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A Teia de Charlotte
As pessoas sempre nos perguntam: "Como vocês tomaram essa decisão?"
Não foi uma decisão, pois era a única alternativa viável na sequência.
E alguns até diriam: Uma opção radical.
Maconha, para uma criança de 5 anos de idade.
Mas era uma opção, que eles esperavam que mudasse a sua vida para sempre.
Bebê.
No próximo bloco.
Matt e Paige Figi finalmente ministram maconha à sua Charlotte.
E os resultados são surpreendentes.
Era Janeiro de 2012,
Afeganistão.
Cerca de 11.200 km de distância da sua família no Colorado,
Matt Figi recebe este vídeo,
enviado por sua esposa Paige.
É horrível assistir a esses vídeos quando estou em serviço.
Era a sua filha de 5 anos de idade: Charlotte.
Convulsionando.
Diagnosticada com um tipo severo de Epilepsia.
Ela estava sofrendo 300 episódios de convulsão por semana.
Cada ataque era tão severo, que potencialmente podia matá-la.
Eles já tinha experimentado vários tipos de medicamentos fortes.
Nós tínhamos que tentar algo diferente,
E, naquele momento, a maconha era a próxima tentativa mais lógica.
Em casa, no Colorado, Paige procurava por maconha com alta dosagem de CBD (Cannabidiol),
esse é o componente que alguns cientistas acreditam evitar convulsões,
e também com baixos níveis de THC.
Lembre-se, a intenção dela não é deixar a filha "chapada".
Ela encontrou uma pequena quantidade em um centro de distribuição em Denver.
O proprietário ficou até surpreso que alguém a quisesse.
Eles disseram: Engraçado, pois ninguém quer comprar esse tipo, você sabe.
Esse era o senso comum, que ninguém a queria, pois ela não fazia efeito algum.
Paige pagou 800 dólares por um pequeno pacote da erva, e o levou para casa.
Nós tínhamos um amigo iniciando um negócio de produção de medicamentos,
e eu perguntei, você pode nos ajudar a extrair o remédio desse pacote de...
...maconha?
Eu dosei em uma seringa e borrifei sob a língua dela.
Foi emocionante, e muito amedrontador.
Segurando Charlotte no colo,
Paige esperou.
Uma hora se passou.
E outra.
E então mais uma.
Ela não teve convulsões naquele dia,
e então não teve convulsões naquela noite.
Você ficava lá sentada, olhando no relógio e...
É, eu pensei, isso é loucura. E então ela não teve convulsões no dia seguinte. Você ficava lá sentada, olhando no relógio e...
É, eu pensei, isso é loucura. E então ela não teve convulsões no dia seguinte.
E nem no outro. Então pensei, ela já deveria ter sofrido com certeza centenas de convulsões até agora.
E eu apenas pensei, isso é insano.
Eu me lembro o quão feliz Page ficou. Ela dizia: realmente funcionou, eu não acredito.
É, foi algo maravilhoso de se ouvir.
E funcionou.
Mas em apenas 2 semanas, a animação foi abalada pelo pânico.
O estoque de maconha estava acabando.
E o distribuidor não tinha mais daquele tipo específico.
Ainda que ele tivesse mais erva, o custo mensal seria astrônomico,
Dois mil dólares, que não seriam cobertos por nenhum plano de saúde.
Mas então Paige ouviu falar dos Stanley,
seis irmãos que possuiam uma estufa de maconha,
com altos índices de CBD.
Eu disse: nossa. E ele me disse: Não sei o que fazer com elas, tentamos algumas coisas, mas ninguém as quer, não são vendáveis.
Então eu disse, não toque nelas, pois precisamos dessa planta.
No início eles não queriam se arriscar a dar maconha para uma criança ainda tão jovem.
Mas então eles a conheceram.
Conte-me sobre a primeira vez que você encontrou Matt, Paige e Charlotte.
Não quero te deixar emocionado.
É, mas todas as vezes choramos quando começamos a falar dessa garotinha.
A família Figi tirou a sorte grande. Um suprimento contínuo de maconha com altas taxas de CBD.
E só pagariam o quanto pudessem.
As pessoas nos chamaram de "Robin Hoods da Maconha"
Dizem que venderíamos a erva para podermos cuidar das crianças,
e dos menos afortunados.
Charlotte foi a primeira dessas crianças.
Final da Primavera de 2012, ela experimenta a maconha especial dos Stanley,
e, novamente, funcionou.
Eu não consigo expressar o que aquilo significou para nós.
Mexe com você um pouco né?
Se não mexe, há algo errado com você.
Ela viveu toda sua vida em estado catatônico, e agora os seus pais tem a oportunidade de conhecê-la pela primeira vez.
