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Meu nome é Marcus du Sautoy.
Eu irei participar de um experimento médico,
um que foi projetado especificamente
para me privar de minhas capacidades.
Respire fundo...
Presumivelmente, isso poderia me matar?
A resposta sincera é sim.
Eu serei levado ao limiar da consciência...
...e, nesse processo,
irão alterar minha noção de quem sou eu.
Eu espero descobrir o que me torna 'eu'.
# Ele tem o potencial para derrubar
# minha consciência inteira, ao ponto de me matar.
Esse é apenas um de uma série de experimentos
nos quais eu me tornei uma cobaia humana,
e me sujeitei a uma série
de *** estranhos e maravilhosos...
...para explorar algo que parece tão simples
mas que, no entanto, é quase impossível de se explicar.
Agora, antes de que você o faça,
já fez isso em si mesmo?
Ao longo da jornada, eu permitirei que cientistas
lancem eletricidade em minha *** cinzenta.
E eu descobrirei quando passamos a ser conscientes
de nós mesmos como indivíduos.
Os problemas que enfrentarei
serão igualmente fascinantes e chocantes.
Até seis segundos antes de você se decidir,
nós podemos prever qual decisão você irá tomar.
- 6 segundos? - Exatamente, 6 segundos.
O que eu estou tentando entender
é como a ciência moderna está buscando responder uma questão
que tem fascinado os seres humanos há milhares de anos.
Eles a chamam de "A Busca pela Consciência".
Eu simplesmente a chamo de "A busca por mim".
O 'VOCÊ' SECRETO
Eu sou um matemático.
É um trabalho que envolve bastante resolver problemas.
Mas eu não saberia lhe dizer
de onde sequer vêm as minhas melhores idéias.
Vinte anos atrás, eu fazia o mesmo percurso
que estou fazendo agora - de Paddington para Oxford.
Eu era um estudante de PhD na época,
fazendo meu PhD em matemática.
Foi antes de me tornar matemático profissional.
E o que aconteceu naquela jornada
realmente mudou minha vida.
Eu estava realmente preso nesse problema complexo.
Eu estava trabalhando nele há meses,
e eu não estava conseguindo chegar a lugar algum com ele.
E, então, de repente, esse flash surgiu em minha cabeça.
Foi como um flash de eletricidade, ou algo assim.
Eu, de repente, vi como resolver esse problema.
Tudo ficou claro naquele momento.
Foi uma descarga de adrenalina.
Perceber que eu havia resolvido esse problema
no qual estava trabalhando...
Desde o começo, quis saber: de onde vêm essas idéias?
Eu quero mais delas!
Ela, de algum modo, veio ao olhar pela janela,
pensando sobre o nada, creio.
Eu me considero um homem bem-conservado de 43 anos.
Trabalho em Oxford, sou casado e tenho filhos.
Mas em minha cabeça, há todo um mundo que posso explorar,
um universo privado, o qual é único e pessoal.
Nele, eu posso até viajar no tempo,
através das memórias que compõem minha vida,
ou, se eu quiser,
eu posso, simplesmente, apreciar o presente.
Mas como é feito esse mundo interior?
Como o meu cérebro transforma as cores
em uma experiência pessoal em minha mente?
Como eu vivencio a sensação do Sol em minha pele?
Ou, no mesmo contexto, o som de uma voz?
Essas sensações são algo em que nunca pensamos.
Então, pare por um momento,
e pense no que você está consciente, nesse momento.
Como você sabe que está consciente disso?
Essas sensações permitem
que eu saiba que estou vivo, que eu sou 'eu'.
Sem elas, tudo desapareceria.
Sem elas, eu desapareceria.
Nós não temos uma equação que explica a consciência.
Mas haverá alguma forma de medir ou testar
essa indescritível experiência de nosso mundo interior?
Haverá uma forma de juntar evidências consistentes,
as quais, definitivamente,
nos permitam explicar o que se passa em nossas cabeças?
Eu não consigo me lembrar
de quando comecei a me conscientizar de ser 'eu'.
Mas eu vi isso acontecer com meu filho.
Ele tem 13 anos, agora,
com o seu próprio mundo interno,
um do qual eu jamais estarei a par.
Mas quando foi que ele se tornou consciente
de suas próprias e únicas experiências?
Você realmente parece um rockeiro punk aí.
Você acha que esse é você?
Você era uma gracinha.
Digo, é estranho pensar que
essa é a mesma pessoa quem você é agora.
Eu acho que isso é o Grand Canyon...
- Eu estive no Grand Canyon? - Você esteve no Grand Canyon!
Você não lembra, mas eu me lembro, porque foi a 1ª vez
que eu vi você se assustar.
Mas acho que isso foi quando você estava com cerca de...
...18 meses, por aí.
Então, você realmente...
Eu achei que você fosse você, naquele momento,
e foi quando realmente senti: "Oh, isso!"
"Eu tenho um garotinho para ir ao cinema comigo,
para o zoológico, para o Museu de Ciência".
Então, meu primeiro pensamento é:
quando começamos a ter consciência de nós mesmos?
Para responder a essa pergunta,
eu vim à Universidade de Portsmouth,
para assistir a um renomado experimento,
chamado *** do Espelho.
A Professora Vasu Reddy é a responsável.
Quando temos certeza de que a criança
realmente viu a si própria no espelho por uns segundos -
fez contato visual com si própria,
nós pomos a mãe ao lado e, basicamente, lhe peço
para pegar um lenço de papel
e fingir que está limpando o nariz da criança,
e, enquanto ela faz isso, colocar sorrateiramente
uma dessas marcas,
que é uma forma pela qual você pode fazer esse ***.
Certo, então, isso será colocado no bebê...
Logo abaixo da bochecha...
Mas levemente para a frente, de modo que você possa vê-lo.
O primeiro é Owen, de 16 meses, e seu pai, Gavin.
Se Owen souber quem ele é, ele irá perceber a marca
e saber que está em sua bochecha.
Basicamente, visamos o momento quando a criança, finalmente,
por sua própria conta,
olha para o espelho e capta sinais dele.
O que queremos são evidências consistentes,
sinais claros de ver o rosto no espelho
e imediatamente mover a mão para tocar a marca.
Veja, é maravilhoso.
Ele está claramente olhando-se no espelho,
mas você não acha que ele tenha uma auto...
...um senso de autoconsciência.
