Tip:
Highlight text to annotate it
X
Agradecemos a todos os cidadãos de Emilia...
Tiveram uma inestimável contribuição...
à realização do filme...
ao partilharem suas experiências...
e sua rica herança cultural.
25 DE ABRIL DE 1945-O DIA DA LIBERTAÇÃO
A guerra acabou.
Por quê?
Rápido, camaradas, em nome de Stalin!
Os fascistas estão aqui!
- Rápido! Vamos liquidá-los! - Vamos, são os guerrilheiros.
- Sim, vamos acabar com eles! - Não é fumaça preta ali? Voltem!
Todos eles!
Peguem. Vamos lá.
Também quero uma.
- O que você quer? - Eu também quero uma.
Eu cortei as linhas telefônicas.
Também posso empunhar uma arma.
Por favor, Tigre, vamos!
Dê uma pra mim também. Você prometeu!
Tigre!
Leonito, venha aqui!
Pegue. Leve o carregador, também.
Pronto.
- Onde vai? - Também quero matá-los!
O comandante da Brigada Guerrilheira Matteotti...
pela libertação da Itália.
Há poucos minutos, tomamos uma estação de rádio em Milão.
A cidade foi libertada!
Milão, finalmente livre, saúda o povo italiano.
Repito, aqui é o comandante da Brigada Guerrilheira Matteotti...
pela libertação da Itália.
Neste momento de grande alegria,...
nossos pensamentos vão a todos aqueles que deram suas vidas...
lutando para por um fim à submissão da Itália,...
ao bárbaro regime nazi-fascista.
Mas, acima de tudo, enaltecemos nossos irmãos guerrilheiros...
- que lutaram tão bravamente... - Leonito! O que faz aqui?
- Não vi você entrar. - ... e sacrificaram as próprias vidas.
Leonito, que loucura é essa?
Para que essa espingarda?
Saia!
Viva Stalin!
Você ficou maluco?
O comandante da Brigada Guerrilheira Matteotti...
pela libertação da Itália.
O fascismo nos deixou uma herança de miséria...
- Viva Stalin. - ... humilhação e morte.
Attila e Regina!
Attila e Regina!
Atire, Attila! Atire!
Mate-a!
- Vagabunda! - Seu monte de merda!
- Mate-a! - Vou acabar com você.
Regina!
Regina!
Attila!
Estou indo!
Vem. Venha aqui!
As andorinhas voltaram.
Espera, espere.
Meu avô morreu aqui.
De pé!
Sente-se.
Sente aí!
Sabia que na América, cada vaca tem o seu bebedouro?
Vacas americanas têm sorte, têm todas as comodidades.
Escute.
Não gostaria de ir para a América, Leonito?
Pode me chamar de Olmo.
Achei que se chamasse Leonito.
O meu nome de guerra é Olmo.
Sabe quem era Olmo?
Sim, era o mais valente!
O mais valente...
Então, meu pequeno guerrilheiro,...
o que pensa do seu patrão?
Não há mais patrões.
MUITOS ANOS ANTES
Verdi está morto!
Verdi está morto!
Giuseppe Verdi morreu!
Força! Força! Força!
Força! Força!
Pronto, nasceu!
Vejam como é lindo o meu bebê.
Não pare!
Vamos! Está chegando!
- Rosalba, a porta. Feche a porta.
Não façam barulho, crianças.
É um menino!
É um menino!
Mais uma boca para alimentar.
A Rosina teve um menino!
Mais uma bunda para limpar.
É um menino!
Não encoste nele, Rigoletto, senão ele ficará corcunda.
Ela teve um menino!
É um menino!
Um menino!
É mais um menino!
Maldita mulher.
É um menino!
Ouviu isso, desgraçada?!
O peão nasceu antes do filho do patrão!
Terei que subir aí e arrancá-lo à força?
Força, Eleanora! Está vindo!
Vamos, sinto que ele está vindo!
Mais força! Vai!
Vai!
Droga!
Papai!
Papai!
Alfredo nasceu!
Alfredo!
Vai ter o meu nome!
E se for uma menina?
Não é uma menina, não é?
Acha que não sei a diferença?
Este tem uma "pistolinha".
Tem os olhos do pai.
E o dinheiro do avô.
Que lindo menino!
Giovanni! Giovanni!
- Giovanni! - Sim?
- Como a mãe está? - Está bem.
- Dê um nela beijo por mim. - "Que o fruto dessa união,...
"abençoado por Deus e colhido no Jardim do Éden,...
"herde os nobres encantos, o coração devoto,...
- "as virtudes dos patriotas... " - Ah, cale a boca!
- Giovanni! - Sim, papai?
Escreva ao "boa-vida" do seu irmão.
Vou ditar.
Sim, papai.
Ottavio...
Não tem nenhum papel?
Ottavio Berlinghieri, Hotel Des Bains. Lido, Veneza.
Anunciamos nascimento, primeiro Berlinghieri, Século XX. Ponto!
Queira Deus que ele não fique parecido com você. Ponto.
Arrumou uma mulher? Ponto de interrogação.
Abraço. Papai. Escreveu?
- Claro, papai. - Ótimo.
A irmã Desolata.
A irmã Desolata chegou!
Querido irmão.
É um menino.
Bravo! Bravo!
Descarreguem tudo,...
porque nunca mais voltarei àquele convento.
O monsenhor tornou-se muito cruel.
Prefere as noviças, e me ignora.
Sim.
Se ao menos fossem de boa família!
Escute. Outro dia mesmo, eu...
Rigoletto, meu chapéu!
- Alfredo! - Sim, patrão.
- Jesus Cristo seja louvado. - E que esteja convosco.
Até nesta casa tem um padre! É uma perseguição!
Hei, corcunda.
O que está vendo?
Neve. Está cheio de neve.
Como no inverno.
- O que mais? - Uma catedral.
Uma catedral com pináculos!
- E o que mais? - Garrafas.
- Garrafas? - Garrafas!
Lá dentro é o paraíso.
E o senhor é o patrão, o senhor, o mestre.
Eu seria um São Pedro se me desse as chaves!
Chega de trabalho por hoje.
Obrigado, patrão.
Chega de trabalhar.
Agora vamos beber.
- Tome. Hoje não se trabalha. - Hoje você é patrão também.
Penzo, este vinho é especial.
- Vamos celebrar. - Obrigado, patrão.
Mas onde está o Dalco?
Leo está lá no vinhedo.
É a última garrafa.
Vinho da cidade.
Mas e a minha?
Aqui diz "champanhe espumante. "
Libero, alguém casou ou morreu hoje?
Lá, no vinhedo.
É o destino.
Os dois nasceram no mesmo dia.
E o destino nos pede um brinde!
Sr. Alfredo, sabe quantos Dalcos nós somos agora?
Perdi a conta.
Quando me sento à mesa,...
somos uns 40 comendo.
Você tem sorte, Leo. Admita.
Pode ser um peão, mas ao menos é um homem.
Os homens não comem como todo mundo?
Que diabos você tem?
O meu nasceu primeiro. O que é natural.
Primeiro vieram os camponeses, só depois chegaram os patrões.
Patrões, camponeses. Besteira!
Quando nascemos, somos todos iguais.
Iguais?
Vocês aí!
O que estão esperando? Bebam!
Bebam, desgraçados!
Beba comigo.
Vamos beber ou não vamos?
Nasceram juntos! Alguma coisa quer dizer.
Quer dizer que vamos morrer juntos.
Seu filósofo de merda!
O meu vai estudar direito.
O meu será um ladrão.
Melhor do que padre!
Este vinho não é daqui. Seco demais.
Eu também não gostei.
Rigoletto, vá até a prefeitura.
Diga-lhes que o menino se chamará Alfredo.
Berlinghieri, Alfredo,...
Filho de Giovanni e Eleonora Rossetti.
Leo,...
como vai se chamar o seu?
Que nome vai dar ao seu?
Olmo.
Olmo.
Como a árvore.