Que descoberta!
"Chave." - É, chave.
A criança que costumava sofrer 300 convulsões por semana,
tinha reduzido as crises para apenas 1(uma) a cada 7 dias.
Na primeira vez que encontrei Charlotte,
em Março de 2013,
tinha se passado 1 ano desde aquela primeira dose de maconha.
Após quase 2 anos usando uma sonda alimentar, hoje ela se alimenta sozinha.
Amarela
Abelha.
Ela estava falando,
e até andando.
Ela disse: por favor.
Mas nessa história, temos também alguns céticos.
Um dos dois únicos hospitais do país dedicado ao estudo da Síndrome de Dravet, localizado na Flórida,
declara que:"Até o presente momento não há evidência que o Cannabidiol é efetivo no tratamento da Epilepsia."
A Academia Americana de Pediatria também se opõe à Cannabis.
Como também o faz o Instituto Nacional de Abuso de Drogas.
Realmente foram acontecimentos maravilhosos,
pode ser até uma casualidade, mas ainda assim penso se...
Você também ainda pensa, Matt?
Nem a pau.
Você sabe que está funcionando. Está funcionando muito bem!
Você está maravilhosa.
E o médico de Charlotte, Alan Shackelford,
também concorda.
Mas a sua posição a respeito da maconha medicinal
desperta críticas.
Ele até mesmo foi chamado de "Dr. Doidão"
Qual é a dificuldade de você falar sobre esse assunto, sendo um médico.
Somos tipicamente conservadores,
como profissionais, e provavelmente como indivíduos.
Desejamos mais provas,
e a cannabis não as apresenta.
E é por isso que tem viajado pelo mundo inteiro,
para procurar pesquisadores que possam ter as respostas.
E isso o levou ao lugar que muitos chamam,
a capital da pesquisa em maconha medicinal.
Israel.
Você pode ficar até surpreso,
mas na verdade a pesquisa sobre cannabis e epilepsia começou aqui,
nos anos 70,
com estudos que mostravam a redução de convulsões em ratos.
Atualmente, Shackelford espera iniciar lá os *** clínicos em humanos.
Nós precisamos entender isso bem,
e lá, eles não serão resistentes a pelo menos pensar sobre assunto,
a pelo menos, tentar.
E não trata-se apenas de Epilepsia,
mas os pesquisadores em Israel estudam um grande número de enfermidades.
E no próximo bloco,
veremos de perto o que eles estão descobrindo.
E um fabuloso olhar para dentro dos hospitais e casas de repouso, em que os pacientes fumam,
às custas do governo israelense.
Ao nascer do sol, na antiga cidade de Jerusalém,
tinha início a última etapa da nossa jornada.
Aconteceram alguns grandes avanços aqui,
e, obviamente, tenho muito orgulho disso.
Dr. Boaz Lev, faz parte do Ministério da Saúde de Israel.
Aqui eles são pioneiros nas pesquisas sobre a maconha.
Eles foram os primeiros a isolar o THC, e o CBD, décadas atrás.
E hoje em dia, o Ministério licencia 10.000 pacientes para uso medicinal da maconha.
E já aprovou mais de 12 estudos para tratar portadores de,
PTSD (Stress pós traumático),
Dor,
Doença de Crohn,
e até Câncer.
Espera-se que seja comprovado que este é o melhor remédio, e eu realmente espero que isso aconteça,
mas ainda não chegamos a esse ponto.
As respostas podem vir de lugares como este:
Trata-se de uma casa de repouso administrada pelo governo,
na região de Tel Aviv.
Os moradores daqui usam maconha para tratar dores,
perda de apetite,
Doença de Parkinson e demência.
Moshe Rute, é um dos seus moradores.
Ele tinha 77 anos quando fumou seu primeiro cachimbo de maconha,
hoje ele tem 80 anos e fuma algumas vezes por dia.
Isso ameniza a dor e os tremores da mão, causados por um derrame.
É uma mistura de tabaco com maconha.
Ele até quis fumar durante a nossa entrevista,
para que suas mãos parassem de tremer.
O senhor diz que suas mãos estão firmes por causa da maconha?
Com certeza.
Ela também ajuda a aliviar dores mais profundas, que não estão ao alcance dos olhos.
Moshe é um sobrevivente do Holocausto.
Quando a sua esposa morreu há alguns anos atrás,
ele foi atormentado por pesadelos relacionados à sua infância,
época em que se escondia dos nazistas.
Ele diz que a maconha o tirou das trevas.
Você sonha.
Você voa.
Quando você fuma?
Sim.
Há outros 19 pacientes aqui.