Eu diria que ele não fez o que é necessário para passar
no *** do espelho de autoconhecimento.
OK, isso é interessante.
A seguir, é a vez de Bethan.
Essa garota tem quantos anos?
- Ela tem 22 meses. - 22 meses.
Uma vez que ela faz contato visual,
sua mãe Lisa põe a marca em seu rosto, conforme instruída.
Mostre-me seus joelhos.
Isso foi extraordinário.
O momento em que ela se viu.
- Claro e controlado. - Absolutamente.
"Essa sou eu. Ah."
Ela reconhece que a pessoa que ela sente em seu corpo
é a mesma daquela do contato visual.
Certo.
Uma e outra vez, esse *** demonstra
que é entre as idades de 18 e 24 meses
que nos tornamos autoconscientes.
Mas a questão de como isso ocorre permanece um mistério.
É estranho pensar que houve uma época
quando eu me olharia na frente daquele espelho
e, olhando para mim mesmo,
eu não perceberia que aquele era eu.
Eu não teria tocado aquela marca.
Nós nunca pensamos em nosso sentido de autoconsciência.
Mas, talvez, deveríamos.
Talvez seja algo bastante especial.
É meio curioso pensar - o quão único é isso?
Os seres humanos são os únicos que têm essa noção do 'eu'?
Eu sempre me perguntei se os animais têm consciência.
Eles têm uma noção do 'eu'?
Um elefante sabe que é um elefante?
Como eu poderia saber que ele sabe?
Onde a consciência pára?
Ou, talvez, não. Talvez seja uma gradação.
Poderia uma única célula ser consciente?
Para descobrir isso,
vim a Nova York para encontrar o homem por trás
do *** do Espelho de Autoconhecimento.
Foi fazendo tais perguntas, 38 anos atrás,
que o Professor Gordon Gallup desenvolveu o *** do Espelho.
Mas sua idéia não era usá-lo em bebês,
mas sim em animais.
Bem, Gordon, como você surgiu com essa bela idéia
do *** do Espelho de Autoconhecimento?
Bem, um dia eu me barbeava, de frente ao espelho,
e me passou pela cabeça:
"não seria interessante ver se os chimpanzés
conseguiriam reconhecer a si próprios nos espelhos?"
Então, os chimpanzés passaram nesse ***?
De fato eles passaram.
Não apenas os chimpanzés passaram no ***,
mas os orangotangos e os humanos.
Centenas de outras espécies foram testadas e, até agora,
a única evidência convincente
deu-se com chimpanzés, orangotangos e humanos.
É isso que distingue a nós - grandes macacos -
dos outros animais,
dando-nos um relacionamento único com o mundo.
Ser autoconsciente significa que
você pode embarcar em uma viagem mental no tempo.
Você pode pensar sobre si próprio
em relação a coisas que aconteceram no passado,
no presente, e que podem até acontecer no futuro.
Nosso elevado nível de autoconsciência
concedeu à humanidade uma vantagem evolutiva
que nos permitiu moldar o mundo de acordo com nossa visão,
mas a capacidade de prever o futuro
tem uma consequência profundamente inquietante.
O preço que se paga por estar consciente de sua existência
é ter que confrontar
a inevitabilidade de sua própria morte.
A consciência da morte
é o preço que pagamos pela autoconsciência.
É uma experiência penosa
viver com o pensamento de que sabemos que, um dia,
nossa consciência irá desaparecer para sempre.
Até agora, descobri quando a consciência surge nas crianças.
E eu aprendi que nós fazemos parte de um grupo de elite
de animais autoconscientes.
Mas como isso tudo acontece?
Há um lugar óbvio para começar a buscar.
Essa manhã, segurarei um cérebro humano em minha mão.
Nunca vi um cérebro humano em minha vida antes,
então, é realmente um momento bem inspirador.
Hora de aprender um pouco de anatomia básica cerebral.
Devo admitir que meu coração está saltitando um pouco.
É a expectativa.
Aqui temos o cérebro.
- Gostaria de segurá-lo? - Sim, sim.
Então, esse é um cérebro humano.
No topo diz C33, mas esse cérebro já teve um nome.
- E uma personalidade. - E uma personalidade.
Então, ele já esteve cheio de memórias e suas...
Exatamente, sim.
...aspirações, amores...
- Tudo estava aqui dentro. - Exatamente.
Mas, agora, é estranho sermos capazes de segurar...
...o que já foi uma pessoa.
- É um privilégio. - É um privilégio, sim.
O que você, na verdade, vê aqui, na superfície do cérebro,
são os corpúsculos das células nervosas.
Estimamos que haja, no cérebro,
cerca de 100 bilhões de células nervosas em cada cérebro.
- 100 bilhões... - 100 bilhões - 1 'um' e 11 'zeros'.
Mas quantos desses neurônios
estão envolvidos em criar a consciência?
Todos eles?
Que parte do cérebro realmente nos torna conscientes?
Nós temos um córtex altamente desenvolvido.
Certo. E o córtex? É essa parte externa do cérebro?
Sim, é a parte externa do cérebro.
Essa é a parte do cérebro, a qual, provavelmente,
nos permite ser autoconscientes.
A consciência, até onde sabemos, em termos de anatomia,
está aqui dentro do tronco cerebral.
Nós temos o que é chamado de Sistema de Ativação Reticular.
É um grupo de células nervosas difusas,
dentro do tronco cerebral,
que se projetam até uma estação 'transmissora',
chamada tálamo,
e ele envia essas projeções
para todas essas áreas aqui, no córtex.
E é isso que parece nos manter ativos.
Estar consciente parece resumir-se a
uma ativação constante do córtex.
Olhar dentro do cérebro e aprender um pouco
de anatomia cerebral é uma lição valiosa.
Mas ela não me diz como a consciência é gerada,
ou, até mesmo, o que ela é.
É óbvio que o tálamo e o córtex desse cérebro
estão, agora, desprovidos de consciência.
É claro que eles estão.
Mas o que exatamente está faltando?
Não é uma questão tão simples, tal como você possa imaginar,
e ela atinge o centro do que é a consciência.
Sei disso por minhas próprias experiências terríveis.
Nove anos atrás, minha esposa ficou em coma durante 2 semanas.
Foi uma época terrível.
Ela estava respirando, seu coração estava batendo,
mas nessas 2 semanas, eu não obtive uma pista
do que realmente estava havendo em sua cabeça -
se ela ainda estava lá.
