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Tradutor: Raissa Mendes Revisor: Ruy Lopes Pereira
Os computadores de hoje são tão incríveis
que nem notamos quão terríveis eles realmente são.
Hoje, gostaria de conversar com vocês sobre este problema
e como podemos resolvê-lo com a neurociência.
Primeiro, gostaria de voltar a uma noite gelada no Harlem, em 2011,
que me impactou profundamente.
Eu estava num boteco ao lado da Universidade de Colúmbia,
onde estudava Ciência da Computação e Neurociência,
e estava batendo um papo ótimo com um colega
sobre o potencial dos hologramas um dia substituírem os computadores.
E, exatamente quando estávamos quase na melhor parte da conversa,
é claro, o celular dele acendeu.
Daí, ele aproximou o telefone, olhou para baixo e começou a digitar.
Depois, ele se obrigou a olhar para mim e falou:
"Pode continuar. Estou te ouvindo".
Mas, é claro, seus olhos estavam vidrados,
e a conversa morreu.
Enquanto isso, no bar,
vi um outro estudante com o telefone na mão,
dessa vez em direção a um grupo.
Ele estava passando fotos do Instagram,
e os rapazes ao redor riam histericamente.
O contraste entre como eu estava mal
e como eles estavam felizes, usando a mesma tecnologia,
realmente me fez pensar.
E, quanto mais pensava nisso, mais percebia
claramente que o vilão da história não era a informação digital;
era simplesmente a posição da tela, que me separava do meu amigo
e que unia aqueles jovens.
Eles estavam conectados ao redor de algo,
exatamente como nossos ancestrais evoluíram suas habilidades sociais
contando histórias ao redor da fogueira.
E penso que essa é exatamente a função das ferramentas.
Deveriam ampliar nosso corpo.
E acho que os computadores estão fazendo exatamente o contrário.
Seja enviar um e-mail para sua esposa,
seja compor uma sinfonia,
ou apenas consolar um amigo,
fazemos tudo isso mais ou menos do mesmo jeito.
Nos debruçamos sobre esses retângulos,
tateando botões e menus e mais retângulos.
E acho que esse é o jeito errado,
acho que podemos começar a usar uma máquina muito mais natural.
Deveríamos usar máquinas que tragam nosso trabalho de volta para o mundo.
Deveríamos usar máquinas que usem os princípios da neurociência
para ampliar nossos sentidos, em vez de ir contra eles.
Bem, acontece de eu ter uma máquina dessas bem aqui.
Ela se chamada Meta 2.
Vamos tentar.
Agora, aqui na minha frente, consigo ver a plateia
e ver minhas próprias mãos.
E em três, dois, um...
vamos ver surgir um holograma imersivo,
um holograma bem realista surge na minha frente,
dos óculos que estou usando na minha cabeça agora.
E, é claro, isso poderia ser algo que estou comprando
ou estudando,
e posso usar minhas mãos
para me mover devagar ao redor, com um controle bem preciso.
Acho que o Iron Man ficaria orgulhoso.
Vamos voltar a isso daqui a pouco.
(Aplausos)
Obrigado.
Bem, se vocês forem parecidos comigo, devem estar zonzos
com as possibilidades desse tipo de tecnologia,
então, vamos ver algumas.
Minha mãe é arquiteta,
então, naturalmente, a primeira coisa que imaginei
foi projetar um edifício num espaço 3D,
em vez de utilizar plantas 2D.
Na verdade, aqui ela está tocando os gráficos
e selecionando a decoração.
Isso tudo filmado com uma câmera GoPro através de nossos óculos.
E o próximo uso é bem especial para mim:
é o projeto dos óculos cerebrais do Professor Adam Gazzaley,
cortesia da UCSF.
Como estudante de Neurociência, sempre fantasiei
sobre a habilidade de aprender e memorizar estruturas cerebrais complexas
com uma máquina real,
por meio da qual poderia tocar e brincar com as várias estruturas cerebrais.
O que estão vendo agora é a chamada "realidade aumentada",
mas, para mim, é parte de uma história muito mais importante:
como podemos começar a ampliar nosso corpo com dispositivos digitais,
em vez de fazer o contrário.
Bem...
nos próximos anos, a humanidade vai passar por uma mudança, penso.
Vamos começar a colocar toda uma gama de informação digital no mundo real.
Imaginem por um momento o que isso poderia significar
para os contadores de histórias, para os pintores
para os neurocirurgiões,
para os decoradores,
e talvez para todos nós aqui hoje.
Acho que, como comunidade, precisamos
realmente tentar fazer um esforço
para imaginar como podemos criar essa nova realidade
de uma forma que amplie a experiência humana,
sem transformar a realidade em um jogo
ou sobrecarregá-la com informação digital.
Essa é a razão de eu ser tão apaixonado por isso.
Agora, quero lhes contar um segredinho.
Daqui a aproximadamente cincos anos - e este dispositivo não é o menor -
eles vão todos parecer tiras de vidro nos olhos, projetando hologramas.
E, assim como não ligamos para o telefone que compramos
em termos do hardware - compramos por causa do sistema operacional -,
como neurocientista,
sempre sonhei em construir o IOS da mente, se vocês me entendem.
E é realmente importante fazermos isso corretamente,
pois devemos viver dentro dessas coisas
pelo menos o tanto que convivemos
com a interface gráfica do usuário do Windows.
E, não sei vocês,
mas viver dentro do Windows me dá medo.
(Risos)
Para isolar a interface mais intuitiva dentre uma infinidade delas,
usamos neurociência para guiar nossas diretrizes de design,
em vez de deixar um monte de designers brigarem para achar uma solução para isso.