Filho de Oscar e Rosina Campo.
Oscar?
Mas ele morreu há quatro anos!
Justamente. Temos que respeitar os mortos.
Que idiotas!
Em pleno verão
Num calor sufocante
Nasceram dois meninos
Um perto do outro
Rigoletto, beba!
Imbecis!
Com o papa como camponês
Ligados pelo destino naquele momento
Ao neto do patrão
Herdeiro de riqueza e poder
E então, o que acham?
Leo, por que não aproveita para dar uma volta?
Eu não monto naquele diabo vermelho.
Não sei quem trabalha mais rápido:
Um homem com um cavalo e uma máquina,...
- ou um homem com força e vigor. - Orso, Orso, venha ver!
- Vá um pouco mais rápido! - Logo saberemos.
Pronto.
O que é isso?
Pronto.
O que está escrito ali?
O que acha? Um quinto de hectare em...
10 minutos, e sozinho.
Seriam necessários 6 homens e meio dia de trabalho.
Mas e isso aqui?
Chama a isso de trabalho bem feito, Sr. Giovanni?
- Veja quanto feno ficou para trás. - Ah, isso é irrelevante.
Não acredita em mim, não é?
Não percebe, seu estúpido,...
que esta máquina é importada e que...
somos os primeiros no vale a ter uma debulhadora mecânica?
Então, abençoados sejam os últimos.
Quem precisa de uma coisa parecida com uma hiena, Sr. Giovanni?
Dezenove!
Elas fedem, e além do mais, você é nojento.
Vinte!
Vinte...
Quero ver se não vai olhar agora.
- Aqui, beija! Come! - Volta para a lama!
O Olmo é um bastardo!
O Olmo é um bastardo!
O Olmo é um bastardo!
O Olmo é um bastardo!
O Olmo é um...
Coma, sua porca!
Covarde!
Vai, corre, medroso!
Você só consegue meter medo nas meninas!
Se tem coragem, faça tudo o que eu faço.
Eu tenho coragem!
Vá à merda!
Covarde.
O que está fazendo?
Fodendo a terra.
- E o que está fazendo agora? - Ouvindo a voz do meu pai.
No poste do telégrafo?
Eu não ouço nada.
Está maluco?
Vamos ver quem tem coragem e quem tem medo.
Quando o trem passar por cima feche os olhos, e finja-se de cego.
Agora você não escapa!
Solte-me! Deixe-me ir!
Seu covarde!
Olmo! Olmo!
Olmo!
Está morto ou está fingindo?
Ding-***, ding-***.
O diabo à quatro, mata o patrão!
Quanto será daqui até Nossa Senhora dos Prados?
Uns 3 quilômetros.
Uma vez vi um trem que saía daqui...
até o santuário de Nossa Senhora.
Eu tenho um trem dentro das calças que é maior que isso!
E é tão lerdo como um trem?
Trens são máquinas. Não aquela porcaria lá fora.
Aquela porcaria facilita nosso trabalho.
Inimigos do progresso, é isso que vocês são!
Com aquela máquina eu canso menos e estou contente.
E quem paga por ela?
O patrão. Quem mais?
Que patrão? Somos nós que pagamos as máquinas.
Com o nosso trabalho.
Ele te passou piolho, olhe quantos.
Olmo está espalhando para todo mundo.
Seu filho é um porquinho, deveria raspar a cabeça dele.
Eu vou raspar, mas ele sempre foge.
Seu filho é um porco.
Hoje, o seu Olmo obrigou a minha Nina a comer uma rã viva.
E depois, o que vocês entendem de filosofia?
Nada!
O único aqui que foi ao comício tentar...
criar um sindicato fui eu.
Porque quem entende das coisas, vai aos comícios.
E depois sai por aí pregando a justiça aos pobres...
e honestos camponeses que se matam trabalhando.
Enquanto os burgueses ricos desprezam o seu suor!
Amém.
Olhe, olhe!
Quem está chorando?
A Rosina quer mandar o Olmo para o seminário.
- Por quê? - Por quê?
Porque ele é um demônio!
Querem levar meu filho de mim,...
para fazer dele um padre!
Nada é de graça. Teve a sua diversão. Agora chore!
Ora, vamos, pode acontecer com qualquer um.
Pare com isso.
Já passou muita água debaixo daquela ponte.
Os bastardos sempre crescem maus!
Bastardo?
Quem disse "bastardo"?
Não há bastardos na minha casa.
Olmo é irmão dos seus filhos porque o pai dele é...
um dos nossos.
Não é verdade?
Rosina?
É verdade ou não é?
Diga a eles, Rosina, você sabe.
Claro que sei. É verdade.
Se eu não soubesse, quem mais poderia saber?
Olmo!
Olmo, chamaram você!
Foi o Leo.
Dalco, Olmo.
- Onde ele vai? - Aqui está ele.
Vamos, traga-o aqui!
Soltem-me!
Subam ele na mesa.
Suba aí!
Olmo,...
agora que é grande...
E ainda faz xixi nas calças!
Venha cá.
Lembre-se disto.
Você vai aprender a ler e a escrever,...
mas será sempre Dalco, Olmo, filho de camponês.
Morto de fome.
Servirá no exército...
e verá o mundo.
Terá que aprender a obedecer.
Levando chutes na bunda!
Se casará...
e terá que trabalhar duro para criar seus filhos.
É bom aprender a ter paciência.
- Mas quem será você, sempre? - Dalco, Olmo.
É isso que você é, Olmo.
Um camponês.
Ouviu?
Nada de padres nesta casa.
- O que tem na mão? - Nada.
O Sr. Giovanni me deu, porque eu vendi para ele as minhas rãs.
É minha!
Se é sua, então é de todos nós.
- Está muito alto! - "Está muito alto!"
Quem sabe o galho quebra e você cai no chão, medrosa!
Alfredo, Regina, para a mesa!
Ouçam uma carta do meu irmão, o parisiense:
"Aqui, da 'Cidade Luz', mando lembranças afetuosas.
"Do seu querido Ottavio. "
Alfredo!
Sim, queridíssimo!
Há um ano que o seu irmão não escreve.
É que ele não se sente à vontade com a gente.
Ele nos despreza.
O que está dizendo? Você sempre exagera.
Seu irmão Ottavio é que sabe viver a vida.
Paris, Maxime, champanhe, gigolôs.
- Nós damos duro e ele só gasta! - Não é verdade.
- Chegou aqui primeiro. - Por que temos que chamá-lo?
Regina!
- Deixe que eu sirvo. - Essas rãs parecem boas.
Realmente.
- Alfredo. - Não, não quero.
Coma e deixe de teimosia.
Tenho nojo disso.
Olhe suas maneiras, Alfredo!
Quando for um soldado,...
vai sonhar com uma comida tão boa quanto esta!
Conversa fiada.
Foi o meu irmão que falou? O que ele disse?
Regina.
Quem são essas duas?
Você sempre faz a mesma pergunta!
É a minha irmã e a sua filha Regina.
Alfredinho...
o meu jantar.
Vai, mas volte logo.
Está cada dia pior.
Quanto tempo ainda irá durar?
Devagar,...
ele tem 6 anos a menos do que eu!
E vocês já o querem morto.
Imaginem que o Ottavio venha ao funeral...
e como é o primogênito, decide tomar conta disto?
Ottavio é um cavalheiro, como eu,...
que não nasci freira!
Eu também gostaria de ser freira!
- Também quer atirar? - Sim.
Coloque a coronha no ombro, feche o olho esquerdo,...
olhe na mira.
Agora olhe bem.
- Vê aquela família de abutres? - Sim.
Aquela fêmea negra de olhos predadores?
Sim.
É o seu alvo.
Pum! Pum!
Acertou! Fulminou-a!
Imagine o choque.
O meu marido faliu e fugiu para a América do Sul.
Deixando eu e a filha na miséria.
- Se não fossem vocês... - Não, Amélia.
Não vou voltarei a ver o papai?