Digo, foi bastante estranho.
Seu corpo estava lá, ainda funcionando,
mas havia essa sensação horrível de...
...minha esposa ainda estava lá dentro?
Felizmente, após 2 semanas, ela se recuperou totalmente.
Isso começou a me fazer pensar...
...como você realmente sabe que alguém ainda está lá?
A ciência moderna pode manter um corpo funcionando,
mas como você, na verdade, pode dizer
se o 'eu' ainda está dentro daquele corpo, e vivo?
Estou a caminho de encontrar o Dr. Adrian Owen.
Para ele e para os pacientes com os quais ele trabalha,
a questão de como medir a consciência
não é simplesmente de interesse filosófico.
Adrian trabalha com pessoas que estão em estado vegetativo -
pessoas que parecem não ter uma relação consciente
com o mundo ao seu redor.
Isso abre um verdadeiro...
...dilema, por assim dizer,
em nossa compreensão da consciência,
a qual é que a única forma pela qual eu posso
realmente dizer que você está consciente
é se você puder me indicar isso de alguma forma.
Nós não temos um medidor mágico de consciência
que possamos botar em sua cabeça e dizer:
"Sim! Marcus está consciente."
Então, se eu fosse dizer a você:
"levante seu braço direito, se você estiver consciente..."
OK. Verdade, eu tomei uma decisão consciente
para seguir suas instruções.
Sim, se você fizer isso, sei que você está consciente,
porque você compreendeu o que lhe pedi para fazer
e obedeceu à ordem.
Então, estamos propondo uma tarefa que, definitivamente,
nos diz com certeza se alguém está consciente,
algo que só poderia ocorrer se alguém estiver consciente.
Nós usamos o imageamento mental,
e a idéia é de que, se você imagina estar fazendo algo,
você irá ativar muitas das mesmas partes de seu cérebro
do que se realmente estivesse fazendo aquilo.
O que fizemos aqui foi pedir a essa mulher,
a qual estava com um comportamento vegetativo,
para se imaginar em uma partida de tênis...
- Jogando tênis!? - Jogando tênis, sim.
Isso é algo estranho de se pedir...
É um pouco estranho,
mas revela-se que é bastante confiável.
Você ativa uma área de seu cérebro,
a qual é responsável por
comandar os movimentos de seus braços.
- É o córtex pré-motor. - OK, posso ver uma área acesa.
- Exatamente. - A região do 'tênis' no cérebro.
Ela acende sempre que alguém se imagina jogando tênis.
Então, o córtex motor...
Ele está planejando o movimento. - Exatamente, sim.
E o tênis envolve uma boa dose de...
...braços movendo-se, debatendo-se.
Lembre-se que está pessoa está parada no scanner.
Ela, na verdade, não está fazendo movimento algum -
está simplesmente pensando a respeito.
No entanto, quando lhe pedimos para se imaginar jogando tênis,
nós vimos, precisamente,
a mesma atividade no córtex pré-motor
do que veríamos em voluntários saudáveis,
quando eles fizessem a mesma coisa.
Isso nos diz que alguém está voluntariamente
seguindo nossas instruções.
De certa forma, estamos retirando o corpo da equação.
Estamos dizendo: "bem, se você não consegue
responder com o seu corpo,
você conseguirá responder com seu cérebro?"
O importante trabalho de Adrian
tem o potencial para transformar vidas.
Graças a sua pesquisa,
pessoas que já se pensou não terem uma vida consciente,
agora, sabe-se que elas têm um relacionamento diferente
com o mundo externo.
O jogo de tênis que Adrian e seus colegas desenvolveram
é um tipo de medidor de consciência.
Assim, eu me pergunto se eu poderia usar o jogo de tênis
para lançar alguma luz sobre minha noção de mim mesmo.
Para fazer isso,
dei um jeito de brincar com meu cérebro consciente,
voluntariando-me para fazer parte
de um estudo médico de anestesia.
O que acontece se você adicionar
mais do medicamento que está me dando agora?
Digo, presumivelmente, isso poderia me matar.
Bem...você quer uma resposta franca?
- Sim. - A resposta franca é 'sim'.
Então, se eu lhe der uma dose elevada,
você pararia de respirar, sua pressão sanguínea cairia,
e é isso o que nós fazemos diariamente nas anestesias.
- Certo. - Uma picada rápida.
Oh, sim, isso dói.
Mas já está dentro. Então, esse é o estágio 2.
Essa é a amostra para a análise genética.
- Lá vamos nós. - Está vindo suavemente.
Mas não é apenas à anestesia que precisarei resistir.
- Esse é o meu sangue. - Esse é o seu sangue.
Eu irei passar 2 horas dentro de um scanner cerebral,
imaginando estar jogando tênis.
A equipe está interessada em aperfeiçoar sua compreensão
de como a anestesia afeta
diferentes aspectos da consciência,
tornando, portanto, as cirurgias mais seguras.
Mas eu espero que o *** do tênis,
combinado à anestesia,
irá me permitir obter alguma compreensão
de quais partes do meu cérebro precisam estar ativas,
de modo que eu permaneça consciente.
Isso é onde vocês irão me colocar...dentro?
O scanner irá criar uma imagem 3D de meu cérebro,
e destacar as partes que são ativadas
quando o *** começa.
Certo, Marcos. Está tudo pronto, agora.
Iremos começar com uma infusão de Propofol.
# Imagine-se jogando tênis.
# Imagine-se jogando tênis.
Enquanto eu me imagino jogando tênis,
as regiões ativas do meu cérebro se iluminam.
Selecionamos essa região aqui - uma região de interesse -
e bem aqui temos o sinal vindo daquela região.
Os blocos representam quando Marcus imaginava jogar tênis,
e entre eles está o período de repouso.
E você pode ver que a atividade
está aumentando durante o tênis,
e caindo durante o repouso.
Como estamos indo, Marcus?
# Ótimo, 2 sets a favor!
Bem, Marcus, iremos aumentar a dose.
Seu braço irá doer novamente e você poderá ficar mais tonto.
Quando o nível da medicação aumenta,
seus efeitos aparecem quase que imediatamente,
e eu entrei em um estado desinibido de delírio.
