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Às 5h30 do dia 10 de maio de 1940,
Adolf Hitler lançou sua aguardada ofensiva ocidental,
com o codinome Case Yellow.
Este era o momento esperado por alemães e Aliados
desde setembro do ano anterior.
Na campanha que se desenrolaria, os alemães conquistariam
uma das maiores vitórias na história das guerras.
Na Batalha da França,
o Exército alemão reuniu a maior concentração de tanques jamais vista.
Nessa ofensiva, o mundo testemunhou o primeiro ataque aéreo em larga escala.
Já vitoriosos na Polônia e na Noruega,
os alemães agora enfrentariam forças similares
em termos de homens e material.
Mas, com táticas revolucionárias,
os alemães destruiriam os exércitos de Bélgica, Holanda e França,
além de impor ao Exército britânico sua maior humilhação
desde a derrota na guerra da Revolução Americana.
A campanha alemã tornaria Hitler o senhor da Europa Ocidental
e daria a seu Exército a reputação de invencível.
Sua vitória foi tão completa, que 4 anos se passariam
até que a supremacia alemã na França e nos Países Baixos
pudesse ser desafiada.
No dia 12 de março de 1938,
Hitler mandou seu Exército invadir e anexar a Áustria ao Terceiro Reich.
Apesar de a invasão ignorar leis internacionais,
nem a lnglaterra ou a França protestaram.
Encorajado por sua vitória,
Hitler voltou sua atenção para a Tchecoslováquia.
Ele queria a devolução dos Sudetos, região habitada por alemães étnicos.
Atensão internacional aumentava a cada instante,
até chegar a um ponto em que a única saída parecia ser a guerra.
Em setembro de 1938,
os líderes de França, lnglaterra, Alemanha e ltália
reuniram-se em Munique para resolver a questão.
Dispostos a evitar um conflito armado a todo custo,
as nações ocidentais atenderam a todas as demandas de Hitler.
Os tchecos não puderam se manifestar sobre o desmantelamento de seu país.
A lnglaterra tinha esperanças de que a paz, na Europa, estivesse segura
e que, agora, Hitler não fosse mais uma ameaça.
Essa ilusão foi desfeita 6 meses depois, quando, em março de 1939,
os alemães ocuparam a Tchecoslováquia.
A lnglaterra sentiu-se ultrajada e abandonou sua política de conciliação.
No dia 31 de março,
lnglaterra e França garantiram a independência da Polônia,
país que todos julgavam ser o próximo alvo de Hitler.
Três dias depois,
Hitler ordenou a seus generais
que fizessem planos para a destruição da Polônia.
Seu objetivo principal era recuperar os territórios cedidos aos poloneses
depois da Primeira Guerra.
Ele tinha certeza de que os Aliados não levariam a termo
suas ameaças de combate.
Em agosto de 1939,
o líder nazista surpreendeu a opinião mundial,
ao assinar um pacto de não-agressão com a URSS,
seu pior inimigo.
Uma cláusula secreta
previa a divisão da Polônia entre as duas nações.
Com a cumplicidade russa assegurada,
Hitler reuniu 59 divisões na fronteira polonesa
e preparou-se para lançá-las em sucessivas ondas de ataque.
As formações alemãs incluíam mais de 2,5 mil tanques
e 2 mil caças e bombardeiros da Luftwaffe.
As forças polonesas estavam posicionadas
ao longo dos 2,8 mil km de fronteira com a Alemanha.
Eram compostas de sete exércitos,
totalizando 30 divisões ativas e 10 divisões de reserva.
Eles também tinham 12 grandes brigadas de cavalaria,
475 tanques e 445 aeronaves.
No dia 1° de setembro,
os exércitos de Hitler cruzaram as fronteiras polonesas.
Ao norte, o 3° Exército alemão avançou pelo leste da Prússia
e o 4° Exército, pela região da Pomerânia.
Ao sul, o 8° e o 10° Exércitos atacaram da Silésia
e o 14° Exército partiu da Eslováquia.
Em 5 de setembro,
o 4° Exército já havia assegurado o corredor de Dantzig
e avançava para sudeste, ao lado do 3° Exército.
Em 7 de setembro,
o 10° Exército havia avançado para nordeste
e estava a apenas 48 km de Varsóvia,
isolando as forças polonesas antes que alcançassem o rio Vístula.
A razão do sucesso alemão na Polônia foi uma tática totalmente inovadora,
que, mais tarde, seria conhecida como blitzkrieg, ou guerra-relâmpago.
Essa tática baseava-se no uso de divisões inteiras de forças blindadas.
Essas divisões Panzers eram formadas por tanques leves e pesados,
infantaria móvel, artilharia e unidades de reconhecimento.
Uma vez que os tanques pesados avançavam sobres as defesas inimigas,
essa brecha era consolidada e aumentada
por uma onda de ataque dos tanques leves e da infantaria.
As unidades de frente continuavam a avançar,
levando a batalha à retaguarda inimiga.
Um elemento-chave para o sucesso da blitzkrieg
era o apoio essencial da Luftwaffe,
cujos ataques ajudavam a isolar as forças inimigas na frente de batalha
e interromper qualquer linha de suprimento.
Nos céus da Polônia,
a Força Aérea alemã rapidamente conquistou total supremacia.
Ataques contra bases aéreas eliminaram grande parte da Força Aérea polonesa
no primeiro dia de guerra.
A Luftwaffe castigou instalações militares importantes,
linhas de suprimentos e redes ferroviárias.
Na verdade, os alemães conheciam bem o sistema ferroviário polonês,
uma vez que eles próprios o haviam construído.
Em 10 de setembro,
os poloneses retrocederam para o sudeste de seu país.
Cinco dias depois, o 3° Exército alemão completou seu movimento de pinça.
O 4° e o 14° Exércitos completaram o isolamento polonês pelo leste
no dia 17 de setembro.
O destino da Polônia foi selado naquele mesmo dia,
quando 41 divisões russas cruzaram sua quase deserta fronteira oriental.
Em 23 de setembro, os alemães tinham ocupado
a zona que lhes cabia de acordo com o Pacto Nazista-Russo.
Enquanto isso,
eles eliminavam os últimos bolsões de resistência polonesa.
Devastada por ferozes bombardeios da Luftwaffe,
Varsóvia finalmente se rendeu, às 14 horas do dia 27 de setembro.
Avitória alemã custou apenas 44 mil baixas,
poucas, diante das perdas polonesas,
que somavam quase 1 milhão de mortos, feridos e capturados.
Dois dias após o início da invasão à Polônia,
França e lnglaterra, fiéis a suas garantias,
declararam guerra à Alemanha.
Mas a posição geográfica da Polônia e a rapidez da vitória alemã
não permitiram uma intervenção direta.
Os franceses chegaram a cruzar a fronteira oeste alemã,
mas recuaram ao saber da derrota da Polônia.
Em setembro,
as primeiras unidades da Força Expedicionária Britânica,
ou BEF,
tomavam posições na fronteira franco-belga.
Até o fim daquele mês,
13 divisões inglesas estavam posicionadas
com mais de 150 mil homens.
Cerca de 21 mil veículos acompanharam a BEF na incursão à França,
junto com quase todo o equipamento militar pesado da Grã-Bretanha.
As tropas francesas e britânicas cavaram trincheiras
e aguardaram um ataque alemão do oeste.
Nenhum ataque veio e, nos 8 meses seguintes,
as hostilidades limitaram-se a trocas esporádicas de artilharia
e alguns bombardeios.
Aofensiva seguinte da Alemanha foi direcionada não à França,
mas à Escandinávia.
Em abril de 1940,
tropas alemãs ocuparam a Dinamarca e a Noruega.
Essas tropas tinham a missão de proteger os suprimentos de ferro
que eram escoados da Suécia pelo porto norueguês de Narvik.
Ocupando a Noruega,
os alemães asseguravam bases para ataques aéreos
contra navios aliados no mar do Norte
e mantinham a Marinha britânica longe do Báltico.
Os Aliados estavam cientes de que o corte de ferro para a Alemanha
poderia arruinar a máquina de guerra alemã.
Eles também planejavam uma operação na Noruega.
Os alemães, porém, anteciparam-se e venceram essa corrida.
No dia 9 de abril, tropas alemãs desembarcaram em Kristiansund,
Bergen, Trondheim e Narvik,
dando suporte a ataques aéreos feitos contra Oslo e Stavanger.
Essa foi a primeira grande operação aeroterrestre e marítima da história.
No mesmo dia, e no curto espaço de 4 horas,
os alemães ocuparam a Dinamarca.
Em 16 de abril,
as tropas alemãs controlavam a maior parte do sul da Noruega.
Apesar da resistência heróica,
o Exército norueguês, formado em sua maioria por milícias,
foi incapaz de evitar a captura das cidades costeiras.
Nos 3 dias seguintes,
tropas britânicas e francesas desembarcaram em Namsos,
Narvik e Andalsnes.
No sul, os Aliados conseguiram avançar até Lillehammer,
mas logo foram expulsos e bateram em retirada no começo de maio.
Ao norte, conseguiram recapturar Narvik.
Mas a campanha aliada já estava condenada pela falta de coordenação,
especialmente entre a Marinha e a lnfantaria,
enquanto a supremacia aérea da Força Aérea alemã foi decisiva.
O resultado da campanha na Noruega já era esperado.
Mesmo antes de a luta terminar,
os alemães já se preparavam para executar sua maior aposta:
a invasão e a conquista do oeste.
FÜHRER DAALEMANHA
Após a queda-relâmpago da Polônia,
Hitler esperava que os Aliados aceitassem a vitória alemã
do mesmo jeito que haviam aceitado a ocupação da Áustria
e da Tchecoslováquia.
Quando percebeu que os Aliados estavam determinados a lutar,
decidiu lançar a ofensiva para oeste o mais cedo possível.