Ele é o seu novo pai. Não é, Giovanni?
Claro, se eu não os mantiver, quem o fará?
Mas você, continue a me chamar de tio.
Ali estão. Eu atiro na Regina!
Não, a Regina é minha.
Pronto? Apontar... Fogo!
Boa, bem no meio dos olhos.
Pronto?
Aponte... Fogo!
- Então? - Eu te mato!
Palhaço...
Volte para a mesa!
Volte para a mesa! Imediatamente!
Não tem vergonha, você também?
Para a mesa!
Idiota!
Não tem vergonha, na sua idade?
Há um mar entre nós.
Entre mim e todos vocês.
Um oceano!
Fale, fale!
Ele compra máquinas,...
quando tudo está ruindo.
Vai gastar o rabo naquela debulhadora,...
Sr. Modernista!
Come!
Coma as rãs, ou vai para o inferno.
Sua bosta!
- Quem te ensinou isso? - Um amigo meu.
De mim ninguém vai tirar nenhum metro de terra!
Nenhum centímetro!
Fala, fala, mas o seu pai tem em mente o Ottavio.
Só estou aqui porque quero a terra toda para mim!
Toda minha. Caso contrário...
Se quer saber a verdade, eu sempre invejei o Ottavio. Sempre!
E dar o fora da confusão desta família!
Gozar a vida! Esbanjar o dinheiro todo em 6 meses!
Trocar de mulher todos os dias!
Um oceano de merda.
Pobrezinho.
Não devia forçá-lo a comer!
É meu filho e ninguém vai me dizer como devo educá-lo.
Alfredo!
Não se preocupe, quando tiver fome, ele volta.
Isto não são piolhos, são galinhas!
Fique quieto.
Farei um belo penteado, em cima e atrás liso como um pepino.
Não se mexa, fique quieto.
Uma vez um corcunda ganhou uma Sra. Corcunda
Ganhou ela com uma canção
E muitos corcundinhas nasceram
Nasceram
Nunca mais me encontrarão.
Fugirei com o tio Ottavio.
Alfredo?
Alfredo! Onde está?
- Boa noite, patrão. - Boa noite.
Volte já para casa, Alfredo!
Boa noite, senhor Giovanni
Hei, você!
- Viu o Alfredo? - Não, não o vi.
Vai para a cama, careca.
É tarde.
Olmo!
- Olmo! - O que quer?
Vá para a cama, senão não consigo dormir.
Se o meu pai estivesse aqui, não teriam raspado minha cabeça!
Logo mostraria a eles.
Uma vez o ouvi me chamando do fundo de um poço.
Alfredo!
Vamos fugir os dois juntos!
Alfredo!
Também me chamava de uma abóbora vazia: "Olmo!"
Alfredo!
E na adega, o ouvi me chamando de...
dentro de uma garrafa.
Olmo!
- Alfredo? - Olmo!
Hei, vamos ver os pássaros de cuco voar.
Não, não vou. Você vai me derrubar.
- Bom, mas não está maduro. - Sua filha?
Sua filha se casará com o Mario, o aleijado, em Agosto não é?
- O que você acha? - Qual é o problema?
Vá e dance.
Hei.
Eh, carroceiro.
Volta aqui! Volte.
Inconseqüente, não se deixa um cavalo no meio da estrada!
Venha cá! Anda!
Bestalhão!
Já nem tenho fôlego para...
dar ordens a um criado.
Droga!
Ouçam...
que música linda.
Os jovens dançam, se abraçam,...
e fazem amor antes do sol se pôr.
Isto não é lugar para um velho.
Está calor, patrão, não está?
Quem é você?
Sou a Irma, não se lembra? A filha da Delina.
Sempre andei descalça e agora os pés estúpidos incham.
Mas, são bonitos, não são?
Foram presente da patroa. Eram da Regina.
Irma, venha.
Irma!
Patrão!
Patrão!
Patrão!
Não se assuste. Não se assuste.
Não vou te fazer mal.
Venha aqui.
Assustou-me.
- Ordenhe. - Não está na hora de ordenhar.
Não vê como está cheia?
Ordenhe.
As vacas estão cheias de leite e de merda.
A maldição.
A maldição está dentro de nós. Atemos aqui.
E aumenta com os anos.
Sabe qual é a pior das maldições?
O granizo?
O granizo não é uma maldição.
Merda e leite na minha cabeça, isso sim.
Nem a guerra e as pragas...
são uma maldição também.
Maldição é não levantar mais.
Leite e merda.
Nada a fazer.
Não consegue ficar duro.
Vê?
Mete a mão aqui.
Sr. Alfredo, não se pode ordenhar um touro.
Ande logo.
Volte para o baile.
Posso mesmo?
Sim, vai logo.
Irma,...
quando a festa estiver acabando...
diga que eu morri.
- Está bem. - Diga que morri, e não parem de dançar.
Não se esqueça,...
- Morto. - Sim.
O patrão morreu.
O patrão morreu!
Sim, o patrão morreu.
Acha que está mesmo morto?
Besteira.
Jogue a água fora! Vamos nos embebedar!
Encha bem.
Mas o patrão quer que continuemos a dançar.
Quer mandar mesmo depois de morto?
Música!
Se pudesse se ver agora, Sr. Alfredo!
Não morreu como um patrão!
E que necessidade tinha de soltar todas as vacas?
Para me dar mais trabalho?
Talvez...
Talvez a verdade seja que quando um homem não faz nada a vida inteira,...
tenha muito tempo para pensar.
E de tanto pensar fica velho.
Ao menos, conhecíamos um ao outro,...
sabia que era você que mandava.
Sim, uma grande besta!
Agora, quem sabe como isto vai acabar.
Eu, Alfredo Berlinghieri,...
em plena posse de todas as capacidades mentais,...
desejo deixar em testamento.
Nomeio por meio deste,...
como único herdeiro...
o meu filho mais novo, Giovanni.
Ao meu primogênito Ottavio... "
O que ele disse?
"Primogênito Ottavio".
Primogênito Ottavio,...
Deixo uma anuidade vitalícia de 5 mil liras,...
que ele receberá toda a vida do meu único herdeiro.
Giovanni Berlinghieri.
Também lhe deixo o apartamento da cidade...
na condição de, sem equívoco,...
a inteira propriedade Berlinghieri... "
Volte já para a cama, Alfredo.
O vovô não está bem. Volte já para a cama.
Deixarei...
"a inteira propriedade Berlinghieri!
O vovô morreu!
Não, não, não, não.
- Deixo... - Vovô está morto! Vovô está morto!
"Os novecentos hectares de cultivo,...
"a vila,...
"as fazendas,...
"a maquinaria e os utensílios,...
"todos os animais,...
"o gado,...
"os cavalos e os porcos,...
"as ovelhas...
"vão para o meu filho Giovanni. "
Este turbante,...
eu ganhei de um famoso caçador de tigres.
Tio Ottavio, leve-me com você.
Por que, não está bem aqui?
São todos maus.
- Como gostaria de ir? - Num barco à vela.
- Num barco à vela? - Sim.
Como este?
O que está fazendo?
- Larga isso! - Não.
Não pode mexer nos bichos-da-seda, entendeu?
Eu mexo nos bichos quanto quiser!
É um palhaço!
Não.
Eu sou o patrão!
Os bichos são meus, não devia vir aqui.
Por quê?
Porque quem os alimenta sou eu! Me dê aqui!
Por que te daria?
Mesmo que cuide deles, os bichos-da-seda...
são todos meus.
Até as uvas passas são minhas.
Até a debulhadora mecânica.
Até o cereal.
Este bicho da seda é meu. As vacas são minhas.
E até a família D'Alcò, me pertence!
Até você me pertence.
- Maldito seja, me dê! - Não.
Maldito seja!
Maldito seja!
Agora foge? Covarde!
Ajude-me, vamos. Senão apanharemos os dois.
Se eu quiser te bato até com uma mão.
Não me faça rir!