# Ele tem o potencial de apagar toda a minha consciência".
# ...ao ponto de...
# ...de me matar!
# Mas espero que não cheguemos lá...
# Mas...ele certamente tem o potencial para me tirar de mim.
# Então, eu vou ser...
# ...bem, eu me pergunto o que estará havendo?
# É o que scanner cerebral será capaz de detectar
# Pode não parecer que eu estou...
Marcus, desculpe interromper.
Adoramos ouvir sobre matemática e filosofia,
mas precisamos fazer o próximo scan agora,
se você concordar.
Então, como você pode ouvir, ele agora está bem relaxado,
mas ainda está consciente,
ainda responde quando falamos com ele.
Ainda é capaz de falar,
mas muito...bem devagar, agora,
um pouco arrastado.
Mas ainda bem, dentro dos limites de segurança daqui.
Como você está se sentindo, Marcus?
# Sim...ainda aqui em um tipo de mundo surreal...
# Eu não sou tão bom no tênis quando estou drogado.
Bem, Marcus, você está consciente, agora?
# Sim e não...eu...
Agora, nesta fase, ele está bastante prejudicado.
Ele está lento, está arrastado.
E, bem...eu ficaria bastante impressionado se ele pudesse
concentrar-se tempo o bastante, agora,
para imaginar esse jogo de tênis.
Fizemos todos esses *** sob sedação,
então, agora, iremos parar com a infusão, e...
# Ainda vivo. Viva!
Muito bem.
# Eu não estou...
# ...em um estado vegetativo, até onde eu sinto.
# Talvez esteja.
Não, tudo está...
# Talvez seja tudo uma ilusão.
Muito bem, Marcus.
- Essa foi uma baita provação. - Uma baita provação.
Sim, foi um trabalho duro.
É muito mais difícil do que matemática!
É sim. Muito obrigado.
Ah, veja isso.
É muito assustador.
Isso é extraordinário.
É absolutamente incrível que possamos adentrar aqui,
e ver o que está acontecendo.
- Esses são meus olhos, não é? - Isso mesmo.
Então, a informação está retornando ao meu cérebro.
Não é surpresa que eu tenha ficado menos eficiente
ao imaginar jogar tênis, à medida que o anestésico
desligou as partes de meu cérebro
que normalmente me deixam ativo.
Mas o que estava realmente acontecendo?
Como a função do meu cérebro estava sendo afetada?
O gânglio basal e o tálamo - essas são áreas que se acredita
serem importantes para a ação anestésica.
Esse tipo de área aqui.
Todos os medicamente anestésicos trabalham de diferentes formas
em diferentes partes do cérebro,
mas todos eles parecem ter um efeito bem ali.
Provavelmente, a consciência exige alguma interação ou...
Isso é chamado de circuito tálamo-cortical.
Então, a informação é transferida do tálamo.
De fato, todos os estímulos sensoriais de entrada
vêm através do tálamo,
mas parece que há um tipo de circuito ressonante
que é necessário para manter a consciência.
Então, é aí onde 'eu' estou?
quando a droga me 'derruba' e me faz sentir... ou não?
Não estou certo de que seja aí onde você está.
Eu acho que ninguém sabe.
A coisa intangível dentro de mim
com a qual o anestésico interagiu
tem outro nome, muito mais antigo -
a alma.
Talvez o pensador mais famoso a lidar com a questão
da relação da alma com o corpo
seja Rene Descartes -
um filósofo francês que foi enterrado aqui,
na igreja de Adolf Friedrich, em Estocolmo, em 1650.
Descartes tentou explicar
como a alma poderia existir, de algum modo, dentro do corpo,
estando, no entanto, separada dele.
A idéia de que eles existem lado a lado
permanece fundamental para a fé cristã.
Apesar dos restos de Descartes
terem, eventualmente, retornado à França,
essa estátua memorial reconhece seu legado.
Para Descartes,
tudo no mundo era dividido em dois tipos de coisas.
Havia o mundo material -
coisas físicas, como o cérebro,
os quais você poderia explicar com as leis da física.
Mas havia, então, as coisas mentais -
coisas como a mente -
e a característica definidora da mente,
para Descartes, era o pensamento.
Então, para Descartes,
a mente estava realmente separada do cérebro.
E é isso que deu origem ao que hoje chamamos de 'dualismo'.
O 'dualismo' cartesiano de corpo e alma
não exerce mais o mesmo poder que tinha em sua época.
Mas não há como dizer que o 'dualismo' se foi.
Simplesmente temos que, hoje,
falamos na separação de corpo e mente.
Esse 'dualismo' secular entre mente e corpo é popular,
talvez porque, intuitivamente, ele parece estar correto.
Quando eu era mais jovem,
eu costumava cantar no coral da igreja.
Eu não era religioso. Eu apenas gostava de cantar.
Havia muitas conversas sobre almas, espíritos, essas coisas.
E quando eu tinha 13 anos,
eu percebi que a coisa toda era muito ilógica.
Digo, eu sou simplesmente carne e sangue.
Mas eu ainda tinha uma noção do 'eu'.
E é isso que é estranho para mim, como ateísta -
há essa sensação forte de um 'eu',
o qual é diferente de meu corpo físico.
Então, o que a ciência tem a dizer sobre essas sensações?
Bem, a razão pela qual eu vim até a Suécia
é para encontrar um cientista
dedicado a atacar o problema da sensação do 'eu' na cabeça.
Ele está juntando evidências
que solucionam esse sentimento de separação
entre a mente e o corpo, e prova que o cérebro é tudo.
Então, eu estou aqui, no Intituto Karolinska,
onde o Dr. Henrik Ehrsson
afirma que, iludindo meu cérebro,
ele é capaz de fazer com que minha mente faça o impossível.
Esse é o meu corpo. Estou bem certo disso.
Posso senti-lo, posso vê-lo, posso movê-lo.
É o meu corpo que eu uso para vivenciar o mundo ao meu redor.
Meus sentidos de paladar, olfato, tato...
Não poderia ser mais simples do que isso, não é?
Você verá diferentes imagens nos olhos esquerdo e direito.
Estou sendo equipado com um visor especial,
o qual contém duas pequeninas telas de TV.
- Confortável? - Sim.
Elas mostram imagens,
vindas dessas duas câmeras, localizadas atrás de mim.
Sente-se direito. Consegue ver...?
Já está bem estranho.
Consegue ver 1 ou 2 blocos amarelos lá?
Eu vejo 1 bloco amarelo.
É isso o que vejo com os óculos.