Ele sabia que os Aliados precisariam de tempo
para mobilizar e acionar recursos de suas colônias.
Se fosse dado esse tempo a eles,
seriam adversários fortes demais para a Alemanha.
Era essencial, portanto, que o Exército alemão atacasse
enquanto tempo e iniciativa estavam a seu lado.
Sua prioridade estratégica
era derrotar o Exército francês no campo de batalha.
Se isso acontecesse,
Hitler estava confiante de que a Grã-Bretanha suplicaria pela paz.
Muito da filosofia militar de Hitler fora moldada
pelo tempo em que serviu como soldado no front ocidental,
durante a Primeira Guerra Mundial.
Muitos de seus generais foram burocratas ou oficiais de artilharia
naquele conflito,
e não viram a ação nas trincheiras.
Baseado nisso, Hitler não confiava nas opiniões deles
e freqüentemente vetava suas decisões.
De fato,
todas as suas iniciativas militares, até aquele momento,
foram tomadas contra os conselhos de seu Alto-Comando.
Todas essas decisões tinham dado certo.
Para Hitler, foram vitórias sobre seus próprios generais
tanto quanto sobre seus inimigos.
A decisão de ir à guerra contra lnglaterra e França
preocupou os comandantes alemães.
Eles não compartilhavam as grandes ambições de conquista de Hitler,
nem acreditavam que o Exército era forte o bastante para levá-las a cabo.
Mas a oposição a Hitler
ficou bastante enfraquecida após a série de sucessos.
O Alto-Comando também estava grato a ele
por ter-lhes devolvido o poder e o prestígio perdidos.
Hitler podia contar com o apoio dos soldados,
que o idolatravam como herói.
Na primavera de 1940,
a liderança de Hitler estava assegurada e a lealdade do Exército, garantida.
PRlMElRO-MlNlSTRO DA FRANÇA
Em 21 de março de 1940,
Paul Reynaud tornara-se primeiro-ministro da França.
Dois anos antes, como ministro de Finanças,
ele havia melhorado a economia francesa.
Aos 62 anos, ele agora estava à frente de um governo e de um país
divididos por disputas políticas havia tempos.
Militarmente, defendia a linha-dura contra a Alemanha
e acreditava que a França deveria adotar uma posição mais agressiva.
Uma vez empossado, imediatamente cooperou com a lnglaterra
no planejamento e na execução da intervenção aliada na Noruega.
Mas suas iniciativas foram bloqueadas pelos inúmeros inimigos.
Também bateu de frente com seus comandantes militares.
Ele sempre defendeu, mas sem sucesso,
a formação de unidades blindadas para o Exército francês.
Na véspera da ofensiva alemã,
o governo Reynaud estava paralisado pela desunião.
PRlMElRO-MlNlSTRO DA GRÃ-BRETANHA
Antes de tornar-se primeiro-ministro, em 1937,
Neville Chamberlain era ministro da Saúde e das Finanças.
Ele acreditava que a paz na Europa só seria possível,
se fossem feitas concessões à Alemanha,
mesmo tendo uma grande aversão a Hitler.
Esse pensamento era compartilhado por muitos na Grã-Bretanha,
e quando Chamberlain retornou, após a assinatura do Pacto de Munique,
foi recebido como herói.
Mas, ao mesmo tempo em que aplacava Hitler na frente política,
Chamberlain supervisionava os preparativos da Grã-Bretanha
para uma possível guerra.
Em 1939, ele instituiu o rearmamento da lnglaterra.
O Exército regular recebeu novos armamentos e veículos,
assim como melhores salários e alojamentos.
O contingente do Exército foi reorganizado e expandido.
Após a tomada da Tchecoslováquia pela Alemanha,
Chamberlain rapidamente ativou o recrutamento
e acelerou o processo de rearmamento.
Também autorizou a BEF a embarcar para a França,
em setembro de 1939.
Suas bases políticas, no entanto,
haviam sido enfraquecidas pela política de conciliação com Hitler.
Ele também recusou a oferta russa de aliança,
abrindo caminho para o pacto entre nazistas e russos.
Seu destino político seria condenado
pela derrota da expedição aliada na Noruega.
No primeiro dia da ofensiva alemã no oeste,
Chamberlain seria forçado a renunciar.
O homem que o substituiria era um de seus mais duros adversários
e crítico ferrenho do apaziguamento.
PRlMElRO-MlNlSTRO DA GRÃ-BRETANHA
No início da guerra,
Winston Churchill era o primeiro lorde do Almirantado.
Ele era um dos mais experientes políticos da Grã-Bretanha
e já ocupara oito posições no Gabinete em 40 anos de carreira,
mesmo com algumas pausas no terreno político.
Em 1938, cogitou retirar-se da vida pública.
Churchill tinha sido o maior crítico da política de conciliação
e era irredutível em sua oposição a Hitler.
Ele foi o responsável
pelo planejamento e pela direção da campanha aliada na Noruega,
mas conseguiu escapar das críticas pelo fracasso.
Apesar da grande experiência,
sua indicação para primeiro-ministro deveu-se mais a um acordo político.
Mesmo com o apoio moderado que recebeu,
Churchill era extremamente autoconfiante.
Anos mais tarde, ele diria que, ao assumir a liderança,
sentiu-se como se estivesse caminhando com o destino.
Menos de 1 semana após ter derrotado a Polônia,
Hitler comunicou a seus comandantes
que a Alemanha deveria lançar um ataque contra a França pelos Países Baixos
o mais rápido possível.
Hitler taxou de derrotistas as objeções de seus generais
e insistiu para que a operação continuasse.
lmediatamente, o Alto-Comando alemão
preparou os primeiros planos para a ofensiva do oeste,
que recebeu o codinome Case Yellow.
O papel principal nesta operação estava reservado à ala direita do Exército,
o Grupamento B,
que sufocaria as forças belgas, ao longo da linha do canal Albert,
e depois seguiria em direção ao rio Somme.
O Grupamento A, no centro, atacaria pelo sul da Bélgica como apoio,
enquanto o Grupamento C asseguraria a fronteira franco-germânica
sem maiores deslocamentos.
A operação era quase uma repetição do plano de invasão alemã de 1914.
Hitler tinha alguns receios sobre essa versão da operação Case Yellow,
pois o avanço teria de ser feito por um terreno dificil.
Pior ainda,
o plano parecia fadado a provocar uma guerra de atrito estática
que ele mesmo havia experimentado nas trincheiras da Primeira Guerra.
Ele sugeriu, então, um ataque contra o centro dos Aliados.
Nos meses seguintes,
o Alto-Comando preparou pequenas variações da Case Yellow,
mas nenhuma o satisfez.
De qualquer modo,
a chegada do inverno forçou Hitler a adiar sua ofensiva várias vezes.
Os alemães começaram a estudar uma quinta versão,
muito diferente da Case Yellow, batizada ""Golpe da Foice"".
O ""Golpe da Foice"" previa que Grupamento B,
agora bastante reduzido,
atacaria a Bélgica e a Holanda.
Em princípio, tropas aerotransportadas saltariam sobre Roterdã
para capturar os aeródromos.
Pára-quedistas também seriam usados para tomar pontes do canal Albert
e capturar a importante fortaleza de Eben-Emael.
Em seguida,
a Luftwaffe atacaria bases aéreas na Bélgica, Holanda e França
para destruir os aviões inimigos, antes que eles pudessem levantar vôo.
Finalmente, a maior parte do Grupamento B começaria seu avanço.
O objetivo era atrair as forças britânicas e francesas
para as terras baixas da Bélgica.
No sul,
enfrentando as formidáveis defesas da Linha Maginot francesa,
o Grupamento C ocuparia os inimigos e tentaria furar a linha de defesa.
O esforço maior viria da força alemã mais capacitada,
o Grupamento A, no centro,
apoiado por sete divisões blindadas e três divisões motorizadas.
O Grupamento A atacaria, avançando pela densa floresta das Ardenas,
cruzando Luxemburgo e o sul da Bélgica.
Eles se desviariam da Linha Maginot
e cruzariam o rio Meuse, entre Dinant e Sedan,
para avançar em direção ao rio Somme.
Assim,
o Grupo A abriria uma enorme brecha no centro dos exércitos aliados.
Se tudo saísse como planejado,
o ""Golpe da Foice"" poderia render uma vitória espetacular.
A própria ousadia do plano amedrontou o Alto-Comando alemão
quando foi apresentado, em novembro.
Daí em diante,
o tempo restante foi gasto para aperfeiçoar cada detalhe.
Quando o ""Golpe da Foice"" foi apresentado a Hitler,
em fevereiro de 1940,
sua ousadia imediatamente seduziu os instintos do líder nazista.
Mais ainda, o plano alinhava-se a suas sugestões anteriores
de atacar os aliados em seu centro.
Sua adoção foi imediata.
A partir dali, todas as deliberações e preparações do Alto-Comando
estavam engajadas para o êxito do plano.
Por meses seguidos, cada detalhe foi cuidadosamente ensaiado
em exercícios e treinamentos extremamente elaborados.
No dia 10 de maio,
cada soldado alemão, da mais alta à menor patente,
sabia exatamente o que era esperado para a tão almejada vitória.
O sistema principal da defesa francesa era a Linha Maginot.
Tratava-se de uma extensa linha de fortificações
que todos julgavam impenetráveis.
Essa complexa rede defensiva continha várias defesas antitanque,
minas, posições fortificadas de metralhadoras,
e artilharia pesada antitanque e antiaérea.
Os fortes individuais eram interligados por túneis e elevadores.
Podiam suprir suas necessidades de água e energia
e o maior deles era capaz de acomodar um efetivo de mil homens.
A França gastou o equivalente a 7 bilhões de francos
na construção da Linha Maginot,
de longe a maior soma de seu orçamento militar.
