Tip:
Highlight text to annotate it
X
Aqui encontramos doze artistas que colocam questões
sobre a identidade global desse sub-continente
das identidades nacionais, das minorias autóctones,
e das minorias que chegaram no território,
da diversidade do continente, de população,
de temáticas e problemáticas
ainda não resolvidas, em aberto, que queremos compartilhar com o público.
Um dos temas é: "o que é a América Latina?"
e a relação entre a imagem fotográfica e a linguagem.
Uma das primeiras obras é a de Damian Ortega
que se chama "América: nuevo orden".
Vemos como, através da desconstrução da palavra América,
a obra vira um comentário político.
Essa obra de Regina Silveira, chamada "Latin American Puzzle: to be continued",
não pode nunca ser exibida da mesma maneira,
justamente porque ela nos propõe uma nova sintaxe
sobre o que é a América Latina.
É um continente que possui diversas leituras,
dependendo da pessoa que o observa.
Esse pôster nunca vai ser exibido da mesma forma.
Aqui nós mesmos o montamos, a artista somente dá as peças.
As associações de imagens e de ideias
mudam, a cada vez, a leitura deste continente,
onde ainda há peças em ***, de seu desconhecido,
pedaços de história ainda incompletos.
Nós queríamos mostrar essa diversidade,
tanto pelos suportes quanto pela população e suas problemáticas.
Pensamos que não somente a população autóctone faz parte da América Latina,
mas também as imigrações que chegaram bem mais tarde.
É interessante ver como Luiz Zerbini, artista brasileiro,
trata essa problemática.
Esse trabalho se chama "Centena"
e faz referência aos cem slides que compõem a obra.
O artista comprou os slides em uma feira de antiguidades de São Paulo
e todos eles mostravam símbolos japoneses.
E, de fato, a população japonesa de São Paulo
é a segunda mais importante do mundo.
Claudia Andujar é uma artista nascida na Suiça. Ela é judia.
Sua história é bem marcada pelo nazismo.
Uma parte de sua família foi marcada,
massacrada, durante esse período.
Quando chega ao Brasil,
ela fica muito preocupada com a população yanomami
e se engaja na defesa do seu território.
E nos anos 70,
abre-se uma estrada que atravessava o território dos yanomami,
o que trouxe muitas doenças.
Alguns povoados estavam desaparecendo.
Claudia fez parte de uma missão sanitária,
cujo objetivo era vacinar os yanomamis.
Mas, como eles não tinham carteira de identidade,
a maneira de fazer isso foi
colocar um número nas pessoas vacinadas,
para saber quem entre eles já havia sido vacinado.
Para Claudia foi muito difícil, porque isso era marcar as pessoas
e as nações marcam as pessoas para massacrá-las.
Para Claudia, era como reverter o significado de
"marcarção de pessoas".
Aqui era: marcá-los para salvá-los.
Mas marcar é marcar.
Essa obra foi feita pela artista brasileira Anna Bella Geiger,
para denunciar a situação difícil de fome
que o Brasil vivia na época da ditadura.
O que ela faz é traçar o mapa do Brasil
em um pedaço de pão de forma,
tirando seu miolo.
O que quer dizer: a falta de pão, a falta de alimento em um território,
é isso que define o território.
Elias Adasme é um artista de origem chilena
que criou essa obra intitulada "A Chile".
Ele a fez em 1979, ou seja, em plena ditadura de Pinochet.
São algumas intervenções que ele fez sobre seu corpo.
O que ele fez foi criar uma relação entre o "corpo físico" e o "corpo social"
sendo o corpo social representado pelos estados e nações,
nesse caso, evidentemente, pelo estado do Chile. O que ele diz é...
que o mundo, o sentido das coisas, estão à mercê.
Pinochet estava no poder, Salvador Allende havia sido massacrado,
é por isso que ele se pendura em uma estação de metrô chamada Salvador
com o mapa do Chile, para denunciar isso.
Uma outra intervenção que ele fez foi projetar o mapa do Chile
sobre suas suas costas. Ele está nu, com um fundo preto.
É uma maneira de denunciar a tortura, a censura que a população sofria
na ditadura de Pinochet.
A última peça é bem bonita, porque é "Esperanza para Chile",
"esperança para o Chile".
Ele tira a palavra "Chile" do mapa
e a escreve sobre seu corpo.
Porque o Chile, afinal, não é um território, somos nós que o construímos.
É algo que depende de nós e não podemos deixar
o poder político empossado decidir em nosso lugar
e nos dizer como devemos construir nosso país.
Essas quatro fotos são um painel.
Ele as colocou em diferentes lugares da cidade.
Ele queria ver quanto tempo elas durariam,
antes que a censura as levasse.
Traduction Flora Lahuerta
S O F T I T R A G E C O M