Eu mesmo. Posicionado a minha frente.
Mas eu tenho a ilusão de que
'eu' estou 1 metro atrás de mim mesmo.
Eu estou à sua frente, ou atrás de você?
Você está à minha frente.
Você está à minha frente
e você está segurando uma caneta vermelha em sua mão...
Para mexer ainda mais com minha noção de onde está meu 'eu',
Henrik bate no meu peito, enquanto empurra
uma caneta vermelha diferente rumo às câmeras.
Eu me sinto sendo tocado e posso vê-lo cutucando...
bem, a sensação é em mim...
Para mostrar o quão poderosa
essa experiência fora do corpo pode ser,
Henrik tem outro truque.
Oh, Deus!
Mas você não me acertou!
- Você está bem? - Sim.
Você estava cutucando meu peito
e, então, me bateu no peito com um martelo.
Isso foi muito estranho.
Eu senti como se estivesse sendo sugado
de volta à pessoa à minha frente.
- Bem-vindo de volta. - Sim.
Sim. Houve um movimento repentino e eu me inclinei pra frente.
Então, o que está havendo em meu cérebro
que me fez sentir como se eu não estivesse aqui,
mas sim atrás de mim?
Nós achamos que o cérebro está sempre tentando
resolver a pergunta: "onde eu estou?"
E ele faz isso usando todos os dados sensoriais disponíveis -
todas as evidências sensoriais.
Quando você vê e sente algo que se correspondem,
então, o cérebro decide: "bem, eu estou sentado ali".
A interpretação ocorre em uma parte do cérebro chamada
córtex de associação,
onde a informação de diferentes sensores
são continuamente combinadas
para resolver a questão: "onde estou e o que sou?"
Mas você acabou de separá-los totalmente nesse experimento.
Meu corpo estava à minha frente. Eu estava atrás.
Digo, isso foi... Você se teleporta!
E a consciência estava aqui, e o corpo físico estava aqui.
É extraordinário que o cérebro
possa pegar toda essa enorme quantidade de informações
e produzir exatamente a sensação de um único 'eu'.
Mas Henrik pode levar a ilusão a um estágio mais além.
Ele quer ver se consegue transplantar
minha sensação do 'eu' para o seu corpo.
Dessa vez, ele usa as câmeras...
Ok, eu consigo me ver.
- Estique a mão. - OK.
Oh, isso é estranho.
O que vejo agora é o mundo
a partir do ponto de vista de Henrik.
Sua mão e seu braço parecem ser meus.
Qual é a sensação da mão?
Bem, eu me sinto ligado à mão que tem uma manga nela.
- Ooooh! - O que você sentiu?
Eu estava esperando que minha mão fosse sangrar toda.
Foi como se minha mão tivesse ficado subitamente dormente,
quando você fez isso.
Eu não consigo sentir nada.
- Posso tirá-lo, agora? - Sim.
É uma experiência bastante estranha
estar no corpo de outra pessoa.
Como cientista, pensava que a coisa toda estava junta e...
...que eu e meu corpo somos o mesmo,
mas, agora, eu começo a me questionar novamente.
Quais são os fatores importantes
quando o cérebro determina qual a aparência do corpo?
Quem sou eu, quem sou eu?
Exatamente. Na primeira vez, você me tirou do meu corpo
mas, dessa vez, você foi realmente mais além.
Você me pôs no corpo de outra pessoa.
Exato. Primeiramente, retiramos a mente do corpo
e, agora, vemos que a mente aceitará
um novo corpo como o seu próprio.
De acordo com Henrik,
minha sensação de um 'eu' separado
é uma ilusão criada por meu cérebro,
ao processar os dados vindos de meus sentidos.
E, com o apertar de um botão,
alterando os dados que meu cérebro recebe,
Henrik pode manipular a ilusão,
permitindo-me uma impossível vivência fora do corpo.
Até agora, eu aprendi quais são as regiões do cérebro
que são fundamentais para gerar a sensação do 'eu',
e eu descobri o que pode acontecer
quando essas partes são danificadas,
anestesiadas, ou enganadas.
Eu sinto que estou bem perto de algumas respostas.
Mas qual evidência haverá,
a qual explica como é construído meu mundo interno?
Que provas há de que a simples ativação dos neurônios
é capaz de me criar?
Eu vim à Califórnia para tentar descobrir.
Aqui em cima, nas montanhas sobre Los Angeles,
estou cercado pelo aroma dos pinheiros.
Como eu posso senti-lo?
Como eu vivencio essa atmosfera das montanhas?
Meu cérebro está processando constantemente
informações vindas de meus sentidos...
...a cada segundo de cada dia durante toda a minha vida.
Parece haver algum tipo de alquimia mental acontecendo,
o qual transforma o mundano - eventos objetivos -
em um glorioso mundo subjetivo em minha mente.
Tudo isso é realmente resultado da minha atividade neuronal?
O Professor Christof Koch
é um pioneiro da busca científica pela consciência,
e tem batalhado contra esses problemas durante décadas.
Ele espera encontrar respostas para essas grandes perguntas
em uma das menores partes do cérebro -
em um único neurônio.
Nós concordamos em nos encontrar nas montanhas,
onde ele vem para correr e pensar.
Vamos focar agora em algo que possamos fazer hoje.
Vamos dar uma olhada nas correlações neuronais
da consciência em seu cérebro - a chamada NCC.
Bem, o que é isso? O que é essa neuronal...?
Correlação da consciência.
Então, qual parte do cérebro é necessária
para que você tenha a sensação de...
...dor de dente?
Por exemplo, há esse pequeno cérebro na nuca,
chamado cerebelo.
Ele tem mais células nervosas do que o restante do cérebro.
Se você o perder,
você, provavelmente, não será dançarino de balé,
você, provavelmente, não será um alpinista,
mas não há evidências de que você não terá dor de dente,
não há evidências de que sua visão será danificada,
não há evidências de que sua consciência auditiva
será danificada.
Então, provavelmente,
você não precisa dessa parte do cérebro.
E que tal a medula espinhal?
Se você perder sua medula espinhal, ficará paralisado.
Mas não há evidência
de que isso irá interferir com a sua consciência.
Certo, então, você está buscando as partes do cérebro
que são ativadas quando você está sentindo
aquela dor de dente,
ou está consciente de algo. - Exatamente, exatamente.