Por causa da força bruta das defesas Maginot,
os estrategistas franceses estavam certos de que os alemães teriam de repetir
seu ataque de 1914, através da Bélgica e da Holanda.
Mas, ao planejarem uma maneira de enfrentar essa ameaça,
confrontaram-se imediatamente com o problema da neutralidade belga.
O governo belga temia provocar a Alemanha,
caso fosse visto como aliado da lnglaterra e da França.
Os belgas também receavam que uma aliança com a França
irritasse a população flamenga, que nutria forte sentimento antifrancês.
Assim, a Bélgica seguia uma política de estrita neutralidade.
Tropas aliadas estavam proibidas de entrar em território belga,
a não ser que o país estivesse sob ataque direto.
Os belgas negaram aos Aliados a chance de reconhecer o terreno,
ou até de obter conhecimento dos planos de batalha do Exército belga.
Por fim, os Aliados adotaram a estratégia que seria conhecida como Plano Dyle,
ou Plano D.
Uma vez iniciado o ataque alemão,
o 1° e o 7° Exércitos franceses e a BEF,
a mais móvel das forças aliadas, avançariam Bélgica adentro
a fim de ocupar uma linha de Antuérpia a Namur,
ao longo do rio Dyle.
Ali, esperavam encontrar com o Exército belga.
À direita, o 9° Exército francês seria posicionado ao longo do rio Meuse,
de Namur até a fronteira francesa.
Em março de 1940,
uma mudança conhecida como ""Variante Breda"" foi adicionada.
Com isso, o 7° Exército francês, à esquerda,
teria de avançar ainda mais, até a cidade de Breda,
para formar uma frente aliada contínua entre holandeses e belgas.
Ao sul, o 2° Grupo do Exército francês deveria ocupar a Linha Maginot.
Defendendo o centro da posição aliada,
uma pequena força de cinco divisões estaria posicionada
atrás da floresta das Ardenas.
Como a floresta era considerada impenetrável,
essas tropas não receberam qualquer armamento antitanque ou antiaéreo.
Ao norte,
Bélgica e Holanda tinham estratégias independentes
para conter a invasão alemã.
A primeira linha de defesa dos belgas corria ao longo do canal Albert.
Seu ponto forte era a formidável fortificação Eben-Emael.
Fora isso, havia postos fortificados, com metralhadoras a cada 500 metros.
Mas os belgas sabiam que não poderiam resistir por muito tempo.
Mais tarde, eles planejaram retroceder para uma linha de Antuérpia a Namur,
conhecida como a Linha KW,
a mesma que os franceses teriam de alcançar em seu Plano Dyle.
Desde novembro 1939, os belgas fortificavam este setor
e, em 10 de maio,
já haviam construído centenas de postos de tiro ao longo desta linha,
alguns destinados a serem ocupados por franceses e britânicos.
Os holandeses também planejavam defender apenas parte do país:
a região de maior importância econômica
situada entre os três grandes rios Meuse, Waal e Rino.
O Exército holandês lutaria para diminuir o avanço alemão na Linha Grebbe
e depois retrocederia,
empregando táticas de inundação planejadas para bloquear o inimigo.
As possibilidades dos Aliados repelirem a invasão alemã
dependeriam totalmente de fatores fora de seu controle.
Primeiro, os belgas teriam de atrasar os alemães
tempo suficiente para que os Aliados ocupassem a Linha Dyle.
Depois, seria necessária uma perfeita coordenação
entre as diversas forças aliadas.
Essa coordenação deveria ocorrer no auge da batalha.
Acima de tudo, os alemães teriam de atacar
precisamente nos locais previstos pelos estrategistas aliados.
COMANDANTE-EM-CHEFE ALEMÃO
O comandante-em-chefe do Exército alemão
era o general Walther von Brauchitsch.
Com 58 anos, era um veterano condecorado da Primeira Guerra,
excelente lingüista e estudioso de questões internacionais.
Oficial muito inteligente,
era a escolha pessoal de Hitler para ser o comandante-em-chefe em 1938.
Entretanto, faltava-lhe força de caráter para discordar de Hitler.
Como muitos de seus colegas,
Brauchitsch duvidava da sensatez de lançar uma ofensiva a oeste.
Quando apresentou seus receios a Hitler, foi tão severamente repreendido
que nunca mais ousou questionar as diretrizes do Führer.
Em novembro de 1939,
os primeiros esboços do ""Golpe da Foice"" foram apresentados a Brauchitsch.
Seu autor foi o tenente-general Fritz Eich von Manstein,
uma das mentes operacionais mais brilhantes do Exército alemão.
Brauchitsch considerou o plano inviável e dispensou-o.
Mas Manstein continuou o lobby para sua aceitação,
até que Brauchitsch perdeu a paciência e o transferiu para um comando no leste.
Pouco depois, em fevereiro,
Manstein encontrou-se com Hitler e descreveu-lhe seu plano.
No dia seguinte,
Brauchitsch foi ordenado a aceitar o plano que o Führer apresentou
como uma idéia sua.
Nas semanas seguintes,
enquanto supervisionava os ensaios para o ""Golpe da Foice"",
Brauchitsch convenceu-se do potencial do plano.
Suas tropas haviam sido beneficiadas por meses de treinamento e reorganização.
Apesar da natureza cautelosa,
Brauchitsch acreditava que o Exército
finalmente tinha uma chance real de vitória.
COMANDANTE SUPREMO ALlADO
O comandante supremo das forças aliadas na França
era o general Maurice Gamelin.
Ele era disperso
e sentia-se pouco à vontade junto a seus soldados.
Preferia passar seu tempo no QG, isolado de seus homens.
Em maio de 1940,
o comando de Gamelin era composto de quatro áreas operacionais.
A mais importante ficava a nordeste, na fronteira com a Alemanha.
Gamelin detinha o controle direto do planejamento e da estratégia,
deixando as operações e as comunicações de campo
para seus comandantes no front.
Era uma estrutura de comando altamente deficiente,
caracterizada por coordenação e comunicação ineficientes.
Para piorar a situação,
Gamelin havia se desentendido com seus principais comandantes.
O comandante da BEF, lorde John Gort,
sentia-se perturbado com a fraqueza da estrutura do comando francês.
Mas, como era subordinado a Gamelin, pouco podia fazer.
Gamelin havia sido oficial durante a Primeira Guerra Mundial,
e as estratégias daquela época ainda influenciavam seu ponto de vista.
Ele acreditava que a infantaria ainda reinava no campo de batalha.
Desconsiderava a idéia de que tanques, sozinhos,
poderiam criar brechas numa linha contínua de defesa.
Enquanto as lições da campanha polonesa eram estudadas,
afirmava que suas tropas poderiam conter e isolar
qualquer brecha possível feita pelos Panzers.
A estratégia passiva de Gamelin
enfurecia o novo primeiro-ministro da França, Paul Reynaud,
que o chamava de ""filósofo sem paixão"".
Por duas vezes, em abril,
e outra vez mais, na véspera da invasão alemã,
Reynaud tentou dispensar Gamelin.
Entretanto, os aliados políticos do general
intervieram em todas as ocasiões para salvá-lo.
O destino da França, agora, estaria em suas mãos.
AAlemanha havia conseguido juntar 136 divisões para o ataque à França.
Não mais do que um terço desse total era experiente e bem equipado,
justamente os homens que executariam a primeira onda de ataque.
Apesar de a blitzkrieg apoiar-se em forças móveis,
o Exército estava longe de ser totalmente motorizado
e tinha apenas 120 mil caminhões.
Muitos de seus canhões ainda eram puxados por cavalos.
Como a Alemanha não tinha recursos militares e industriais
para uma guerra prolongada, precisava de vitórias rápidas.
Atática da blitzkrieg fornecia o método
pelo qual essas vitórias poderiam ser conquistadas.
Era necessária uma cooperação entre todas as Forças Armadas,
especialmente entre o Exército e a Força Aérea.
Para alcançar esse resultado,
equipes de terra da Luftwaffe acompanhavam as divisões Panzers
para ajudar a coordenar os ataques terrestres e aéreos.
No começo da guerra,
a Luftwaffe era a maior e mais poderosa Força Aérea da Europa.
Seus aviões estavam dispostos em frotas semi-autônomas,
o equivalente aéreo a uma divisão Panzer.
A Força Aérea alemã funcionava como um sofisticado apoio ao Exército,
caracterizado por aviões como o eficiente bombardeiro de mergulho Stuka.
Uma vez que seus aviões eram de curto alcance,
a Luftwaffe precisava ocupar e operar dos aeródromos capturados do inimigo.
Mais de 4 mil aviões alemães participariam da Batalha da França,
uma vantagem numérica de quase 2 para 1
sobre as Forças Aéreas aliadas.
Em maio de 1940,
a força dos Panzers alemães totalizava mais de 2,5 mil máquinas.
lndividualmente,
os tanques alemães não tinham uma clara vantagem de blindagem
ou de poder de fogo,
mas seus agrupamentos em divisões blindadas
garantiam-lhes superioridade no ponto de contato.
Cada divisão blindada incluía cerca de 240 tanques
e veículos de apoio.
Essas divisões teriam uma influência decisiva e dramática
no conflito que se seguiria.
FORÇAS ARMADAS ALEMÃS ARMAS
O Panzer ll começou a ser produzido em 1935.
Era equipado com um sistema de suspensão
que utilizava cinco grandes rodas posicionadas sobre uma mola.
Mesmo mais pesado que o Panzer l, era mais rápido e mais potente.
Na Batalha da França, a Alemanha empregaria 955 Panzers ll,
quase metade de sua frota.
Seu canhão de 20 mm era um canhão antiaéreo convertido
e não poderia fazer frente a muitos dos tanques aliados.
Era essencialmente um tanque leve de reconhecimento.
