e água,
que desfrutemos do belo e do insignificante,
e com nostalgia vistamos velhas roupas?
Diga-me, vocę quer jogar o jogo da vida,
no inverno de neve, ou no outono interminável,
podendo beber o chá, calados, o chá de rubi com seu vapor amarelo?
Quer viver de verdade com um coraçăo puro,
ficar em silęncio por longo tempo, ŕs vezes ter medo...
porque na praça se revolve o novembro,
porque o varredor de rua é um homem pobre e doente; quem assovia sob nossa janela?
Vocę quer brincar de cobra, de águia, de longas viagens de trem, de navio,
no Natal, no sonho, de todas as coisas belas?
Vocę quer jogar o jogo do amante feliz? Fingir o pranto, o funeral colorido?
Vocę quer viver, viver para sempre um jogo, que se converta em algo verdadeiro?
Vocę quer que, caída por terra, junto ŕs flores, joguemos o jogo da morte?
Dezsö Kosztolányi (1885-1936) Poeta e Escritor húngaro