Christof foi capaz de tirar vantagem dos avanços
na cirurgia cerebral, o que lhe permitiu examinar
as profundezas de um cérebro vivo,
para ver o que acontece
quando são mostradas diferentes imagens a um paciente consciente.
Então, agora, podemos captar isso
usando técnicas sofisticadas
e podemos amplificar os pequeninos sinais elétricos
dessas células nervosas individuais - esses pulsos.
Nós podemos amplificá-los, nós podemos visualizá-los,
podemos colocá-los em um alto-falante
para que você os escute.
Essa é a forma com que neurônios conversam entre si.
Para nossa surpresa, descobrimos que,
durante esses experimentos,
há células na parte profunda do cérebro que respondem,
que parecem responder de modo bem específico
apenas a indivíduos bem familiares, específicos.
Então, nós descobrimos um neurônio em um paciente
que responde à atriz de filmes Jennifer Anniston.
E, assim, você pode mostrar ao paciente
100 imagens diferentes,
e ele apenas responderá
às 6 imagens de Jennifer Aniston.
Sempre que o paciente vir Jennifer Aniston:
O neurônio é ativado intensamente.
Nós inclusive mostramos algumas imagens de Jennifer Aniston -
na época, ela estava casada com Brad Pitt -
e esse neurônio -
por razões que podemos apenas especular -
não respondeu, ele não foi ativado
pela visão combinada de Jennifer Aniston e Brad Pitt.
Não consigo acreditar.
Há um único neurônio em particular,
responsável por todas as coisas de Jennifer Aniston?
Bem, parece ser verdade
haver neurônios que são ativados por coisas,
pessoas, sua mãe, seus amigos, sua secretária -
pessoas que lhe são familiares.
Como políticos, como estrelas de filmes.
Você pode perguntar -
certamente não será apenas um neurônio -
não há dúvida sobre isso - mas nós não sabemos...
são 1.000 ou 1 milhão de neurônios que são ativados
quando você vê o seu primeiro- ministro ou nosso presidente?
Nós não sabemos.
Em um paciente diferente, descobrimos um neurônio que
reagia à atriz Halle Berry - um das garotas do James Bond.
Nesse caso, nós mostramos várias imagens dela.
Nós a mostramos vestida como Mulher-Gato -
o paciente havia visto o filme Mulher-Gato -
e também mostramos o texto "Halle Berry",
e o neurônio reagiu
tão bem ao texto quanto à própria imagem.
Agora, se pensar na semelhança entre a imagem dela,
onde temos uma mulher, em tamanho natural,
e o texto - não há semelhança.
O texto está em preto e branco, e tem bordas retas,
em contraste à imagem dela,
mas o neurônio respondeu igualmente nos dois casos.
Então, uma idéia abstrata de Halle Berry foi estabelecida.
É um conceito.
Também podemos chamá-los de neurônios conceituais.
Eles realmente representam o conceito de Halle Berry,
ou o conceito da Jennifer Aniston,
ou o conceito do que quer que você escolha...
Algo que, nesse momento,
um computador jamais seria capaz de dizer...
Não, não no momento atual.
É incrível pensar que, para cada imagem que eu vejo,
não importa o quão trivial ela seja,
há um grupo de neurônios esperando ser ativados.
Tal como descobri na Hollywood Boulevard.
Yoda! Yoda! Certamente me ativa.
E o Sr. Incrível, sim. É outra ativação.
Então, cada pessoa tem o seu próprio conjunto de neurônios,
o qual irá caracterizar...
Eu não me enganei com aquele cara.
Ele não era o Superman, ele era de Os Incríveis.
Mario! Super Mario.
Edward Mãos de Tesoura.
Oh, é uma Mulher-Gato!
Mas não é a Halle Berry,
então, os meus neurônios não estão realmente disparando.
Mas, sim, duas mulheres-gato.
Meu neurônio do Bob Esponja!
Quem é essa?
Uma princesa, mas meus neurônios não foram ativados, então...
Que princesa é você?
- Eu sou Bela. - Bela. Ela vem da...
De "A Bela e a Fera". Estou certo ?
- Sim, agora está ativando. - Você viu meu filme?
Eu vi o seu filme e eu gostei muito.
Mas me levou um certo tempo
para meus neurônios da Bela serem ativados.
- Bem, prazer em conhecê-la. - Igualmente.
Para ser franco, eu nunca pensei que minha busca
por provas científicas da consciência me trouxesse aqui.
Christof é claro quanto a um único neurônio
não ser consciente por si só.
Em sua teoria, a consciência surge
a partir de um grupo de neurônios.
Pense nisso como a água.
Uma única molécula de H2O não é, sozinha, água.
A umidez da água surge a partir de um grupo de moléculas.
Com isso em mente,
eu fui a um laboratório onde eles desenvolveram
um *** incrivelmente inteligente
para detectar evidências da consciência
no cérebro como um todo.
Viajei milhares de quilômetros até aqui, Madison,
para dar um cochilo.
Há um homem aqui que tem grandes idéias
sobre o que acontece quando a consciência desaparece.
Ele acredita que o sono
é a chave para desvendar o mistério do que me torna 'eu'.
O que acontece quando dormimos e ficamos inconscientes?
Vista essa touca.
A idéia de dormir com isso é... um pouco assustadora.
Eu concordei em participar de um experimento,
o qual irá me mostrar como minha atividade cerebral é diferente
quando estou acordado, e quando estou dormindo.
Esse grupo de eletrodos em sua cabeça
é como ter diversos microfones em uma orquestra.
Nós estamos captando vozes de diversos instrumentos diferentes
e, então, todos são combinados.
Uma vez que a gravação acaba, nós pegamos esses dados
e tentamos separar a voz única de cada instrumento.
Mas colocar os eletrodos é a parte fácil.
Porque o Passo 2 do experimento envolve uma técnica chamada
Estimulação Magnética Transcraniana, ou apenas TMS.
Quando Marcello posicionar o aparato de TMS
sobre uma determinada região de meu cérebro,
ele irá emitir uma série de choques elétricos.
Os eletrodos que estou usando
são especialmente projetados para medir, exatamente,
como cada choque individual se espalha pelo meu cérebro.
Agora, antes de fazer isso, já fez isso consigo antes?
Sim, várias vezes.
Ok, você sobreviveu, então, não preciso me preocupar com isso.
Não, não precisa se preocupar com nada.