O Panzer lll era o principal tanque de guerra da Alemanha
da força blindada de uma divisão.
Era desenhado principalmente para ser uma arma antitanque
e equipado com o mesmo canhão antitanque utilizado pela infantaria.
Problemas no desenvolvimento fizeram com que apenas 350
estivessem disponíveis no começo da ofensiva ocidental.
O Panzer lll tinha seis pequenas rodas de cada lado,
cada uma com sua própria mola numa barra de torção.
Muito pouco dessa suspensão ficava exposta às armas do inimigo.
Mas sua dificuldade para avançar em terrenos irregulares
levou ao abandono desse tipo de suspensão em modelos posteriores.
Em 1938,
decidiu-se trocar o canhão principal do Panzer lll por um de 50 mm.
Mas esse novo modelo não estava pronto quando a ofensiva começou.
Durante o curso da campanha,
apenas 40 Panzers lll com seus novos canhões foram vistos em ação.
O Panzer lV foi desenhado como um tanque de apoio à infantaria
e era equipado com um canhão curto, de baixa velocidade,
que atirava munição de alta explosão.
Foi desenvolvido para enfrentar a infantaria inimiga
e armamentos antitanque.
Sua suspensão era simplória e utilizava molas elípticas.
Embora projetado em 1935,
foi somente em 1939 que o Panzer lV começou a ser produzido.
da força blindada de cada divisão,
mas os 278 tanques que lutaram na França
constituíam apenas 2% da força blindada total alemã.
Com alterações em seu armamento,
o Panzer lV seria a espinha dorsal da força Panzer durante a guerra.
O Panzer 38t originalmente era um tanque tcheco
que havia sido a principal força de seu Exército.
Excelente, leve e bem blindado,
caiu nas mãos dos alemães com a ocupação da Tchecoslováquia,
em 1939.
Mais de 438 modelos t tomaram parte na ofensiva ocidental.
FORÇAS ARMADAS ALEMÃS OS SOLDADOS
Em apenas 7 anos,
o Exército alemão havia crescido de 100 mil homens,
número permitido pelo Tratado de Versalhes,
para um total de 3,5 milhões.
Desses, 2,5 milhões fariam parte da ofensiva ocidental.
Boa parte das tropas alemãs era composta por soldados recrutados
entre a milícia nazista dos ""camisas marrons""
e a polícia, entre outros.
Em 1940, o moral da tropa não poderia estar melhor.
Às conquistas sem sangue da Áustria e da Tchecoslováquia,
elas agora podiam juntar as vitórias na Polônia e na Noruega.
Essas campanhas conferiram ao soldado alemão
confiança total em seu treinamento, equipamento e comando.
As tropas alemãs eram bem pagas e recebiam férias generosas,
fatores que aumentavam ainda mais seu moral.
Apesar da dura disciplina,
as relações entre os homens e seus oficiais eram muito boas
e um forte espírito de camaradagem era cultivado.
Além do Exército regular,
a Alemanha ainda teria a seu dispor três divisões da Waffen-SS,
totalizando 100 mil homens.
Elas foram criadas, em março de 1939,
como a ala militar da elite do partido nazista,
a organização SS.
Ficou estabelecido que, se a guerra acontecesse,
a Waffen-SS estaria sob o comando do Exército.
O recrutamento era rigoroso.
De cada 100 candidatos, apenas sete eram aceitos.
A SS foi a primeira unidade alemã a treinar com munição viva
e a usar jaquetas camufladas.
Todas as Divisões SS eram motorizadas.
Altamente organizada e fanaticamente leal a Hitler,
a SS seria usada como tropa de choque.
Apesar de Hitler orgulhar-se da SS e de seus regimentos,
a unidade era inicialmente vista com desconfiança pelo Exército,
que considerava seus soldados amadores.
Entretanto, a SS lutou bem na Polônia
e ganhou uma reputação de coragem e disciplina.
Na Batalha da França,
a Alemanha teria a seu dispor uma força motivada e bem organizada.
Em maio de 1940,
94 divisões francesas de 2,25 milhões de homens
estavam prontas para enfrentar o esperado ataque alemão.
Mas muito de sua artilharia datava da Primeira Guerra Mundial,
uma situação precária em termos de armamento antitanque e antiaéreo.
As doutrinas táticas francesa e britânica no que se refere a tanques e aviões
eram inferiores à dos alemães.
O Alto-Comando aliado enxergava os tanques, primeiramente,
como uma arma a ser usada em apoio à infantaria.
As poucas divisões blindadas francesas em 1940
tinham apenas metade dos tanques que os alemães.
Juntos, os Aliados tinham 3,1 mil tanques em maio de 1940,
mas estavam dispersos entre as divisões da infantaria.
Quanto à Força Aérea francesa,
ela tinha apenas 740 caças modernos e 140 bombardeiros leves ou médios.
Esses eram reforçados por 350 aeronaves da RAF
e parte da BEF.
As aeronaves aliadas estavam localizadas em áreas diferentes do front,
do mesmo modo que as forças blindadas.
Esse fato impossibilitaria aos comandantes do Exército
obter uma concentração suficiente de poder aéreo no momento necessário.
Essa falha seria um dos principais fatores no desfecho da Batalha da França.
FORÇAS ARMADAS ALlADAS ARMAS
O tanque leve padrão do Exército francês de 1935, o R35,
era usado como apoio à infantaria.
Um total de 855 modelos R35 equipava o Exército em maio de 1940,
tornando-o o mais numeroso dos tanques franceses.
Extremamente lento,
ele não se prestava a operações estratégicas móveis.
Como todos os tanques franceses,
sua eficiência era limitada pelo fato de seu comandante
ter de carregar e disparar o canhão, além de operar o rádio.
Desenvolvido em meados da década de 1930,
o Char B era uma arma formidável,
com blindagem mais espessa que qualquer Panzer.
Tinha um canhão de 47 mm numa torre móvel,
com apoio de outro de 75 mm no casco.
Apesar de limitado por um alcance curto, de 155 km,
o Char B podia enfrentar qualquer tanque alemão.
Como os outros tanques franceses,
foi mal utilizado pelo comando do Exército.
O Matilda ll viria a ser o melhor tanque britânico na Batalha da França.
Foi um dos primeiros tanques com torre hidraulicamente controlada.
Desenhado para dar apoio à infantaria,
sua velocidade era pouco maior que a de um soldado caminhando.
O Matilda era o tanque mais bem protegido de sua época,
mas sofria com visibilidade restrita e pouca mobilidade.
FORÇAS ARMADAS ALlADAS OS SOLDADOS
Durante o período entreguerras,
o Exército francês era considerado o mais formidável da Europa.
Mas em 1939, sua reputação já não era a mesma.
Durante a década de 1930,
o recrutamento havia sido reduzido e o orçamento, cortado
por causa da depressão econômica e dos altos custos da Linha Maginot.
Os soldados recebiam apenas 50 centavos por dia
enquanto um cabo inglês recebia o equivalente a 17 francos.
lsso causava grande ressentimento entre os combatentes franceses.
Suas condições de moradia eram precárias.
Adisciplina era pouca,
os soldados muitas vezes esqueciam de bater continência a seus superiores
e até abandonavam seus alojamentos sem permissão durante os fins de semana.
Muitos oficiais faziam questão de assegurar postos
distantes das linhas de combate,
longe da rigidez e dos perigos vividos no front.
O inverno de 1939 foi o mais frio em 50 anos,
tornando a vida no front ainda mais dificil.
Rotinas de treinamento e trabalho foram reduzidas,
aumentando o tédio entre os soldados.
Na BEF,
em que os oficiais faziam questão de manter seus homens ocupados,
o moral era bem melhor.
Os meses de espera eram preenchidos com obras de defesa
e com o treinamento
das unidades recém-incorporadas do Exército Territorial.
Para os soldados franceses, porém,
a estratégia passivo-defensiva aumentou a inércia
e minou ainda mais seu espírito de luta.
No dia 10 de maio, o Exército francês entraria na batalha
com uma mistura fatal de apatia e desarmonia.
Na primavera de 1940, imperava no Exército francês
um sentimento de que a guerra seria resolvida pela diplomacia
e sem o disparo de um único tiro.
No dia 7 de maio,
férias foram novamente instituídas pelo Exército.
As relações entre Paul Reynaud e o general Gamelin
estavam completamente destruídas
e, no dia 9 de maio,
o primeiro-ministro francês ofereceu sua demissão,
pois sabia que o governo não o deixaria demitir Gamelin.
Por causa do desastre na Noruega,
o primeiro-ministro britânico, Neville Chamberlain,
também estava preparando sua demissão.
Naquela mesma noite, a Luftwaffe informou Hitler
que o tempo no dia 10 de maio seria bom para vôo.
Mais tarde, naquela noite,
o código Dantzig foi transmitido às unidades alemãs em alerta,
sinalizando que a tão aguardada ofensiva começaria às 5h35.
Atempestade finalmente havia chegado.
No dia 9 de maio de 1940,
ao longo de toda a fronteira oeste da Alemanha,
as tropas da Wehrmacht preparavam-se para entrar em ação.
A insistência de Hitler no sigilo e na rapidez da operação
foi seguida à risca.
Nem os comandantes da linha de frente
sabiam do início da ofensiva, até o último minuto.
Nas primeiras horas do dia 10 de maio,
os homens da Luftwaffe foram acordados e informados
de que deveriam estar prontos para a ação em 15 minutos.
Antes do amanhecer,
cada aeronave da Luftwaffe estava no ar.
Enquanto isso,
longas colunas de Panzers deixavam suas bases
e dirigiam-se para as estradas que levavam à França e aos Países Baixos.
Quando amanheceu,
os céus da Bélgica e da Holanda
foram subitamente tomados pelos aviões da Luftwaffe.
Levas sucessivas de caças, bombardeiros e aviões de transporte
cruzaram as fronteiras.