Pegue o estúpido do bicho.
É dos últimos. Os outros já fizeram o ninho.
Isso não se chama ninho.
Chama-se casulo. Vi num livro.
Tire essas roupas que estão todas molhadas.
É tão leve...
As borboletas saem voando deste buraco.
- Eu nunca vi. - Como a minha irmãzinha.
Nasceu à noite e depois voou.
- Por que voou? - Porque nasceu morta.
É verdade. Se está morto, está morto.
Quando morremos não voamos.
Nos colocam debaixo da terra e pronto.
- Não dói? - Doer?
- Está todo apertado. - Mostre-me o seu.
Parece uma minhoca.
Se puxar a pele fica como o meu.
- Não sai. - Puxa com mais força.
Vai doer.
Pior para você. Se não tem coragem...
não é um socialista.
O que isso quer dizer?
Eu sou um socialista de bolsos rasgados.
Socialista de bolsos rasgados?
Esqueça, não entendeu nada.
Não seja bobo, coloque esta capa.
- Não, não quero! - Vamos, deixe de criancice!
A chuva de granizo parou. Ouça.
Olhe, olhe. Vamos ver pela janela!
- O que é? - É a cidade.
Não pode ser, é muito longe.
É a cidade, juro por Deus.
Aquilo é a Catedral com a doma,...
fui lá com o meu tio Ottavio quando era pequeno.
Olha como as casas são altas!
Não são casas, são campanários.
Um dos campanários está pegando fogo!
É uma fábrica!
Quem sabe eles também podem nos ver.
Papai! Vimos a cidade!
Era enorme!
Depois.
Sr. Giovanni,...
Não via uma tempestade assim desde que me casei.
Chame os homens, os lavradores também.
Faça-os vir aqui!
- Orso! - Orso!
- Duro! - Duro!
- Ceso! - Ceso!
- Oreste! - Oreste!
- Moretto! - Moretto!
- Vecio! - Vecio!
- Bestione! Montanaro! - Bestione! Montanaro!
- Bestione, Montanaro! - Bestione! Montanaro!
Todos! Venham todos!
Temos que enfrentar, homens.
Rapazes, perdemos tudo!
Vinho, tomates, batatas, cereais, a colheita toda.
Portanto, todos temos que fazer sacrifícios.
Não é verdade, Leo?
Então, perdeu a língua?
Vamos, diga a eles.
Diga-lhes quantos cereais perdemos. Conte a eles.
- Metade? - Pelo menos a metade.
Portanto, é simples.
Temos que nos contentar com meio salário. É pegar ou largar.
Quando a colheita dobrar não nos pagará dobrado.
Para ser honesto,...
se eu agisse só em meu interesse,...
teria que mandar todos para casa,...
especialmente vocês, os lavradores!
São um bando de ignorantes, deviam me agradecer!
Porque o único que realmente perde, sou eu!
Então, digam-me!
Quem é o patrão? Quem manda aqui?
Hei você.
Perdemos tudo, não me ouviu?
E, no entanto, têm orelhas bem grandes.
Patrão, o que está fazendo é errado,...
e nos lembraremos disso.
Seu pai era bom, nunca nos fez mal.
Você é maldoso. Trouxe tristeza para nós.
Este homem perdeu a orelha, você perdeu sua alma.
Eu te amaldiçôo, uma maldição que nenhum padre poderá quebrar,...
na sua posição como novo patrão.
Comida. Vamos para casa!
Se machucou?
Sim.
Sim, no trabalho.
Pobrezinho.
Papai, não tem mais polenta.
Papai, ainda estou com fome.
Eu farei você esquecer a fome.
Água!
Deixe passar a água.
Deixe passar a água.
Sr. Abele!
- Sim? - Notícia da Liga!
- O que eles estão dizendo? - Estão se mexendo.
Estão preparando uma greve.
- Onde? - Por todo o lado!
Então, o que aconteceu?
Estamos todos de acordo, sim? Vamos para a greve.
Greve?
Sabem o que significa greve?
Perguntei se sabem o que isso significa!
Quer dizer que estas mãos não trabalham mais.
Que não semeiam mais, não colhem mais o trigo.
Não ordenham mais, não há mais leite para beber.
Todos parados, de braços cruzados,...
entretanto a terra morre!
Sentam com força para chegar até o fim?
Sim. Agora temos a Liga!
A Liga?
Que Liga é essa?
A Liga disse para vocês...
que acabaremos comendo ervas?
Que nos tornaremos maus? Maus mesmo!
Disseram isto para você?
Sim, a Liga é grande. A Liga é forte!
Quer saber o que é a Liga? Escute.
Greve! Greve!
- Greve! - Greve! Greve!
Greve!
- Greve! - Greve! Greve!
- Greve! - Greve! Greve!
- Greve! - Greve! Greve!
- Greve! - Greve!
Gosto desta canção.
Greve!
- Greve! - Greve!
- Greve! - Greve!
- Greve! - Greve!
Greve!
- Greve! - Greve!
Pobrezinhas, não são ordenhadas há 3 dias!
Então? As criadas também estão em greve, hoje?
Desolina, mande o menino ir buscar leite na cidade.
Se ele encontrar um Dalco, saia de perto.
E não pare para falar com ninguém.
Que loucura!
Um estábulo com 100 vacas e tenho que comprar leite!
A greve é uma prepotência intolerável!
É contra a lei.
É contra todos os princípios civis.
Não dá para chegar à razão com eles,...
nem mesmo com o velho!
Eles terão que desistir.
Entretanto, as vacas explodem e o trigo apodrece no campo.
Você, coma!
Ouça:
"As negociações falharam entre a Câmara do Trabalho...
"e a Associação Agrária.
"Zona dos grevistas protegida por um regimento de lavradores.
"Responderemos aos boicotes boicotando a Liga. "
Chega!
Este é o Boletim Oficial.
"Responderemos à greve com o encerramento.
"À violência responderemos com violência.
"Para lidar contra certos instintos animais...
"subversivos, é necessário o chicote. "
Avô, o que são fura-greves?
Umas bestas que trabalham quando tem greve!
- Por que eles não gostam da greve? - Porque são ignorantes.
São muito mais ignorantes do que nós.
Avô, ouça a música!
- O Sr. Dr. Advogado, também veio? - Claro.
Bom dia, reverendo.
Olha!
Olha como corre o Sr. Giovanni!
O Baseti trabalha sentado, pobrezinho!
Aquele é o Campanini! Lá está o advogado,...
e aquela menina de tranças é a filha.
- São todos fura-greves? - Não, são todos patrões.
Como são ridículos!
Olmo!
Olmo! Venha aqui!
Será isto o socialismo?
Os ricos suando,...
e nós pobres, aqui debaixo de uma árvore...
de barriga para o ar.
Bom demais para durar.
Tem sorte, Olmo D'Alcò.
- Por quê? - Por quê?
Eu levei 73 anos para ver um patrão trabalhando.
Toma, acabe esta armadilha para toupeiras.
Olmo.
Apanhe umas folhas e me abane.
O tempo vai mudar.
Ensine-me a construir armadilhas?
Cale-se, vai acordar meu avô.
Como ele consegue dormir com os olhos abertos?
Ele sabe fazer muitas coisas. Uma vez viu o Garibaldi.
Cuidado, se te vêem comigo, vão te bater.
Não.
Eles sabem que eu também sou um socialista.
Vamos ver!
Agora é como o seu!
- O que fez? - Puxei.
Mentiroso! Fez assim.
- Vou te ensinar uma coisa. - Já sei.
Já sei como fazer isto.
Também sou um socialista de bolsos rasgados.
O que é aquela nuvem de pó ali?
São as crianças de Bassa chegando.
- E onde vão? - Para Gênova com a gente.
- Plantar cebolas? - Não, ignorantes.
Os genoveses nos convidaram,...
porque depois de 3 meses de greve...
já não têm nada para comer,...
e o Auxílio Vermelho preparou um trem para ir a Gênova!