Os choques serão leves, um pouco desconfortáveis.
Mas combine isso com os eletrodos,
e Marcello tem um método confiável e repetível
para detectar como o cérebro processa
um determinado sinal mensurável.
O ponto inteligente é que ele pode repetir o ***
quando meus sentidos desligarem e eu estiver dormindo.
Os cientistas já sabem
que o cérebro permanece ativo enquanto dormimos.
Então, o que se altera quando cochilamos
e perdemos a consciência?
Infelizmente, adormecer a pedido em um laboratório não é fácil.
De fato, eu fracassei.
Assim, Marcello mostrou-me
dados que ele coletou de voluntários anteriores.
Primeiramente, com o cérebro desperto.
Então, o que você está vendo aqui é a entrega do TMS,
e essas áreas, as quais estão iluminadas,
são as áreas que foram ativadas.
Então, isso não está em tempo real?
Isso, na verdade, não está em tempo real.
Aqui vemos milissegundos,
então, é muito mais lento do que a realidade.
Mas o que é importante notar é que diferentes áreas,
bem distantes do local estimulado,
estão ativas, em diferentes momentos,
com um padrão complexo...
Sim, bastante complexo!
Partes muito diferentes do cérebro,
mas todas elas acionadas por aquele primeiro...
O estímulo inicial, o que significa que essa área
estava, na verdade,
conversando com outras áreas e interagindo em uma rede.
Então, essa é uma indicação real
de que, talvez, você tenha chegado ao que é a consciência.
- Sim. - É essa interconectividade...
Interconectividade entre diferentes elementos.
Eu vou lhe mostrar o mesmo sujeito, alguns minutos depois.
Ele está dormindo.
Mas nada mais se altera.
Então, nós estimulamos aqui, e você vê o que acontece.
Novamente, temos milissegundos aqui.
Então, temos uma ativação estereotipada,
a qual permanece local.
Ela não se move, não se propaga.
Há atividade, mas apenas onde o impulso elétrico foi lançado.
- Exatamente. - Nada no restante do cérebro.
Nada no restante do cérebro. Então, novamente, podemos dizer
que o sistema tálamo-cortical é desintegrado durante o sono,
composto por módulos que estão ativos, reativos, mas isolados.
Então, é como se todos os links da rede
se desligassem durante a noite?
Sim, eles são quebrados, temporariamente.
Então, quando você está acordado e consciente,
um único choque inicia uma série de respostas.
Como eles estão muito bem conectados,
as diferentes partes do córtex cerebral
são capazes de se comunicar,
e a integração resulta em nossa consciência.
Mas quando você está dormindo e inconsciente,
os canais de comunicação são temporariamente desligados,
então, aquele mesmo choque produz apenas
uma resposta curta, localizada.
Então, essa parece ser a chave para a consciência?
Sim. Isso é teoricamente...
...e também, agora, empiricamente...
...a essência de algo que, com certeza,
é muito importante para a consciência - a integração.
Isso é extraordinário.
Então, o que me torna 'eu',
e que me faz sentir acordado durante o dia,
e consciente de tudo é porque meu cérebro
está conversando com suas diferentes partes...
Sim, é a diversidade e a unidade ao mesmo tempo.
Diferentes áreas com suas próprias especificações,
e capazes de conversar entre si.
Isso é algo bastante único, e um equilíbrio muito delicado
entre a diferença e a unidade.
Marcello e sua equipe
desenvolveram um experimento repetível
que mede, de modo confiável,
o grau em que um cérebro está consciente.
No início do programa,
eu perguntei se havia um *** rígido e rápido
para explicar nossa sensação de auto-consciência.
Eu acho que isso é o mais próximo dele.
Potencialmente,
esse experimento poderia, até mesmo, ser usado
para medir o grau de complexidade e integração
em outros animais, ou mesmo máquinas,
e prever se eles poderiam cruzar o limiar da consciência.
Esse é um enorme salto adiante.
O que me agrada nessa idéia de que a consciência é algo
relacionado à integração do pensamento
é que ela é o primeiro tipo de proposta real
para o que seja a consciência.
Eles estão tentando responder o problema
e, até mesmo, testá-lo.
Têm seu próprio experimento, o qual podem fazer.
Também é muito bonito porque, para eles,
a consciência se trata
do fato de que nosso cérebro é uma rede,
conversando entre si - conexões.
O todo é mais do que apenas a soma das partes.
É quase como uma proposta matemática,
então, eu gosto disso.
É uma resposta matemática
que será a chave para a consciência, segundo eles.
Eu acho que eu também fiz alguns progressos.
Graças a Christof,
eu tenho uma idéia de como redes específicas de neurônios
reagem ao ser estimuladas por imagens e sons.
E Marcello me mostrou
como a interconectividade em meu cérebro
me ajuda a me manter consciente de mim mesmo
e do mundo ao meu redor.
Mas eu não sei onde isso me deixa.
Qual é o meu papel em tudo isso?
Eu sou consciente, ou tenho neurônios conscientes?
Há uma diferença nisso?
Certamente, toda a idéia de estar consciente
é estar no controle daquilo que eu faço,
ser capaz de escolher o que eu quero fazer,
e quando fazê-lo.
Então, talvez, examinar minha capacidade de tomar decisões
me dê algumas pistas sobre quem eu sou.
Quando eu tinha 13 anos,
eu tomei uma decisão que, na época, parecia...
...bem insignificante,
mas, na verdade, ela acabou mudando a minha vida.
Meu professor me pediu para vê-lo após a aula.
E eu decidi ir vê-lo,
e ele me recomendou alguns livros sobre matemática.
Aquilo realmente iniciou minha jornada
para tornar-me um matemático.
Olhando para o passado, sinto haver exercido
meu próprio 'livre arbítrio', ao ir encontrar o Sr. Baleson.
Em outras palavras,
eu, livremente e de modo autônomo, tomei a decisão.
Mas isso terá realmente sido tão simples?
Acho que como humanos, nos orgulhamos
do fato de podermos tomar decisões.
Meu livre arbítrio significa
que eu posso decidir se eu irei pegar isso ou não.
Mas a ciência tem um problema com o livre arbítrio.
A ciência gosta que uma coisa cause outra.
OK, se você acha que há um tipo de 'eu' distinto,
o qual está separado do meu corpo, então...está bem.
É isso que está me ajudando a tomar minhas decisões.