Depois de 8 meses de uma paz inquieta,
a guerra finalmente chegou ao Ocidente.
Enquanto preparava sua grande ofensiva,
Adolf Hitler deixou Berlim,
junto com seus comandantes, em seu trem particular.
Apesar das dúvidas de alguns generais sobre o sucesso daquela campanha,
Hitler estava altamente confiante.
Ele afirmava que os franceses gostavam demais da boa vida
e lhes faltava espírito de luta.
Acreditava que, se empregasse todos os recursos sob seu comando,
a Alemanha poderia desferir um golpe único e mortal.
As forças alemãs reunidas no front ocidental
eram divididas em três grupamentos.
Ao norte, estava o Grupamento B,
comandado pelo general Fedor von Bock, de 55 anos.
Bock era um herói da Primeira Guerra,
que vinha de uma família com longa tradição militar.
Suas forças eram o 18° Exército, na fronteira da Holanda,
e o 6° Exército, ao norte da Bélgica.
O Grupamento B totalizava 29 divisões,
das quais três eram blindadas e duas, motorizadas.
Entre essas forças-tarefas estavam 4,5 mil pára-quedistas
e uma divisão aerotransportada de infantaria leve.
Essas unidades teriam um papel-chave na ofensiva.
Estendendo-se de Liège a Luxemburgo, estava o Grupamento A,
sob comando do general Karl von Rundstedt,
um dos comandantes mais criativos e de mente aberta da Wehrmacht.
General desde 1927,
Rundstedt era muito admirado dentro do Exército.
Sob suas ordens estavam o 4°, o 12° e o 16° Exércitos.
Ao todo,
o Grupamento A era composto por 35 divisões de infantaria.
Suas principais unidades, contudo, eram sete divisões blindadas
e três divisões motorizadas que formariam a vanguarda de ataque.
Quase todos os Panzers mais pesados foram usados nesse gigantesco contingente.
No sul, de frente para a Linha Maginot, estava o Grupamento C,
comandado pelo coronel-general Ritter von Leeb.
Aposentado do Exército desde 1938,
ele foi chamado de volta quando a guerra estourou.
As formações do Grupamento C eram oriundas do 7° Exército,
na margem leste do rio Reno,
e do 1° Exército, em Lorraine.
Aforça de combate era composta de 19 divisões.
Em conjunto com as tropas terrestres,
atuava o formidável poderio da Luftwaffe de Hermann Göering.
Ás renomado da Primeira Guerra Mundial,
Göering tinha se transformado no nazista mais graduado,
logo abaixo do próprio Hitler.
A Luftwaffe tinha mais de 3 mil aviões na ofensiva ocidental.
Os Grupamentos A e B eram apoiados por uma frota aérea independente,
formada por caças, bombardeiros e aviões de reconhecimento.
Os bombardeiros de mergulho Stuka, que garantiriam apoio aos blindados,
permaneciam sob o controle centralizado de Göering.
Os alemães ainda tinham uma reserva de 42 divisões,
das quais duas eram motorizadas.
Essa força reserva estava sob o controle do comandante-em-chefe,
general Walther von Brauchitsch.
O supremo comandante aliado, general Maurice Gamelin,
mantinha seu QG no castelo de Vincennes,
nos arredores de Paris.
Gamelin escolheu Vincennes para estar perto de seus chefes políticos,
mas o castelo ficava a cerca de 100 km do front.
Ele não tinha sequer um centro de comunicação por rádio.
Desse local distante, Gamelin observava as forças aliadas
posicionadas para enfrentar a máquina de guerra alemã.
Na extrema esquerda, do mar do Norte até Bailleul,
posicionara-se o 7° Exército francês, sob comando do general Henri Giraud.
Com 60 anos, Giraud era considerado um dos mais hábeis generais franceses.
Seu exército era composto de sete divisões de elite,
incluindo duas infantarias motorizadas e uma divisão leve mecanizada.
A seguir vinha a Força Expedicionária Britânica,
sob o comando de lorde John Gort.
Embora subordinado a Gamelin,
Gort mantinha o direito de apelar a seu governo,
antes de executar qualquer ordem que colocasse suas tropas em perigo.
A Força Expedicionária Britânica estava posicionada de Bailleul até Maulde.
lncluía nove divisões de infantaria e uma brigada de tanques,
assim como unidades de apoio.
De Maulde até o lado oeste da Linha Maginot
estava o Grupamento 1, do general Billote.
Billote também seria o responsável pela ligação com as forças belgas.
O Grupamento 1 era composto do 1°, o 2° e o 9° Exércitos.
Essas formações compreendiam 21 divisões ao todo,
incluindo 14 divisões de infantaria, três de infantaria motorizada
e seis divisões mecanizadas leves.
Na Linha Maginot, estava posicionado o Grupamento 2,
sob ordens do general Prételat.
Prételat comandava quatro exércitos, totalizando 44 divisões,
uma das quais era britânica.
A reserva geral francesa consistia de 22 divisões,
com três divisões blindadas e duas de infantaria motorizada.
Desse total, sete divisões, incluindo duas blindadas,
estavam alocadas para o Grupamento 1.
Outras cinco divisões de infantaria
estavam preparadas para resistir a um possível ataque alemão pela Suíça.
Os aviões da Força Aérea francesa
estavam espalhados nas chamadas ""zonas de operações aéreas"",
que correspondiam aos limites de cada grupamento.
A Força Aérea francesa tinha cerca de 1,2 mil aviões,
incluindo bombardeiros, caças e aeronaves de reconhecimento.
Contava ainda com 350 aviões da RAF.
Ao norte, o Exército holandês totalizava oito divisões,
com mais duas na reserva,
e o Exército belga tinha 18 divisões, com outras quatro na reserva.
Ao amanhecer do dia 10 de maio,
levas de bombardeiros alemães atacaram estradas, ferrovias
e aeródromos na Holanda, Bélgica e França.
Enquanto as defesas de fronteira holandesas eram atacadas a leste,
milhares de pára-quedistas e tropas aerotransportadas alemãs
foram despejados sobre as cidades de Roterdã e Haia.
Essas tropas pegaram os defensores holandeses de surpresa,
capturando e controlando pontes vitais do rio Reno,
até que forças terrestres móveis pudessem chegar.
Foi a primeira tentativa da história de conquistar um país pelo ar,
e o êxito da operação revelou-se fundamental para o resto da invasão.
Para disfarçar o pequeno número de tropas aerotransportadas,
os alemães lançaram bonecos pára-quedistas em vários pontos,
criando a impressão de um número muito maior.
Esse truque ajudou a espalhar pânico e confusão entre as tropas de defesa.
O ataque contra a Bélgica também foi liderado por pára-quedistas,
cujo objetivo era tomar as duas principais pontes do canal Albert
e a fortificação de Eben-Emael.
Ponto-chave da linha de defesa belga principal,
o forte cobria o canal Albert, as principais estradas a oeste
e as altas pontes sobre o canal, de vital importância.
Construído entre 1932 e 1936,
era considerado o forte mais resistente do mundo.
Media 900 por 700 metros,
e suas fortificações eram um compacto complexo
de instalações de apoio de artilharia e infantaria.
Vários fortes com postos de observação, luzes e metralhadoras
estavam conectados por meio de uma rede de túneis.
O único acesso a essa rede era por meio do forte 17.
Havia torres gêmeas giratórias com canhões retráteis
e armas de tiro rápido.
Havia também metralhadoras antiaéreas e posições falsas para enganar o inimigo.
No lado nordeste,
um penhasco íngreme de 40 metros descia até o canal Albert,
garantindo segurança total.
No seu lado noroeste,
havia a planície do rio Jeker, que podia ser inundada.
Segurança extra era proporcionada por uma trincheira alta e íngreme
com metralhadoras, canhões antitanque e luzes.
Trincheiras igualmente equipadas encontravam-se a oeste e a sul,
também com muros de 4 metros.
Os Aliados esperavam que Eben-Emael
pudesse conter um ataque por, pelo menos, 5 dias,
o que daria a suas tropas tempo suficiente para se posicionar na Linha Dyle.
A missão de capturar Eben-Emael
foi dada a uma pequena, mas altamente treinada unidade de pára-quedistas,
composta de 78 engenheiros.
O elemento-chave nesse ataque foi o emprego de planadores,
que transportaram as tropas até seu alvo em silêncio absoluto.
Um ataque vindo do ar
era a única coisa para a qual Eben-Emael não tinha proteção.
Quando os planadores aterrissaram no teto do forte,
na madrugada de 10 de maio,
os defensores foram pegos de surpresa.
Nos primeiros 10 minutos, os alemães ocuparam nove instalações.
Explodiram as casamatas e as cúpulas de todos os canhões
com um novo explosivo de carga oca e alta intensidade.
Finalmente, mantiveram os 1,2 mil homens do forte
sob fogo cerrado até a chegada, 24 horas mais tarde,
das tropas avançadas do 6° Exército.
A captura de Eben-Emael
resultou na morte de apenas seis alemães, e 15 feridos.
Foi uma vitória sensacional para os alemães.
Depois, Hitler condecoraria pessoalmente
todos os engenheiros que haviam participado da operação.
Cerca de 1 hora e meia após o começo da ofensiva alemã no norte,
o comandante francês, general Gamelin,
ordenou a implementação do Plano Dyle.
As unidades aliadas do Grupamento 1 avançaram através da fronteira belga,
para suas posições ao longo do rio Dyle.
Aqui, planejaram conter o avanço alemão.
Gamelin estava calmo e confiante,
feliz porque os alemães estavam atacando
justamente onde ele havia dito que atacariam.
Na esquerda aliada,
o 7° Exército francês corria em direção ao norte
para encontrar os holandeses,
parte do plano que Gamelin chamava de ""Variante Breda"".