Viva as crianças de Bassa!
Viva Gênova. Viva as crianças.
O que dirá à eles?
Espere, deixe-me pensar com cuidado.
Os reformistas querem te dar mais 10 centavos à hora.
- Sério? - Sim.
10 centavos a mais por hora vezes 18 horas de trabalho,...
dá quase um milhão e meio!
Vai se afogar no canal!
Cuidado, vai me matar.
Ouça Zambrone, por outro lado, os revolucionários dizem...
que a terra deve ser de quem trabalha nela,...
e que não deve haver mais patrões e escravos!
Entende?
Sim,...
estudei a língua "italiata"!
Italiana.
- Estudei o "vocabulário"! - Vocabulário!
- E agora? - Já me decidi!
O que decidiu?
Decidi dizer: Viva a revolução!
Viva os revolucionários!
Viva a greve geral!
Viva!
- Viva a greve. - Viva a greve.
Viva a Associação Agrária. Viva a greve.
Sandrone, olha quem vem aí. Um guarda!
O que vai acontecer agora?
Vamos dar à eles uma lição.
Vamos buscar o cassetete.
Vejamos agora do que são capazes.
O que está acontecendo?
Encontramos eles! Vamos levá-los para a prisão!
Já chega!
Dispersem!
Dispersem!
Depressa, meninos!
Que vergonha!
Não têm vergonha? Batendo até nas crianças!
Covardes! Voltem para seus patrões.
Desçam dos cavalos. Covardes! Traidores!
Evacuem a praça!
Vendidos! Voltem para casa!
Olmo!
Olmo, a tua sacola!
VIVAA GREVE NAAGRICULTURA
JUNHO 1908
Olmo!
Olmo! Onde você está?
Olmo, esqueceu sua sacola com suas roupas e coisas.
Olmo! Olmo!
Não sou um covarde, Olmo.
Não sou um covarde!
Aquela é a minha casa!
Olhem, olhem! A torre da igreja!
A PRIMEIRA GUERRAACABOU...
Hei Arazini.
Sonhei novamente com a sua amada. Tem seios que derramam mel.
Sonhei com sua irmã. Ela sai com qualquer homem.
A perna deste aqui está ficando azul.
- Chame o sargento! Chame o sargento! - Sargento, não.
Traga o médico aqui.
Mexam-se. Mexam-se.
Olhe para eles, homens.
São a vergonha da Itália! Desertores, traidores!
Olhem os criminosos, deviam colocá-los frente a um pelotão de fuzilamento!
Turo! Turo!
Olmo, também te pegaram?
Vão matar a todos!
- Quieto. - Maldito seja o rei!
Malditos sejam todos!
Olmo! Olmo!
- Olmo! - Quieto.
É você.
Regina.
Vá embora.
Vá embora!
E troque de roupa, a guerra acabou!
Sim, senhor tenente!
Já disse saia, saia, saia.
Fecha a porta, Regina! Feche a porta.
Olhe só!
Vincenzo!
Ele voltou!
Armida!
"Ouça papai, eu não sei bem o que tenho no corpo.
"Só sei que não terei paz enquanto...
"não encontrar as 3 laranjas do amor.
"Deixe-me procurá-las.
"O rei disse que era só um capricho,...
"mas vê-lo sempre tão pensativo... "
E depois? Vamos, leia!
Anita, não vai ler mais?
- Você deve ser o Olmo. - Sim.
- E você? - Anita. Anita Furlan.
Veio do norte?
- Sou da província de Verona. - Verona?
Nós acampamos em Verona.
- É refugiada? - Sim.
Perdi a família toda.
Ande logo.
Pesado, não é?
Anita, como acaba a história?
Continue!
- Continue! - Está bem.
"E o rei tentou... "
- Atenção! - Às ordens!
À vontade!
Cretino! Já não reconhece os amigos?
Sou eu, estúpido!
Tenente, será rebaixado!
A guerra acabou, ninguém pode nos dar ordens agora.
- Agora, sim, me agrada! - Sério?
Então me beije, meu herói!
Ninguém tomou conta dos teus bichos-da-seda.
Agora só há ratos aqui dentro.
Como nas trincheiras.
Lembra quando vimos a cidade daqui, e ninguém acreditava?
Parecia tão perto!
Também viu a guerra daqui?
Patrão da casa, que descanse em paz.
Vai para o diabo você, o teu pai, a tua mãe, os seus irmãos.
De manhãzinha, nas tendas, o encontrarão morto.
Encontraram ele morto.
Não, Olmo, a nossa parte acabou.
Não dividimos mais meio a meio?
Olmo, é inteligente,...
esteve fora, muitas coisas mudaram sem você saber.
Só sei que dividíamos sempre meio a meio.
O patrão teve que alugar as máquinas e pagou os lavradores.
- E então? - Foi um ano desgraçado.
E viva o nosso herói!
Mesmo metade era um roubo.
Somos nós quem trabalhamos!
Não querem dar nem a metade?
Sabe por que tive que buscar tantos lavradores?
Porque quase todos vocês, homens, foram se matar na guerra...
como idiotas!
Papai! Não é justo, desculpe-me.
Pai, não tem o direito de dizer isso!
Cale-se e brinque de guerrinha se quiser.
Sabe quanto me custou manter a casa?
Quanto é que custou?
Mais do que vocês valem.
Eu também queria ir, mas você não deixou.
Claro. Sim, uma belíssima espada.
Realmente.
E corta muito bem! Muito bem!
Olha, pai, olha!
Parabéns, tenente.
Bravo! É só isso que sabe fazer?
Na sua idade, para cuidar do estábulo,...
levantava-me às quatro!
E vocês devem se lembrar disso!
Na época da escolha do grão, era o primeiro a levantar...
e o último a ir para a cama.
Tentem negar! Era assim ou não?
Neguem, se conseguirem!
- É tão bom, o meu priminho! - Obrigado,...
ainda sei fazer melhor.
Para ampliar a propriedade.
Hoje não há mais valores! Respeito,...
devoção à Igreja, amor pela terra,...
lealdade com a família e confiança nos bancos!
Acalme-se, por favor.
E respeito!
Respeito! Respeito! Respeito!
O patrão queria dizer...
que não tinha ninguém aqui para trabalhar,...
assim, teve que alugar máquinas modernas,...
máquinas que como vocês, custam dinheiro.
Máquinas que simplificam a vida.
Sim, é uma mudança,...
mas no sentido do progresso.
Vejam,...
são um espetáculo!
É pesado, não é?
Eh, o que está fazendo?
Pare!
Pare!
O exército não te ensinou nada?
- Quem é este? - Attila Melanchini,...
- o novo capataz do meu pai. - Sou um soldado como você.
Ouviu o patrão.
Tem sua parte no grão.
Ele te deu tudo o que podia.
Trabalharemos juntos, agora.
Sabe, eu te compreendo.
Não, Olmo! Olmo! Chega.
Mulheres, ouviram o patrão?
A culpa é dos nossos homens, que foram à guerra para morrer.
É também culpa dos lavradores, porque trabalham...
como bestas durante o dia e querem ser pagos por isso.
É nossa culpa, porque temos fome e pegamos doença!
E é também nossa culpa se morrem 2 em cada 3 filhos!
Venham aqui.
O patrão ficará muito contente se levarmos...
um pouco do nosso cereal e deixarmos o resto.
Vamos, sirvam-se.
Fala muito bem para uma camponesa.
Sou professora.
É a primeira vez que tenho uma namorada instruída.
Sra. Professora,...
acabou a aula?
Olhem o galo da capoeira!
Tome, bique isto.
Chega! Parem! Muito bem.
O que há? Onde é que vão?
Celebrar o São Martinho. É 11 de Novembro, não é?
Fomos despejados.
Os sacanas dos agrários, sempre se aproveitam!
O contrato ainda não expirou e fomos despejados.
- Nós somos da Liga. - A colheita acabou.
O patrão me pediu para fazer sem-vergonhices...