Mas se você acha que sou apenas material biológico,
então, acho que você tem um problema com o livre arbítrio,
por que quem está tomando essas decisões?
É apenas o fluxo e refluxo da atividade neuronal?
Estou em Berlim para participar de um experimento
projetado para explorar
a fonte e o timing de minhas decisões.
Estou bastante apreensivo, porque os resultados
poderiam ter um efeito profundo em como eu vivo.
Eles irão revelar quem está a cargo das minhas decisões.
Será o 'eu' consciente,
ou uma *** de matéria cinzenta inconsciente,
sobre a qual eu não tenho controle?
Bem...
Então, isso será feito examinando meu cérebro?
Sim, esse é o...
Outro dia, outro scanner.
O experimento é a simplicidade em pessoa.
Eu preciso decidir aleatoriamente
e, a seguir, apertar imediatamente
o botão da esquerda ou o da direita.
Ao mesmo tempo, o sistema do scanner
registra quando meu cérebro toma a decisão,
e o computador, quando eu apertei fisicamente o botão.
OK, Marcus, estamos prontos para começar.
# OK.
O *** é rápido
e, para ser franco, não é muito excitante.
Mas espero que os resultados sejam mais interessantes.
Em seu caso, até 6 segundos antes de você se decidir,
nós podemos prever qual decisão você iria tomar.
- 6 segundos? - Exatamente, 6 segundos.
6 segundos!
Então, eu me conscientizei de tomar uma decisão
para apertar com o meu dedo direito,
e você está dizendo que, 6 segundos antes,
meu cérebro já havia tomado aquela decisão?
Exatamente.
Então, aqui podemos mostrar como fizemos isso.
Nessa região, há um padrão de atividade cerebral
que emerge antes de você se decidir,
o qual nos diz como você irá decidir.
E essas regiões azuis -
elas ficam mais ativas quando você vai escolher a esquerda,
e as regiões amarelas
ficam mais ativas quando você vai escolher a direita.
Isso é um pouco assustador.
Isso implica que minha decisão consciente
é algo bem secundário para minha atividade cerebral.
Absolutamente, sem dúvidas. Parece haver um monte de
atividade cerebral inconsciente acontecendo,
a qual está moldando suas decisões,
e que sua consciência surge
em um estado muito tardio em uma decisão.
Então, essa é uma idéia bastante assustadora -
eu sou um refém da atividade neuronal
que está acontecendo 6 segundos antes.
Eu não diria que é uma situação de refém,
porque pensar nisso como um refém
implica um dualismo
entre sua mente consciente e sua atividade cerebral,
mas a mente consciente está codificada na atividade cerebral,
ela é realizada através da atividade cerebral,
ela é um aspecto de sua atividade cerebral,
e, além disso, a atividade cerebral inconsciente
é quem permite certos aspectos seus.
Ela está em harmonia com suas crenças e desejos,
então, na maioria dos casos,
ela não irá forçá-lo a fazer algo que você não queira.
Então, você acha que isso tem implicações em todo o estudo
sobre tentar entender a consciência,
e sobre qual 'eu' está aqui dentro?
Bem, absolutamente.
Acho que se descobrirmos que os pensamentos de uma pessoa
estão bastante codificados em sua atividade cerebral,
não poderemos fazer uma distinção
entre esses pensamentos e a atividade cerebral.
Não precisamos assumir que eles sejam duas entidades distintas,
existindo em dois espaços diferentes.
Ao invés disso, eles são aspectos diferentes
do mesmo processo físico.
Então, sua consciência é a sua atividade cerebral,
e é isso que está comandando sua vida.
Parece que os nossos experimentos revelam
que há um mecanismo de desdobramento -
um mecanismo determinante -
que conduz às suas decisões em um momento posterior,
e que era inevitável. Só podia ser daquela forma.
Cara, esse foi o experimento
mais chocante que eu já vi nessa jornada.
O fato é que...
...quando me conscientizo de tomar uma decisão,
John consegue, 6 segundos antes,
prever o que eu iria fazer,
antes mesmo de eu perceber o que eu iria fazer -
isso é absolutamente extraordinário.
Seis segundos é um tempo muito grande.
Digo, eu não acho que seja tão perturbador que...
...OK, certamente, algumas partes da minha mente subconsciente
estão construindo uma decisão consciente;
mas John, olhando dentro da minha cabeça, conhece...
...seu consciente descobre antes de que eu, conscientemente,
saiba o que eu irei fazer.
Isso é realmente chocante.
O trabalho de John me aproxima mais
de compreender o que é o 'eu'.
É apenas o gatilho,
o estágio final de um conjunto complexo de atividade cerebral.
Eu desconheço a maior parte disto,
mas a pequena porção que eu sinto... bem...
essa sou eu.
Eu não estou certo de que os cientistas resolverão
o problema da consciência em minha geração.
Para ser franco,
eu suspeito que haverá bastante discordância
sobre o que significa 'resolver'.
Eu não estou certo de que
todos concordarão com a definição do problema,
muito menos do que poderia representar uma resposta.
Mas eu acho que as pessoas estão fazendo progressos.
Tornou-se um respeitável campo de pesquisa -
algo que não era, algumas décadas atrás.
Estão sendo desenvolvidas teorias,
as quais fornecem à pesquisa um foco e um contexto.
E tal como a invenção do telescópio deu aos astrônomos
a oportunidade de ver o espaço,
tecnologias como o scanner de RM
estão dando aos cientistas atuais
a chance de olhar dentro do cérebro,
em busca de uma recompensa ainda maior.
Bem, eu espero que minha consciência
ainda funcione outros 30 anos antes de eu morrer,
da atividade elétrica em meu cérebro desaparecer,
e dos neurônios se degenerarem.
Nesse momento, minha consciência não existirá mais.
Eu serei uma memória gravada nos neurônios do meu filho.
Eu não posso dizer o mesmo de meu cérebro.
Meu cérebro decidiu doar a si próprio para a ciência.
Esses formulários
dão à próxima geração de neurocirurgiões
o direito de dissecar minha *** cinzenta.
E, bem...eu não estou tão sentimental a respeito.
A consciência terá ido embora,
e aquele cérebro será apenas um pedaço de gordura.
Então, "Nome"...
Ainda não estou certo de quem sou 'eu',
mas o nome que assino é "Marcus du Sautoy".
Traduzido por: VitDoc