Os cientistas da Universidade de Tel Aviv estudam o seu progresso,
e consideram excepcionais os resultados.
Eles incluem: ganho de peso,
melhor humor, redução nas dores e tremores.
Mas posso lhe dizer que, como médico, a minha próxima parada mostrou-se a mais surpreendente.
Este é o maior hospital de Israel: Centro Médico Sheba.
Você põe aqui a sua maconha medicinal...
Amache usa maconha para amenizar a dor e as náuseas, causadas pela quimioterapia.
...então infla este balão.
Este é o seu remédio?
Claro, então eu tiro e coloco na boca...
E ele faz tudo isso, dentro do próprio hospital.
Como se sente?
Um alívio, primeiro nos músculos, na perna...
E você não está preocupado com nenhum dano potencial ao seu corpo?
De maneira nenhuma.
Muito pelo contrário, na verdade eu realmente acredito
que posso viver livre do câncer por um bom tempo, se eu continuar consumindo cannabis.
Sim. Ele disse: "Livre do câncer."
Estudos preliminares em ratos em Israel, Espanha e EUA,
apontam o potencial da maconha para matar células cancerígenas.
São resultados animadores, mas ainda muito recentes e inconclusivos.
Este programa em Sheba já está bem estabelecido,
os especialistas o consideram uma ferramenta de ensino para o uso da maconha em outros hospitais.
Você acha que isso pode acontecer nos EUA?
Eu não sei se há evidências concretas e suficientes dos benefícios da maconha.
Pelo menos no contexto hospitalar, acho que isso ainda virá.
Mas pode vir à passos de tartaruga...
O FDA tem feito a sua parte, ao aprovar os estudos.
Mas o Instituto Nacional de Abuso de Drogas (NIDA) está colocando empecilhos, e bloqueando quaisquer estudos sobre
os efeitos terapêuticos da maconha, pois essa não é a sua função.
Sua função é identificar os riscos associados ao uso de drogas.
É muito fácil culpar uma organização.
Dra. Nora Volcow, diretora da NIDA, diz que eles não estão atrapalhando.
Ela afirma que a NIDA não é único instituto que aprova pesquisas sobre a maconha.
Se você precisa de uma autorização para pesquisa sobre o tratamento de vício em drogas,
então venha até nós.
Mas se for sobre Cancer, vá até o Instituto do Cancer.
Se for esquizofrenia, vá até o INH, ou seja, os institutos tem a missão de lidar com doenças específicas.
Fica claro que há obstáculos burocráticos, que muitos pesquisadores simplesmente gostariam de evitar.
Neurocientista Carl Hart.
Não há muitas pessoas estudando a maconha, pois é muito dificil obter uma autorização.
O lado positivo em Israel é que o governo ajuda às pesquisas acontecerem.
E essas pesquisas podem trazer esperança para pacientes, como Charlotte Figi.
Cientistas em Israel estão descobrindo que o uso da maconha poderia, na verdade, proteger o cerébro ao invés de danificá-lo.
Eles são capazes de demonstrar em ratos que ela reduz os danos cerebrais causados por ferimentos na cabeça.
Sermos capazes de ministrar uma medicação após o ferimento, e com isso reverter parte dos danos, é algo espantoso.
Quer que eu pinte as suas unhas, eu pinto.
Eu literalmente vejo o cerébro da Charlotte formando conexões, que não foram formadas em anos.
E quase como se víssemos seu cérebro sendo construído, onde antes parecia quebrado.
E enquanto os cientistas estão nos estágios iniciais para saber se isso está mesmo acontecendo.
Posso lhes dizer que foi notável observar o progresso dela.
No intervalo de três meses desde que a conhecemos, notamos mudanças.
Ela estava agora falando mais.
Diga: filhote.
Filhote
Ela hoje anda à cavalo.
Boa garota!
Ela até anda sozinha de bicicleta.
E o tipo específico de erva criado para a Charlotte, agora recebeu o seu nome.
Chama-se "A Teia de Charlotte"
É a "Teia de Charlotte"?
Sim, mas agora não só mais dela, e sim para todas as crianças.
Mais de 41 crianças estão usando a "Teia de Charlotte", aqui no Colorado.
Todas elas apresentam redução significativa nas convulsões.
E há dúzias mais de crianças na lista de espera.
Esperançosas,
Orando,
para que uma planta possa mudar a vida delas, como mudou a de Charlotte.
Eu vou te pegar...
Vocês dois parecem em Paz.
Eu estou muito em Paz.
Nós temos uma ótima vida. É uma pena que Charlotte tenha essa Síndrome de Dravet, mas graças a Deus conseguimos agora algo que está funcionando para ela.
Ela está tão bem hoje.