Agora também querem as nossas mulheres.
Esse desgraçado!
Oreste, seu teimoso!
Sai daí, não serve para nada!
O meu contrato expira dentro de um ano.
Ninguém vai me mandar embora.
Nem o exército.
Por Deus!
Oreste!
Oreste!
Oreste!
Vá embora, Oreste!
Lá vêm os diabos a cavalo!
Levarão tudo!
Fuja Oreste!
Nem mesmo o Papa! Nem mesmo Jesus Cristo...
vai me tirar daqui!
Faz 40 anos que estou aqui!
Estou farto!
Malditos filhos da mãe!
Vocês sabem que ficarão impunes!
Precisamos de novas leis, de um novo governo...
para acabar com a injustiça.
Leis que nos livrem desses delinqüentes.
- Oreste! - Leis!
Papai, pare!
- Leis que nos dêem voz... - Está delirando! Oreste!
Para sermos ouvidos. Porque sabemos como são as coisas.
Porque aqueles que lavram a terra são mais inteligentes...
do que aqueles que não fazem nada.
Os pobres camponeses não podem continuar assim.
- Chega, Oreste! Volte! - Vocês querem nos roubar.
Querem tirar nosso sangue. Então, vou pelado para Roma.
Eles me ouvirão. Vou de cuecas.
- Seus Judas bastardos. - Oreste, pare! Pare!
- Não! Deixe-me ir! Deixe-me ir! - Não. Oh!, não!
Não! Deixe-me ir!
Olhe o que estou fazendo, seus covardes!
Vão trabalhar! Cuide da sua vida!
Vão trabalhar! Sabem o que isso quer dizer?
Miseráveis, filhos da mãe!
Já era hora de chegarem.
Vão expulsar aqueles desgraçados!
Dê-me prazer! Ah! Dê me prazer!
- Dê-me prazer! - Não posso.
Nem um elefante te daria prazer.
Eu preciso de um homem de verdade!
Em nome da lei, saiam da casa.
E os meus filhos vão dormir debaixo da ponte?
Dormirão na prisão, se não saírem.
Metam os patrões na prisão, que não respeitaram os contratos!
- Em nome da lei... - Qual lei?
A lei está do nosso lado, o contrato acaba dentro de 1 ano!
Os patrões querem roubar de vocês 1 ano de trabalho.
Querem nos mandar embora! Porque somos socialistas.
Desçam depressa, precisamos de vocês também.
Coragem, mulheres! Este é o último...
São Martinho que fazemos!
Esta lei covarde está sempre do lado dos patrões!
A lei sempre os protege!
Não vão embora! Desçam, fiquem com a gente!
Não os deixaremos passar!
Não os deixaremos passar!
Parem, parem! Querem mandar o Oreste embora!
Chega de São Martinho!
Vamos para casa! Saiam das carroças!
Patrulha à esquerda!
Patrulha, pára!
Aranzini.
Agora a Guarda Real fará um belo São Martinho.
Desembainhem as espadas!
Venham comigo, vamos buscar as varas!
As varas, depressa!
Avante, todos juntos!
Terão que matar a todos!
Não passarão daqui!
Avante homens, avante! Ensinaremos a eles uma lição!
Bravo, jovens! Vamos fazê-los entender que não se toca na propriedade!
A propriedade é inviolável!
Parem! Cavalaria, parem!
Plutão, retirar!
Bravo, bela investida! Seu monte de merda!
É assim que nos defendem?
Ordinários! Covardes! Preguiçosos!
Eu os pegarei! Delinqüentes!
- Criminosos! Bolcheviques! - O que está pensando?
Quer fazer guerra sozinho?
Danem-se!
Vão!
Vamos. Vamos!
- Aparece, querem te ver. - Não, não estou bem vestido.
- Estou todo desalinhado! - Estão todos aqui e querem te conhecer.
O que está esperando? É a sua chance!
Dizem que deveríamos fazer como em Rivarolo,...
mas houve quem morresse, e agora os vermelhos têm um mártir...
e até será erguido um monumento na praça para ele.
- Portanto eu digo... - Está enganado, Pioppi.
Você é o tipo de pessoa que mesmo com o trunfo na mão, não negociaria.
Cometeram um erro em Rivarolo:
Só fizeram um mártir.
Se eu bato uma vez ou duas no cão, não adiantará,...
mas se eu bater dez vezes, ele aprende!
Posso falar?
Nesta igreja foram batizados,...
receberam a Crisma.
Nesta igreja nos casamos.
Um dia, vão nos carregar...
por aquela porta num caixão.
O mais tarde possível, espero.
Todos sabemos o que eram os Cruzados.
Sabem o que eram os Cruzados?
Jovem, estamos falando de coisas do interesse de vocês.
Obrigaram-me a vir. Por que não me deixam em paz?
A Igreja, até a igreja,...
quando foi necessário usou a força.
Quem são estes Bolcheviques, afinal?
Semi-asiáticos. É o que eles são.
Como os sarracenos. Mongóis subversivos.
Daqui a pouco, se continuar assim,...
vão nos matar e nos expulsarem! E levarão tudo!
Tenho razão, ou não?
Tenho razão, ou não?
Pioppi?
Isto é só conversa!
Temos que matar a todos!
Não queremos violência ou vingança.
Queremos ordem.
Nós somos os novos Cruzados.
Temos que derramar coragem nos nossos jovens.
Eles esperam apenas um sinal nosso.
Então, vamos dar a eles esse sinal.
Mexa-se, vamos!
Já salvamos a Pátria uma vez.
Estivemos nas trincheiras,...
hoje estamos aqui.
É justo, quando nasce uma empresa,...
é preciso capital de arranque.
Solidariedade!
A Itália precisa de incentivos.
Nenhum bastardo teria feito isto.
Na cidade também se trabalha.
Imagine a cara do meu pai se nos visse juntos.
O teu pai, "Respeito! Respeito! Respeito!"
É apenas um ladrão exigindo respeito,...
como todos os patrões.
Sim? Quando eu for patrão, serei muito pior do que ele.
Nesse dia, te estrangulo!
Deveria conhecer o tio Ottavio.
Iria gostar, não é como o meu pai, pensa como nós.
Conheço esta música. Sei o que é.
Montanaro! Sou D'Alcò!
Lembra-se de mim?
O careca bastardinho,...
deixe-me olhar para você!
Quanta polenta comemos juntos!
- Quanta polenta! - Olmo!
Espere por mim.
Eu volto já.
Vamos ajudar esta linda moça.
Não se incomodem...
Lembra-se do Montanaro?
Eu volto já!
Senhorita, nós somos gêmeos, sabia?
Que mentiroso, está me cantando.
É verdade! Fazemos tudo juntos.
O que é dele é meu e o que é meu é meu.
É isso mesmo.
- Bom dia, minha senhora. - Bom dia, senhores.
- Nicoletta, onde vai? - Lá embaixo.
- Serviço completo. - Obrigado.
- Onde colocamos, senhorita? - Na mesa.
Rosolio caseiro!
Faz tanto tempo que não bebo.
Quer um pouco?
Sim, desde que eu ofereça.
Quero pagar muito bem o seu Rosolio.
Espere, este também. Eu pago sempre bem.
E mais este.
Vá para o inferno, você com o teu dinheiro.
Por quê? Ela está contente.
Também vai beber com a gente.
É melhor não, vai me fazer mal.
Se não quiser beber, então se despeça.
Viu? Eu sabia que era uma puta.
Não é,...
apenas precisa de dinheiro.
Se não fosse, não aceitaria o meu dinheiro.
É o teu dinheiro que a torna uma puta.
Seja como for, ela me deixou sem nada.
E vocês, o que esperam? Não vão se despir?
- Vai você primeiro. - Não, depois de você.
Insisto, você primeiro!
Não, você pagou, vai você.
- Estou com frio. - Eu estou tremendo.
É mais velho do que eu.
- Quem quer que vá primeiro? - Os dois.