Na hora do almoço do dia seguinte, chegaram a Tilburg,
onde viram que seu avanço seria impedido pela 9 Divisão Panzer.
Os holandeses já haviam recuado em direção ao norte.
A ""Variante Breda"" de Gamelin foi frustrada com um golpe,
e a Giraud só restava a opção de recuar em direção a Antuérpia.
Ao longo do rio Dyle,
outras unidades aliadas ficaram chocadas,
ao saber que suas defesas estavam incompletas.
O pior de tudo foi que o rápido colapso de Eben-Emael
já tinha forçado os belgas a recuar em direção ao Dyle,
bem antes que muitas unidades aliadas tivessem a chance de se posicionar.
Enquanto a batalha chegava aos Países Baixos,
ao sul as enormes formações blindadas do Grupamento A
moviam-se em direção à floresta de Ardenas.
Estavam dispostas em três blocos, com divisões blindadas nos dois primeiros
e infantaria motorizada no terceiro.
Ao todo, suas colunas estendiam-se por 160 km.
Acima deles, um imenso ""guarda-chuva"" de caças da Luftwaffe
protegia contra qualquer possível ataque aéreo dos Aliados.
Mas, com os Aliados concentrados na Bélgica,
esse ataque nunca aconteceu.
Em 2 dias,
os avanços mecanizados do Grupamento A cruzaram a floresta de Ardenas.
Após cruzar a fronteira francesa,
eles chegaram às margens do rio Meuse,
na tarde de 12 de maio.
As forças alemãs nesse setor eram compostas de três divisões Panzers
e um regimento Grossdeutschland da infantaria motorizada.
Para sua iminente tentativa de cruzar o rio,
tinham a promessa de que receberiam total apoio aéreo.
Contra eles estavam 10 divisões da infantaria
do 2° e do 9° Exércitos franceses.
Não tinham artilharia antitanque e antiaérea,
e seis de suas divisões consistiam de reservistas,
muitos deles acima dos 40 anos.
Atravessia bem-sucedida do Meuse era vital para a invasão alemã.
Somente depois disso é que os Panzers poderiam se espalhar
e operar em terreno favorável.
Quando os alemães lançaram seu ataque,
o esforço principal foi feito a oeste de Sedan.
Na tarde de 13 de maio, 12 esquadrões de Stukas atacaram
e forçaram os atiradores franceses, no outro lado do rio,
a recuar para dentro de suas casamatas.
Às 16 horas, destacamentos da infantaria Panzer
começaram a travessia do rio em botes infláveis.
Essas unidades conseguiram manter-se na margem oposta.
À meia-noite,
os alemães tinham penetrado 8 km nas defesas francesas
e construíram outra ponte, para permitir a travessia dos Panzers.
No dia 14 de maio,
ataques aéreos aliados foram efetuados contra os postos avançados alemães.
Mas como na Bélgica,
as baterias antiaéreas os afastaram, resultando em grandes perdas.
Foi nessa investida que a RAF sofreu sua maior perda numa única operação,
perdendo 40 dos 71 aviões empregados.
Naquela tarde, todas as três divisões Panzers,
a 1, a 2 e a 10,
haviam cruzado o rio e repeliram o contra-ataque francês.
O comandante alemão era o general Heinz Guderian.
Aos 52 anos, Guderian foi pioneiro nas táticas de blitzkrieg
e seu mais ferrenho defensor.
Embora o Alto-Comando alemão não confiasse nas teorias de Guderian,
Hitler era seduzido por elas
e sancionou a formação das divisões Panzers.
No comando de um regimento blindado na invasão da Polônia,
Guderian teve uma participação-chave na vitória alemã.
Seus tanques avançaram com uma velocidade tão incrível,
que o comandante ganhou o apelido de ""Heinz, o Ligeiro"".
Apesar de seu sucesso,
o Alto-Comando ainda não se sentia confortável com os métodos de Guderian,
de atacar dentro do território inimigo,
bem mais à frente do apoio da infantaria.
Conseqüentemente,
quando os planos estavam sendo finalizados para a ofensiva ocidental,
Guderian foi colocado sob o comando de um oficial mais conservador,
o general Paul Ludwig von Kleist.
Com seus tanques a salvo, do outro lado do Meuse,
Guderian tinha várias opções.
Ele poderia esperar a infantaria,
que ainda se encontrava a 36 horas de Sedan.
Poderia também continuar em direção a Paris
ou virar e atacar as defesas da Linha Maginot pela retaguarda.
No entanto,
Guderian ordenou que a 1 e a 2 divisões Panzers mudassem de direção
e avançassem a oeste, em direção ao canal Ardenas,
com o objetivo de atravessar as defesas francesas.
O canal Ardenas formava uma linha entre o 2° e o 9° Exércitos franceses.
Se Guderian conseguisse quebrar essa linha,
poderia separar os exércitos aliados
e atacar pelo flanco e retaguarda as forças em direção à Bélgica.
O maior perigo dessa virada para oeste seria seu flanco esquerdo exposto.
Ele deixou a 10 Divisão Panzer e o Regimento Grossdeutschland
para proteção contra qualquer ataque aliado.
Em resposta à brecha alemã em Sedan,
os franceses mandaram a veterana 3 Divisão Blindada
atacar a cabeça-de-ponte em Sedan, na manhã do dia 14.
Porém, esse ataque não fora efetivado até o final da tarde
e ainda se encontrava sem apoio da infantaria ou da artilharia.
O comandante local, general Huntziger, do 2° Exército, cancelou o ataque
e ordenou que os tanques se dispersassem entre suas unidades de infantaria,
desmantelando a única força aliada
com alguma chance de repelir os Panzers.
Huntziger também decidiu recuar seu flanco esquerdo
para se proteger contra uma investida alemã no leste da França.
O que conseguiu foi ampliar a brecha de 8 km para 24 km.
Mais acima, no rio Meuse,
Panzers também haviam cruzado em Monthermé e Dinant,
infligindo pesadas perdas nas unidades do 9° Exército do general Corap.
Atravessia em Dinant foi efetuada pela 7 Divisão Panzer,
sob comando do major-general Erwin Rommel, de 48 anos.
Na noite do dia 15,
os Panzers de Guderian já haviam passado pelas defesas do canal de Ardenas,
e as estradas para oeste estavam livres.
Naquela mesma noite, Kleist,
preocupado com a idéia de que as forças de Guderian estavam expostas demais,
ordenou que ele contivesse seu avanço e reagrupasse suas forças.
Guderian resistiu a essa ordem
e recebeu permissão para continuar avançando por mais 24 horas,
na tentativa de ampliar a brecha.
Com sua costumeira audácia,
Guderian avançou mais 80 km até o rio Oise.
Asua direita, Rommel também avançara 80 km,
capturando 10 mil prisioneiros e 100 tanques,
com apenas 35 mortos e 59 feridos.
Ao anoitecer do dia 16,
Guderian mais uma vez foi ordenado a parar.
Nem Hitler nem seu Alto-Comando
puderam acreditar na facilidade com que venceram os franceses.
Eles ainda estavam com medo de um contra-ataque
no vulnerável flanco esquerdo,
e Hitler insistiu para que Guderian esperasse a infantaria chegar
para proteger seu flanco.
Enquanto os Panzers de Guderian estavam dilacerando as defesas ao sul,
no norte, os alemães também estavam levando vantagem.
Nos dias 12 e 13 de maio,
ocorreu a primeira grande batalha de tanques da guerra.
Em Merdop,
duas divisões mecanizadas leves, do 1° Exército francês,
cruzaram com os poderosos Panzers das 3 e 4 Divisões.
Eles tiveram o apoio dos caças-bombardeiro Stukas.
No primeiro dia, os tanques franceses até que foram bem,
provando que, no caso de um contra um,
estavam no mesmo nível que os Panzers.
Os Somuas, em particular, suportavam qualquer tiro,
menos o do canhão mais potente dos tanques alemães.
Mas, no desenrolar da batalha,
as táticas superiores empregadas pelos Panzers
proporcionavam vantagem de manobra.
Ao anoitecer do dia 13, os tanques franceses recuaram.
Naquela mesma noite,
os tanques da 9 Divisão Panzer chegaram aos arredores de Roterdã,
e as posições holandesas deterioraram-se rapidamente,
apesar de uma resistência corajosa.
No dia seguinte,
depois de ferozes bombardeios da Luftwaffe em Roterdã,
a Holanda rendeu-se.
A brecha alemã no Meuse destruiu a estratégia de Gamelin.
Consciente da extensão da catástrofe, o premiê francês, Paul Reynaud,
ligou para Winston Churchill pela manhã, no dia 15, para comunicar-lhe:
""Perdemos a batalha"".
Churchill insistiu que os Panzers teriam de parar para reabastecer.
Então, poderiam ser atacados e isolados.
A velocidade com que os alemães avançaram
havia desequilibrado Gamelin e seus comandantes.
Na tentativa de planejar contra-golpes efetivos,
eles continuavam pensando em termos de velocidade de infantaria
e não na velocidade de um tanque Panzer.
Dessa maneira, suas respostas eram vagarosas demais
perante uma situação que mudava constantemente.
Por várias vezes, escolhiam uma linha para impedir o avanço alemão,
e descobriam que os Panzers já tinham cruzado tal linha.
Na manhã do dia 15,
o general Giraud foi deslocado do 7° Exército
para comandar o que sobrara do 9° Exército.
Naquela noite, Gamelin, já sabendo que a brecha em Sedan era irreparável,
ordenou que a frente aliada inteira na Bélgica recuasse até o rio Schelde.
Com falhas na comunicação,
a BEF e os belgas não receberam as ordens até o dia seguinte.
Em 16 de maio,
Paul Reynaud tomou medidas para substituir Gamelin,
chamando o general Maxime Weygand, da Síria, para assumir o comando.