E o princípio ao redor do qual nos movemos
é o chamado "Caminho Neural da Menor Resistência".
A cada volta, estamos conectando o cérebro do IOS com o nosso cérebro
e, pela primeira vez, à maneira do nosso cérebro.
Ou seja, tentamos criar um computador que, para usar, não precisamos de aprendizado.
Estamos construindo um sistema que vocês sempre souberam como usar.
Aqui estão as três primeiras diretrizes que empregamos
nessa forma novíssima de experiência do usuário.
Primeiro, e principalmente, você é o sistema operacional.
Sistemas tradicionais de arquivo são complexos e abstratos
e demandam do cérebro passos extras para decodificá-los.
E isso vai contra o Caminho Neural da Menor Resistência.
Enquanto isso, numa realidade aumentada,
vocês podem, é claro, colocar seu painel holográfico do TED aqui,
e seu e-mail holográfico no outro lado da mesa,
e sua memória espacial consegue recuperá-los sem problema.
Podemos colocar o carro Tesla holográfico que está comprando,
ou outro modelo que nosso departamento jurídico me pediu para colocar.
(Risos)
Perfeito. E seu cérebro sabe exatamente como recuperá-los.
Chamamos a segunda diretriz da interface de "toque para ver".
O que os bebês fazem quando veem algo que chame sua atenção?
Eles tentam alcançá-lo e tocá-lo.
E é exatamente assim que a máquina natural deveria trabalhar também.
Acontece que o sistema visual recebe um estímulo fundamental
de um sentido que chamamos de propriocepção,
que é a consciência das partes do nosso corpo no espaço.
Assim, ao tocar nosso trabalho, vamos não apenas controlá-lo melhor,
como também compreendê-lo muito mais profundamente.
Portanto, toquem para ver.
Mas não basta experimentar as coisas por si mesmas.
Somos primatas sociais inatos.
E isso me leva à terceira diretriz,
a fogueira holográfica da nossa primeira história.
Nosso subsistema do neurônio-espelho sugere
que podemos conectar com as pessoas e com nosso trabalho muito melhor
se pudermos ver o rosto e as mãos dos outros em 3D.
Assim, neste vídeo aqui atrás,
há dois usuários Meta brincando com o mesmo holograma,
fazendo contato visual, conectados em volta dessa coisa,
em vez de serem distraídos por dispositivos externos.
Vamos continuar e tentar isso novamente com a neurociência em mente.
Aqui, novamente, nossa interface favorita, o IOS da mente.
Agora vou dar um passo à frente,
agarrar este par de óculos
e deixá-lo bem aqui na mesa.
Agora estou com vocês, estou no momento, estamos nos conectando.
Minha memória espacial entra em cena, e posso agarrá-lo
e trazê-lo aqui para trás, me lembrando
de que eu sou o sistema operacional.
Agora, minha propriopercepção está funcionando,
e posso ir em frente e explorar esses óculos em milhares de partes,
e tocar o próprio sensor que, na verdade, está escaneando minha mão.
Mas ver as coisas sozinho não basta,
por isso, agora, meu sócio Ray vai fazer me ligar em 3D,
Ray?
(Toque de telefone)
Oi, Ray, tudo bem?
Pessoal, posso ver esse cara na minha frente em 3D.
E em tamanho real.
(Aplausos)
Obrigado.
Meu subsistema neurônio-espelho sugere que isso vai substituir os telefones,
e não vai demorar.
Ray, tudo bem?
Ray: Beleza. Estamos ao vivo hoje.
(Aplausos)
MG: Ray, conte à plateia o potencial
do cérebro holográfico que vimos no vídeo há pouco.
Pessoal, isso não vai mudar apenas os telefones.
Vai mudar também a forma como trabalhamos juntos.
Muito obrigado.
Obrigado, Ray.
Ray: De nada.
(Aplausos)
MG: Então, gente, essa foi a mensagem que descobri num bar em 2011:
o futuro dos computadores não está preso dentro de uma dessas telas;
está bem aqui, dentro de nós.
(Aplausos)
Assim, se eu tivesse de deixar apenas uma ideia com vocês hoje,
seria que a máquina natural não é uma invenção do futuro.
Ela está bem aqui, em 2016.
E é por isso que nós, as centenas de pessoas do Meta,
incluindo o pessoal administrativo,
os executivos,
os designers, os engenheiros,
antes do TED2017,
vamos jogar fora nossos monitores externos
e substituí-los por uma máquina verdadeira e profundamente mais natural.
Muito obrigado.
(Aplausos)
Obrigado. Eu agradeço.
Obrigado, pessoal.
Chris Anderson: Então, me ajude numa coisa aqui,
pois tem havido alguns *** com a realidade aumentada,
mostrados ano passado, ou isso.
E, às vezes, há um debate entre os tecnólogos
sobre se estamos realmente vendo a coisa real na tela.
Existe essa questão do campo de visão,
de que de alguma forma a tecnologia está mostrando uma visão mais ampla
com os óculos, do que a realidade.
Estávamos vendo a coisa real ali?
MG: Sem dúvida, a coisa real.
Não apenas isso.
Tivemos o cuidado extra de gravar isso com uma GoPro com lentes de verdade
nos vários vídeos mostrados aqui.
Queremos tentar simular a experiência do mundo
que estamos realmente vendo, usando os óculos,
sem usar qualquer atalho.
CA: Muito obrigado pela apresentação.
MG: Muito obrigado, eu agradeço.