Os dois juntos?
Sim, assim encerro cedo.
Sabe? Também fiquei debaixo do trem.
- Que trem? - O trem do Auxílio Vermelho.
Eu me deitei e passou sobre mim.
Quem começa?
O teu amigo está um pouco...
Talvez você consiga melhor do que eu.
Você tem uma namorada?
- O que você quer? - Estava pensando na bela Anita.
- Deixe Anita Quieta! - É sua namorada?
- Beba você também. - Não, obrigado,...
isso me deixa esquisita.
Isto é bom.
Beba, que nos divertimos mais.
- Vai casar com ela? - Já é minha mulher.
Mas não somos casados, é a minha companheira.
Nada de casamentos, são bolchevistas.
O amor livre, sabe?
Está com a mão cansada?
Você sabe o que é o amor livre, não sabe?
Não me façam perguntas difíceis.
- Responda! - Deixe-a!
Eu não sei nada, não sou instruída.
Está gozando comigo, minha cabra?
Você sabe o que é o amor livre.
Tenho vergonha.
Tenho vergonha.
Por favor,...
vão embora.
Por favor, vão.
Eu lhes peço.
Saiam!
Meu Deus!
Ela é epilética!
Depressa, vamos embora!
Chame alguém! Vamos, chame alguém!
Minha senhora!
Não trema assim, acalme-se!
Chega, por favor, chega!
Não.
- Nós não fizemos nada. - Deixem-na.
Sua idiota,...
não sabia que não pode beber?
- Chamo um médico? - Não adianta.
É preciso ter paciência.
Alfredo!
Tio Ottavio!
Sou eu, o Alfredo!
Tem alguém em casa?
- Olá! - Quem é?
Desculpe, não queria incomodar...
- O Ottavio não está. - Voltarei mais tarde.
- Tem um cigarro? - Sim.
Não, não fumo.
Bravo, bela notícia.
- Quem é você? - Sou Ada e quero um cigarro.
Eu sou o Alfredo e quero o meu tio.
Um charuto?
- Meu salvador! - Por tão pouco?
- Tio Ottavio. - Por que está aqui?
Tem sido um dia ruim.
Vim à cidade para me divertir e pego uma epilética.
Já viu uma epilética?
- Posso tomar banho aqui? - Com certeza.
Mario, traga aqui.
Aqui, coloque aqui.
Passei toda a manhã no leilão.
Meu Deus, como a busca da beleza é cansativa.
Pobrezinho, se mata de trabalhar.
Dê uma olhada.
É magnífico.
Claro que ninguém gostou.
É de um pintor alemão, um jovem.
Uma descoberta minha.
- O que acha que ele está fazendo? - Dormindo.
Não, está morto.
Está dormindo, eu digo.
Está morto.
- Olha para a mão. - A mão está morta, mas ele dorme.
Sabe? Estou apaixonada.
- Outra vez? - Sim, mas desta vez é sério.
- Deixa eu adivinhar: Ítala? - Bugatti.
- Sedan? - Torpedo.
Mas é um amor impossível. Muito caro.
Torpedo, estou pensando em comprar um amanhã.
- Sabe dirigir? - Sim... ou melhor, não, mas não é difícil.
O seu sobrinho é um mentiroso.
Parabéns, sem piedade!
Faça aquele meu irmão avarento gastar o dinheiro!
E a sua mãe?
Pinta a toda hora.
"A difusa névoa de Bassa".
As minhas terras perdidas.
Ottavio, me empresta o carro?
Levo o seu sobrinho em casa.
O sobrinho está pronto!
"Broom, roar,...
primeira, segunda e terceira.
Ouça a audaciosa mudança.
"A quarta é antipática, cinzenta e burocrática. "
Gosta?
Sim, é bonito.
Um pouco moderno, mas...
Moderno? Ignorante, é um poema futurista!
Agora leia o outro.
"Cigana, o que me deu ainda dura,...
um beijo e o teu sorriso de perjúrio"
Gostei!
Sério, pena que são tão curtos.
É por isso que é bonito.
O que está fazendo?
Nós dois já lemos, isso já basta.
E jogamos fora?
Por que não nos deixam passar? Bestas!
Linda senhora!
Eu quero passar.
Avance!
- O que ele disse? - Passe agora.
É o momento certo para ultrapassar.
Avance!
Aqueles marginais são teus amigos?
Não, não são meus amigos.
Quem sabe onde esses doidos vão fazer estragos?
Eles me dão nojo!
Não quero vê-los. Não quero ver nada.
Estou cega!
O que está fazendo? Olha para a frente!
Já te disse que não sei dirigir! Acabaremos numa vala!
Eu não quero olhar! Não vejo nada!
- Estou cega! Estou cega! Cega! - Freie!
- Cega! - Não.
É a...
juventude...
do mundo.
Pietro, leia em voz alta o que escreveu.
"O comunismo é a juventude do mundo. "
Olmo,...
pode explicar o que isso quer dizer?
O que quer dizer?
Quer dizer...
- Senhora professora. - Colega.
Senhora colega.
Eu tenho 71 anos, mas como sou um comunista,...
na cama sou melhor que um rapaz.
Nós viemos aqui para aprender e não para nos gabar.
Chega por hoje.
Hoje faremos a guarda na casa do povo.
Estudaremos esta garrafa!
Vamos?
Foi um dia extenuante.
Estive na cidade com o Alfredo e...
- Olha... - Não nos divertimos.
Eu me saí bem, não acha?
Passeamos.
Bebemos um pouco...
Sabe, não é?
Essas coisas que fazem na cidade.
Eu sei.
Sim.
Que estudantes que você tem! O mais jovem deve ter uns 80 anos!
Estão alojados no palheiro, por isso eu...
Perde tempo ensinando aqueles 4 velhos.
Para que eles te servem?
Eu preferia ter ido ao baile, mas você não estava!
Dançar com esse barrigão?
Anita!
Não!
Anita, não!
Agora me sinto melhor.
Eu também.
Venha!
- Nove. - Nove!
- Cinco! Sete! - Cinco! Sete!
- Seis! Cinco! Sete! - Seis! Cinco! Sete!
- Cinco. - Cinco.
O que você tem na cabeça?
O quê?
- Tem outra mulher? - Não.
- Não? - Não, não.
Não tenho.
Vamos dançar.
Alguma vez dançou num palheiro?
Não, é a primeira vez.
Espera, vou buscar qualquer coisa para beber.
Obrigado.
Pago depois.
Com certeza.
Alfredo!
Alfredo, onde está?
Alfredo!
Não me deixe sozinha!
Alfredo!
O que há com ela?
Não é nada.
Eu sou cega. Eu não vejo.
Esta música é tão bonita,...
por favor, não parem de tocar por minha causa.
Vamos, toquem. Música!
Mais depressa! Mais depressa!
Mais depressa! Que lindo!
Faça-me voar!
Ela tem uns olhos tão bonitos...
Sim, lindos.
Alfredo, beije-me.
Olha para aquela garota cega.
Quer um pouco de vinho?
Sim, tem que beber!
Se eu preciso beber, você também precisa.
- Certo? - Sim.
- Cega, não é? - Mas você não é o Alfredo!
Quem é você?
Que vergonha! Não tem pena de uma pobre cega?
Monstro!
- Alfredo! - Chega deste jogo!
Bonita, não é?
Alfredo, como pôde fazer isto comigo?
Alfredo, nunca mais me deixe só.
Pare com isto!
É cruel!
Não se zangue.
Este é o Olmo, o meu melhor amigo e esta é a Anita...
Esta é a Ada. Esta é a Anita e esta é a Ada.
- É suave. - Imagine o que é isto.
- É quente. - Quente, sim.
Parece bom, sim.
Tão bonito! Que lindo!
Primeiro com uma epilética e agora com uma cega.
Se continuar assim vai abrir um hospital.
O cego aqui é você.
Está pronto?
Uma pobre ceguinha, não é?
Obrigada, me salvou.