Weygand tinha 73 anos
e tinha sido chamado de sua aposentadoria havia 1 ano.
O fato de ele não ter chegado à França até o dia 19 de maio
atrasou ainda mais as tentativas dos aliados
de planejar contra-medidas efetivas.
De qualquer maneira,
as idéias de Weygand eram tão antiquadas quanto as de Gamelin
e sua ascensão ao comando
não levou a nenhuma alteração significativa das táticas aliadas.
Após o colapso francês em Sedan,
o Gabinete de Guerra britânico
decidiu não mais enviar caças da RAF para a França.
No dia 17 de maio,
a Marinha Real foi sondada para planejar uma evacuação
da Força Expedicionária da França.
No sul, em 17 de maio,
um contra-ataque foi lançado contra o corredor Panzer
pela 4 Brigada Blindada do coronel de Gaulle.
Mas foi facilmente repelido.
No dia 18 de maio, Guderian alcançou Péronne,
enquanto no norte, Rommel ocupava Cambrai.
Naquela mesma noite,
o general Giraud chegou ao seu novo QG
e encontrou o 41° Regimento Panzer, que tinha chegado antes dele.
Na manhã seguinte, foi capturado por uma patrulha de tanques alemães.
Mais tarde, no mesmo dia,
a 4 Brigada Blindada do coronel de Gaulle atacou novamente o flanco de Guderian.
Mas os Panzers, com apoio dos Stukas, mais uma vez o repeliram.
Ao norte, no dia 17 de maio,
Louvain e Bruxelas foram ocupadas pelo 6° Exército alemão.
O recuo das tropas aliadas a oeste, através da Bélgica,
começava a ameaçar o flanco direito do avanço alemão.
Nas primeiras horas do dia 20 de maio,
Rommel ocupou o estratégico terreno alto perto de Arras.
Estava prestes a ser atacado pela Força Expedicionária Britânica.
A ofensiva foi lançada no dia 21 de maio,
supostamente por duas divisões inglesas e oito francesas.
Porém, os franceses não estavam prontos na hora do ataque,
e os ingleses tiveram de atacar sozinhos,
com apenas três batalhões de infantaria e 7 4 tanques.
Mesmo assim, os ingleses surpreenderam as unidades avançadas de Rommel
e conseguiram fazer com que recuassem 16 km,
destruindo grande número de Panzers.
A artilharia alemã fez pouco contra a blindagem pesada dos Matildas.
No desespero,
Rommel formou uma linha de tiro composta, em sua maioria, de Flaks 88.
Disparando sobre campo livre,
a artilharia alemã finalmente conseguiu conter o avanço britânico.
Um canhão 88, sozinho, destruiu nove tanques ingleses.
Fortes ataques desferidos pelos Stukas, mais tarde, forçaram os ingleses a recuar.
Enquanto a Força Expedicionária Britânica preparava-se para atacar em Arras,
Weygand foi surpreendido com a notícia de que os Panzers de Guderian
haviam chegado à costa do canal, na noite anterior.
Os exércitos aliados do norte estavam, agora, completamente isolados.
Após muito debate, foi decidido que os Aliados recuariam
para uma nova frente demarcada pela Valenciennes,
o rio Escaut, a antiga posição de Maulde até Halluin, e o rio Lys.
Outra ofensiva estava sendo planejada
com ataques simultâneos no norte e no sul.
Enquanto regressava ao seu QG,
o general Billotte morreu num acidente de carro,
e, somente no dia seguinte, seu sucessor recebeu as ordens necessárias.
O 1° Exército francês estava atrasado.
Enquanto os Aliados recuavam para suas novas posições,
seu progresso era obstruído por uma multidão de refugiados,
que escapavam do avanço alemão e dos constantes ataques da Luftwaffe.
No dia 22 de maio,
Brauchitsch ordernou que o Grupamento A virasse à direita
e seguisse uma linha através de Armentières, Ypres e Oostende,
isolando os portos do canal com seu avanço.
O Grupamento B deveria virar seu flanco esquerdo para o norte,
fortalecendo a armadilha.
Naquele mesmo dia, a 2 Divisão Panzer chegou a Boulogne
e, no dia 23 de maio, a 10 Panzer investiu contra Calais.
Enquanto a luta continuava nos dois portos,
a 1 Divisão Panzer tinha alcançado, no dia 24 de maio, a linha do canal Aá,
a menos de 16 km de Dunquerque.
Nesse momento,
os alemães estavam mais perto de Dunquerque
do que a maioria das forças inglesas.
Entre eles e seu objetivo
havia apenas um batalhão da Força Expedicionária Britânica.
A vitória total estava ao alcance dos alemães.
Posicionados para efetuar o golpe de misericórdia,
foram surpreendidos com ordens de parar.
A ordem veio do general von Rundstedt, na noite do dia 23,
apesar da vontade de Brauchitsch de um avanço vigoroso.
Rundstedt queria reagrupar suas forças.
Tinha perdido metade de seus blindados na investida contra a França,
não para o inimigo, mas como resultado de desgaste.
Hitler não só aprovara essa decisão,
como também deu ordens para que a parada fosse permanente.
À medida que os Panzers avançavam no território francês,
Hitler ficava mais nervoso e tenso.
Tinha medo de que, a qualquer momento,
um contra-ataque aliado pudesse isolar os Panzers
e impedir a tão almejada vitória.
Assustado com seu próprio sucesso,
preferiu frear as colunas do que arriscar.
Hitler talvez até quisesse evitar a destruição da BEF.
Numa visita a Rundstedt, surpreendeu seu general,
demonstrando admiração pelo lmpério Britânico.
Afirmava que a única coisa que queria da Grã-Bretanha
era que ela admitisse a supremacia continental da Alemanha.
Com a França derrotada,
Hitler concluiu que poderia selar a paz com a Grã-Bretanha.
Acreditava que, se não destruísse o Exército britânico,
a paz seria obtida mais facilmente.
Acima de tudo, havia a influência de Hermann Göering.
Göering queria que a glória da vitória final fosse para a Luftwaffe.
Ele argumentava que a Luftwaffe era muito mais leal ao partido nazista
do que o Exército.
Sendo assim, merecia a honra da vitória final.
O comandante da Luftwaffe assegurou a Hitler
que sua Força Aérea poderia fazer o trabalho em Dunquerque sem ajuda.
Os argumentos de Göering
deram a Hitler a justificativa que ele precisava para conter os Panzers.
Desde 20 de maio,
uma enorme frota de embarcações de todos os portes
era recrutada ao longo da costa do canal da Mancha,
caso fosse necessário retirar a Força Expedicionária Britânica.
O número dessas embarcações seria aumentado por milhares de pequenos barcos,
essenciais para levar as tropas da praia às embarcações.
Muitos desses pequenos barcos,
que incluíam iates, salva-vidas e pesqueiros,
eram conduzidos por civis voluntários.
A evacuação planejada tinha o codinome Operação Dínamo
e estava sob o comando do vice-almirante, sir Bertram Ramsay.
Às 19 horas do dia 26 de maio,
Ramsay recebeu ordens para iniciar a Operação Dínamo.
Estava contando com três portos franceses para a evacuação.
Mas, agora, Boulogne e Calais haviam sido capturadas.
Por Dunquerque, o único porto ainda nas mãos dos Aliados,
Ramsay temia que não mais de 45 mil soldados
pudessem ser resgatados.
Na noite de 25 de maio,
lorde John Gort ordenou que a Força Expedicionária Britânica
recuasse até o mar.
Sua decisão baseou-se na posição crítica do Exército belga na esquerda aliada.
Esse Exército já estava esgotado e à beira de colapso.
Se os alemães conseguissem furar a linha belga,
poderiam atacar o flanco exposto do Exército britânico.
Gort achava mais seguro recuar do que obedecer às ordens de Weygand,
de atacar ao sul.
No dia seguinte, os alemães finalmente quebraram as defesas belgas.
Outro fator importante
foi a permissão dada por Hitler ao Grupamento A
para recomeçar seu avanço.
No dia 27 de maio,
o exausto Exército belga não podia mais lutar
e o rei Leopoldo pediu o armistício aos alemães.
Numa demorada negociação de rendição,
os belgas conseguiram outras 24 horas para seus aliados
na corrida de vida ou morte até Dunquerque.
Mesmo assim,
as forças francesas e britânicas tiveram de lutar desesperadamente
para manter suas rotas de escape abertas.
Uma divisão britânica foi reduzida ao tamanho de uma brigada
durante a noite do dia 27.
No dia seguinte, os belgas renderam-se oficialmente.
Em Lille, quase metade do 1° Exército francês,
que não havia recuado a tempo, estava isolado.
Apesar de estar cercado, escolheu lutar
e, nos 3 dias seguintes,
manteve sete divisões alemãs ocupadas.
Naquela noite, os Aliados, em pleno recuo,
estavam limitados a um estreito pedaço de terra em Dunquerque.
Apenas 25 mil homens haviam sido retirados.
Mas a vasta frota de pequenos barcos começava a chegar,
permitindo que mais soldados pudessem ser resgatados a cada dia.
O tempo ruim prejudicou as operações da Luftwaffe
nos primeiros dias da retirada.
O primeiro grande ataque da Luftwaffe não aconteceu antes de 29 de maio,
mas ficaram mais intensos durante os 3 dias seguintes.
A RAF colocou todos os seus aviões para dar cobertura à operação,
mas estava em séria desvantagem numérica.
Não podia dar cobertura por muito tempo por causa da distância da lnglaterra.
Os ataques da Luftwaffe destruíram 243 navios,
incluindo oito fragatas e oito navios de transporte de tropas.
Felizmente para a Força Expecionária Britânica,
a Luftwaffe não conseguiu destruir o porto de Dunquerque.
Foi desse porto, e não das praias,
que a maioria das tropas foi embarcada.
No dia 30,
os alemães finalmente reconheceram a grandeza da Operação Dínamo.
Ficou decidido que um esforço total deveria ser feito
para furar as defesas da Força Expedicionária Britânica.
No dia 31 de maio,
os Aliados foram forçados a recuar ao longo da fronteira franco-belga.
A pressão alemã no perímetro continuou no dia seguinte,
com mais ataques massivos da Luftwaffe.
Mais uma vez,
a retaguarda aliada viu-se forçada a recuar
para evitar que os alemães penetrassem em suas defesas.
No dia 2 de junho, a evacuação foi suspensa
em função da ferocidade dos ataques da Luftwaffe.
Mas, àquela altura,
a Operação Dínamo já estava quase terminada.
Naquela noite,
os últimos soldados britânicos foram levados em segurança.
No dia 3 de junho,
os alemães forçaram a retaguarda francesa de 30 mil homens
nos arredores de Dunquerque.
Naquela noite, os navios de Ramsay tentaram salvar os últimos contingentes.
Sua tarefa foi complicada
pela chegada repentina de milhares de soldados franceses desarmados.
Eles não lutavam havia semanas e ocupavam sótãos, casas vazias
e qualquer outro lugar que conseguiram encontrar em volta do porto.
A notícia da última saída dos barcos da Marinha britânica
trouxe os franceses para as praias,
numa tentativa desesperada de subir num dos últimos navios.
Mesmo com toda a confusão,
26 mil soldados franceses foram resgatados.
Porém, quando o último navio partiu de Dunquerque,
quase 40 mil homens ficaram para trás.
lsso causou um grande mal-estar entre os franceses,
que acusaram seu principal aliado de abandoná-los.
Mesmo assim, a Operação Dínamo foi um grande sucesso.
Um total de 338 mil soldados aliados chegaram em segurança à lnglaterra.
Mesmo sofrendo uma derrota catastrófica,
Dunquerque tornou-se, de imediato, um mito para o povo britânico.
Simbolizava sua bravura e os recursos de resistência ao poderio alemão.
Por isso, Dunquerque teve um profundo efeito de inspiração,
que ajudou os britânicos a continuar lutando,
mesmo em momentos, como esse,
em que sua situação parecia desesperadora.
Embora a Grã-Bretanha tivesse conseguido resgatar os soldados,
seu Exército não tinha condições de lutar sequer mais uma batalha.
Quase todo o armamento pesado,
transporte e material haviam sido abandonados,
incluindo 2,5 mil armas, 64 mil veículos
e mais de 500 mil toneladas de provisões e equipamentos.
Com a elite dos exércitos aliados recuada na Bélgica,
era apenas uma questão de tempo
para que o resto das forças de Weygand fossem dizimadas.
Em menos de 4 semanas de luta,
os franceses tinham perdido 30 divisões e a maioria de seus blindados.
Seus aliados também estavam vencidos.
No lado alemão, grande parte do Exército vira pouca ação
e seus Panzers estavam descansados e revisados.
Tinham estabelecido posições fortes e sólidas em Amiens e Péronne.
Tudo que tinham pela frente
era mais uma linha de defesa precariamente construída pelos franceses.
As forças de Weygand estavam dispostas ao longo dos rios Somme e Aisne.
Quarenta e nove divisões francesas
posicionavam-se nessa frente de 360 km de extensão,
com mais 17 divisões na Linha Maginot.
Havia também quatro divisões britânicas,
duas delas isoladas da força principal de Gort
e que, por isso, perderam a evacuação em Dunquerque,
enquanto as outras duas eram recém-chegadas da lnglaterra.
As forças francesas incluíam
seis castigadas divisões mecanizadas e blindadas
e os ingleses também tinham uma divisão blindada enfraquecida.
Os franceses tinham pela frente 130 divisões de infantaria alemã,
incluindo o 2° e o 9° Exércitos.
Os Panzers foram reagrupados em cinco regimentos blindados,
cada um deles com duas divisões de Panzers
e uma divisão de infantaria motorizada.
Essas três corporações foram transferidas para o Exército Grupo B, no oeste:
uma sob o comando de Rommel e as outras duas, sob o comando de Kleist.
As duas divisões restantes, sob o comando de Guderian,
foram para o Grupamento A, no leste.
Com o propósito de fortalecer suas tropas já enfraquecidas,
Weygand construiu uma série de bases operacionais
chamadas de hedgehogs.
Foram construídas em florestas e vilas
e abarrotadas de artilharia antitanque.
Mesmo que fossem cercadas,
as hedgehogs foram projetadas para continuar resistindo.
A ofensiva alemã no oeste teve início no dia 5 de junho.
Os franceses resistiam com determinação
e os alemães tiveram certa dificuldade em eliminar as hedgehogs.
Finalmente, no dia 7,
os Panzers de Rommel conseguiram avançar em direção a Rouen.
A resistência francesa nesse setor rapidamente sucumbiu.
Rommel tinha evitado as hedgehogs, deixando-as para a infantaria.
A ofensiva do Grupamento A começou no dia 9 de junho
e também enfrentou dura resistência.
Mas, naquela noite,
Guderian conseguiu atravessar o rio Aisne com seus tanques.
No dia seguinte, ampliou sua brecha com o resto das divisões Panzers,
e os franceses não tiveram como resistir.
Os exércitos de Weygand começaram a se desintegrar em todas as frentes
até que, no dia 10 de junho,
Reynaud e seu governo abandonaram Paris.
Quatro dias depois, os alemães entraram na cidade.
Em 16 de junho, Reynaud demitiu-se,
e um novo gabinete foi formado pelo marechal Philippe Petain.
Com 84 anos,
Petain havia sido um herói da França, na vitória da Primeira Guerra Mundial.
Naquela crise, entretanto,
Petain não via razão para prolongar a luta.
Um pedido de armistício foi transmitido a Hitler.
No dia seguinte, 17 de junho,
Petain instruiu os franceses a parar de lutar.
No dia 19 de junho, Rommel ocupou Cherburgo,
o que marcou o fim de sua campanha.
Em 6 semanas, sua 7 Divisão Panzer, apelidada ""Divisão Fantasma"",
por sua aparente habilidade em aparecer do nada,
tinha capturado quase 100 mil prisioneiros,
bem como centenas de armas e veículos blindados.
Suas baixas contabilizavam pouco mais de 2,5 mil homens,
dos quais menos de 700 foram mortos.
Apenas 42 de seus tanques foram destruídos.
No leste, os incansáveis Panzers de Guderian
rapidamente isolaram todas as tropas francesas na Linha Maginot,
antes de avançar para a fronteira suíça.
Asua direita,
o Regimento Panzer de Kleist cruzou o Loire e chegou até Lion.
No dia 20 de junho,
Hitler entregou seus termos de rendição aos representantes franceses.
O principal objetivo de Hitler era isolar a França da Grã-Bretanha.
O norte da França seria ocupado pela Alemanha
e usado como base para continuar a guerra com os britânicos.
O resto do país seria governado por Petain, em Vichy.
Os franceses poderiam permanecer com suas frotas de navio e suas colônias.
Hitler ainda tinha uma surpresa humilhante para os franceses.
Ele havia localizado o ***ão de trem,
no qual os comandantes alemães se renderam aos franceses
no final da Primeira Guerra.
Engenheiros alemães foram instruídos
a quebrar as paredes do museu onde o ***ão se encontrava
e trazê-lo ao local exato onde estava naquela famosa ocasião.
Ali, na floresta de Rethonde, 80 km a noroeste de Paris,
Hitler esperava a delegação francesa no dia 21 de junho.
Quando os franceses liderados pelo general Huntziger
chegaram e reconheceram o ***ão, ficaram pasmos.
Era o gesto supremo de vingança de Hitler.
Um alemão, mais tarde, escreveria:
""A Batalha da França acabou. Durou 26 anos"".
No dia 22 de junho,
o general Weygand autorizou a aceitação dos termos alemães
e os três exércitos franceses isolados no leste,
num total de 400 mil homens, renderam-se.
Às 12h35 do dia 25 de junho, a luta oficialmente acabou.
Apesar de a Alemanha não querer receber a frota francesa,
a Grã-Bretanha temia que esses navios caíssem nas mãos dos alemães.
No dia 3 de julho,
a Marinha Real atacou os principais esquadrões franceses,
colocando muitos navios a pique.
Esse ataque causou grande mal-estar
e prejudicou as relações anglo-francesas.
Aconquista do oeste pelos alemães custou-lhes pouco mais de 150 mil baixas,
sendo que apenas 27 mil foram mortos.
As perdas aliadas totais, entre mortos e feridos,
chegavam a 390 mil,
enquanto 2 milhões foram feitos prisioneiros.
A Luftwaffe perdeu 1.284 aviões e a RAF, 931,
sendo que metade desse total era de preciosos caças.
A Força Aérea francesa teve 560 aviões destruídos.
Os alemães também recolheram
grande quantidade de equipamentos dos Aliados.
A vitória esmagadora da Alemanha
confirmou sua posição de poder supremo na Europa ocidental.
O único inimigo que restava, a Grã-Bretanha,
encontrava-se isolado e enfraquecido.
Hitler estava convencido de que ela logo se renderia.
Antes de o armistício vigorar,
ele ordenou a desmobilização de 35 divisões,
e os grupos Panzers deveriam ser dissolvidos.
Para Hitler, a guerra no ocidente havia realmente terminado.
Apoiado em seu grande sucesso,
Hitler começou a contemplar a campanha contra a URSS.
Mas, por ter deixado a Força Expedicionária Britânica
escapar da destruição em Dunquerque,
Hitler permitiu que a Grã-Bretanha continuasse a lutar.
Ele passaria a liderar a Alemanha
numa guerra com duas frentes de combate.
Sua espetacular vitória plantou as sementes de sua futura derrota.