Pensei que teria que continuar a noite toda.
Veio aqui toda elegante e perfumada para nos gozar?
Estúpida!
Como nos chamam? Rústicos? Saloios?
Sim, tem razão. Acontece comigo muitas vezes.
Tem horas em que é mais forte do que eu. Não consigo evitar.
Então, fecho olhos e começo a esbarrar nas pessoas.
Então abra os olhos!
O que é que você vê? O que vê?
Vejo que eu estou feliz.
Não devemos mudar, devemos ser sempre os mesmos.
Dêem-me as mãos. Assim, todos!
Assim, assim.
Olhem!
É horrível!
Lamento, peço desculpas a todos.
Foi uma brincadeira estúpida.
- Foi tolice da minha parte, eu sei. - Não se preocupe.
Desculpem.
Lamento, não queria ofender ninguém, me perdoem.
Eu não sou cega! Perdoem-me.
Posso ver bem! Olhem, não sou cega!
Vejo todos vocês!
Ela está bêbada ou...
Por que não acredita em mim? É uma brincadeira.
- Ela não está bêbada, é fantástica. - Posso ver como vocês.
Ela fuma, sabe guiar e até escreve poesia.
É muito moderna. Não consegue entender.
Não consegue!
É um camponês!
Venham! Venham todos!
Onde vão, por que não me ouvem?
Cuidado.
Venham! Corram!
Fascistas, covardes!
Matarei todos!
O que tem?
Escute...
Mas quem é você?
Você não me conhece!
O que quer de mim?
Está me incomodando.
O meu nome é Ada Chiostri Polan.
Tenho 21 anos, a pior das idades.
O meu pai desenhou a cabeça do rei nas notas de 10.
Vivemos sempre rodeados de dinheiro...
sem possuirmos nenhum.
Sou órfã.
Há 3 anos, os meus pais tiveram a bela idéia de organizar...
uma expedição alpinista para milionários.
Desapareceram no Monte Branco.
Morreram como viviam: Além das suas possibilidades.
Não tenho irmãs nem irmãos.
Posso ir onde quiser e viver com quem quiser.
A casa do povo está em chamas!
A casa do povo está queimando!
A casa do povo está em chamas!
Não quero.
Não, não quero. Não quero!
Não, não quero. Não quero!
Não!
Não.
Venha aqui.
Beije-me. Beije-me.
Por que não me disse que era virgem?
Porque não teria acreditado em mim.
É verdade.
Então não é amante do meu tio Ottavio.
Eu, amante do Ottavio?
Não!
Acordem!
Pietro Pecorai, de 78 anos.
Acordem!
Camponês.
Acordem!
Explorado pelos patrões,...
morto pelos fascistas.
Acordem!
Décimo Monatti, de 74 anos.
Camponês desde os 8 anos!
Explorado pelos patrões,...
morto pelos fascistas, morto pelos fascistas.
Acordem!
Giosuè Zuelli, de 72 anos.
Acordem!
Camponês desde os 7 anos!
Explorado pelos patrões,...
morto pelos fascistas.
Acordem!
Abram as janelas!
Por que não vem ver?
Acordem!
Não querem ver?
Desçam e venham ver.
Acordem!
Acordem!
- Acordem! - Acordem!
Olha, ninguém!
É tudo inútil.
- É o fim. - Não.
- É o fim! - Não.
Não, não!
Somos fortes!
Somos muitos.
Somos unidos!
- Vão nos matar! Vão nos matar! - Não, não, não.
Não.
Escuta! Não estão ouvindo?
Escuta, estão chegando.
Estão chegando!
Sim, estão chegando.
Estão aqui. Olhe Anita.
Sinto-me mal.
- Será o bebê? - Você é um bebê.
Ainda falta muito.
Acabou.
Viu?
Uma multidão dessas.
São todos familiares.
- Não acredito. - Eles são mais de mil, Baroni.
Mas são, pelo menos, uns mil.
Estão dizendo que não foi acidente. Foi planejado.
Há pelo menos 2000 comunistas na rua!
Baroni, parece que veio de um funeral.
Está arrependido?
Acha que fez besteira?
Nada de arrependimentos! Nada de medo!
Só temos que temer a nós mesmos.
Devo fazer uma penses?
Ficaria mais elegante.
Eu não quero ser elegante. Quero ser forte.
Não é uma camisa! É um símbolo!
É como se fizesse uma bandeira para o povo.
- Certo, Baroni? - Mais másculo?
Isso, não quero ser bonito, sim, mais másculo!
Todos terão uma camisa negra e usarão até a morte!
Dê-me o gato.
Ouçam, o comunismo é astuto.
Apela aos seus sentimentos, como faz este lindo gatinho...
que mexe com os nossos sentimentos.
O comunismo é uma epidemia que pode destruir o mundo.
Venham aqui fora.
Façamos de conta que este gato sofre de comunismo.
Não devem se preocupar com ele,...
mas devem proteger todos os outros gatos do mundo.
Têm que preservá-los da epidemia.
Olhem fixamente este gato e digam:
"Isto não é um lindo gatinho, isto é um comunista. "
E devem destruí-lo!
O que devemos fazer com comunistas?
Cagar neles!
E aos da Liga?
Cagar neles!
FIM
Não quero voltar pra casa.
Jura.
Jure que nunca se tornará um patrão gordo e ordinário.
Jure, jure!
Eu juro! Eu juro!
Jure que me amará para sempre e que nunca casará comigo.
Jure, jure!
Juro que me casarei com você para sempre!
Trapaceiro!
Dê-me sua mão!
A mão? Nunca!
- É um grande mentiroso. - Um pouco de silêncio, por favor.
O que é?
- Ottavio? - Estou fazendo um trabalho delicado.
O que é?
Fotografia artística!
Mas quem são vocês? O que estão fazendo?
Somos divindades dos bosques.
E estamos com fome!
Agora que descobriram o meu amor secreto pela fotografia...
Nós sabemos guardar segredo.
Quem te contou?
Sr. Ritter acabou de chegar no trem de Florença.
Ele está dizendo o que todos estão comentando.
Não está só falando, ele viu com seus próprios olhos.
Carabineiros e Guarda Real armada...
por toda a linha férrea.
- Estão marchando para Roma. - Acha mesmo?
O pelotão de frente chegará quando menos esperar.
E Roma, todo o sul dará passagem.
Mussolini é um escultor com as palavras. A cada discurso...
Ele é um artista. - Ele só conhece uma coisa.
Qual é a grande pergunta?
Ele é um especialista, um especialista.
A espiritualidade. Saúde.
O que estão fazendo, vão me deixar sozinho?
Não me querem com vocês?
Claro!
Ele disse claramente:
Bem na sua cara.
Ou o comissário se mete nos seus negócios,...
ou acontece um desastre em Nápoles.
- É sempre assim. - Ele sempre interfere.
Polêmico demais. Polêmico demais.
Óleo de rícino pela manhã...
É o único jeito dele se manter firme.
- É hora de se manter firme. - Fomos muito moles com eles.
Na Câmara do Comércio ninguém sabe de nada.
Nunca sabem. Nunca sabem, e nunca saberão.
Mas não é uma manobra política, não é?
A Câmara do Comércio...
A Câmara do Comércio! É mais que política. É revolucionária.
Contudo, alguém na Câmara do Comércio deveria ter contado.
Olhe! Nosso fotógrafo.
Onde está indo?
Volto já!
- O que fez? Mascarou-se? - Estamos construindo a Itália aqui,...
e o uniforme facilita o comércio.
Coloque ali.
Obrigado.
- Estamos de partida? - Sim, assim que estivermos prontos.
- E para onde vamos? - A Taormina.
Taormina? É um destino.
- Por que? - Porque é Sul!
É o mais longe possível desses rústicos de uniforme.
Com isto aqui, vai ainda mais longe.
Ainda mais ao sul.
Cocaína!
Cocaína?
Também quero experimentar.
Downloaded From www.AllSubs.org